Desejo e Reparação
Desejo e Reparação tem início na Inglaterra, no período entre as duas Guerras Mundiais, e nos apresenta à jovem Briony Tallis (Ronan), que, caçula de uma família aristocrática, sonha em ser escritora. Dona de uma imaginação vivaz, ela vê, certa manhã, um estranho incidente envolvendo sua irmã Cecilia (Knightley) e o filho da governanta, Robbie Turner (McAvoy). Os mal-entendidos vão se acumulando até que, certa noite, Briony acusa Robbie de violentar uma parenta, praticamente destruindo a vida do rapaz. A partir daí, acompanhamos a trajetória do trio durante os anos seguintes, quando Robbie parte para o combate na França, Cecilia se torna enfermeira e Briony gradualmente compreende o terrível erro que cometeu.
Gostaria de pontuar que, surpreendentemente gostei da versão brasileira do título do filme. Acho que é uma das raras vezes em que escolhem um título diferente do original mas que tb tem MUITO a ver com o conteúdo do filme.
É um filme muito bem feito. Maquiagem boa, edição excelente, fotografia adequada, bom roteiro e boa direção. Infelizmente o elenco é dispare e enquanto vemos uma atuação brilhante de Saoirse Ronan, Romola Garai e Vanessa Redgrave (todas como Briony em diferentes fases da vida), o elenco tem a infelicidade de contar com a sempre (até hoje) ruim Keira Knightley e uma atuação mediana de James McAvoy (ex-Everwood, hj com cirurgia plástica no nariz que era ainda maior).
Saoirse Ronan nos apresenta uma Briony criança com uma complexidade rara. É uma criança inteligente, de imaginação fértil, um tanto mimada, arrogante, prepotente, ao mesmo tempo doce e apaixonada. E a jovem atriz transmite toda essa complexidade muito bem, nunca sendo caricata ou entregando-se aos recursos mais baixos ou previsíveis. Usa de uma postura adequada, de olhares simples porém comunicativos e uma expressão corporal notável.
O mesmo com relação a Ramola Garai, que faz Briony adolescente, pois tb destaca-se pela composição ressentida, porém sem exageros, de sua personagem. Sua postura implica a defensibilidade sem ser patética ou excessiva. Na cena da confissão para sua irmã demonstra sem quase nenhuma fala um medo, arrependimento e tristeza (méritos tb ao roteiro aqui).
Vanessa Redgrave faz quase uma ponta, mas com dedicação, e nos oferta uma Briony idosa perfeitamente composta, palpável, e conizente com seu status de escritora, idosa e ainda sim, a Briony que vimos antes.
Em compensação Keira Knightley interpreta, novamente, Keira Knigtley. Que é a mesma atuação apática e caricata de Piratas do Caribe, Simplesmete Amor, Orgulho e Preconceito, e todos os outros.
Quando está triste franze a testa e a sombrancelha, quando está feliz faz o mesmo sorriso de todos os demais filmes, quando está entediada levata os olhos e suspira.. Enfim, é uma tristeza ter de ve-la na tela. E é uma pena para o filme, que acba prejudicado pela sua incompetência usual.
James McAvoy não é o ator de Everwood, confoem disse (é, sei que vcs já sabiam)

.
Mas é terrivelmente parecido, só que com um nariz menor.
E, vale a pena fazer a brincadeira-comparação tb por sua atuação ser parecida, já que lembra muito o personagem de James Earl Jones em Everwood.
Calado, centrado, tímido mas impulsivo.
É uma atuação que não demanda muito per se e por isso ele não faz muito. Não consegue dar nenhuma complexidade adcional ao papel já que varia sua interpretação entre múmia, múmia sorridente e múmia com raiva.
O que tb, em parte, prejudica o filme.
O roteiro do filme é muito bom, e uma direção segura. Temos falas muito bem escritas, nuances bem demonstradas, uma edição bem feita e ousada, uma semi-não-linearidade (não sei como chamar) interessante. Uma mudança de ritmo do filme e uma forma pouco convencional por gastar mais tempo no que seria a "introdução" do filme, do que em todo o resto. A questão é justamente que não tem a introdução por sí, é uma história, pronto e acabou. Interessante.
A cena em que Robbie caminha chocado pela praia que serviria de ponto de retirada das tropas britânicas, o diretor retrata todo o caos e o desespero dos soldados que, cansados e doentes, ainda devem destruir todo e qualquer veículo, equipamento ou animal que possa servir de ajuda aos alemães – e a coreografia cuidadosamente planejada das centenas de figurantes e da própria câmera é uma obra de arte à parte, devendo ser atribuída à qualidade não apenas do próprio Wright, mas também da equipe de efeitos visuais e, é claro, do diretor de fotografia Seamus McGarvey.
Mas tb com problemas e coisas desnecessárias. Quando Robbie e Ceclia estão se despedindo pq ele vai para a guerra por exemplo. Els se despedem, ela pega o bonde, ficam se encarando e.. ele corre atrás do bonde?! Pra quê? Pra fazer a cena chata de correr atras do amor partindo?
Entre outras redenções ao que de pior Hollywood faz.
Felzmente são exceções e o filme sai por cima. Não é nenhuma obra-prima mas é um filme sensível e interessante, com algumas boas atuações. Vale muito a pena ver.