Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em escolas

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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor Kasuya em 27 Jul 2011, 18:27

O ruim de discutir com o Kasuya é que ele transforma o seu desconhecimento em verdade absoluta.


Entretanto o Kasuya aqui admite quando se prova que ele tá errado. O ego de muito nerd por aqui não permite isso. Então fica uma coisa pela outra. :linguinha:

Vamos lá, Kasuya, conta pra gente: quantas Univerisades no Brasil funcionam com sistemas de ingresso por cotas? Das que funcionam, como é o sistema? Ele é igual em todas? Os alunos de auto-declaração negra são sempre os únicos beneficiados? Existem outros critérios?


Emil, não importa bem a quantidade de universidade ou se só negros são aclamados com isso (até onde eu sei, índios também, pelo menos é o que prevê o projeto lançado em 2002, se não me falha a memória), nem como são implementadas as cotas.

O problema é que são implementadas. No vestibular (ou o atual ENEM para as universidades que aderiram) é feito uma prova igual para todos em que cada um, espera-se, vai "provar" para a universidade suas atribuições em termos de conhecimento e raciocínio lógico. A ideia é: na impossibilidade de se receber TODOS os alunos existentes dentro das universidades, seleciona-se os ditos melhores. Meritocracia. Parece justo o suficiente para mim (não estou discutindo a prova em si ser justa ou que mede conhecimento, estou dizendo que estabelecer um critério para tentar selecionar os melhores me parece justo).

Agora uma universidade X resolve aderir à questão da quota e determina que algumas "minorias" tem direito a, sei lá, 40% das vagas. A meritocracia da questão vai pro saco, pois você pode até tirar uma nota melhor que os 40% da quota, mas se essa nota for menor que todos os 60% selecionados fora da cota você está fora e ponto final.

Não estou discutindo sobre o fato de que "geralmente os negros e índios são desfavorecidos em termos de educação". A pele deles não é menos favorecida, mas as condições monetária deles. Mesmo assim, quem tá desfavorecendo não é o "branco que tem dinheiro pra pagar escola particular", é o governo que não investe na educação como deveria e, pelo menos em teoria, quem ganha mais já paga mais em termos de impostos justamente para isso.

Ou seja, cria-se um problema para resolver outro problema.

quais são as condições de igualdade fora do sistema de cotas são satisfatórias para você?


Condições de igualdade são muito simples: todo mundo faz a mesma prova. As melhores notas entram. Tal qual qualquer competição. Parece lógico pra mim. Para você, não?
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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor louc0 em 28 Jul 2011, 09:57

Seria meritocracia se todos os candidatos partissem das mesmas condições iniciais. Se não é o caso, não há mérito. É como disputar uma corrida com alguém que está usando sapatos de chumbo e achar que é grande velocista porque venceu a corrida.

Se a população que está dentro da universidade pública não é semelhante à população que está fora dela, há um problema, que deve ser investigado e solucionado.
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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor publicano em 28 Jul 2011, 10:42

Antes de mais nada, eu sei que costumam usar a palavra minoria como em "grupo com menos poder". Só que eu fiz um comentário pertinente à quantidade mesmo, ironizando, e também considerei que isso de poder ou não-poder é relativo. Por exemplo, já que eu falava de homossexuais, parece que a porcentagem de homossexuais declarados (assumidos, whataver) com alto poder econômico é maior que em heterossexuais. A razão pra isso é óbvia, basta pensar um pouco, mas quem é assumido fica na linha de frente de preconceito e ao mesmo tempo esses têm suas ferramentas de defesa também com seu já citado poder econômico. Existem várias formas de influência.

Kasuya escreveu:
Quanto a leis que protegem minorias específicas e dão supostos privilégios a elas, como cotas: podem não atingir a RAIZ do problema, mas quando vc está sangrando no chão, não vai querer começar um tratamento lento atacando a raiz do seu problema, e sim primeiros-socorros.


Engraçado você dizer isso, pois a um parágrafo acima disso, você afirma a questão da miscigenação do brasileiro. Se é difícil definir quem é branco, é difícil definir quem é negro, não é não? Pois é. A quota é para negros. E eu já vi gente da minha cor (que me considero branco) ou mais claro ainda entrando no sistema de quota.

Quanto à questão de "primeiros socorros". Ok, faz sentido. Tu tá ferido e quer medidas rápidas para recuperar pelo menos os primeiros ferimentos e tal. Mas, me responda, você aceitaria ajuda da pessoa que te feriu e te deixou assim? Basicamente é isso que acontece. O governo sempre foi obrigado a oferecer condições e oportunidades até mesmo ao mais pobre dos brasileiros. Como ele não tem interesse em impor e manter uma escola pública de qualidade, veio com essa história de quotas para negros para "reparar" o problema que o próprio ele criou não fornecendo o que deveriam fornecer por lei: ensino.

Assim por isso existem políticas de correção e reparação, por exemplo, a política de cotas NÃO PODE existir por muito tempo, ela só cria ajustes.


Eu acho que ela não deveria nem ser criada. Mas entendo o seu ponto de vista: medidas de benefício rápido para reparar paliativamente algum problema difícil de se curar precisam ter um começo, meio e fim. É verdade. Mas qual político vai ser doido o suficiente de TIRAR esse benefício do cidadão "negro"? A primeira coisa que vai acontecer é ele ser taxado de racista.

Ora, bolas. Mas como regra geral, sabemos que o político não tá muito interessado em investir no bem estar do povo em si, só o mínimo necessário para garantir a próxima eleição. Ele tá preocupado mesmo com a autopropaganda para se eleger. Ele conhece métodos de se fazer "benfeitorias" e fazer mais propaganda em si, não está interessado em fazer algo que seria pelo bem do povo, mas que arriscaria o pescoço dele na eleição seguinte.

É por isso que benefícios a minorias como Quotas de Negros, Bolsa Família, Meia entrada para estudante, etc nunca vão ser retiradas de vigência. Não enquanto não aparecer um político (acho que não um, mas alguns) disposto a arriscar a própria eleição nos anos seguintes em prol de "concertar as coisas".

E é por isso também que alguns grupos de minorias atualmente tem lutado sempre para conseguir benefícios específicos próprios.


Em primeiro lugar, não é o governo que fere as "minorias". É a sociedade em geral. O governo no máximo pode ser usado como instrumento desse ou daquele segmento, inclusive por grupos minoritários ou discriminados e não só pelos "poderosos".

Se essas medidas são populistas? Podem ser, e talvez a implementação delas seja canhestra, mas não tira delas o seu valor intríseco, e nem eu as recusaria por serm populistas. O problema de medidas populistas é que elas são dadas com pão-e-circo pra vc calar a boca e se contentar com aquilo, então o truque é NÃO se contentar apenas com elas, não rejeitá-las, mas exigir mais e melhor.

E no meu caso, todos têm interesses, vc citou o Bolsa-Família, bom, eu não vivo de Bolsa Família nenhum, mas sou nordestino e admito francamente que o Bolsa Família desviou dinheiro do resto do país, injetando vigor na economia nordestina.

Pra mim isso é um ótimo efeito de reparação :b e a maior falha do Bolsa-Família está naqueles casos em que estimula aumento do tamanho de famílias carentes, esses casos teriam de ser investigados e medidas criadas pra impedí-los, ser contra o BF por causa dessas questões é como dizer que, como a Previdência Social é fraudada, portanto a Previdência deve ser desativada...

Outros argumentos contra o Bolsa Família, recomendo dirigi-los ao http://classemediasofre.tumblr.com/



Vi agora o que o Kasuya falou sobre as cotas. Além do que sabiamente observou o louc0, gostaria de dizer que as coisas não são tão simples assim pelo fato de que ninguém "entra na universidade" com notas abaixo do requerido por ser cotista.
Aqueles cálculos complicados com desvio-padrão e blá blá blá levam em conta que vc precisa de um desempenho mínimo pra passar, similar ao bem básico 5, ou 6, ou 7 na nota pra passar de ano. Então todos esses cotistas que estão na universidade "por causa" das cotas têm sua "nota mínima", por assim dizer, apenas admite-se que eles mesmo passando nessa nota mínima tiraram menos do que deveriam por suas condições desiguais, assim o sistema de cotas serve para compensar. Nenhum ASNO que tira zero em tudo passa por causa de cotas, nem argumentos como os que leio muito, de "o negro deveria ter vergonha de usar o sistema de cotas", prestam.
Até pq estamos no Brasil. Eles deram um jeitinho aplicando o que a lei lhes fornece, é cultural nosso :linguinha:
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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor ferdineidos em 28 Jul 2011, 12:18

Kasuya escreveu:Mas enfim... sobre a lei:

http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/LEIS/L7716.htm

De fato, como você disse, a parte penal só não encobre, aparentemente, preconceito contra homossexuais, embora a chamada da lei seja:

"Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor."


A chamada não reduz o conteúdo. Mas viu como LER uma coisa antes de discutir sobre ela ajuda? :linguinha:

Kasuya escreveu:Entretanto, vale ressaltar que ainda assim existe lei que favorece negros. No caso, cito as quotas, onde o negro tem vaga garantida em universidade em detrimento das demais cores de pele. Embora o sistema preveja, inicialmente, que cada indivíduo são tem direito de lutar pela sua vaga na universidade com iguais condições, sem benefícios.


Aqui vale o que o Emil falou.

Além do mais a lei estará em discussão no STF para debater a constitucionalidade dela.

Eu particularmente sou contra as cotas em universidades. Acho uma medida tapa-buraco, eleitoreira e sem razão na nossa sociedade.

Aqui não estou ignorando que exista um problema. Falando que as classes mais pobres não tenham dificuldade em entrar na faculdade, o que têm. Estudei na UFRJ e na minha turma de 40 alunos só tinham dois negros, sendo que um nem brasileiro era. Mas aqui no Rio tinha um programa interessante onde era dado cursinho pré-vestibular gratuito para pessoas que não podiam arcar.

Acho que a solução "paliativa" deveria ser essa, melhorar as condições de quem quer prestar vestibular mas não teve as mesmas oportunidades.

Kasuya escreveu:Sobre o resto, tudo se resume a uma discussão cíclica. Posso falar disso depois, das partes que você respondeu que não fazem sentido lógico algum não pelo que você disse é falso, mas pela sua colocação do que diz que, em alguns momentos, sequer serve como contra argumento. Mas estou frustrado de mais com a perca do meu texto que isso não ocorrerá agora. ;)


Olha ficava difícil responder alguma coisa com a quantidade de besteira que tava sendo dito.

Se eu entendi bem, o Elven apareceu com uma questão teórica de que aqueles crimes estão na esfera individual, por isso não caberia uma penalização por um ato contra uma coletividade. É uma discussão interessante e que pode render frutos, e até comecei a debater apresentando alguns argumentos.

Mas daí, quando veio a chuva de "leis" a coisa desanda. Não há racionalidade que resista ao fantasioso.
"Entre todas as tiranias, a tirania exercida para o bem de suas vítimas é a mais opressiva.Talvez seja melhor viver sob o olhar de nobres usurpadores do que de intrometidos moralistas onipotentes."
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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor Kasuya em 28 Jul 2011, 13:15

Seria meritocracia se todos os candidatos partissem das mesmas condições iniciais. Se não é o caso, não há mérito. É como disputar uma corrida com alguém que está usando sapatos de chumbo e achar que é grande velocista porque venceu a corrida.


Isso não justifica o sistema de cotas. Justifica rever os benefícios básicos obrigatórios ao cidadão.

Veja bem. Qual o critério de avaliação de alunos ingressantes ao vestibular (ou ENEM)? Uma prova que mede os conhecimentos básicos acerca das matérias de colégio (em alguns casos, priorizando o conhecimento específico da área almejada de alguma forma).

Temos alunos sem uma condição inicial melhor é porque eles não estão adquirindo a mesma carga de conhecimento oferecido para outros alunos (a mesma carga oferecida, porque 2 alunos idênticos que viveram os mesmos anos na mesma escola a vida toda nas mesmas turmas sempre, ainda assim, dificilmente teria o mesmo conhecimento).
Dado que isso é verdade, o problema não é causado pela universidade, mas pelo conhecimento de base fornecido pelo governo.

Outro ponto a se destacar:

Competição implica que os melhores vençam. Ela não está interessada nas condições iniciais dos competidores. O seu exemplo refere-se ao equipamento. Um corredor com botas de chumbo, ou com um tênis de má qualidade, algo assim, seria o mesmo que um aluno fazendo prova com uma caneta que falha o tempo todo, por exemplo.

Mas as condições iniciais intrínsecas ao ser humano, a competição não se importa. Vou dar como exemplo o esporte. Sempre tem um ou dois países que se destacam mais em determinada modalidade de esporte, porque as crianças de lá, geralmente, crescem praticando aquele esporte, então esses países tem vantagem natural em detrimento dos outros. É dessa forma que eu encaro as "condições iniciais" de um aluno vestibulando. Um aluno que vem de uma escola A ou B acaba tendo uma vantagem natural em detrimento de alunos de escolas C ou D ou públicas.

É justo? Não. Mas o que se pode fazer? Tentar melhorar as outras escolas na esperança de chegar a esse patamar (que aliás, o Brasil o faz em relação a alguns esportes).

É uma situação meio "darwinista". Tipo, se um leão chega e ataca um bando de antílopes, sei lá, ele não tá interessado em saber se "esse" tá manco, "aquele" tá cansado ou "aquele outro" está ferido. Quem conseguir correr mais, independente de suas condições iniciais, irá sobreviver e quem não pôde, será o almoço do dia. Mesmo assim, nenhum antílope tenta derrubar o outro, ou prendem uns aos outros de alguma forma para atrasar um companheiro para que ele morra em seu lugar, porque fazer isso não é justo.

No fim, competições gerais encaram como injustos benefícios externos e não se intrometem em condições iniciais naturais ao ser. Do meu ponto de vista, cotas são benefícios externos à competição, não alteração nas condições iniciais. Pra mim soa mais como um atleta sendo equipado com tênis com turbinas (??), sei lá, para que ele possa correr mais.

Em primeiro lugar, não é o governo que fere as "minorias". É a sociedade em geral. O governo no máximo pode ser usado como instrumento desse ou daquele segmento, inclusive por grupos minoritários ou discriminados e não só pelos "poderosos".


Espera, o povo brasileiro não quis uma queda na qualidade da educação? Era isso que eu quis dizer quando culpei o governo. Ele é obrigado a fornecer educação de qualidade, movimenta muito dinheiro para isso e não faz nada para melhorar a educação nada útil, pelo menos (OBS: não estou aqui criticando ou representando nenhum ponto vista político, só pra ficar claro).

então o truque é NÃO se contentar apenas com elas, não rejeitá-las, mas exigir mais e melhor.


Não é a mim que você tem explicar isso, mas ao mesmo povo que, antigamente, aceitava uma simples cesta básica para votar num "coronel" aleatório, sem fazer ideia do quanto que esse desgraçado devia a esse povo.

E no meu caso, todos têm interesses, vc citou o Bolsa-Família, bom, eu não vivo de Bolsa Família nenhum, mas sou nordestino e admito francamente que o Bolsa Família desviou dinheiro do resto do país, injetando vigor na economia nordestina.


Bom, eu não mencionei o Bolsa Família para criticá-lo nesse momento (embora não seja a favor do benefício), eu o citei apenas como um benefício que, uma vez implementado, praticamente nunca um político vai ser doido de vetar. E é o que acontece. Por sinal, tem sido uma arma bastante funcional de contra-eleição de políticos: "não vote nele porque ele vai tirar o Bolsa Família". Se só esse tipo de acusação infundada já é suficiente para já ajudar bastante a derrubar candidato, imagine se o dito cujo tiver de fato vetado o Bolsa família?


Mas enfim. Tenho que discordar quanto à injeção de vigor na economia nordestina. O que eu tenho visto muito, na verdade, é uma fuga de empresários de grandes concorrências, como em São Paulo, para locais onde os custos são mais baratos e a concorrência não pega tão pesado. Daí a injeção na economia nordestina. Tem empresário colocando muita coisa no nordeste, injetando capital. A consequência disso é uma economia aquecida.

Não sei mais quanto o beneficiado pelo Bolsa Família recebe por mês, mas eu imagino que o capital movimentado pelo Bolsa Família dentro do Nordeste é menos significativo que o capital injetado e circulado decorrente de uma emancipação empresarial. :hum:

a maior falha do Bolsa-Família está naqueles casos em que estimula aumento do tamanho de famílias carentes, esses casos teriam de ser investigados e medidas criadas pra impedí-los, ser contra o BF por causa dessas questões é como dizer que, como a Previdência Social é fraudada, portanto a Previdência deve ser desativada...


Incentivar o aumento da população carente, para mim, é um tiro no pé e tanto. Porque "famílias carentes" = "pessoas que não produzem muito na economia" (desconsidere o lado emocional da coisa). Um aumento de famílias carentes gera, portanto, um decréscimo da renda per capita do Brasil. Na média, ele pode tender a fica mais pobre. Claro isso não tem se mostrado um problema bizarro capaz de levar o país inteiro a um tipo de crise. Mas eu considero isso ruim o suficiente para não apoiar a medida.

Acho muito mais interessante e decente fornecer bolsas de estudo, de preferência proporcional à nota do cidadão. Ou seja, ele ganha pra estudar (e isso deveria servir para cursos técnicos). Assim, em vez de trabalhar para ter pelo menos o que comer no dia seguinte, o cara ganha o mais ou menos equivalente ao Bolsa Família pra manter uma nota razoável na escola.

Mas enfim... acho que isso já é OFF-Topic de mais. Você pode criar um tópico sobre o Bolsa Família para abrir uma discussão sobre a medida e tal. Eu entraria na discussão com prazer. =)

Aqueles cálculos complicados com desvio-padrão e blá blá blá levam em conta que vc precisa de um desempenho mínimo pra passar, similar ao bem básico 5, ou 6, ou 7 na nota pra passar de ano. Então todos esses cotistas que estão na universidade "por causa" das cotas têm sua "nota mínima", por assim dizer, apenas admite-se que eles mesmo passando nessa nota mínima tiraram menos do que deveriam por suas condições desiguais, assim o sistema de cotas serve para compensar.


Cara, nota mínima por nota mínima, continua uma nota baixa. Tipo, pelo menos nos vestibulares que eu já acompanhei, dificilmente o último colocado tirava a nota mínima. Tirava nota maior.

Agora imagine uma cota de 40%. Automaticamente, o "último colocado" sem cotas, passa a ser o 60º, supondo um caso se 100 vagas. Se o 100º colocado já dificilmente teria uma nota mínima, o 60º com certeza tem algo maior que isso. Então supor que o sistema da nota mínima funcionando dentro das cotas resultaria em uma em um sistema que prima pela qualidade é um pouco arriscado de se dizer, a meu ver.

Enfim. Não concordo.

A chamada não reduz o conteúdo.


É, mas pode induzir a um pensamento errado... enfim. Achei válido ressaltar.

Mas viu como LER uma coisa antes de discutir sobre ela ajuda? :linguinha:


Acontece. :linguinha:

Eu particularmente sou contra as cotas em universidades. Acho uma medida tapa-buraco, eleitoreira e sem razão na nossa sociedade.

Aqui não estou ignorando que exista um problema. Falando que as classes mais pobres não tenham dificuldade em entrar na faculdade, o que têm. Estudei na UFRJ e na minha turma de 40 alunos só tinham dois negros, sendo que um nem brasileiro era. Mas aqui no Rio tinha um programa interessante onde era dado cursinho pré-vestibular gratuito para pessoas que não podiam arcar.

Acho que a solução "paliativa" deveria ser essa, melhorar as condições de quem quer prestar vestibular mas não teve as mesmas oportunidades.


Concordo. =)

Se eu entendi bem, o Elven apareceu com uma questão teórica de que aqueles crimes estão na esfera individual, por isso não caberia uma penalização por um ato contra uma coletividade. É uma discussão interessante e que pode render frutos, e até comecei a debater apresentando alguns argumentos.


Bom, era basicamente o que eu tava tentando dizer, mas algo me levou a citar leis que beneficiam exclusivamente os alvos de racismo, mas vi que ela praticamente só não beneficia gays (isso, obviamente, ainda é uma falha grande, mas menos mau).
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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor _Virtual_Adept_ em 28 Jul 2011, 14:24

É uma situação meio "darwinista". Tipo, se um leão chega e ataca um bando de antílopes, sei lá, ele não tá interessado em saber se "esse" tá manco, "aquele" tá cansado ou "aquele outro" está ferido. Quem conseguir correr mais, independente de suas condições iniciais, irá sobreviver e quem não pôde, será o almoço do dia. Mesmo assim, nenhum antílope tenta derrubar o outro, ou prendem uns aos outros de alguma forma para atrasar um companheiro para que ele morra em seu lugar, porque fazer isso não é justo.


Então você é a favor do darwinismo social? É a favor de enxergar a vida como uma grande competição, em vez de se esforçar para ser uma grande cooperação?

Hm.
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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor louc0 em 28 Jul 2011, 14:50

@Kasuya
Darwinismo social? Como que tu quer que alguém te leve a sério? Se a ti não interessam as condições iniciais dos demais, ao governo do país interessa.

Qual é o papel da universidade pública, pra ti? Por que as vagas desta devem se destinar aos mais "aptos" e não aos que mais necessitam delas? E outra, como se mede essa aptidão? Tu mesmo disseste que vestibular não mede conhecimento ou preparo.




@Ferdineidos

Em relação as cotas, eu entendo que o problema é muito mais complexo do que gerar acesso a educação de qualidade. É uma questão mais séria, que envolve fazer com que as pessoas menos desfavorecidas vejam que a universidade é um espaço para elas também.

Trago dados da minha universidade: http://www.ufrgs.br/coperse/cv2011/listao/LOTACAO.HTM
São dados do processo seletivo deste ano. Consegue ver um padrão?
Os alunos que entram por cotas raciais, em todos cursos (com a exceção de 2) são em menor quantidade do que a quantidade ofertada. Aí eu me pergunto aqui: Por quê? O cara só precisaria tirar o escore mínimo que entraria, mesmo em medicina (apenas 1 aluno por cotas raciais, em 21 vagas ofertadas).
Eu posso estar errado, não sou especialista no assunto, mas eu fico com a impressão que um jovem negro de repente não consiga se enxergar na universidade, e de fato, ao longo da história, os exemplos de negros na academia sempre foram pontuais.
Com isso em mente, eu acredito que a idéia inicial das cotas é criar uma geração com outro perfil, que sirva de exemplo. Que faça o jovem de amanhã poder sonhar com outra coisa diferente de ser músico ou atleta.
Eu já pensei também que o sistema de cotas era só um tapa-buracos, mas quando me confrontei com essas questões, vi que o propósito delas é mais do que simplesmente colocar negros na universidade porque a educação básica não é o suficiente.

Enfim. É uma discussão paralela ao tema do tópico. Talvez fosse mais apropriado abrir um novo sobre o assunto.
Inclusive, se eu me lembro bem, já tivemos uma discussão sobre isso aqui no fórum, há uns dois ou três anos atrás. Pesquisarei.
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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor Kasuya em 28 Jul 2011, 16:23

Então você é a favor do darwinismo social? É a favor de enxergar a vida como uma grande competição, em vez de se esforçar para ser uma grande cooperação?


VA, tu tá pulando um pouco os pontos antes de chegar à tua conclusão. Eu afirmei apenas que a competição é uma situação meio darwinista. Desde que todas as condições externas estejam iguais a todos (no caso, todos os vestibulandos com suas canetas e lapiseiras devidamente funcional, cada um com as mesmas cadeiras, mesma quantidade de tempo, mesma prova e nenhum tipo de favorecimento), o resultado é totalmente com você (ou seja, se o seu cérebro acerta mais e mais rapidamente que o dos demais).

Se a ti não interessam as condições iniciais dos demais, ao governo do país interessa.


Se interessasse ao governo, teríamos um ensino de base melhor e não uma cota para negros.

Por que as vagas desta devem se destinar aos mais "aptos" e não aos que mais necessitam delas?


Porque não há vaga para todo mundo. Acho que é consenso geral que todo mundo deveria entrar pra faculdade se quisesse, mas não dá.
Quanto à questão de aptidão, eu realmente achava que era o mais óbvio a se fazer.

Veja, as pessoas estão pagando ao Estado para sustentar estudantes que vão ser o futuro profissional do país, aqueles que, supostamente vão manter a economia em bom estado e, se possível contribuir para se desenvolver fazendo suas especificidades. Parece lógico pra mim priorizar os ditos "melhores" para tal tarefa.

Agora vendo do ponto de vista do estudante: muitas vezes mesmo os que passam nas universidades por serem, supostamente "melhores" que os que não entraram não conseguem sequer passar pelo primeiro ano do curso. Geralmente, metade de uma turma desiste entre os 2 primeiros anos. O quadro de evasão é alto em muitas faculdades públicas justamente porque o aluno, mesmo advindo das "melhores escolas particulares" ainda assim não tem nível para acompanhar a faculdade (ou acha que não tem) e desiste. Esse é o motivo clássico da evasão de alunos nos cursos.

Agora imagine se a gente for definir por necessidade. Supondo que para você "o que necessita mais" seriam os membros de famílias carentes que mal cursaram decentemente as escolas públicas antes de entrar na faculdade, teríamos uma evasão ainda maior e um total represamento de profissionais formados para o mercado de trabalho. A economia estagnaria desse jeito e tenderia a desandar.

Resumindo. Dado que não temos vagas pra todo mundo e o país urge por profissionais capacitados o mais rápido possível para acompanhar o crescimento, me parece o mais adequado selecionarmos os mais "aptos" de alguma forma para entrar na faculdade. Não me sinto 100% à vontade com isso. Mas é o que dá pra fazer. Eu gostaria de ver solução melhor. Contudo, a meu ver, sistema de cota não concerta o problema e passa longe de ser uma solução melhor.

E outra, como se mede essa aptidão? Tu mesmo disseste que vestibular não mede conhecimento ou preparo.


O fato de eu criticar um método de avaliação, não quer dizer que eu tenha melhor solução. Não, eu não sei uma forma melhor de avaliar que não a prova para testar se o aluno tem conhecimento e raciocínio suficiente para o ingresso na faculdade. Eu realmente não sei. =/



:hum: Interessante. Vou só mostrar outro padrão que eu vi nos dados mostrados.

Dos 87 cursos, apenas em 19 casos (pode arredondar para "em torno de 20" porque eu contei no olho, posso ter deixado passar algo) o primeiro lugar de quem entrou pelas cotas foi melhor que o último lugar de escolas públicas. Em todos os casos, o último lugar de escolas particulares foi melhor que o primeiro lugar de quem entrou pelas cotas.

Isso eu considero um problema, porque, se não existissem essas cotas, alunos ditos "mais aptos" entrariam, pois, com certeza ainda tinha muita gente que fora pior que o último das escolas particulares, que fora melhor que os "auto declarados negros".

Por quê? O cara só precisaria tirar o escore mínimo que entraria, mesmo em medicina (apenas 1 aluno por cotas raciais, em 21 vagas ofertadas).


É um fato deveras chamativo, é verdade. Outro fator que eu especularia, além do que você disse, talvez, seja a vergonha de entrar pela cota, sabe? Uma vez eu vi um humorista, ao comentar sobre um assunto em um show, enquadrando uma cena do tipo: um negro passando no vestibular e uma segunda pessoa aleatória comentando sarcasticamente enquanto dá uns tapinhas no ombro dele "entrou pelas cotas, heim"?

Muitas pessoas que são contra as cotas comentam muito que isso é uma medida que só corrobora com o preconceito. Pois some isso ao quadro que eu apresentei (notas relativamente baixas mesmo dentre os que são de escolas públicas): temos um cara que entrou pelas cotas (automaticamente beneficiado em detrimento dos outros) e ainda com uma nota estatisticamente mais baixa. Fora que isso tudo, não é caracterizado pela sua baixa renda "comprovada" (que é uma informação mais ou menos sigilosa), mas pela cor da sua pele que tá lá pra todo mundo ver.

Em contrapartida, essa linha de raciocínio me lembrou o sistema do PROUNI, onde o governo paga uma faculdade particular para aluno de escola pública que fez o ENEM (um parâmetro muito mais lógico de determinação de "carência" do estudante que a cor da pele dele). É um exemplo de medida "paleativa" para dar acesso aos mais necessitados que me parece bem mais eficiente que o programa de cotas. O que vocês acham?

Enfim. É uma discussão paralela ao tema do tópico. Talvez fosse mais apropriado abrir um novo sobre o assunto.


Também acho. E terei prazer de entrar na discussão também. =)
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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor louc0 em 28 Jul 2011, 16:39

Só para responder um ponto técnico, depois respondo os demais com mais tempo:

Dos 87 cursos, apenas em 19 casos (pode arredondar para "em torno de 20" porque eu contei no olho, posso ter deixado passar algo) o primeiro lugar de quem entrou pelas cotas foi melhor que o último lugar de escolas públicas. Em todos os casos, o último lugar de escolas particulares foi melhor que o primeiro lugar de quem entrou pelas cotas.


Isso só acontece quando as vagas para cotas não são totalmente preenchidas. Se o candidato for auto-declarado negro, oriundo de escola publica e tirar a nota mais alta do vestibular, ele não entra pelas cotas, ele entra pelo ingresso universal. Então, por definição, as notas dos cotistas serão mais baixas, mas se uma categoria não é completamente preenchida, as vagas passam para a próxima categoria.
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Re: Projeto obriga ensino de cultura árabe e islâmica em esc

Mensagempor Kasuya em 28 Jul 2011, 22:52

Isso só acontece quando as vagas para cotas não são totalmente preenchidas. Se o candidato for auto-declarado negro, oriundo de escola publica e tirar a nota mais alta do vestibular, ele não entra pelas cotas, ele entra pelo ingresso universal. Então, por definição, as notas dos cotistas serão mais baixas, mas se uma categoria não é completamente preenchida, as vagas passam para a próxima categoria.


:hum: Então, se eu entendi bem, isso é mais injusto do que eu tava pensando. Tipo, o autoproclamado negro concorre a 100% das vagas, mas o não autoproclamado negro concorre a [100% - percentual estabelecido de cota].

Quer dizer, se o cara não for bom o suficiente para entrar igual a todo mundo, o sistema vê se pelo menos ele não foi tão ruim quanto outros negros. Como assim? o.O

Enfim. De uma forma ou de outra, continuo achando isso um problema: sempre teremos alunos com notas muito baixas barrando alunos de notas altas (mas que não foram mais altas que o último não-cotista). Na minha concepção de cota (tipo, você concorria apenas entre os negros, reduzindo a competição a uma "sub-competição" só de "negros"), era um efeito que "poderia" acontecer (ou seja, não necessariamente todo negro cotista iria tirar uma nota baixa). Nessa concepção que você colocou, e que eu tou supondo ser a real, invariavelmente isso vai acontecer dado que o negro auto-declarado que se der bem na prova não entra pelas cotas, apenas os que se deram mal (ou não tão bem).

Esse sistema é torto. É muito torto.... :tsc:
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