Olá pessoal!
Esse conto, escrito por mim, faz parte do livro "Sonho de Feliz Cidade", uma coletânea de textos sobre João Pessoa, capital da Paraíba. Apesar dos lugares serem familiares apenas a quem os conhece, creio que as descrições ajudam a se situar também. =)
Espero que gostem, e se possível, comentem.
Chero!
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Luminosa
Corre o ônibus em sua ânsia por chegar a lugar algum. Correm os pensamentos em direção a lugar nenhum. Corro os olhos no relógio do Lyceu. São 18h. É a hora de puxar a cordinha e descer na Lagoa.
Por este horário, o Parque Sólon de Lucena está adornado da mais bela luminosidade noturna. A lua se enamora pela própria imagem refletida nas águas, enquanto as palmeiras imperiais fremem ao sabor da brisa delicada que suaviza o horário de pico na cidade verde.
Subo o viaduto Dorgival Terceiro Neto em passo apertado. As pessoas vêm na direção oposta, vigilantes de suas bolsas, relógios e pertences. Coisas de cidade em crescimento. Passo pelo Terceirão, que muitos pensam ter este nome por vender mercadorias de terceira, mas sei que não é por isso. Ele é assim apelidado por estar no viaduto onde está. Mas isso são só divagações.
Escurece. Estamos no equinócio de inverno, o que significa que as noites são mais longas. Porém, assim considero mais agradável, pois o clima de João Pessoa é maravilhoso em seu hálito noturno.
Estou chegando perto. Passei pelo Thomas Mindelo agora mesmo. Onde será que foram parar os legendários punks que ali moravam? Uma coisa é certa: o prédio ficou melhor depois de restaurado mesmo. Aperto os olhos para ver melhor as horas, passo pelo Teatro Santa Roza, o mais charmoso do mundo. Ainda não era ali que gostaria de chegar.
Atravessando uma rua ou outra, finalmente chego lá. Era ali. Era o lugar. Ao som das badaladas do sino da Catedral, subo correndo a dita cuja, relembrando criancices à luz da luminosa noite pessoense.
“Oh, Ladeira da Borborema, cantada em poemas, lembrança de minha infância. Agora posso morrer feliz.”
E assim faleceu Manoel.
(Elara Leite)