Traduzido livremente da Wired.
Pornografia pela Internet é a nova cocaína, levando ao vício, misoginia, pedofilia e disfunção erétil, de acordo com pesquisadores e médicos testemunhando em comissão do Senado na última quinta.
Testemunhas diante do subcomitê de Ciência, Tecnologia e Espaço não dispensaram nenhum superlativo em sua descrição dos efeitos negativos da pornografia.
Mary Anne Layde, co-diretora do Programa de Trauma Sexual e Psicopatologia no Centro de Terapia Cognitiva da Universidade de Pensilvânia, disse que pornografia é "a coisa mais preocupante para a saúde sexual que eu tenho conhecimento hoje".
"A Internet é o sistema de distribuição de drogas perfeito porque você está anônimo, excitado e com vários exemplos para esses comportamentos", disse Layden. "Ter drogas enviadas para a sua casa 24 horas por dia, de graça, e com as crianças sabendo manipular o sistema melhor que os adultos - é um sistema perfeito se nós queremos toda uma geração de jovens adultos que nunca se libertarão dessa droga".
Viciados em pornografia têm mais dificuldade em se recuperar do vício do que viciados em cocaína, já que usuários da coca podem retirar a droga do sistema, mas as imagens pornográficas permanecem no cérebro para sempre, disse Layden.
Jeffrey Satinover, psiquiatra e conselheiro da Assossiação Nacional pela Pesquisa e Terapia da Homossexualidade ecoou a preocupação de Layden sobre a Internet e os efeitos somáticos da pornografia.
"Pornografia realmente causa, ao contrário de outros vícios, a liberação biológica de uma das mais perfeitas substâncias viciantes", disse Satinover. "Ou seja, ela provoca masturbação, que provoca a liberação dos opióides naturalmente produzidos pelo corpo. Na prática, ela faz o que a heroína não consegue."
A Internet é perigosa porque ela remove a ineficiência na distribuição de pornografia, tornando-a muito mais prevalente do que nos dias em que caras de casaco vendiam cartões postais com mulheres nuas, disse Satinover.
O Senador Sam Brownback (Republicano - Texas), chefe do comitê, chamou os depoimentos de a coisa mais perturbadora que ele já havia escutado no Senado. Brownback disse que a pornografia era universal agora, comparada a quando ele estava crescendo e "algum cara roubava uma revista de algum lugar e mostrava, mas você tinha que encontrá-lo na hora certa."
A audiência veio apenas alguns dias depois de uma controvérsia sobre uma propaganda sexualmente sugestiva em um jogo de futebol americano, que muitos pensaram que seria proibida por indecência pela FCC.
As consequências dessa audiência ainda são incertas, já que não está ligada a nenhuma pendência ou legislação proposta.
Brownback, um cristão conservador, deve deixar a presidência do subcomitê na próxima sessão.
Quando Brownback pediu aos palestrantes sugestões sobre o que deveria ser feito, as respostas foram brandas, comparadas ao julgamento que fizeram da pornografia anteriormente. Vários sugeriram que dinheiro federal deveria ser deslocado para estudos mapeadores do cérebro que investigassem os efeitos físicos da pornografia.
Judith Reisman, da Associação de Pais Protetores da Califórnia, sugeriu que estudos mais profundos sobre as "erotoxinas" poderiam revelar como a pornografia não está protegida pelo direito de livre discurso e a Primeira Emenda.
Todos os palestrantes concordaram que o governo deveria bancar campanhas de saúde pública para educar o público sobre os perigos da pornografia. A campanha deveria combater as mensagens da pornografia colando adesivos em ônibus dizendo que ter sexo com crianças não é legal, disse Layden.
Entretanto, como os próprios palestrantes admitiram, não há consenso entre profissionais de saúde mental sobre os perigos da pornografia ou o uso do termo "vício em pornografia".
Muitos psicólogos e a maior parte dos sexólogos consideram os conceitos de vício em sexo ou pornografia problemáticos, disse Carol Queen, sexóloga residente da ONG feminina Good Vibrations.
Queen questionou a validade da palestra por não incluir ninguém que pensa que "a pornografia não é particularmente problemática na vida da maior parte das pessoas."
Queen admite que ela conhece pessoas que têm comportamento obsessivo e destrutivo baseado na pornografia, mas argumenta que o mesmo pode acontecer com outras atividades, como apostas ou compras.
Queen também criticou a metodologia por trás de pesquisas mostrando que a pornografia estimula o cérebro da mesma maneira que drogas, dizendo que a pesquisa precisa levar em conta como o próprio sexo estimula o cérebro.
"Não há dúvida de que as luzes do cérebro se acendem quando sexualmente excitado", disse Queen.
Ela também gostaria de ver mais dinheiro dedicado a pesquisas sobre o sexo, mas pensa que é improvável que pesquisadores de qualquer um dos lados da cerca recebam grandes verbas em um futuro próximo.
Estudos que pretendam mostrar os efeitos negativos da pornografia precisam lidar com as regras éticas proibindo o maltrato de cobaias humanas, enquanto pesquisadores do sexo dificilmente conseguem verbas, a menos que o estudo esteja especificamente relacionado ao HIV, de acordo com Queen.