Hok
As montanhas cinzentas distantes, a água calma, as folhas delicadas que se desprendem de seus galhos finos. A silenciosa harmonia da natureza, como um refugio criado pelos deuses. A fonte das inspirações dos maiores poetas e pintores.
Mas esse é reino dela.
Caiu como uma pluma branca no céu azul. Lívida e suave, de movimentos graciosos a dançar no ar, balançada pelo vento.
Caiu como um véu pálido na água anil do lago, rodeado por suas pedras alvas. Ondas cristalinas se formaram ao redor de suas pernas esguias. O frescor da manhã deslizou por debaixo de suas asas abertas. Esperou soberana, como se o próprio tempo tivesse parado apenas para ela.
Um vislumbre.
Mergulhou, como uma seta, a cabeça, tomando para si a caça que ousara se debater entre as lanças finas que compunham seu bico. E, só então, saciada, abriu as asas.
A garça voou deixando para trás o lago azul de águas cristalinas e pedras brancas. Seguiu seu caminho por entre as nuvens lívidas do céu anil.
De sua presença naquele local sagrado, apenas as plumas brancas que caíram suaves como véus pálidos a macularem a tranqüilidade da superfície do lago.
Nota: Hok, do chinês, “Garça”.