Nham, nham!
Como a parte do Dahak foi ultra-mega-extra-power-fenomenal (adorei mesmo), eu fiquei com níveis de inspiração elevadíssimos e resolvi escrever ontem mesmo a minha parte. Bem, é claro que os estalos dos chicotes do ent me deram uma motivação a mais.

O conto que a Olga mandou também ajudou^^.
Agradeço a todos que estão acompanhando, pelas críticas e sugestões. Espero que essa continuação esteja em um nível tão bom quanto a do Dahak. Estou adorando escrever mais uma vez com ele.
Ent, pode colocar o ND que quiser na torta de chocolate que eu detono!
Bom, vamos deixar de conversa e ir ao que interessa! (com direito a rimas)
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A Batalha de Mìr
Capítulo III - Ódio
por Elara e Dahak
Aka trajava uma longa capa prateada, que escondia suas outras vestes, bem como suas formas corporais, deixando à mostra apenas o pescoço, o rosto e os cabelos. Sua pele, extremamente pálida, aos poucos toma aspecto corado, à medida que prossegue na leitura da carta trazida pelo mensageiro à sua frente. Na extensão do corredor que antecede aquela ampla sala, guardas mantêm-se imóveis, com suas lanças empunhadas.
Os cabelos negros de Aka cobrem apenas um lado de sua cabeça, deixando o outro transparecer uma tatuagem que sobe do pescoço, pela qual a rainha ganhou a alcunha de Serpente Noturna. Ela termina sua leitura, levantando a cabeça em direção à luz que vem de uma das janelas, o que reflete a ira estampada nos olhos avermelhados. Em um movimento rápido, ela puxa a espada de dentro da capa, que, afiadíssima, sibila cortando os ares e, em seguida, a garganta do mensageiro.
Ela ajoelhou-se e observou o jovem debater-se em meio à crescente poça do líquido rubro. Sorriu. Os guardas permaneciam impassíveis, no corredor, esforçando-se para esconder a curiosidade. Daquela posição, a maioria deles não conseguia enxergar o que estava acontecendo, e aqueles que presenciaram, ainda que longinquamente o fato, deixavam gotejar algum suor, dada a tensão. O espesso fluido carmesim cintilava diante do sol que adentrava o cômodo, enquanto Aka observava a lâmina da espada, empunhada de ponta cabeça a seu lado.
— Vocês! O que estão esperando? Acham que ficarei a manhã inteira vendo esse sangue sujar o cômodo? Chamem as criadas para dar um jeito nisso, agora! Enviem a cabeça desse infeliz como resposta àquele infame! – esbravejou para os guardas.
A rainha pensava em seu âmago, na estratégia de Manfred em apelar para as alianças. Talvez o Rei de Zaría quisesse demonstrar certo poder, como habilidoso líder diplomático, mas o povo de Eleadna é composto por guerreiros, cujo sangue não seria capaz de negociar a paz. Era preciso empunhar as armas, mais uma vez. Refletiu em todas as gloriosas conquistas do passado, e na necessidade de expandir o império, conquistado mediante grandiosas e maravilhosas batalhas. Este era o deleite de Aka.
Uma das criadas entrou no cômodo, com um pesado balde em madeira esborrando água. Com um pano encardido, começou a limpeza do sangue, que começava a deixar o odor característico. A água lentamente foi tomando a cor da guerra, mergulhando os pensamentos da rainha de Eleadna em diversos estratagemas para o que estava por vir. Assim, Aka limpou a lâmina da espada com um pouco da água que estava no balde, retirando-se do aposento em direção ao pátio principal do castelo.
Pelo caminho, os criados e outros nobres prestavam reverências à Serpente Noturna, que raramente visitava o pátio à luz do dia. Ela retirou a capa, deixando à mostra sua tez esbranquiçada, vestida em um corpete azul e calças de um fino tecido prateado, destacando a bainha de sua espada. Ali, encontrou quem procurava, o ser inteligente mais temido de Eleadna, o jovem senhor de guerras, treinado pelos melhores guerreiros de toda aquela extensão de terras: Silas, o sanguinário.
O guerreiro dava treinamento a outros seis jovens em meio ao pátio principal, coberto de areia e circundado por suportes para as melhores armas já confeccionadas. Ao mesmo tempo, todos no local depuseram suas armas, ajoelhando-se à frente de Aka, beijando em seguida seus pés em honrada serventia.
— Silas, prepare todos os melhores guerreiros de nossas terras nos próximos dias. Reúna-os nos arredores deste castelo, pois desejo realizar um pronunciamento. Deixe nas cidades apenas o contingente suficiente para que não fiquem desprotegidas. Traga também o Clã das Assassinas. – ordenou com tranqüilidade enquanto observava a mancha de sangue na ponta da capa que segurava em seu braço direito.
Nem sequer uma palavra ouviu-se de Silas. Era subserviente às palavras de sua mãe, a rainha. Ele levantou-se e, em um gesto, levou os jovens para longe de Aka, despedindo-se em uma vênia. A alteza observou a areia salpicada de vermelho do pátio. Relembrou seu treinamento deixando-se esvair por alguns instantes nas sombrias lembranças que desabrochavam em sua mente. Ergueu o rosto banhado em lágrimas. Ainda podia ouvir aquele som...
— Alteza? – uma voz feminina interrompeu o devaneio.
— Que insolência! Como ousa dirigir-me a palavra? – disse ela enquanto enxugava as lágrimas.
— Não é nada, é que eu pensei que... – tentou explicar a jovem.
— Pensou errado, Adnes. Agora, suma daqui.
Aka, em seguida, recolheu-se também. Tinha muitas coisas ainda a preparar, antes de seu pronunciamento, em poucos dias.