Vc acha mesmo Lune? Pois eu acho que quando crianças de pré (3 a 4 anos) se beijam na boca em frente a professora de modo sensual imitando o que viram na novela, nos temos ai um problema.
Invertendo a pergunta: você acha mesmo que a sociedade está em declínio moral? Porque esse seu exemplo me parece algo limítrofe - ao longo da minha vida escolar e dos meus dois irmãos eu nunca vi isso acontecer. É que nem a Oprah querendo proibir a venda de webcams porque uma parcela ínfima da população usa ela pra promover a pedofilia pela internet
Não totalmente, mas abandonar velhos valores e não colocar nada no lugar, bom, temos um problema.
Mas acontece que há coisas pra colocar no lugar. A informação é a principal delas. Agora, alguns valores têm mais é que sumir sem deixar rastros, sim. Por exemplo, o de que as mulheres devem permanecer virgens até o casamento. Ou o de que o homossexualismo é doença. Abandonar esses valores caducos não é um problema, é uma solução.
atualmente os jovens estão iniciando o sexo (e consecutivamente sofrendo as consequencias dele que tem o habito de aparecer 9 meses depois) mais cedo. Ah sim, informados eles estão, mas... porque eles seguiriam a informação?
A gravidez adolescente é muito mais presente em camadas desinformadas e pobres da população. Curiosamente, essa parcela também é a mais fortemente religiosa - e logo se vê que a religião e o puritanismo não ajudam em nada a proteger as pessoas disso. Geralmente, atrapalha. Portanto, a única solução verdadeira é informar e conscientizar de maneira racional. Nenhuma lei, divina ou mortal, irá impedir adolescentes cheios de hormônios de terem sexo. Mas se esses adolescentes tiverem acesso fácil à preservativos, informação e não tiverem que esconder tudo isso dos pais, bem, a chance de uma gravidez precoce diminui enormemente.
Aproveitando, é bom eliminar dois mitos aqui: sim, é verdade que a idade da primeira relação sexual está diminuindo. Entretanto, essa é uma estatística enganosa: em épocas anteriores, as adolescentes eram tão taradas quanto hoje, a diferença é que elas ficavam no foreplay para não arriscar a virgindade (a expressão "nas coxas" vem daí, aliás). Os meninos simplesmente eram levados pelo pai ou pelo tio ao prostíbulo assim que cresciam os primeiros pelos pubianos.
Pra mim é óbvio e evidente que na questão sexual nós estamos vivendo um avanço, e não um retrocesso.
Não, depende de como, quando e porquem estah sendo feito. Se eu pego a foto de um nu artistico ,isso não eh putaria. Mas uma mulher agarrando os peitos e lambendo sim. Porque explicitamente ele quer dizer sexo!
Smaug, eu não acredito que você realmente acredite em algo tão simplista. Você tem consciência de que muitos quadros que nós consideramos sensuais foram, em sua época, taxados de pornografia? E o que acontece quando o chefe da Biblioteca do Congresso americano, um dos maiores colecionadores privados de pornografia do planeta, resolve fazer uma exposição artística com as melhores obras? Um pôster da Playboy pendurado no meu quarto pode ser pornografia, mas se estivesse exposto na galeria da esquina seria arte. E, como o exemplo da ilustração de Tormenta já demonstrou, a percepção do que é pornográfico varia enormemente de pessoa para pessoa. Francamente, eu não espero ter que me alongar nesse ponto.
Será que realmente tem menos crimes, ou apenas tem menos crimes reportados?
É um excelente ponto, Eltor. Entretanto, o fato da tendência ser constante em quase todos os países estudados (quanto mais rígida a legislação anti-pornografia, maior a incidência de crimes sexuais) me faz pensar que não. A justificativa é que a pornografia é uma válvula de escape social, e todo mundo sabe o que acontece com uma panela de pressão sem válvula de escape.
só acho que atualmente se prima demais pela diversão vazia e muitas vezes ofensiva à inteligência
Se você só quiser olhar pros exemplos ruins, sim. Mas antigamente também havia porcaria como hoje, lhe asseguro. Só que agora o acesso a programas e conteúdo de qualidade é amplamente facilitado pelo número de canais de mídia que temos à nossa disposição. Você fala de "falta de opção", mas compare o leque de opções que qualquer um tem hoje com o que teria 50 anos atrás e repense. E é bom notar que "vazia" e "ofensiva à inteligência" é algo subjetivo. Tão subjetivo, de fato, que eu os considero conceitos inúteis à essa discussão.
afinal, que identidade cultural nossos jovens tem? Com o que nos identificamos? Com o que nossos filhos se identificarão? Carnaval? Futebol? Samba? Macarronada? Balé? Idade Média Européia?
Ué, e esse problema nasceu hoje, por acaso? Ou é culpa dos quadrinhos e da televisão?
Cabe notar que o problema da Identidade é global, não é mais coisa só de países colonizados. Cada vez mais a nacionalidade se torna irrelevante, substituída por tribos como os otaku. Eu certamente me enxergo tendo mais coisas em comum com meus amigos ingleses, americanos e australianos do que com meu vizinho brasileiro, e eles se sentem da mesma forma. Existe um trabalho muito bom do García Canclini chamado "Consumidores e Cidadãos", tratando desse assunto. Minha opinião: ainda bem que não temos uma identidade nacional firme. Em todo o mundo, isso só serviu pra fomentar guerras e xenofobia.
Logo, por mais trágico que seja, o apelo sexual é muito produtivo porque os valores da maioria dos jovens são cada vez mais insossos.
Me preocupa muito, mas muito mesmo, ver uma professora dizendo que a juventude está cada vez mais insossa. Discordo dessa afirmação frontal e radicalmente.
O apelo sexual sempre foi produtivo. Existe uma explicação biológica para isso, e nenhum tipo de doutrinação moral ou religiosa vai conseguir inibir o desejo sexual nos humanos. Eu aponto para os estudos do Dr. Kinsey, que descobriu uma taxa de adultério superior a 40% nos Estados Unidos dos anos 30. Difícil imaginar um país mais "moral", e taí a estatística.
A diferença é que essa sexualidade era reprimida, frequentemente com efeitos terríveis (Kinsey documentou isso também). Mas homens sempre frequentaram prostíbulos e ambos os sexos sempre pularam a cerca. Hoje estamos diminuindo a hipocrisia que cerca ambos os comportamentos, com projetos de lei buscando a regulamentação da prostituição e a criação do divórcio, por exemplo.
Novamente: pra mim isso é um avanço significativo, e não um retrocesso.
Essas duas últimas são as mais importantes na formação das crianças, mas o grande problema é que a mídia é muito mais importante no moldar a mentalidade dos adultos. E isso, invariavelmente, se reflete nas crianças.
E qual seria a solução? Censurar ou criar regras para conteúdos que são destinados exclusivamente a adultos? Você mesmo apontou como isso é ridículo, vide o caso japonês. Como eu disse ao Draco: pretensas "soluções" para questões morais são quase sempre piores que o problema.