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sinta-se a vontade para destru... digo... comentar sobre esse cenário nacional com uma credibilidade "incrível" ,e resolvi exercitar um pouco do meu sadism.. digo, argumentação numa contextualização básica sobre a censura de material de quadrinhos e cultura de imagens no Brasil. E decidi fazer isso na véspera de Natal, pelo simples prazer do desafio e pelo simples prazer de fazer o Lune ler tudo isso... mwahahaha

Decidi comparar o sistema de censura do Japão pq como a maioria sabe, é umd os países que produz o maior número de material erótico-pornográfico na indústria de quadrinhos (aqui não entra só mangá, mas gekiga, tirinhas de jornal e ilustrações no geral) se não for o que mais produz. Muita gente diz que é pq eles são uns pervertidos, e alguns deles são mesmo, mas a maneira como a população lida com a sexualidade é, até certo ponto, natural, dentre vários fatores por eles não terem sofrido influência da Igreja Católica no período da baixa Idade Média, de acordo com a filosofia zen-budista da contemplação dos momentos efêmeros da vida, as culturas orientais tem visões diferentes do ocidente no que se refere a lidar com esse tema.
Apesar disso os japoneses sempre foram citados por sua disciplina e decoro extremo ao liar com qualquer questão, tudo que eles se empenham para fazer, são cobrados até o fim para que façam bem, sem nenhuma falha. Isso gera pressões atualmente difíceis de lidar, e mesmo em algumas cidades essa cobrança sobre os trabalhadores e estudantes tem se espaçado, de certa maneira, por perceberem que o apego excessivo à uma carga semanal de 50 horas de trabalho estava defasando sua imagem no exterior. Ah sim, eles são orgulhosos, e como país pequeno que mostrou fragilidade no fim da segunda guerra eles vêm tentando (e conseguindo) passar imagem de um país forte em suas tradições e em seu mercado externo.
Por que eu falei de tudo isso ? Pra contextualizar a censura nos quadrinhos japoneses.
Exatamente por haver um permissionismo maior em relação a temas sexuais, e uma preocupação extrema na educação das crianças que darão continuidade ao país, os mangás e quadrinhos eróticos/pornográficos são classificados e levados lacrados até as bancas, há adesivos colocados na parte frontal da embalagem, e as publicações infantis passam por um crivo rigoroso de Associações de Pais e Mestres localizadas em vários bairros e cidades.
Muitos mangakas já tiveram seus nomes postos no fogo por várias dessas associações e criaram um contra, obviamente. O maior problema aqui é que as leis de censura japonesa acabaram dando um tiro pela culatra. A proibição da exibição de pêlos pubianos e órgão genitais de adultos... acabou levando a criatividade obscura de alguns autores a baixar cada vez mais a idade aparente da maioria das personagens dos quadrinhos. Nota aqui que o mercado japonês conta com três monstros editoriais: Kodansha, Shueisha e Shogakukan, todo o resto publica carne de vaca, pilhas bem grandes para vender barato, como diria Paul Gravett.
E em cima dessas publicações que fatalmente apelam a um monstro chamado pedofilia, os pais e professores caem matando mesmo.
Isso é puritanismo?
Aqui no Brasil nossa tradição maior em quadrinhos é fruto principalmente da época da ditadura. Exatamente por isso as tirinhas e charges são, em sua maioria, voltadas para pessoas mais engajadas ou que tenham o mínimo senso de crítica social e política. E exatamente por isso nossa cultura de quadrinhos voltado ao público infantil e infanto-juvenil sempre pareceu estar em seguno plano.
Nosso maior estandarte provavelmente seja A Turma da Mônica, queiram vocês ou não. As histórias vêm ao longo dos seus 40 anos (se não me falha a memória) acompanhando o comportamento infantil tanto em gírias, brinquedos, jogos. E a decaída de muitas histórias da Turma mostram apenas que nossa cultura infantil ou juvenil tem se mostrado cada vez mais vazia.
Em contraponto a isso nós temos quadrinhos norte-americanos e japoneses invadindo nossas bancas e o mundo dos adolescentes e crianças. Muitos mostram cenas de mulheres em roupas mais sensuais ( e sim, aqui não é maiô enfiado no rego, é camisa larga marcando os seios e variáveis) enquanto outros apelam descaradamente para isso.
Apesar disso você não vê nenhuma recomendação em lugar nenhum , só nos "satânicos" livros de RPG... o problema aqui surge quando você tem novelas em horários nobres mostrando mulheres fazendo strip, cenas de sexo, explícito ou não, comerciais de cerveja com mulheres gostosas e nenhum cérebro, programas como pânico, que apesar de propostas absurdamente boas, mostra mulheres seminuas que tem uma participação irrelevante e estão lá apenas para serem gostosas.
Famílias assistem isso, e cada vez mais as crianças se acostumam a ver a putaria que é o carnaval, e matinê virou coisa de velho, de gente chata. Um quadrinho ou desenho mais complexo sem mulher pelada é chato.
Por experiência própria como professora, eles estão desenvolvendo preguiça mental. Nossa população, e não toh falando só das crianças, de muitos adultos.. e jogadores de RPG, tem preguiça de pensar, as crinaças tem muito conhecimento, muita informação, e são inteligentes, mas não estão sabendo ligar as coisas e usar toda essa carga, não raciocinam, e isso se reflete na preferência pelos quadrinhos, que não sabem juntar os interesses do público com uma formação social.
Enquanto no Japão você possui quadrinhos informativos e educativos sem ser uma coisa maçante, aqui no Brasil essas parcas tentaivas são vistas como estúpidas e chatas. Temos grandes adultos, jovens e adolescentes sem maturidade diante do sexo, do trabalho e do estudo.
Saber trabalhar temas como sexo, trabalho e estudo e preparar uma geração de maneira adequada para fazer um país e uma sociedade um pouco menos medíocre é papel da família e principalmente da mídia, qualquer mídia. Por que Tormenta não ajuda... por que trata o tema (aliás qualquer tema) com uma banalidade estúpida e as mulheres são rebaixadas a um amontoado de carne e os homens a potinhos prepotentes de testosterona. E ainda mais!!! Eles começaram o cenário com maturidade querendo propor algo sério e que se mostrasse como um bom cenário... depois virou putaria, um amontoado de recortes aleatórios sem nexo e novela da globo "Ah, nós damos o que os adolescentes querem e não precisamos dar mais nada disso pq eles não querem pensar".
A diferença entre putaria e maturidade na vida real é como você vai usar seu cérebro...