Manifesto vermelhista da revolução permanente da Spell
“Dê-me o número final, o mais alto, o maior.”
“Mas isso é absurdo! Se o número dos números é infinito, como pode haver um número final?”
“Então como você pode falar de uma revolução final? Não existe uma última. Revoluções são infinitas.”
Ievguêni Zamiátin, Nós.
“Mas isso é absurdo! Se o número dos números é infinito, como pode haver um número final?”
“Então como você pode falar de uma revolução final? Não existe uma última. Revoluções são infinitas.”
Ievguêni Zamiátin, Nós.
Até que, de repente, a revolução aconteceu: abandonamos nossas antigas plagas e nos mudamos para servidores nunca dantes navegados. Triunfara o vermelhismo! Fez-se a vontade do povo! O tacão de ferro ficou relegado aos mares e conveses e olás-a-todos.
É (foi) fácil urrar sangue aos quatro ventos quando a revolução se inflama; é (foi) simples abraçar um irmão – por maiores as diferenças – na hora de necessidade; é (foi) natural esquecer dos agravos quando existe um arqui-inimigo, um cachorro morto, um alvo comum a se vociferar destruir reduzir abandonar.
Contra o que apontaremos nossos arcos? Contra quem verteremos nossa bile? E nossa acrimônia, tão vitriólica, como fica?
Zamiátin falava da lei da revolução como algo vermelho, ígneo, mortal: um planeta nasce, incandescente, brilhante, invencível. Mas a lei da entropia, inevitável, inelutável, é azul, fria, gélida: o planeta esfria, o fogo deixa de ser mortal para ser no máximo confortável. A solução é uma só: incendiar o mundo novamente. A revolução não é um evento único singular raro: a revolução é permanente. A revolução é sempre.
O esfriamento, o resfriamento, o acomodamento. Tudo se reveste: casca rígida ossificada dura chamada dogma. Acomodação. Entropia. O que queimava selvagemente só consegue gerar pouco calor.
Ao invés do sermão da montanha sob o sol escorchante com pessoas chorando erguendo braços – monges gordos em igrejas repletas de ouro coletando donativos e distribuindo bênçãos. Ao invés de debate discussão revolução discórdia movimento criação – hordas padronizadas concordando em concordar. Ao invés de juventude planeta chamejante criatividade – envelhecimento decadência conformidade.
Não [há] mais vilão de perna-de-pau tapa olho ganso negro dinheiro na conta administração ruim. Não [há] mais queimador de livro covarde sem saber o que está fazendo teimoso roubador de senhas. Nosso maior inimigo não mais é dois. Nosso inimigo não mais é outros.
A Spell não é você. A Spell não é eu. A Spell é nós. E, hoje, nosso maior inimigo é nós.
É (foi) fácil urrar sangue aos quatro ventos quando a revolução se inflama; é (foi) simples abraçar um irmão – por maiores as diferenças – na hora de necessidade; é (foi) natural esquecer dos agravos quando existe um arqui-inimigo, um cachorro morto, um alvo comum a se vociferar destruir reduzir abandonar.
E agora?
E agora?
E agora?
E agora?
E agora?
Contra o que apontaremos nossos arcos? Contra quem verteremos nossa bile? E nossa acrimônia, tão vitriólica, como fica?
Zamiátin falava da lei da revolução como algo vermelho, ígneo, mortal: um planeta nasce, incandescente, brilhante, invencível. Mas a lei da entropia, inevitável, inelutável, é azul, fria, gélida: o planeta esfria, o fogo deixa de ser mortal para ser no máximo confortável. A solução é uma só: incendiar o mundo novamente. A revolução não é um evento único singular raro: a revolução é permanente. A revolução é sempre.
E agora?
E agora?
E agora?
O esfriamento, o resfriamento, o acomodamento. Tudo se reveste: casca rígida ossificada dura chamada dogma. Acomodação. Entropia. O que queimava selvagemente só consegue gerar pouco calor.
Ao invés do sermão da montanha sob o sol escorchante com pessoas chorando erguendo braços – monges gordos em igrejas repletas de ouro coletando donativos e distribuindo bênçãos. Ao invés de debate discussão revolução discórdia movimento criação – hordas padronizadas concordando em concordar. Ao invés de juventude planeta chamejante criatividade – envelhecimento decadência conformidade.
E agora?
Não [há] mais vilão de perna-de-pau tapa olho ganso negro dinheiro na conta administração ruim. Não [há] mais queimador de livro covarde sem saber o que está fazendo teimoso roubador de senhas. Nosso maior inimigo não mais é dois. Nosso inimigo não mais é outros.
A Spell não é você. A Spell não é eu. A Spell é nós. E, hoje, nosso maior inimigo é nós.
E agora?
Agora.
Agora.