Gostei bastante desse conto, minha namorada disse que ficou "sensual". Espero que vocês gostem também. Está dividido em duas partes, semana que vem coloco a próxima.
Como é de boa conduta do fórum, vai o aviso:
*** TEMA ADULTO *** Este conto contém cenas de sexo e não é recomendado a menores de 14 anos.
Um dia perfeito
Rodrigo "Sax" van Kampen
Rodrigo "Sax" van Kampen
Aquele senhor distinto no bar em uma plena quarta-feira à noite com certeza não era freqüentador assíduo. Ao lado de estudantes dos mais variados cursos disputando aos berros o resultado do próximo jogo do campeonato brasileiro, usava uma cartola velha e vestia um terno branco impecavelmente limpo, ressaltando uma fina gravata vermelha deslizando em seu peito. Não era velho, mas estava longe de sua juventude.
Enquanto as garrafas de cerveja passeavam pelas mesas, pediu um café, uma vez que o atendente jamais havia ouvido falar em capuccino. Os homens olhavam-no um pouco desconfortáveis, como se aquele homem não tivesse o direito de estar ali. Mas forçadamente o ignoravam.
No entanto, eram as mulheres que sentiam em seu corpo aquela presença. Apesar de estranho naquele ambiente, exalava um charme além de sua maturidade, um perfume inebriante, como uma promessa de um dia perfeito. Todas as mulheres daquele bar disputavam-no, entre ferrenhos risinhos e afiadas trocas de olhares.
Aline estava no último ano de jornalismo, e com a graça e a desinibição que seu curso a havia ensinado, puxou uma cadeira, perguntando se estava ocupada. Ele não respondeu com palavras, mas com um sorriso capaz de derreter o coração da mais dura feminista.
Embora ela tivesse falado primeiro, era ele o dono do jogo. E logo engrenaram em uma conversa interminável, que começou na infância da moça, passou por sua juventude e agora curvava-se em seus estudos. Ele não falava muito, mas sorria quase todo o tempo, com aqueles olhos profundos e amistosos, de um avô em quem se pode confiar plenamente.
Os homens foram os primeiros a deixarem o bar. Todos eles, sem entender direito por quê, sentiam o ar carregado, como se uma pesada chuva estivesse se formando, e, sem clima para a noite, iam um a um para suas casas com aquele sentimento de ter perdido a noite para o macho alfa.
Aline não voltou para casa aquela noite. Quando a última mulher antes deles saiu com a derrota estampada no rosto, ele ergueu os olhos, sempre sorrindo:
— Aline, você tem um sorriso tão lindo... Eu gostaria de vê-lo durante um dia inteiro...
Ela riu com o galanteio:
— Eu precisaria de um dia perfeito!
Ele passou a língua pelos seus lábios:
— Por quê não fazemos um dia perfeito amanhã?
— Amanhã? Por quê amanhã?
— É um dia tão bom como todos os outros. Podemos até começá-lo agora, se quiser. Vamos?
“Eu só posso estar ficando louca” foi o que Aline disse para si mesma quando aceitou a proposta. “E se ele for um maluco tarado?” No entanto, por mais que se esforçasse, não conseguia pensar mal daquele senhor tão atraente à sua frente.
A casa dele era próxima, caminharam as dez quadras olhando as estrelas. Ele mostrava as constelações, apontando-as.
— Está vendo Leão? Ali, aquela estrela chama-se Denebola, aquela outra é Regulus. — Ele desenhou o formato das estrelas no ar. — Sabia que Leão nasceu de Ortro e Equidina? A pobre criatura era simpática, mas não encontrava o seu lugar no mundo, principalmente entre os humanos. Você sabe como são os humanos, não compreendem os seus diferentes. Então Leão foi morto por Hércules, que queria sua pele para vestir como troféu. Por isso ele foi para o céu, e agora está ali.
Aline riu, maravilhada. Não sabia muito sobre estrelas, e adorou o jeito que ele contava as coisas como se as tivesse presenciado. Enquanto devaneava nestes pensamentos, começou a ouvir sobre o gigante caçador Órion. Ela se agarrou ao braço dele, apoiando a cabeça em seu ombro, enquanto caminhavam noite adentro.
O senhor morava em uma mansão que Aline nunca havia reparado, apesar de fazer aulas de piano ali perto. Não havia portão, apenas uma cerca viva baixa rondava o terreno. A casa era branca, com grandes colunas de mármore vermelho em frente à entrada.
Eram quase quatro horas da manhã quando entraram. Ele mostrou rapidamente a casa, que não tinha tantos cômodos, mas ambientes espaçosos, e então mostrou o quarto onde ela podia dormir, um aposento amplo e arejado decorado com seda nas paredes e um tapete rosa no chão. Havia um armário ao lado e uma suíte.
— Sinta-se à vontade. Agora durma, minha querida.
Ele abaixou-se para beijá-la na face, mas ela virou o rosto rapidamente, oferecendo seus lábios ao dele. Eles se beijaram suavemente, ele sorriu, segurando a aba de sua cartola para desejá-la boa noite novamente, e saiu do quarto.
Aline se deitou na cama. Não conseguia se lembrar de estar tão feliz em nenhuma outra noite.
Ele foi ao quarto, olhou para a cama arrumada, mas não viu necessidade de dormir. Desabotoou seu terno, pendurando-o no cabideiro, e colocou um roupão confortável.
Preparou um chá e acomodou-se na poltrona, sentindo o aroma suave de sua bebida. Gostara dela, o dia seguinte seria perfeito.
Continua....