Avistou uma luz no final do túnel, e resolveu seguir em frente. Andava cautelosamente, sem olhar muito para os lados. Só existia aquela luz e nada mais. Sentia-se sufocado pela escuridão que o rondava, e não poderia voltar para o caminho rumo à densa negritude pela qual já passara. Tateava as paredes em busca de algo que pudesse guiá-lo, que o incentivasse a sair daquele local horrendo. Aquela fraca luz não saciava a sua fome por luminosidade. Estava preso às circunstâncias da situação. Andou por tanto tempo que, por mais que avistasse – raramente - novas opções de saídas, não conseguia se desprender daquela luz que o guiava. A luz da esperança. Da sua esperança.
Passaram-se dias, semanas, anos! Não sabia mais quanto tempo se fora desde que se perdera no breu. Pensou mais de uma vez em desistir e deitar-se até ser consumido pelo tempo, mas algo além da vontade o guiava para aquela rara luminosidade. Curiosidade, talvez? Não sabia ao certo. Arrependeu-se por ter entrado na caverna... ou estaria desde sempre tentando sair?
Os passos não tinham mais a mesma velocidade, diminuíam a cada sono. Sentia-se exausto. O ar estava tão estagnado quanto o primeiro dia que se dera conta, abafando toda e qualquer respiração. Não só via a luz, como cheirava e também escutava o seu brilho. Seus pensamentos eram voltados à ela.
Depois de tanto tempo, finalmente parecia que a luz estava mais próxima. Em um último suspiro, apertou um passo trôpego que simulava uma corrida, até finalmente chegar ao local que o fizera seguir sempre adiante.
Inicialmente, cegou-se com a intensa luz – ou seria a falta de ar afetando a sua visão? Não importava... chegara ao seu destino. Aos poucos recuperou a visão, e à sua frente estava uma placa sendo iluminada por uma grande lâmpada, cheia de fio acumulado embaixo dela, além de uma picareta na parede cavernosa à sua frente. Ainda sem ar do último esforço, passou a mão para tirar a poeira da placa, e leu o que estava escrito.
“Bem vindo ao fim do túnel”