Dedicado ao Spark ♥
Deitei-me na cama, cansada após mais um dia cansativo. Era época de pré-vestibular, então eu ficava na escola todos os dias até as seis da tarde, e nada era capaz de tirar de mim aquela sensação de “nada vai dar certo.”
Mas existia alguém que, todos os dias, me ouvia. Era meu companheiro, meu braço direito, meu apoio. Era quase um pai, no fim das contas. Silencioso, permanecia ao meu lado enquanto eu relatava todas as minhas dores, meus desesperos, meus medos e receios.
E ele não me abandonava. Todos os dias lá estava, atento e carinhoso, disposto a me ajudar. Mesmo que não fosse bom com as palavras, mesmo que fosse incapaz de demonstrar tudo que sentia através de letras e sons, eu sentia aquele carinho.
Aquele afago gentil, aquele amor cego e incondicional. Porque ele era meu melhor amigo. Meu maior, melhor e único amigo. Eu tinha certeza que, mesmo que o mundo me abandonasse, lá estaria ele.
E então, um dia, durante a madrugada, ouvi seu choro. Meu coração apertou. Eu nunca havia feito nada por ele.
Nunca havia ajudado, amparado, apoiado ou falado uma palavra de carinho. Era severa quando ele vinha até mim, cabisbaixo e trêmulo. Era dura como uma professora cruel.
Mas, naquela noite, senti medo.
Desci as escadas correndo, amedrontada, apenas para me deparar com a visão de seus olhos tristonhos me encarando em meio as lágrimas. Olhei para os lados, desesperada, e percebi que meus pais ainda estavam acordados. Respirei fundo, tomando coragem para gritar em meio a madrugada e interrompê-los da concentração do programa habitual que assistiam.
- Manhê, cadê a ração do Spark?!