O título foi aleatório e não tem nada a ver com o conto, estejam avisados.
Andou pelo quarto pela enésima vez. Observou o corpo, as evidências, as pistas. Tudo parecia fora do normal. Tudo.
Sentou-se novamente no chão, levando a mão ao queixo, e acendeu um cigarro. Refletia sobre tudo que estava vendo, e chegou a conclusão de que as provas eram falsas.
Afinal, já fora um jovem jogador um dia e sabia que não eram necessários card games para jogar Barão de Munchausen. Nunca fora, mas aquilo era uma certeza baseada em conhecimentos antigos, que talvez os muitos anos de bebida e fumo tivessem distorcido em sua mente.
“Quinta morte relacionada ao jogo essa semana.”, pensou, frustrado. Na sua época, pessoas não se matavam por causa do hobby. Ou talvez a mídia fosse mais focada e essas notícias não chegassem até a população.
Mas era diferente agora. Tinha certeza de que o jogo não tinha nada a ver com o assassinato, que nada tinha a ver com a realidade comum, vazia e chapada, onde vivia. Aquilo era um mistério.
Observou novamente o quarto. Um adaptador para plugues de três pinos estava jogado no chão, aos pés de uma mesinha com um laptop ligado. Espiou a marca. Não era conhecida. Deu de ombros e voltou a atenção à estante em um dos cantos. Cheia de livros de variados tipos, a pequena assassinada era fã de literatura.
Como todas as outras quatro.
Procurava evidências. Precisava de evidências.
“Foco. Foco.”, repetia incessantemente. Ficou de pé e foi até a escrivaninha. No caderno, matéria da escola. “História. Napoleão, pff. Pra que isso me serviu, mesmo...?”, pensou, com um sorriso vitorioso. Passara a adolescência dizendo que não precisava estudar aquelas coisas estúpidas. E estava certo.
De repente, o coração disparou. A mente se enchera de idéias, e uma delas pareceu fazer sentido. Olhou em volta, e tudo pareceu acelerado, como em uma corrida.
Sacou o celular e ligou para um antigo amigo. Não se falavam há anos, e ele talvez nem usasse mais aquele número. Mas era sua última esperança.
- Sampaio, seu cubo gelatinoso – pois essa era a pior ofensa que podia proferir naquele momento, perdido entre memórias das madrugadas adolescentes de jogatina – preciso da sua ajuda. O Madrüga matou outra pin-up.
Pra quem não entendeu...
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e
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