Um amigo meu me convidou para jogar NWoD... o básico. A idéia é ser um apocalipse zumbi.
Então, resolvi fazer o BG do personagem como um prólogo de como ele começa na Crônica. E lá vai. Espero que gostem. O [adulto] é por causa da linguagem.
Dia 1
Sabe, é meio irônico New Ireland ter Octoberfests. Eu prefiro pensar que é só um aquecimento para o Dia de São Patrício. O que me faz ficar irritado duas vezes ao ano. Claro, quem me conhece estranha o fato de eu odiar datas festivas regadas à cerveja e whisky, mas o problema é que quando você trabalha em um necrotério, uma cidade entupida de gente alcoolizada faz com que você tenha uma incrível quantidade de horas-extra. Ainda mais com o filha-da-puta do Carlson, que adora tirar suas licenças para sair da cidade e ir ver a família no interior.
Aquele maldito pulha. Se ele não gosta das festas, por que não tira a porra da licença em outra época? Ele podia ficar trabalhando aqui que nem um condenado e eu poderia me matar bebendo. Depois, eu cobria ele enquanto ia ver a sogra e mãe na puta-que-o-pariu. Mas não. O desgraçado tem toda a bosta de um ano para escolher suas folgas e sempre escolhe me foder.
Deve ser inveja que eu seja melhor que ele, mesmo estando sempre de ressaca e fedendo a nicotina.
Olha para isso. Esse maluco se envolveu em uma briga na praça hoje. O outro cara, segundo o que disseram, deu uma porrada na cabeça dele com um pedaço de cadeira. Prefiro começar a noite com esses casos – são mais fáceis do que ficar contando qual das doze balas no peito matou alguém.
Ah, ótimo, Emily apareceu. Apesar de ser meu tipo, essa mulher é a rainha das pé-no-saco. Dizem que ela tem um caso com Maria Consuelo, da limpeza. Mas duvido. O pessoal costuma espalhar isso por que ninguém nunca conseguiu levar ela para cama.
“E aí, mais horas extras?” ela me pergunta, sarcástica. "Trouxe esse aí hoje, acabei de voltar do BO do agressor.”
“Uhum.” respondo, seco, pondo um cigarro na boca. É melhor parar Emily antes que ela comece a chuva de indiretas de quanto ela é melhor de qualquer homem da corporação. Só uma maluca para estar no necrotério essa hora. Qualquer outro já estaria em casa e só veria os papéis amanhã.
“Que isso, é proibido fum...” já sai ela falando.
“Meu necrotério, minhas regras.” respondo, acendendo o cigarro e selecionando uma música no meu celular. Always Look on the Bright Side of Life. Sempre tenho que começar uma jornada noturna com essa.
~Some things in life are bad
They can really make you mad~
“Alguém já te disse que você é estranho?” me fala a detetive com um sorriso torto.
~Other things just make you swear and curse.
When you're chewing on life's gristle~
“Yep.” digo eu pegando minhas ferramentas de trabalho.
~Don't grumble, give a whistle
And this'll help things turn out for the best...~
Olho para ela. “Melhor não ficar aqui se não tiver estomago forte” digo.
~And...always look on the bright side of life...
Always look on the light side of life...~
“O que me dá ânsia mesmo é esse seu cigarro fedorento”.
A música continua tocando enquanto faço meu serviço. O pior é que peguei o cigarro só para irritar ela. Essa porcaria queima mais da metade sozinha enquanto mexo no corpo. E ela não é barata. A música continua tocando enquanto eu trabalho.
Mas ao abrir a cabeça, esqueço de tudo.
“Mas que merda é essa?” deixo escapar.
~So always look on the bright side of death
Just before you draw your terminal breath~
“Que foi?” diz Emily antes de olhar para dentro do crânio da vítima, e logo após tenta controlar um reflexo natural.
“O tecido desse filha-da-puta tá todo enrijecido. E esse pus todo não é normal.” eu falo enquanto trago um pouco do cigarro.
“Se quiser ir embora, é melhor agora. A noite não começou bem e esse desgraçado vai me ocupar uma boa parte dela.”
“Eu vou procurar o registro desse cara. A família deve ter informações quanto a isso.” diz ela, tentando evitar olhar o corpo.
“Faça isso. De manhã já te dou os resultados.”
Merda de noites de Octoberfest.