Noite Escarlate [ Parte VIII ]

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Noite Escarlate [ Parte VIII ]

Mensagempor Ermel em 24 Set 2007, 18:39

Capítulo I.!

O fracasso corroia seu ser por suas veias como fogo, queimava por dentro e a fazia chorar - lágrimas desesperadas e de dor escorriam pela face pálida. Aquele sentimento tão revoltante tomava conta do seu ser a cada dia que passava e assolava sua mente com nuvens negras e tempestuosas a impedindo de raciocinar sequer por alguns poucos segundos. Estava cega de ódio, raiva, tristeza, invalidez. Sentia-se incapaz de qualquer coisa, de até movimentar-se, estava mais feliz estirada no chão do que tentando, pela milésima vez. E pela primeira vez em anos, sentiu-se feliz com aquilo, com aquela derrota, com aquele fracasso que a seguia eternamente, quem sabe, até de outras vidas. Um sorriso cortou as lágrimas e corou a face.

Risos ecoaram na sala de estofados brancos, a única luz que intervia naquela escuridão mórbida era a que vinha pela tímida janela na porta que nascia das lâmpadas enfileiradas no corredor. O som da propria risada ricocheteava nas paredes almofadadas e voltavam para ela, o que fez com que aquele sorriso, tão raro se desmanchasse por completo naquela solidão louca. Não ligava se perderia mais uma vez, mais dez, vinte ou trinta. Mas queria, pelo menos uma vez conseguir sair sã. Mas era, obviamente, impossível. Com o rosto ainda encharcado encarou o teto, ou pelo menos o que podia ver. Fechou vagarosamente os olhos com uma mansidão nunca antes vista ou experimentada.

Uma nuvem espessa vertia de dentro do quarto pelas frestas da porta, um tom azulado se misturava ao cinza natural. Gritos esquizofrênicos cortaram o silêncio do pequeno cômodo fazendo a porta balançar com o terror que cada palavra carregava. A fumaça se esgueirou para fora e aos poucos tomava uma forma feminina, como se fosse moldada por mãos invisíveis e com tamanho esmero - o busto se construira lentamente na fumaça bicolor, olhos de fogo quase vivos se formaram tomando seus globos oculares, e como um rabo ainda havia a fumaça que se esgueirava da porta no fim do corredor. Um sorriso diabólico, não mais que sua propria criação era, se fez encarando o vazio do corredor. Na janela outras faces lutavam no pequeno espaço para observa-la do lado de fora. Encarando a única porta de cor diferente no outro extremo do corredor, a criatura de fumaça flutuava lentamente se distanciado da porta. Subitamente ela parou, encarando com raiva a porta atras de si. As mãos gasosas percorreram toda a extensão da porta fazendo com que ela caísse abruptamente contra o chão, como se nada antes a segurasse em seu lugar.

Outras e outras formas sairam ligerias do quarto, eram formas gasosas dos mais variados sexos que com linguas afiadas pareciam saborear o proprio ar seco do local, outras com olhares curiosos percorriam o único caminho com os olhos vermelhos e sedentos, lentamente a única figura, realmente humana caminhava para de fora do quarto, com um grande robe branco e cabelos negros que escorriam pelos ombros sensualmente. A fumaça bicolor envolvia todo seu corpo e como rédeas paravam em suas mãos. Seus olhos cintilavam com um azul violento, seus punhos cerrados faziam saltar veias ao longo do pulso que era adornado por varias cicatrizes em diferentes sentidos. Inspirou todas suas criações para dentro dela mesma deixando nenhum vestígio no ar. As pálpebras fecharam e no mesmo segundo abriram trazendo de volta suas belas esferas esmeraldas.

- Nada mais detera Pérfida.

Com os olhos pesados ela encarava ao longe a porta marrom que era ligada a sua pelo corredor estreito. Passos rápidos e largos levaram-na rapidamente para a porta. Se escorou contra a madeira e agachou colocando o ouvido o mais proximo possível tentando ouvir qualquer vestígio humano do outro lado. Fitou o chão. Aquele branco em todo lugar, toda a parte começava a lhe incomodar profundamente, como se não bastasse todo o quarto em que passara confinada um tempo incontável, todo o lugar, exceto aquela maldita porta ainda de pé, eram brancos. Franziu o cenho e assim seus olhos foram tomados mais uma vez por aquele azul. Expirou a fumaça que corria por entre as narinas e os finos lábios e logo tomaram formas novamente, se entreolharam e com rédeas em mãos ela os jogou violentamente contra a porta.

A porta vôou em direção a parede retorcendo-se e assim se mantendo ao chegar no chão, a parede, branca, se rachou devido ao impacto. Ela caminhou ultrapassando o vão que a ausência da porta deixara, entrando em um cômodo muito maior, onde corredores e mais corredores levavam a outros quartos e seus pacientes. Estranhou a falta dos vigilantes e das enfermeiras no locais, lembrava-se quando, ao chegar, era infestado como um formigueiro por aquelas mulheres tradicionais e pares de homens cuidando cada uma das portas. Franziu o cenho, estava tudo certo, ou errado de mais. Inspirou a névoa. Seus olhos analisavam cada milímetro do local, procurando pequenos detalhes ou qualquer vestígio que lhe desse alguma pista do que estava acontecendo.

Decidiu ignorar, caso qualquer coisa acontecesse, desta vez, não deixaria por menos ou se entregaria, estava disposta a viver com isso para todo o sempre, custasse as noites insones ou os pesadelos durante raros sonos, aprenderia a viver e lidar com isto. Mesmo que os tormentos fossem grande de mais. Estava farta de tentar.

Tentou se lembrar entre tantas portas, qual delas levaria até a saída. Segurou a cabeça, que naquele instante pesou com tamanha força que quase perdera o equilíbrio. Respirou retomando o controle e correu em direção a primeira porta que lhe aparecera na frente. A mão girava freneticamente a maçaneta e com a pouca força do esguio corpo empurrava-a, mas nem ao menos saía do lugar. Esmurrou a porta e com um grito toda a névoa dentro dela foi contra a porta. Manteu-se tão imóvel quanto antes - a porta não havia nem ao menos rachado. Era o que ela precisava para confirmar o óbvio - alguem estava por trás disso.

- Alice... Querida, quanto tempo - uma voz afiada penetrou-lhe os ouvidos como agulha penetrava a carne - Saudades...
Editado pela última vez por Ermel em 17 Fev 2008, 21:21, em um total de 10 vezes.
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Noite Escarlate [ Parte VIII ]

Mensagempor Lady Draconnasti em 26 Set 2007, 06:48

Insano como um pesadelo, principalmente do meio para o fim.

Parabens pelo conto, Ermel. =)
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Mensagempor Malkavengrel em 01 Out 2007, 12:45

Ermel minha vez de comentar um conto seu (demorei mas o farei).

Eu li esse conto 6 vezes antes de comentar. Gostei do texto, ficou surreal, muito surreal.
Meio perdido por assim dizer. Não sei sua inspiração, mas faço das palavras da nasti as minhas.

"Insano como um pesadelo."

Parabens pelo conto.
Aquele abraço.
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Noite Escarlate [ Parte VIII ]

Mensagempor Ermel em 01 Out 2007, 13:55

Obrigado,
Alias, eu pensava em postar uma continuação, mas acho melhor parar por aqui.

:P
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Noite Escarlate [ Parte VIII ]

Mensagempor Malkavengrel em 01 Out 2007, 14:06

Se a continuação estiver pronta nada custa postar. ^^
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Noite Escarlate [ Parte VIII ]

Mensagempor Ermel em 02 Out 2007, 22:04

Capítulo II.!

- Alice... Querida, quanto tempo - uma voz afiada penetrou-lhe os ouvidos como agulha penetrava a carne - Saudades...

Ela deteu-se por um momento. Aquela voz, era tão familiar, mesmo o tempo presa naquele local não a faria esqueçer. Mordiscou o lábio inferior e o semblante parecia pesar devido o receio de um simples olhar para confirmar o que ela temia. Olhou por cima do ombro direito. Com os olhos marejados teve a certeza de que aquela voz era dele, de mais ninguem.

- Alice, por que se afastou de mim? Olha o que fiz por você! Limpei esse local, bem... Pelo menos fiquei com eles, só para que você pudesse, enfim, sair daqui sem problema nenhum. Espero que esses olhos vermelhos sejam devido a emoção de me rever.

Virou-se completamente o encarando. Ele vestia um short vermelho como sangue e trajava uma blusa branca já velha e suja, apenas os olhos mais aguçados notariam que algum dia aquele pano fora branco, no pé um chinelo de dedo. Na cabeça, o único acessório que denotava a honra e fineza que algum dia tivera era aquela característica cartola de veludo negro com uma simples faixa branca. Aquilo era o que havia se tornado.

- Não ouse me chamar Alice, este nome se foi com o tempo, e você junto.

- Oh querida, não sabe o quanto percorri atras de você, o quanto meu amor continuou íntegro e intocável por você. Mesmo você se escondendo, fugindo, a encontrei.

- Você não entende que nunca o amei, admirei-o apenas como Mestre e nada mais, esse seu amor platônico e minha fuga acabam hoje!

Mostrou os dentes como um animal faz para a sua presa e com um grito de guerra fez com que expelisse toda a fumaça em direção ao homem. A fumaça o envolvia como uma bolha, algo a empedia de entrar e ferir-lhe como ela há muito tempo quis. Era óbvio que ele tambem havia os convocado para ajuda-lo. Sabia que ele não tinha coragem de feri-la gravemente, mas o faria se necessário e a teria, em corpo ou alma.

- Por favor, vamos conversar como pessoas civilizadas e deixar nossas Artes de lado. Alias, fui eu quem te ensinou tudo isso, como você espera algum dia me superar deste modo? Posso ajuda-la, sei como!

- Não! Não ha mais uma palavra sua que eu agora acredite. Você se deixou levar pela sede de poder e por esse amor ridículo e distorcido!

- Preferia ter-te em corpo, mas vejo que é impossível!

A fumaça que o envolvia aos poucos recuava perante uma grande cobra de fumaça vermelha e cinza de olhos negros que vertiam das mãos daquele homem aparentemente louco, imponente ela encarava as formas d'outra fumaça. Seus olhos arregalaram diante daquela forma que faziam suas criaturas debandarem de medo com apenas um olhar daquele animal desforme.

- Como pode ver, consegui outros espíritos para mim. O seu papel de boa menina também acaba hoje quando eu a tiver para mim!

A cobra avançou como um raio em sua direção, a sua fumaça ainda imóvel por aquele olhar mortal fora incapaz de protege-la. Seu corpo fora atingido por aquela densa fumaça e jogando-a contra a porta. O animal rubro e cinza voltara para suas origens, ela, estirada no chão tentava levantar, apoiou as duas mãos no chão, suas costas doíam e pareciam latejar devido a força e ao impacto do golpe. Suas pálpebras pesaram, sussurou algo inaudível...

~*~

A pequena menina corria em direção a mãe segurando com a pouca força que tinha aquela mão delgada. A mãe afagou os cabelos escuros e presos por duas fitas vermelhas bagunçando aquilo que havia levado horas para ser feito com tanto carinho pela outra mulher logo ao seu lado.

- Mamãe, não quero ir, ele é estranho.

- Não se preocupe querida Alice, ele é um bom homem, um dos melhores professores da escola, e acima de tudo, você já é uma mocinha para ficar com medo de pequenas coisas.

A menina fitava a mãe com tanta esperança nos olhares, pedia com aqueles lindos olhos verdes que voltassem para casa, jogasse aqueles trajes bobos para lá e sentaria, calma e feliz, ao sabor das escovas de Madeleine acariciando seus cabelos de forma tão gentil enquanto assistia sua mãe estudar aqueles mais complexos livros. E a mãe podia ler tudo isso em seus pequenos olhos.

- Mas querida, você tem sangue azul, e assim é determinado quando nós completamos dez anos. Agora, seja uma boa garota e vá.

A voz impunha algo que a menina não podia recusar. Com passos lentos e tímidos ela ia em direção ao homem do outro lado de roupas tão finas e belas - e ela podia notar aquele olhar diferente que ele lançava. Era diferente. Mas sua mãe, parecia não notar, ou não queria. Cabisbaixa deu um tchau para sua mãe que retribuira assim como Madeleine que estava ao seu lado, e assim se foram, perdendo suas imagens por entre a densa névoa daquele dia que estava tão frio para ela.

- Pois é, querida Alice, somos só eu e você agora.

O homem arrumou os fios desajeitados e desgarrados, agachou e encarou a pequena, olhos nos olhos, ele sorriu com aqueles dentes amarelos que ficaria impressos para sempre em sua mente. Ergueu a mão em sua direção com certo receio, aquela forte e grossa mão a agarrou com tanta delicadeza que enganara pela aparência. E o sorriso continuava impresso em seu rosto. Levou-a para dentro daquele grande complexo de luxuosas e altas casas rodeadas por aquele enorme muro que logo na entrada, grafada com belas letras que brilhavam todos os dias com o nascer do sol, podia se ler "Escola de Artes".

As casas construidas de tijolos das mais diferentes cores eram talhadas com palavras de prata pura, algo que ela ainda não entendia. Eram enormes, algumas pareciam estender-se a eternidade, mal podia-se ver seu fim, outras ja eram menores, quase ofuscadas pelas outras imponentes naquele lugar tão magnífico, mas não para a menina. Seus olhos podiam percorrer com estranheza e admiração por aquelas construções inigualáveis, mas ainda sim estava triste por ter sido deixada lá sem, nem ao menos, Madeleine. Lembrara que sua mãe havia dito que humanos eram proibidos lá. Suspirou triste, Madeleine arrumava sempre tão bem seus cabelos, contava boas histórias, a vestia, fazia aquela deliciosa comida.

Caminhavam pelo longo campo esverdeado até uma das grandes construções. Ao chegar naquela casa peculiar, de tijolos roxos e que as palavras prateadas mudavam com o tempo, provávelmente mudando o que estava escrito, todas as outras desapareceram. Assustou-se, e procurando algo em que se apoiar levou sua outra pequena mão a segurar a do homem que a conduzia.

- Não se assuste pequena Alice, é assim, as outras casas só aparecem enquanto estamos no campo, ao chegar no domínio de outra, elas se vão, como se não existissem, e agora, esse imenso campo é apenas para os alunos da Arte dos Espíritos. Por um tempo sera impossível sair daqui, mas só por um tempo.
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Noite Escarlate [ Parte VIII ]

Mensagempor Dahak em 04 Out 2007, 15:11

Ermelão!
Tudo bem contigo?
Hope so.

Parece que depois de vencer o bloqueio, bem...ele, felizmente, nunca mais voltou, hein?!:P

Vamos aos comentários.

Achei a primeira parte do primeiro capítulo um tanto estranha, em especial, o primeiro parágrafo, que considerei abrupto. Do meio até o fechamento a coisa mudou de nível, você mostrou um controle muito mais sóbrio e forte, bem melhor que os parágrafos que nos receberam e muito mais sólido que Céu de Baunilha, por exemplo.

Quando comecei a leitura fatalmente vieram comparações com suas antigas obras, de começo achei que o tempo não tivesse lhe feito o bem esperado, mas comecei a mudar de idéia entre o terceiro e o quarto parágrafo.

Diga-se de passagem, ao término da primeira parte já havia mudado veementemente de idéia:P
Esse conto parece muito mais seu que os antigos, parecem ter mais de você (e não em refiro a pessoalismos). As cenas são mais convincentes, o clima é mais denso e a trama parece mais rica.

Gramaticalmente, estruturalmente você já se mantinha bem e estável antes, tais bons pontos são mantidos até hoje, o que é muito bom =D

Bom, vamos a segunda parte!

Começo dizendo que não gostei da expressão da agulha, hauahauahaua. Achei que soou fraca, não deu lá aquele impacto (talvez por eu não ter medo, mal sentir agulhas). Mas desse ponto em diante, gostei do dinamismo que você conseguiu emplacar.

Acho que você acertou a mão. Espero que as demias partes sejam como essa =P


Aaah, você podia colocar no título que está na segunda parte!
Assim outros também saberão ;)


Abraço!

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Noite Escarlate [ Parte VIII ]

Mensagempor Ermel em 04 Out 2007, 21:33

Luigi!!
Muito obrigado.

Mas bem, como eu te disse, eu estava louco para escrever, escrevi uns cinco, seis 'primeiras estrofes' diferentes sem um tema ou assunto certo, apenas pra matar aquela vontade, que eu te disse, que estava me matando. Ai num desses, saiu esse e eu gostei :P.

Quanto as agulhas, bem, eu procurava alguma coisa que, bem, como posso dizer? Provocassem certa agonia, mas é fato que nem todo mundo tem medo de agulha, como tenho, achei um pouco apropriado.

Vou arrumar então, muito obrigado pelos comentarios!
Abração!
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Mensagempor Dahak em 05 Out 2007, 00:43

Você tem medo de agulha?
Novidade pra mim!

;)
Abraço!


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Mensagempor Lady Draconnasti em 05 Out 2007, 00:49

Pra mim também...

Essa segunda parte não teve o brilho surreal da primeira... =(
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Mensagempor Dahak em 05 Out 2007, 00:52

De fato foi menos marcante...
Mas vejo que sempre a segunda ou a terceira parte são muito complicadas, é uma zona de risco onde podemos nos perder.

João, você já tinha em mente com 100% de certeza que criaria continuações?


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Mensagempor Ermel em 05 Out 2007, 18:52

Eu apenas tinha 100% de certeza de que queria escrever algo com mais de um, dois capitulos :P, como foi o unico que passou do primeiro, então continuei com ele.

Anyways, vou tentar melhorar daqui para frente.
Obrigado!
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Mensagempor Dahak em 05 Out 2007, 19:16

LOL.

E o que aconteceu com as demais tentativas?
Viraram contos de uma só parte?


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Noite Escarlate [ Parte VIII ]

Mensagempor Ermel em 08 Out 2007, 23:41

Deletados, uma vez que apenas esse deu 'certo'.
Anyways, ai esta a terceira parte, acho que pequei muito em várias partes.
-=-=-=-=-=-
Capítulo III.!

- Por um tempo sera impossível sair daqui, mas só por um tempo.

Ela não queria estar lá. Se fosse por ela, nem ao menos sairia de casa para vir a este lugar. Preferia ir as compras com sua mãe, ou ficar em casa com as histórias de famosos escritores de sangue vermelho que Madeleine contava todos as noites em que dormia abraçada a única foto do falecido pai. Aquilo não seria mais possível. Pedira para que Madeleine colocasse o retrato na mala que havia enviado, mas sua mãe negara, "Apenas o necessário" havia dito.

- Mas não se preocupe, serão apenas cinco anos dentro deste muro, depois poderas sair dele, mas não é muito diferente de Mirdras, ela tambem possui muros, mas pense positivo, aqui você aprendera o que ha de melhor.

Ela não queria aprender nada.

O grande portão tinha cerca de dois metros e meio de altura e em sua maderia eram talhados desenhos de homens e mulheres com grandes trajes até os pés em volta de um enorme objeto esférico, que criava certo relevo no portão. Ele se abriu lentamente convidando-os a entrar. Adentraram a casa com pequenos passos. Seus olhos percorriam, pela primeira vez desde que chegara aquele lugar, admirada com tudo o que via. Crianças de sua idade e adolescentes, sempre acompanhados por um outro adulto de vestias rigorosas, percorriam o enorme salão com livros em mãos, formas estranhas da própria fumaça que eles mesmo expeliam de suas narinas e bocas flutuavam lentamente ao seu lado, seus olhos cintilavam com cores diferentes que dependiam da mesma cor que cada fumaça carregava. Vermelho, azul, verde. Havia uma grande escada que dava a um corredor enorme que em suas paredes carregavam pesados retratos de homens e mulheres sentados e na mesma posição, e logo outra escada que dava a outro corredor com varias portinholas de madeira. No térreo vários corredores levavam a lugares inimagináveis onde apareciam mais crianças e jovens instruidos pelos adultos, com livros, frutas em mãos.

Seu medo havia desaparecido, encantada com aquilo tudo ela soltou a mão do homem e adentrou mais dois passos largos. Seus olhos admiravam cada coisa, cada pequeno detalhe do corrimão de ouro que dava voltas em grandes hastes, das escadas longas com tapetes vermelhos, dos quadros impressionantes pregados a parede. Os jovens que transitavam soltando aquelas fumaças engraçadas e coloridas, dos adultos que prestavam atenção até no andar de seus garotos, os livros grandes, cheios de páginas amareladas pelo tempo. Era demais pra ela. Como um parque de diversões.

O homem, logo atras dela sorria admirando sua beleza juvenil. E pela primeira vez ela sorriu diante de tantas atrações. Ele logo se aproximou e colocou a mão pesada em seus ombros.

- Agora você faz parte disto. Vê? Cada aluno tem seu mestre, e eu sou o seu. Sera uma experiência deveras divertida para nos dois, o ensino e aprendizagem são divertidíssimos.

Ela queria aprender tudo aquilo.

Não ligava se não sairia daqui por um tempo. Talvez aquilo valesse a pena. Com força empunhada em seus ombros a levou pelo salão desviando dos outros que ali transitavam e foram até a escadas. Alguns o comprimentavam apenas com um leve manear da cabeça, outros poucos lhe desviavam os olhos assim como puxavam seus instruídos para uma direção oposta, o que, lentamente diminuia o grande sorriso em seu rosto.

A medida que adentravam mais e mais aquele distinto lugar, a menina se espatava e curiosa, analisava minuciosamente com os olhos cada pessoa, cada estranha figura humanóide na forma de fumaça.

- Não se preocupe, o dia em que você fara isso esta chegando!

Ela estava mais animada do que o dia em que poderia gastar o quanto quisesse durante as compras, o dia em que ganhara um cachorro. Era insuperável aquele sentimento que a preenchia naquele exato momento de descoberto. Havia ouvido muito sobre o que os sangue azuis podiam fazer, já havia visto sua mãe praticar, mas nada era melhor que aquilo, ou pelo simples fato de que ela faria igual a eles tão cedo.

Subiram as escadas, e seus olhos ainda percorriam todo o local atras de pequenos detalhes, de mais novos alunos e seus mestres que apareciam. Mal se dera conta e já estavam no terceiro andar, ele agora a conduzia pelo corredor logo a esquerda da escada, passando por muitas portas enumeradas em vermelho com números primos em vermelho. Sua mão percorria a madeira lisa assim como a parede de pedras a medida que caminhavam até o fim do vasto corredor e se aproximando mais da porta. Pararam em frente a porta gravada em vermelho com o número "113", seus olhos pesaram com a vontade de uma pergunta, mas permaneceu calada.

- Este é o número do seu quarto. É o último no fim do corredor à esquerda da escada. Memorize-o. Bem vamos entrar?

Ela conitnuava calada, quase inerte. Esticou a mão em direção a porta e a argola que servia de maçaneta. Segurou o frio metal entre os dedos. As pálpebras pesaram, não soube o que fazer, naquele milésimo de segundo em que o tempo pareceu parar ela pensou em voltar para o aconchego de sua casa.

Girou a argola e empurrou a porta, que lentamente se arrastou para dentro dando lugar ao belo e grande cômodo que aquela simples portinhola guardava como um segredo. Assim que entraram ela se fechou, havia uma cama simples de aparência confortavel contra a parede por onde ervas-daninhas se esgueiravas e surgiam de rachaduras do teto e da parede. Havia uma pequena cômoda do lado oposto da parede, a fina madeira parecia nova e de alta qualidade porém era acompanhada por uma rústica cadeira que quebrava a beleza do móvel, parecia que um simples toque a faria despedaçar em segundos em vários pedaços podres. As rachaduras serpentiavam pela parede entre os varios castiçais presos com velas novas e brancas como a própria neve. À frente da porta havia uma suntuosa janela que dava para o enorme quintal limitado por um muro de pedras enormes no térreo com grandes e velhas árvores que pareciam ter séculos de vida que criavam agradáveis sombras onde repousavam, enfim sós, alunos que apreciavam o gosto de seus lanches enquanto outros dormiam e alguns brincavam. Ao lado do muro tinha um pequeno local cimentado, como uma quadra cinza. Em um lado da janela um pequeno guarda roupa, não tão velho e sujo quanto ao armário vazio e pouco empoeirado do outro lado.

- Desculpe-me pequena Alice, mas hei de cumprir certas obrigações formais que envolvem, também, a sua entrada neste Colégio, então estarei de volta mais tarde. Por enquanto limite-se apenas ao seu quarto, sera melhor.

Ele abriu a porta dando as costas para a jovem e sua figura andante pelo corredor desaparecia a medida que a porta fechava lentamente deixando apenas Alice dentro daquele quarto. Daquele velho quarto.

Sentou-se na cama, era mais macia e agradável do que os olhos podiam perceber. Passou a mão pelo lençol branco e apertou o colchão, era realmente agradável e fofo. Percebeu que no pé da cama estava as suas três malas de coro marrom e um pouco surrado. Prefiriu manter-se quieta e sentada apenas a observar. Cruzou as mãos e as colocou no colo. O sol adentrava mansamente pelos vitrais da janela.
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Noite Escarlate [ Parte VIII ]

Mensagempor ent em 10 Out 2007, 12:45

Ermel, grande conto. Confesso que, por si só, a primeira parte já era autosuficiente. E, diga-se de passagem, excelentemente surreal, levando à mente a intensidade e tensão que irrompem com a frase que usaste para conclui-la.

No entanto, a continuação, na segunda parte, me deixou meio confuso, e tive de reestruturar meu raciocínio, para compreender tudo o que estava acontecendo, desde a primeira parte. Talvez, por dissuadir a minha primeira impressão do que acontecia, pouco me agradou a segunda parte.

Mas aí, veio a terceira, engrenando num espetacular flashback, extraindo o máximo de emoções positivas, gerando um ambiente para uma grande ascensão, culminando em fustrações que a levariam a tudo que aconteceu na primeira parte.

A estrutura está tomando forma para um bom conto, só dou-lhe um conselho para ter a cautela de não cair na mesmície. Contos que envolvem tensão não devem atirar ao leitor uma quantidade excessiva de informações, visto que é o medo inconsciente que você deseja alimentar e aflorar no leitor.

Abraço!
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- Se os goblins começarem a brigar por espólios enquanto te perseguem, reze.
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