Pavelieve: Caçadores - Parte I

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Pavelieve: Caçadores - Parte I

Mensagempor Pavelieve em 02 Mar 2010, 21:38

Eaí pessoal tudo bem? Eu estou com um blog onde posto algumas ilustrações minhas e também comecei a colocar alguns contos do meu cenário em desenvolvimento, mas eu estou cometendo muuuitos erros e gostaria de contar com a contribuição dos usuários para ir evoluindo. Por isso corrijam a vontade :aham:

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Caçadorores parte I

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Naquela noite a lua majestosa não aparecia no céu como de costume. Densas nuvens negras encobriam sua majestade e reinavam em seu lugar. Os animais noturnos rastejavam sorrateiros pela folhagem úmida que forrava o solo por entre pedaços de pau podre e pequenas criaturas que o dia ignora, mas são bem vindas à noite.

Num casebre simples de madeira, um homem se levanta lutando contra o sono sabendo que muitas horas ainda faltam para a luz da aurora. Calça suas botas rústicas e sobre a roupa simples de tecido grosseiro veste um colete de couro, nada que o proteja da persistente chuva fina e gélida que por vezes se transforma em tempestade, que tem castigado suas já escassas plantações.

O tempo parecia estar mudando, hora persistindo por meses com calor intenso ou com chuva interminável que alaga as plantações, ambos igualmente letais para a lavoura. Mas se o trabalho de sol a sol, embora o sol raramente e muito tímido apareça sob as nuvens, não tem abastecido a mesa da família se vê obrigado a caçar à noite. Pega seu velho punhal herança, de família, e um arco pequeno de aparência frágil e credibilidade duvidosa, seleciona algumas flechas dando atenção especial às penas, “cada tiro precisa ser certeiro” pensa o homem. Testa algumas vezes a corda do arco, e após um beijo breve na esposa, que se revira um pouco incomodada, caminha com passos firmes rumo à saída, mas rapidamente se detém e retorna alguns passos até estar diante do brasão da família em um escudo gasto que remonta um passado de glória e bravura que rasgavam o mar em busca de terras amplas e férteis.

Mas o futuro é incerto, e os deuses que ainda habitam o velho mundo castigam a ambição humana, transformando valentes desbravadores em camponeses famintos. Ao sair ele não ouve, ou apenas finge não ouvir a voz frágil de sua mulher que diz: _ Não vá Rudolf, não vá…

O chão parece se mover enquanto uma serpente desenha lentamente seu trajeto no solo úmido, alguns animais que já perceberam sua presença silenciam o seu canto enquanto o predador procura algum pequeno e incauto roedor.

Rudolf não se meche, seus músculos estão tensos e seu corpo, coberto de gotículas de água, se transformou em parte da paisagem, ao redor, a mata selvagem imersa na escuridão talvez desconheça a presença de um novo predador, que não treme ou mesmo respira enquanto o animal desliza perigosamente roçando em sua bota. O arco está retesado, a flecha pronta e a serpente, ainda que não fosse exatamente o que esperava ter no ensopado com lentilhas de Joana sua esposa, serve de entrada.

Um milésimo de segundo antes de disparar o arco o coração do caçador gela quando percebe o que está acontecendo. Algo bem maior desliza pelo seu ombro direito, o corpo do animal em certo ponto chega a ser mais grosso que sua coxa e sua boca se abre revelando dentes enormes. A gigantesca cobra continua descendo passando a um centímetro de seu rosto, seu corpo se estende até metros acima aonde se enrola em uma árvore, ela parece estar preparada para atacar algo, “como ela não me viu ainda?”, pensa Rudolf quando enfim consegue perceber alguns metros à frente, um homem completamente vestido de preto, emergindo da escuridão.

Levou menos de um segundo. O homem de preto num salto ágil cravou um enorme punhal de lâmina curva e brilhante dentro da boca do animal, atravessando a sua cabeça. Morto, metros acima o gigantesco corpo da cobra despencou da árvore caindo sobre Rudolf. Ainda atônito com o acontecido, ele se levantou assustado e fugindo do corpo do animal procurando o seu arco, mas ficou novamente imóvel ao perceber que o misterioso homem de preto também com a sua bota esquerda havia esmagado a cabeça da outra serpente, da qual já havia se esquecido.

Continua…
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Pavelieve: Caçadores - Parte I

Mensagempor Dahak em 07 Mar 2010, 23:41

Hey, tudo bem Pavelieve?

Deixe-me começar dizendo que adorei seu conto.
É o tipo de material que li recentemente e que tou a procura de mais. Logo, seu conto caiu como uma luva.

Dito isso, vamos aos comentários.
Não sei a procedência da imagem que inaugura seu conto, mas acho que deu um climão logo de cara. Remeteu-me àquelas imagens no começo de cada capítulo novo em livros de fantasia.

Seus dois primeiros paragrafos me levaram novamente pro lago onde uma turma de aventureiros percebeu a ausência de duas constelações, lá da minha útima leitura.

Você por acaso leu o romance de Dragonlance? Aquele com Tanis, Raistlin e companhia?
Pois foi bem essa minha última leitura, a qual revivi nos seus parágrafos de abertura =)

Sua narrativa, inclusive, é excelçente para o gênero fantasia.

Mas se o trabalho de sol a sol, embora o sol raramente e muito tímido apareça sob as nuvens, não tem abastecido a mesa da família se vê obrigado a caçar à noite. Pega seu velho punhal herança, de família, e um arco pequeno de aparência frágil e credibilidade duvidosa,

Aqui há alguns problemas de construção.
Faltou um sujeito entre "não tem abastecido a mesa da família" e "se vê obrigado a caçar a noite". Faltou dizer quem.
Um pouco mais a frente, a vírgula que separa herança e família deve ter sido um erro de digitação. A vírgula poderia vir antes do "herança", por exemplo, e terminar mesmo depois do "família".

O texto corre bem, as descrições otimamente cabidas e a sensação que a leitura passou foi bem instigante e agradável.

Gostei de ver a convicção e o lado concentrado do caçador na presença de seu alvo e até mesmo da serpente que o surpreendeu em contraste com sua hesitação e questionamento ao se deparar com a figura que apareceu de súbito.

Tou animado pra continuação.

Até mais e parabéns.
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Pavelieve: Caçadores - Parte I

Mensagempor Pavelieve em 10 Mar 2010, 20:33

Dahak muito obrigado pelas observações e correções, fico feliz que tenha gostado do conto talvez a continuação esteja um pouco "parada", se puder avaliar fico feliz. Talvez hoje ainda trago aqui pro forum a continuação, estou sem tempo trabalhando igual um orc, mas consegui te responder porque gostei muuuuito de tudo que escreveu. Até mais!!!
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Pavelieve: Caçadores - Parte I

Mensagempor Dahak em 10 Mar 2010, 20:50

Opa, gostei mesmo da sua história e foi um grande prazer poder contribuir de alguma forma.

Eu vi que no seu blog você já postou a segunda parte, mas traga-a pra cá também assim que possível. Pode ter certeza que estarei aqui para comentar =)

E olha, nem se preocupe em dar uma quebrada no ritmo de produção. Alguns trabalhos crescem muito com um tempinho de "gaveta".

Até mais.
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