Nuvens do entardecer

[Magyar]

Naquele dia, as nuvens do por do sol se misturavam até parecerem-se com montanhas que subiam além das longínquas e distantes já presentes no horizonte. Estavam sobrepondo aquela paisagem natural, transformando-se em montes sobre montes. Brilhavam como ouro e cobre, e tinham picos de prata, distantes e impossíveis de se escalar.

Não diferente de qualquer ser humano, contemplava os morros andantes pensando se um dia seria possível alcançar o inalcançável. Gostaria de ter asas para que não tivesse barreiras em sua subida. Imaginava-se voando em direção àquela miragem da natureza. Gostaria que ela fosse real e infinita, por mais que a eternidade do momento pudesse estragar o prazer do caos natural.

Pensou na humanidade. O homem sempre esteve na busca do impossível, e isso o tornou incansável. Enquanto nômade, descobriu a semente e conseguiu a estabilidade. Da semente veio o fruto de seu conhecimento que constituiu a civilização, cujo plano nunca se soube ao certo. Alguns esperam que uma voz do além os alerte sobre o que virá e o que fazer. Outros tentam descobrir o caminho mais rápido para o topo. Todos querem atingi-lo. Descobrir a ordem da natureza - esse sempre foi o seu maior objetivo. Muitas vidas se perderam na busca pelo caminho até o topo da montanha andante e não se tem notícias deles.

Força, inteligência, esperança. Tudo pode e deve ser usado. Queremos o nosso lugar no topo. Queremos ser idolatrados. Queremos que nos olhem como olhamos para as nuvens do céu cuja luz se esvai a cada minuto, e o vento a torna irreconhecível e belamente única a cada sopro, por mais desconfigurada possa parecer. Queremos ser únicos. Ícones. O sol do amanhã. A lua cheia de agora.

Pensamentos perdidos após outro entardecer. Não passamos de imagens de um sonho na linha de vida da Terra.