Ah, Moreninha...

Mostre seus textos, troque idéias e opiniões sobre contos.

Moderadores: Léderon, Moderadores

Ah, Moreninha...

Mensagempor Heliot em 01 Dez 2009, 19:11

Conto pouco refletido/revisado.

Ah, moreninha...

“Olha só praquilo...”

Ela tava passando de novo. Andando daquele jeito que só ela consegue. E o coitado do Guto tinha que assistir calado. Maldade! E pensar que tudo aquilo podia ter sido dele! Ô ingrata!

Ele até agora num tinha entendido. ela menina, Ele homem. Ele homem, ela mulher. Ele homem, ela mulherão. Ela mulheraço... e ele. Tristeza!

O pobre até que tentou, mas num deu. Só que ele não quis saber de outra. Tinha alguma coisa no sabesselaoquê dela que deixava o borogodó dele tinindo (coisa rara). Era que nem ver uma pintura: você olha de cima, olha de baixo, olha com cuidado, tenta tocar - mas o segurança num deixa - e no final, abre um sorriso besta e diz "Bem que eu queria ter pintado...". Quando ela passava, ele nem queria se segurar. Queria era segurar outra coisa! Com ele num tinha essa de Romantismo. Foi chegando, chegando, de mansinho...

“Eaí, beleza?”

Ela nem deu bola.

O Guto morreu. Escreveu um livro e morreu. Num lembro do quê. Mas também num importa, num é do Guto que eu quero falar. Tem coisas que passam na vida que a gente só pode mesmo é olhar.

Olha só praquilo...
Avatar do usuário
Heliot
 
Mensagens: 83
Registrado em: 25 Ago 2007, 16:13
Localização: Rio de Janeiro

Ah, Moreninha...

Mensagempor laharra em 03 Dez 2009, 20:16

Belo jogo e escolha de palavras... Se o conto foi pouco refletido, pelo menos deu pra fazer refletir legal...
Tentando encontrar inspiração para terminar o conto abaixo:
O Som do Silêncio: Parte IV - A decisão
Reger está às vésperas de uma batalha onde decidirá seu futuro. Durante o que podem ser seus últimos momentos com a Espada e com Alyse, ele se pega pensando sobre a validade de suas aspirações. Acompanhe o conto no link a seguir:
http://www.spellrpg.com.br/forum/viewtopic.php?f=24&t=1067
Avatar do usuário
laharra
 
Mensagens: 123
Registrado em: 21 Out 2007, 18:27

Ah, Moreninha...

Mensagempor Emil em 03 Dez 2009, 21:59

Achei bem gostoso, adorei o final. Acho que a única coisa que eu criticaria seria a escolha de algumas palavras... Sabe quando você vê um filme ou lê um livro com personagens adolescentes, e eles falam "caraca, sinistro, radical"... e você pensa "putz, ninguém fala assim". Então... Mas fora isso, muito bom.
ImagemImagemImagem

Lutai primeiro pela alimentação e pelo vestuário,
e em seguida o reino de Deus virá por si mesmo.

Hegel, 1807
Avatar do usuário
Emil
 
Mensagens: 893
Registrado em: 05 Ago 2008, 23:05

Ah, Moreninha...

Mensagempor Heliot em 04 Dez 2009, 17:23

Agradeço os comentários.

Como eu falei, o conto não foi tão trabalhado quanto poderia ter sido. Fiz em cerca de uma hora, depois de ter pensado numa comparação cretina entre uma mulher e uma pintura (que por sinal aparece no conto) e de ter lido as primeiras páginas de um romance do Joaquim Manoel de Macedo. Pulei para o capítulo final e quase dei um tiro na boca ao perceber como acabava. Repentinamente, senti vontade de escrever alguma coisa que fosse diferente daquilo, e deu no que deu. Joguei na internet logo depois. Agora que me sinto vingado, posso ler o romance em paz. :bwaha:

Ah, a linguagem popular forçada não ficou boa mesmo. Numa revisão mais atenta, eu teria tirado uma coisa ou duas dali. É que eu queria conferir uma certa agilidade à narrativa, e isso é bem mais fácil de se fazer com a fala coloquial (ou qualquer outra que não seja a fala culta). Como a proposta já era deixar de lado a atmosfera conservadora das estórias de amor, não vi problema nisso, mas acho que não soube usar direito.
"Os homens não vivem apenas pela cultura; a grande maioria deles, em toda a história, sempre foi privada da oportunidade de conhecê-la, e os poucos afortunados que puderam vivê-la o podem fazer hoje graças ao trabalho dos outros. Penso que qualquer teoria cultural ou crítica que não se inicie por esse fato isolado de extrema importância, e o tenha sempre presente em suas atividades, provavelmente não terá muito valor"

Terry Eagleton, Teoria da Literatura - Uma introdução
Avatar do usuário
Heliot
 
Mensagens: 83
Registrado em: 25 Ago 2007, 16:13
Localização: Rio de Janeiro

Ah, Moreninha...

Mensagempor Lady Draconnasti em 08 Dez 2009, 13:34

Por curiosidade, qual é o romance que você teve vontade de se matar com o final?
Imagem

Status: Cursed
Alinhamento do mês: Caótica e Neutra
Avatar do usuário
Lady Draconnasti
 
Mensagens: 3753
Registrado em: 25 Ago 2007, 10:41
Localização: Hellcife, 10º Círculo do Inferno

Ah, Moreninha...

Mensagempor Heliot em 08 Dez 2009, 14:02

A moreninha :mrgreen:
"Os homens não vivem apenas pela cultura; a grande maioria deles, em toda a história, sempre foi privada da oportunidade de conhecê-la, e os poucos afortunados que puderam vivê-la o podem fazer hoje graças ao trabalho dos outros. Penso que qualquer teoria cultural ou crítica que não se inicie por esse fato isolado de extrema importância, e o tenha sempre presente em suas atividades, provavelmente não terá muito valor"

Terry Eagleton, Teoria da Literatura - Uma introdução
Avatar do usuário
Heliot
 
Mensagens: 83
Registrado em: 25 Ago 2007, 16:13
Localização: Rio de Janeiro

Ah, Moreninha...

Mensagempor Dahak em 07 Mar 2010, 23:41

Boa noite Heliot.
Tudo bem?

Poxa, um conto curtinho, gostoso de ler e bem pensado.
Fora que acho que todo ser humano já teve um dia de Guto em relação a alguma moreninha por aí (se vier com um par de olhos claros, melhor ainda).

Tem algum motivo pro primeiro "ela menina" vir em minúsculo?

Destaco também o bem pensado e perspicaz jogo de palavras.

Até mais.
Life. Live.
Avatar do usuário
Dahak
 
Mensagens: 1655
Registrado em: 20 Ago 2007, 22:32
Localização: São Paulo

Ah, Moreninha...

Mensagempor Heliot em 01 Jul 2010, 19:25

Caramba, faz tempo que eu não visito o fórum, acabei não reparando no seu post, Dahak. Desculpe a demora.

Sim, o "ela" com letra minúscula foi intencional. Se não me engano, eu quis resumir a história do Guto e da moreninha com poucas palavras. Os pronomes na cadeia de frases que começa com o "ela menina" representam os dois personagens em diferentes fases da vida. Eu poderia me parafrasear dizendo que os dois se conheceram quando ela ainda era jovem e ele já era um homem feito, em pleno auge (o "Ele" com maiúscula depois de vírgula também foi intencional), depois, enquanto ela se tornava uma mulher, ia ficando à frente dele (inverti a ordem dos termos) e evoluindo (mulher-mulherão-mulheraço). Finalmente, quando a moreninha alcança o auge, o Guto já não está mais... ativo. Perceba que o pronome perde o predicado de "homem".

Acho que foi isso.

Até!
"Os homens não vivem apenas pela cultura; a grande maioria deles, em toda a história, sempre foi privada da oportunidade de conhecê-la, e os poucos afortunados que puderam vivê-la o podem fazer hoje graças ao trabalho dos outros. Penso que qualquer teoria cultural ou crítica que não se inicie por esse fato isolado de extrema importância, e o tenha sempre presente em suas atividades, provavelmente não terá muito valor"

Terry Eagleton, Teoria da Literatura - Uma introdução
Avatar do usuário
Heliot
 
Mensagens: 83
Registrado em: 25 Ago 2007, 16:13
Localização: Rio de Janeiro

Ah, Moreninha...

Mensagempor Galtor_rj em 13 Jul 2010, 11:21

Também gostei muito, cara. Se a galera diz que o tipo de vocabulário poderia ser melhor pensado, pelo menos se mantém uniforme durante toda a história. É uma pena que tenha sido tão curto! :cthulhu:
Avatar do usuário
Galtor_rj
 
Mensagens: 32
Registrado em: 21 Jan 2009, 10:12
Localização: Rio de Janeiro


Voltar para Contos

Quem está online

Usuários navegando neste fórum: Nenhum usuário registrado e 1 visitante

cron