O Cervo

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Mensagempor kiros em 29 Nov 2009, 17:22

Conto: O Cervo.
Meio grandinho eu sei, mas não consigo escrever menos que isso.


Já haviam passado algumas horas desde que começamos a caçada de manhã antes do sol nascer. Até o momento não tínhamos encontrado nada. Nenhum rastro, nenhum sinal de cervo, coelho ou javali.
Comigo vinham mais 4 caçadores, Johan e Nathan, ambos como eu, mas enquanto eles carregavam arcos longos compostos eu levava apenas uma besta leve.
“- Tu não vai habater nenhum coelho com esta besta.” Riram eles quando me viram de manhã.
Também iam conosco Hygor e Garlas, esses dois a cavalo carregando cada um um conjunto com 5 lanças de arremesso mais uma besta leve.
Eles também traziam cães consigo. Era um total de 5 cahorros bem tratados e treinados para correr atrás da presa e 'afugetá-la' na direção dos caçadores, Thor, Odin, Loki, Tyr e Balder, eram seus nomes.
“- Que tal irmos acima do rio-verde” Sugeriu Garlas. O rio verde era uma grande faixa de terra coberta apenas por grama alta. Sem árvores, formando um caminho largo como se fosse um grande rio, separando o norte do sul da floresta. “- Se não encontrarmos nada por aqueles lados, voltamos pra casa de mãos vazias mesmo.”
Apensar de estarem cançados, os que estavam a pé, com as pernas queimando enquanto que os que estavam em montaria estavam com a bunda assada, todos concordaram. “A caça mais penosa é a mais deliciosa.” Diz um ditado em nossa vila.

“- Vão na frente que eu alcanso vocês.” Disse me separando do grupo, indo por uma trilha mais fechada que não dava a lugar nenhum. “- A natureza me chama.”
“- A natureza do preguiçso você quer dizer.” Riram eles mais continuaram seguindo o seu caminho.
Eu precisava de fato aliavar. Duvidava muito que fôssemos achar algum coisa em Flera dessa vez. Alguma coisa estava espantando os animais de qualquer caminho que seguíssemos. De alguma forma eu sentia isso.
Enquanto eu terminava de urinar e eles gritavam que não iriam dividir a caça comigo caso não me apreçasse, ouvi um barulho bem distinto. É verdade que era mais baixo que o barulho que eu mesmo fazia, oculto nos sons da floresta. Mas ele era de uma forma constante, o som que qualquer animal de 4 patas faz, mas diferente do galope dos cavalos, este era mais gracioso. Essa distinção dos demais barulhos em minha volta é que tornava o som tão perceptível.

Terminei o que fora fazer e segui mata adentro, mesmo sem haver trilhas para me guiar. Era até melhor, um caminho improvável me seria mais útil do que uma trilha já conhecida por homens e animais.
Pouco a pouco a mata ia ficando mais fechada. As árvores bem próximas umas das outras dificultavam minha passagem, e os arbustos espinhentos que estavam entre elas atravessavam minha roupa, me fazendo desejar desistir da caçada. “Não irei habater nenhum coelho!” Foi o que disceram, vamos ver.
Para mim era melhor que eu etivesse sozinho, eu poderia utilizar meus dons da melhor forma possível. Para começar, não teria que caminhar sem fazer barulho. Uma criatura, qualquer que seja que se mova de forma inaudível assusta o mais confiante dos bichos. Ao invés disso, o barulho que eu fazia era como se fosse o de qualquer outro animal, algo que pertencesse à floresta.

Lentamente me aproximei do local de onde eu havia ouvido a caça pela primeira vez. Ela havia se movido com certeza, mas logo eu saberia para onde ela teria ido. Não demorou as árvores começaram a ficar mais afastadas e os espinhos a diminuir. Logo o ambiente havia se tornado habitável para os grandes quadrúpedes.
Mais uma vez ouvi seu caminhar. Não muito longe o cervo vermelho se afastava de mim. Tudo o que eu precisava agora era que olhasse para mim.

Demorou ainda mais alguns minutos para eu vê-la novamente. Fora da floresta na faixa verde conhecida como rio-verde. Era uma fêmea, óbvio não apenas pela pela ausência de chifres, mas também pelo segundo de meus dons, eu podia sentir de alguma forma os sentimentos mais simples dos animais. Carreguei minha besta antes de sair da cobertura das árvores.
Quando tudo estava pronto, me movi para a grama alta, propositalmente fazendo barulho, assim ela olharia pra mim e cairia na armadilha do meu terceiro dom.
Desde criança eu podia, paralisar os animais olhando em seus olhos; e até mesmo dar comandos simples. Era fácil para mim ensinar truques a cachorros, e também a gatos, sapos, combras, ovelhas e vacas.
Sempre mantive isso o mais em segredo possível, mas de alguma forma meu pai descobriu e me puniu severamente, não me tomando por demônio apenas pelos prantos de minha mãe.
Logo cedo apredira minha lição, o que quer que fosse, eu devia ser estremamente cuidadoso e não revelar aos outros. Assim eu treinei e aperfeiçoei meus talentos.

Bastou um olhar para mantê-la paralisada. Um piscar iria quebrar o encanto e ela fugiria. Enquanto erguia a besta, tentando mirá-la sem desviar o foco da minha visão, eu pude ler claramente os sentimentos dela. Havia medo, como eu encontrava em qualquer animal que eu segurasse. Mas havia também um grande sentimento de resistência, de não se entregar ao destino. Havia algo que ela protegeria a todo custo, e para tal, precisava ficar viva. Ela estava prenha, ainda nos primeiros meses de gestação, mas não desistiria de lutar pela liberdade.

Com pesar abaixei meus olhos, liberando-a. Imediatamente ela correu em direção à parte norte de Flera. Mais uma vez agradeci aos deuses estar sozinho, os demais só perceberiam o erro quando fosse tarde de mais e estivessem abrindo seu ventre.

Sem mais o que fazer, resolvi andar pela grama, indo para o leste pela borda da parte sul da floresta.
Ouvia o barulho do rio que ficava mais alto enquanto caminhava. O rio Todarte nascia longe nas montanhas a noroeste e corria rápido e gelado até as praias quentes no sul longinqüo. Dizem que o rio parmenece sempre gelado até mesmo nas terras quentes do sul durante o ano todo. Também dizem que um mero toque com a ponta dos dedos na água do rio enquanto ele vaga por dentro da floresta é o suficiente para congelar a pessoa por enteiro, matando-a instantâneamente.
Porém já ví homens e crianças caindo dentro dele enquanto exploravam a floresta e saírem dalí vivos. Molhados e tremendo de frio, mas ainda vivos.

Mas ainda assim o Todarte mantinha seu reino de medo e ninguém chegava até ele propositalmente enquanto debaixo da cobertura da Flera. De fato o rio era gelado naquela região durante o ano todo, apesar de nunca congelar no inverno e a mera proximidade dele causava medo as pessoas.
Alí, longe da parte mais rasa próximo a vila, o rio era ladeado por penhascos íngremes, instransponíveis até para o mais hábil escalador.

Era naquele penhas que o rio-verde desaguava. Ele não continuava na floresta do outro lado, Flemera, como era conhecida na reigão. Uma floresta fechada, silenciosa e escura, com suas próprias lendas.
Uma delas, diz que fundo, onde o coração da floresta se esconde, há um rio de águas brilhantes, que deságua em sua própria nascente, correndo eternamente atrás de sí mesmo. A mesma lenda também fala que entre as águas desse rio infinito, há uma pequena ilha, com um bosque onde as folhas são vermelhas.
Conta que há um penhasco na margem da ilha, e que não há ponte ou forma de se chegar até ela. E, alguns velhos anciões insistem, as folhas são vermelhas por causa do sangue daqueles que se aventuraram no reino de Flemera e padeceram de mortes horíveis.

A lenda já era antiga quando os anciões eram bebês chorões. Não há relatos recentes de ninguém que tenha ido para aquela floresta e desaparecido, mas também não há relatos de alguém que tenha tentado.
Daquela margem do rio, onde a água era mais barulhenta e as pedras de seu fundo mais afiadas. Na parte onde o penhasco parecia mais aterrador, nascia uma árvore, grande, torta, morta.
Os galhos mais altos da árvore balançavam sobre o meio do rio, e sobre esses galhos, uma mulher coberta por um manto acinzentado parecia conversar com alguém.

A princípio pude ouvir o que ela falava, mas logo um vento intenso começou a soprar por sobre as águas do rio, levantando-as até os pés da mulher e carregando suas palavras para longe. Ela havia se abaixado e mergulhava as mãos na água furiosa do rio. Imediatamente a imagem dela se tornando uma estátua de gelo me veio a mente, mas ficou apenas alí.
A mulher se levantou e guardou algo que carregava dentro de seu manto. No mesmo instante eu ouvia o som de galope do cervo que havia caçado anteriormente. Mas não havia mais graça, havia apenas medo e preça. Seguido vinha o barulho de outros animais, cachorros e cavalos. Meus amigos haviam achado-a.

Esquecendo da mulher corri pela grama na direção aproximada de onde eu ouvia eles vindo. Se ela conseguisse chegar até o rio-verde, eu poderia tentar pará-los, mas nem isso era certo.
Logo pude ver uma trilha na Flera-Norte. Logo ela veio correndo pela trilha. Eu não chegaria a tempo de interromper o caminho, atrás dela vinham Hygor e Garlas. Quando saíram da floresta começaram a atirar as lanças. Três vezes cada um atirou, errando-a por pouco, e cada vez chegando mais perto. Hygor ainda tinha uma lança, e Garlas se preparava para usar a besta previamente carregada. Atrás dos cavalos vinham os cachorros, tendo sido passado na luta entre os dois cavaleiros pelo primeiro tiro certeiro.

Eu não chegaria a tempo. Pude ver em seus olhos o desespero que não sentira nem quando estava presa em meus olhos. Levantei a minha besta, que ainda estava preparada. Eu teria de salvá-la, mas para isso teria de machucá-la. O tiro tinha que ser único, eu não teria tempo de recarregar a besta.

Enquanto eu apontava Garlas errou seu tiro, e Hygor chegou perto também. Disparei quando ví o momento apropriado. O virote atingiu o músculo da perna da frente, fazendo-a tombar. Ela até se levantaria e sairia mancando, mas não poderia correr.
O primeiro tiro tinha sido meu, e segundo nossos costumes, era o meu direito de matar a caça e de escolher a primeira parte. Dessa forma, eles interromperam o galope enquanto os cães a cercaram.

Ela não tentou se levantar, o virote havia atingido entre as juntas do osso. Enquanto estivesse alí, seria muito doloroso, se não impossível para ela conseguir se erguer.
“- Belo tiro.” Disse Hygor. “- Vamos, acabe com ela sortudo de merda.”
Lentamente coloquei minha mão sobre ela. O coração estava acelerado, seus olhos mostravam desistência. Seu filhote, pequeno ainda para se mecher na barrigada mãe, reagia ao meu toque, se mostrando vivo.
“- Ela está prenha.” Disse retirando o virote e afastando os cães. Ela rapidamente se ergueu e correu para a floresta.
“- Sorte dela ter sido você a acertá-la primeiro.” Comentou Garlas. “- Nós não saberíamos indentificar em estágio tão cedo.”
“- Saberiam se se dessem ao trabalho.” Respondi friamente, voltando a olhar na direção da árvore sobre o rio enquanto os demais, os donos dos cães, chegavam. Ainda visível de onde eu estava. A mulher havia sumido.
“- Bem.” Hygor falou. “- Voltamos para casa de mãos vazias então.”
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Mensagempor Emil em 29 Nov 2009, 20:49

Opa, nem é tão longo assim, porque a leitura flui bem, mesmo não sendo meu estilo preferido. Cuidado antes de publicar um texto: algumas revisões podem melhorar a qualidade inicial dele. O seu, por exemplo tem alguns erros de digitação e de ortografia, que seriam facilmente corrigidos no word, por exemplo (habater, cançados), ou numa segunda leitura (mais no lugar de mas). Esses erros podem inibir o leitor de continuar a leitura, o que seria um pena.

Acho que você só precisa de um pouco mais de prática, aprender a cortar o que não interessa, usar detalhes a seu favor, essas coisas.
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Lutai primeiro pela alimentação e pelo vestuário,
e em seguida o reino de Deus virá por si mesmo.

Hegel, 1807
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Mensagempor laharra em 03 Dez 2009, 20:29

Faço as palavras de Emil as minhas... Os erros foram muitos dessa vez, faltou uma revisão melhor. Quanto à história, curta e sem grandes explicações, mas interessante.

Só não me convenci muito sobre o fato de o protagonista atirar no cervo para salvá-lo. Não sou um especialista, mas até onde eu sei aleijar um animal é o mesmo que fadá-lo à morte nas garras de predadores.

Flw!
Tentando encontrar inspiração para terminar o conto abaixo:
O Som do Silêncio: Parte IV - A decisão
Reger está às vésperas de uma batalha onde decidirá seu futuro. Durante o que podem ser seus últimos momentos com a Espada e com Alyse, ele se pega pensando sobre a validade de suas aspirações. Acompanhe o conto no link a seguir:
http://www.spellrpg.com.br/forum/viewtopic.php?f=24&t=1067
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Mensagempor Lady Draconnasti em 08 Dez 2009, 13:31

Agradável de se ler, apesar dos erros. Ah... vide meu comentário aqui para uma ajudinha.

PS.: Acho que vou terminar fazendo um tópico com algumas dicar gerais.
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