Excerto do Prefácio de Changeling: The Lost ...
"... à medida em que os Perdidos caminham no mundo mortal, tentando recuperar suas vidas antigas ou extrair Glamour suficiente para se sustentarem, eles se tornam cientes das belas coisas que os mortais geralmente não dão atenção. Para um Changeling, há beleza nos lamentos do funeral de um bom homem, ou na maneira estranha como uma jovem move suas mãos numa dança da escola.
Eles vêem coisas que ninguém mais vê – não porque simplesmente eles podem, mas porque eles tentam.
A loucura inerente à existência de um changeling é também dúbia. Parte dela é externa. Changelings frequentemente se deparam com coisas dos Faerie e da Sebe – coisas estranhas, rasteiras, que não deveriam ser, que desafiam a racionalidade humana.
Mesmo Os Outros podem ser descritos apenas como “loucos”, pois com certeza eles não correspondem a nenhuma descrição mortal de sanidade. Mas uma ameaça igualmente poderosa vem de dentro. O limite entre sonho e realidade, entre o Feérico e a Mortalidade, é facilmente ultrapassado... e um changeling nem sempre sabe de que lado do limiar ele se encontra.....
Para todo o horror, há também a maravilha. Para toda a beleza, há também loucura."
Eu gosto de Changeling, meu nick denuncia ... a ambientação nova está sendo esperada por mim para ser jogada com uma ansiosidade feroz.
Alguma coisa aqui dentro eu sinto como se estivesse encarcerada, pronta para jogar as presas insanas em cima da minha lucidez, é difícil mante-la trancada, quando passo perto dela ocorre esse tipo de coisa escrita aí embaixo.....
Esse trecho nasceu de mais uma tentativa da Graciosa Insanidade se ver livre dos meus grilhões racionais....
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Ecos numa Sobremarcha Interestelar
“Era um jardim tão brilhante, as folhas pareciam vidro brilhante e colorido refletindo a luz do sol, as flores disputavam suas cores fortes e vivas, azul, amarelo, vermelho e roxo, borboletas do tamanho de livros abertos com suas asas negras bordadas à mão....”
Acordei com os braços esticados na direção do teto, acima de mim a beliche.
Levantei devagar, os olhos pareciam grudados, pesados para abrir, me arrastei até o filtro de barro e peguei um copo, ainda bocejando deixei a água subir até quase a borda quando minha visão periférica viu uma sombra se movendo, imperceptível.
No susto deixei o copo cair, sorte que era de plástico, agora meu maior problema era secar a água espalhada no chão... mas não me lembro disso, só do dia seguinte, acordando atrasado para a consulta médica.
“Então havia esse.. prédio.. uma escada em espiral rente à parede, mármore negro reluzente refletindo meu rosto..mas não era eu.. apesar de saber que era eu, enquanto meus pés andavam mais do que eu conseguia alcançar, as pernas avançavam para cima enquanto a escada descia e não havia teto, apenas um céu de chumbo, negro, com relâmpagos tão dourados e sólidos, toda vez que eu os via ficava cego, então me voltava para trás e podia enxergar novamente.. mas ele estava lá embaixo enquanto descia as escadas até mim, mas ele também estava subindo e então meus pés ficavam distantes e minhas mãos pareciam derreter, senti minhas unhas se desgrudando dos ded....”
PLÉIM.
Acordei assustado, os olhos abertos e arregalados, mas me mantive imóvel na cama.
“Não foi nada... certo?” a pergunta.. e o escuro respondia silencioso
“Não.. não deve ter sido nada.. alguma coisa caiu na cozinha...” o escuro agora perguntava.. eu não sabia responder.
Me virei de uma vez. Quase caindo da cama, o edredon enroscado nos pés, me desvencilhei e andei devagar, prestando atenção pra não...
BONC
“É... tinha um banco de madeira bem aqui..ele ainda está aqui...”
Ando mais um pouco e alguma coisa viscosa quase me faz escorregar, meus pés deslizam e eu firmo as pernas, sentindo o joelho esquerdo reclamando da torção.
Acendo a luz e vejo uma bagunça digna de pós-festa em república...
Óleo por todo o chão, o pote, que estava na última prateleira, agora pela metade caído perto do forno, a tampa do saleiro caída, penso “Pronto..tem sal e óleo por toda a c...” mas o saleiro está em cima da mesa.. intacto... e perto dos meus pés uma panela, que estava em cima da mesa...
“Mas que merd...” me viro pra buscar o rodo, escorrego e bato a cabeça no outro banco de madeira...
“As nuvens formam um acolchoado bonito daqui de cima, o sol bate e elas ficam douradas como se ele estivesse se pondo mas não no nosso horizonte, o horizonte de nuvens, algumas sombras passam voando mas eu olho para cima e não vejo nada, apenas abaixo um campo verde e eu em cima de uma almofada vermelha e dourada, flutuando... enquanto isso posso sentir um formigamento estranho nos dedos, olho para eles e vejo joaninhas que saem voando da palma da minha mão... de repente tento gritar mas não consigo, há um general e um canhão, crianças em fila, um fundo branco, ele fala baixo, mas isso me desespera eu quero apenas sair dali...”
Abro os olhos e lentamente me acostumo com a luminosidade branca que reflete nas paredes e nos lençóis, o cheiro estéril me incomoda e eu espirro.
É um hospital.
A menina do 29 está do lado da cama, acordada olhando pra mim com aquela cara de riso...
_Que aconteceu? _ eu pergunto, mas sinto alguma coisa repuxar no meu queixo.
Ela se levanta e dá risada, aquela risada solta e desenfreada.
_Como assim? Você resolve fazer pipoca às quatro da manhã, faz uma puta zona no chão da sua casa e nem lembra? Você bebeu, rapaz?
Eu balanço a cabeça.. meu queixo.. passo a mão e sinto uma coceira doída.. levei quatro pontos... um corte fundo, disse o médico, ela disse que viu a luz do apê acesa e bateu pra saber se estava tudo bem àquela hora, disse que ouviu pessoas conversando... pessoas conversando...
De noite volto para casa e vejo meus e-mails, alguma coisa me incomoda em ficar de costas para o guarda-roupa... o guarda-roupa.. foi impressão minha ou eu ouvi batidas?
Deve ter sido o vizinho do lado... é, foi só o vizinho do lado...
“A lua cheia reflete no mar liso enquanto o sol se põe e o céu fica vermelho sangue e dourado, alguma coisa corre atrás de mim, ela é linda e perfeita, com sua foice brilhante de vidro translúcido, meus amigos fogem também mas eles não parecem se preocupar, eles riem, está tudo tão bem, o sol se põe de novo, e de novo, ele não some nunca, estou leve e acabo rindo, estão todos lá, eu carrego minha irmã, ela é leve, a areia macia e colorida, o ar úmido e frio enche meus pulmões de força, poderia explodir de tanto respirar esse ar ... alguma coisa junta meus pés, eu caio, estou no escuro, olho acima de minha cabeça, não, não é o escuro, é o manto dela, os olhos vermelhos e os dentes como pérolas frias e brilhantes, terríveis e lindas, eu não desejaria isso nem ao meu pior inimigo...”
A fronha está ensopada de suor, do meu lado onde deveria haver a luz da lua batendo no chão eu vejo a escuridão, olha para cima e os olhos vermelhos dela me respondem...
Eu grito sentindo minha garganta sangrar de tanta força mas não há som nenhum agora, sua voz ecoa rouca e magnética, aquela voz abissal como o espaço e destroçante como um trovão.. um trovão dourado e sólido...
Hora de voltar, Ixen....
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eu queria opiniõõõõõões