Ecos numa Sobremarcha Interestelar

Mostre seus textos, troque idéias e opiniões sobre contos.

Moderadores: Léderon, Moderadores

Ecos numa Sobremarcha Interestelar

Mensagempor Fada Suicida em 19 Set 2007, 21:01

Excerto do Prefácio de Changeling: The Lost ...

"... à medida em que os Perdidos caminham no mundo mortal, tentando recuperar suas vidas antigas ou extrair Glamour suficiente para se sustentarem, eles se tornam cientes das belas coisas que os mortais geralmente não dão atenção. Para um Changeling, há beleza nos lamentos do funeral de um bom homem, ou na maneira estranha como uma jovem move suas mãos numa dança da escola.

Eles vêem coisas que ninguém mais vê – não porque simplesmente eles podem, mas porque eles tentam.

A loucura inerente à existência de um changeling é também dúbia. Parte dela é externa. Changelings frequentemente se deparam com coisas dos Faerie e da Sebe – coisas estranhas, rasteiras, que não deveriam ser, que desafiam a racionalidade humana.

Mesmo Os Outros podem ser descritos apenas como “loucos”, pois com certeza eles não correspondem a nenhuma descrição mortal de sanidade. Mas uma ameaça igualmente poderosa vem de dentro. O limite entre sonho e realidade, entre o Feérico e a Mortalidade, é facilmente ultrapassado... e um changeling nem sempre sabe de que lado do limiar ele se encontra.....

Para todo o horror, há também a maravilha. Para toda a beleza, há também loucura."


Eu gosto de Changeling, meu nick denuncia XD... a ambientação nova está sendo esperada por mim para ser jogada com uma ansiosidade feroz.

Alguma coisa aqui dentro eu sinto como se estivesse encarcerada, pronta para jogar as presas insanas em cima da minha lucidez, é difícil mante-la trancada, quando passo perto dela ocorre esse tipo de coisa escrita aí embaixo.....

Esse trecho nasceu de mais uma tentativa da Graciosa Insanidade se ver livre dos meus grilhões racionais....


___________________________________________________________________________________________

Ecos numa Sobremarcha Interestelar


“Era um jardim tão brilhante, as folhas pareciam vidro brilhante e colorido refletindo a luz do sol, as flores disputavam suas cores fortes e vivas, azul, amarelo, vermelho e roxo, borboletas do tamanho de livros abertos com suas asas negras bordadas à mão....”

Acordei com os braços esticados na direção do teto, acima de mim a beliche.

Levantei devagar, os olhos pareciam grudados, pesados para abrir, me arrastei até o filtro de barro e peguei um copo, ainda bocejando deixei a água subir até quase a borda quando minha visão periférica viu uma sombra se movendo, imperceptível.

No susto deixei o copo cair, sorte que era de plástico, agora meu maior problema era secar a água espalhada no chão... mas não me lembro disso, só do dia seguinte, acordando atrasado para a consulta médica.



“Então havia esse.. prédio.. uma escada em espiral rente à parede, mármore negro reluzente refletindo meu rosto..mas não era eu.. apesar de saber que era eu, enquanto meus pés andavam mais do que eu conseguia alcançar, as pernas avançavam para cima enquanto a escada descia e não havia teto, apenas um céu de chumbo, negro, com relâmpagos tão dourados e sólidos, toda vez que eu os via ficava cego, então me voltava para trás e podia enxergar novamente.. mas ele estava lá embaixo enquanto descia as escadas até mim, mas ele também estava subindo e então meus pés ficavam distantes e minhas mãos pareciam derreter, senti minhas unhas se desgrudando dos ded....”

PLÉIM.

Acordei assustado, os olhos abertos e arregalados, mas me mantive imóvel na cama.

“Não foi nada... certo?” a pergunta.. e o escuro respondia silencioso

“Não.. não deve ter sido nada.. alguma coisa caiu na cozinha...” o escuro agora perguntava.. eu não sabia responder.

Me virei de uma vez. Quase caindo da cama, o edredon enroscado nos pés, me desvencilhei e andei devagar, prestando atenção pra não...

BONC

“É... tinha um banco de madeira bem aqui..ele ainda está aqui...”

Ando mais um pouco e alguma coisa viscosa quase me faz escorregar, meus pés deslizam e eu firmo as pernas, sentindo o joelho esquerdo reclamando da torção.

Acendo a luz e vejo uma bagunça digna de pós-festa em república...

Óleo por todo o chão, o pote, que estava na última prateleira, agora pela metade caído perto do forno, a tampa do saleiro caída, penso “Pronto..tem sal e óleo por toda a c...” mas o saleiro está em cima da mesa.. intacto... e perto dos meus pés uma panela, que estava em cima da mesa...

“Mas que merd...” me viro pra buscar o rodo, escorrego e bato a cabeça no outro banco de madeira...



“As nuvens formam um acolchoado bonito daqui de cima, o sol bate e elas ficam douradas como se ele estivesse se pondo mas não no nosso horizonte, o horizonte de nuvens, algumas sombras passam voando mas eu olho para cima e não vejo nada, apenas abaixo um campo verde e eu em cima de uma almofada vermelha e dourada, flutuando... enquanto isso posso sentir um formigamento estranho nos dedos, olho para eles e vejo joaninhas que saem voando da palma da minha mão... de repente tento gritar mas não consigo, há um general e um canhão, crianças em fila, um fundo branco, ele fala baixo, mas isso me desespera eu quero apenas sair dali...”

Abro os olhos e lentamente me acostumo com a luminosidade branca que reflete nas paredes e nos lençóis, o cheiro estéril me incomoda e eu espirro.

É um hospital.

A menina do 29 está do lado da cama, acordada olhando pra mim com aquela cara de riso...

_Que aconteceu? _ eu pergunto, mas sinto alguma coisa repuxar no meu queixo.

Ela se levanta e dá risada, aquela risada solta e desenfreada.

_Como assim? Você resolve fazer pipoca às quatro da manhã, faz uma puta zona no chão da sua casa e nem lembra? Você bebeu, rapaz?


Eu balanço a cabeça.. meu queixo.. passo a mão e sinto uma coceira doída.. levei quatro pontos... um corte fundo, disse o médico, ela disse que viu a luz do apê acesa e bateu pra saber se estava tudo bem àquela hora, disse que ouviu pessoas conversando... pessoas conversando...

De noite volto para casa e vejo meus e-mails, alguma coisa me incomoda em ficar de costas para o guarda-roupa... o guarda-roupa.. foi impressão minha ou eu ouvi batidas?

Deve ter sido o vizinho do lado... é, foi só o vizinho do lado...



“A lua cheia reflete no mar liso enquanto o sol se põe e o céu fica vermelho sangue e dourado, alguma coisa corre atrás de mim, ela é linda e perfeita, com sua foice brilhante de vidro translúcido, meus amigos fogem também mas eles não parecem se preocupar, eles riem, está tudo tão bem, o sol se põe de novo, e de novo, ele não some nunca, estou leve e acabo rindo, estão todos lá, eu carrego minha irmã, ela é leve, a areia macia e colorida, o ar úmido e frio enche meus pulmões de força, poderia explodir de tanto respirar esse ar ... alguma coisa junta meus pés, eu caio, estou no escuro, olho acima de minha cabeça, não, não é o escuro, é o manto dela, os olhos vermelhos e os dentes como pérolas frias e brilhantes, terríveis e lindas, eu não desejaria isso nem ao meu pior inimigo...”

A fronha está ensopada de suor, do meu lado onde deveria haver a luz da lua batendo no chão eu vejo a escuridão, olha para cima e os olhos vermelhos dela me respondem...

Eu grito sentindo minha garganta sangrar de tanta força mas não há som nenhum agora, sua voz ecoa rouca e magnética, aquela voz abissal como o espaço e destroçante como um trovão.. um trovão dourado e sólido...


Hora de voltar, Ixen....

____________________________________________________

eu queria opiniõõõõõões :pidao:
"Eu não acho que eu seja uma pessoa fácil pra se falar a respeito. Tenho uma mente irregular. E de qualquer maneira eu não sou nenhuma das coisas que você pensa..."
Imagem
Imagem
Avatar do usuário
Fada Suicida
 
Mensagens: 494
Registrado em: 25 Ago 2007, 17:32
Localização: Little Valley

Ecos numa Sobremarcha Interestelar

Mensagempor Sampaio em 19 Set 2007, 22:24

Bem dissociativo.

Gostei muito da mistura de "realidades", do delírio duplo, nunca linear, através dos sentimentos transmitidos em palavras que racionalmente não fazem sentido, mas que formam uma sensação. E isso é complicado.

No entanto achei ele reticente demais, e infelizmente oscilou demais entre imagens lugar-comum e outras bem interessantes. Obviamente o lugar-comum é que foi prejudicial ao conto.

Mas no final das contas achei um bom conto, tive prazer em ler.
Algumas coisas, a meu ver, poderiam ser modificadas mas vc está de parabéns.
Spell: não somos bonzinhos, somos sinceros!
http://www.spellrpg.com.br/portal/index ... &Itemid=72

Perguntem qualquer coisa lá:
http://www.formspring.me/Pedrohfsampaio
Avatar do usuário
Sampaio
 
Mensagens: 2578
Registrado em: 19 Ago 2007, 21:57
Localização: Perdido

Ecos numa Sobremarcha Interestelar

Mensagempor Fada Suicida em 19 Set 2007, 23:17

Sampaio escreveu: sentimentos transmitidos em palavras que racionalmente não fazem sentido, mas que formam uma sensação. E isso é complicado.



então.. eu tenho muito de.. descrever sonhos.. e todos entre aspas itálico são sonhos que eu realmente tive mas que eu adaptei como se fosse o cara.

Não sei se é complicado XD eu costumo escrever bastante...

Acho que eu poderia melhorar meu vocabulário, não digo usar palavras difíceis, mas usar palavras variadas pra uma mesma coisa... Mas às vezes sinto uma certa dificuldade em descrever o que eu "vejo" na minha cabeça.

Obrigada pelas críticas. :victory:
"Eu não acho que eu seja uma pessoa fácil pra se falar a respeito. Tenho uma mente irregular. E de qualquer maneira eu não sou nenhuma das coisas que você pensa..."
Imagem
Imagem
Avatar do usuário
Fada Suicida
 
Mensagens: 494
Registrado em: 25 Ago 2007, 17:32
Localização: Little Valley

Ecos numa Sobremarcha Interestelar

Mensagempor Dahak em 21 Set 2007, 00:27

Olá, tudo bem contigo?
Seja muito bem-vinda a Contonópolis ;)

Seguinte, achei muito, mas muito criativo o contexto geral de seu conto.
Acho que você foi muito feliz na escolha do "tema", além disso, conduziu até que bem o conto.
Em alguns momentos creio que você beirou uns clichês pouco adequados/necessários que acabavam por soar heterogêneos ao todo.

Para um conto que lida com dualidade, creio que o vocabulário tenha ficado um pouco aquém. De certa forma, tanto no quesito variedade quanto no rebuscar. Não se utilizou de um vocabulário ruim ou pobre, mas poderia ter sido melhor.

Agora faço coro ao Sampaio, é um conto bom que propiciou bons momentos de leitura. Os apontamenos são apenas para torná-lo ainda melhor ^^"

E já que dfisse que você escreve bastante, está mais que convidade a aparecer mais vezes por aqui ;)


Dahak Out
Life. Live.
Avatar do usuário
Dahak
 
Mensagens: 1655
Registrado em: 20 Ago 2007, 22:32
Localização: São Paulo

Ecos numa Sobremarcha Interestelar

Mensagempor Léderon em 21 Set 2007, 08:07

Sem comentários.
Só o fato de eu ter inveja dos seus sonhos psicodélicos. ¬¬

Haha, falando sério, gostei muito!
A coisa de passar as sensações realmente é meio complicada, mas ficou legal!
Avatar do usuário
Léderon
Coordenador da seção de Arte
 
Mensagens: 3203
Registrado em: 25 Ago 2007, 20:58
Localização: Areiópolis - SP
Twitter: lederon

Ecos numa Sobremarcha Interestelar

Mensagempor Dahak em 25 Fev 2008, 19:43

Por onde anda a autora?

Dahak Out
Life. Live.
Avatar do usuário
Dahak
 
Mensagens: 1655
Registrado em: 20 Ago 2007, 22:32
Localização: São Paulo

Ecos numa Sobremarcha Interestelar

Mensagempor Elara em 03 Mar 2008, 18:08

Realmente, cadê a autora??

Me identifiquei com esses sonhos. As pessoas dizem que é impossível entender o que eu sonho, e nem eu mesma entendo. Teve até um sonho meu que deu origem a um conto que eu tava escrevendo com o Elikar, antes dele sumir: Lampejos.

Muito bom o conto. Será que a moça volta para postar continuação?

Só tenho uma ressalva: as reticências, quando colocadas, não podem ficar "pela metade". Ou são três pontos, ou é um ponto final. Nunca dois pontos. Isso não existe.

Chero!
This is NOT Sparta!
Avatar do usuário
Elara
 
Mensagens: 668
Registrado em: 05 Set 2007, 12:04
Localização: João Pessoa


Voltar para Contos

Quem está online

Usuários navegando neste fórum: Nenhum usuário registrado e 4 visitantes

cron