O Pato

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Mensagempor Magyar em 23 Out 2009, 18:42

Tenho asas, mas não consigo voar. Estou no meio do oceano, preso em uma mancha negra que flutua no meio do mar. Filha de um vazamento de um navio, ocasionado pela falha de terceiros.

Grito por socorro mas ninguém parece escutar. Entre as ondas do mar, todo e qualquer barulho é feito em vão. A grandiosidade da natureza não escolhe os seus pupilos pelas suas atitudes. A aleatoriedade faz parte do ciclo da vida.

Aos poucos vou perdendo as forças enquanto tento me livrar deste líquido negro que me envolve. A cada movimento forçado pela natureza, aliado aos meus inúteis esforços para me livrar, mais entrelaçado fico, perdendo a esperança a cada dia que passa.

O alimento é escasso em meio à escuridão. Sinto-me desnutrido. Tento pensar positivamente, esperando que alguma alma me tire do meio desse breu enquanto a loucura me atormenta. Paranóia de viver em vão.

Enfim, deixo-me levar. Minhas forças já se esvaíram. Minha mente já se acostumou com o meu destino. É então que vejo distante, próximo da linha do horizonte, sinais de vida no céu. Eles passam por mim e me ignoram. O que eu mais temia aconteceu: sou parte dessa densa e negra mancha no meio do oceano.
Quem me leva a sério não deveria ter saído do hospício.
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Mensagempor Emil em 24 Out 2009, 00:35

Ei, cara, firme?

Então, cê conhece um conto do Kafka chamado A Construção? Se você tiver oportunidade, leia, acho que vai te ajudar bastante!
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Lutai primeiro pela alimentação e pelo vestuário,
e em seguida o reino de Deus virá por si mesmo.

Hegel, 1807
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Mensagempor Magyar em 31 Out 2009, 18:33

Não conheço e nem tive a oportunidade de lê-lo. Poderia ser mais específico no que ele poderia me ajudar?

Inté!
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Mensagempor Emil em 01 Nov 2009, 14:04

Principalmente na questão de ponto de vista. O personagem também é um animal, e também em estado de angústia. Tudo narrado em primeira pessoa.
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Lutai primeiro pela alimentação e pelo vestuário,
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Mensagempor Garret-Gonzalles em 14 Nov 2009, 13:29

Boa cara.

O homem e seus estragos. Ficou bel legal o texto! Faz a gente virar espelho e refletir :mrgreen: . É uma coisa que está cada vez mais frequente. Patos, peixes, leões marinhos, nossa fauna marinha pede socorro. Parabéns pelo texto.
“Não sei se sou herói ou vítima nessa história. Mas de qualquer maneira não deveria eu dominá-la? Afinal, sou eu quem a está narrando.”
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Mensagempor Magyar em 24 Nov 2009, 15:07

Hmmm... interessante, Emil. Valeu pela dica.

Gonzalles:
Na verdade, o texto teria menos em relação aos animais em si. É mais voltado à sociedade mesmo. O mesmo que foi e está sendo feito à fauna mundial, pode ser visto na sociedade em si. Não que isso seja coisa nova.

Inté!
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Mensagempor Dahak em 07 Mar 2010, 23:44

Barlin!
Poxa, que saudade de ler um pouco do seu trabalho.
Devo ter dito, não sei, mas por via das dúvidas reforço que muito me apetece ler seus trabalhos =)

A situação que você descreveu é deveras recorrente e preocupante.
Não sei se a sugestão do Emil tem alguma coisa a ver com o que direi porque também não conheço a obra que ele citou, mas a sua ave soa mais humana e de cinema do que um animal instintivo.

Não é um aspecto ruim abordar uma fantasia em que o protagonista é um animal por esse prisma, como se ele fosse um humano. Mas se sua intenção foi a de nos fazer sentir na pele do animal, seria um pouco mais "sincero" se trouxesse um viés mais de desespero do que um sofrimento racional.

Claro, de certa forma o tiro poderia sair pela culatra e ficar complicado de nos pormos no lugar do bicho até em função que a abordagem mais comum para descrever situações símiles faz uso do mesmo recurso que você empregou, ou seja, a humanização.

De qualquer modo, gostei do seu trabalho de sensibilização, principalmente quando o bicho vê as demais aves no céu.

Até mais.
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