A eternidade da dor. É para isso que existo e “vivo”. “Vivo” porque não se pode chamar de vida essa aura da morte. Essa imortalidade. Imortalidade porque de nada adianta viver sem a morte para assombrá-lo. O medo de morrer é o que dá à vida o seu verdadeiro significado. O medo, o meu maior prazer ao avistá-lo nos olhos alheios... ao me avistar.
Alguns se satisfazem com a sua aura da morte, matando e sugando até o último suspiro da vida alheia. Outros às vêem como um fardo; viver sozinho, perdendo a companhia de todos ao seu redor, seja alguém simpático ou desprezível – todos não passam de uma paisagem mal pintada por um famoso artista europeu com miopia. A dor da cega solidão.
Outros, no desprazer de todos os prazeres já “vividos”, entediam-se tanto que resolvem “adotar” um filho ou companheiro da eternidade apenas pelo simples prazer de rever tudo aquilo que ele já sentiu. O último por do sol e a ilusão de endeusamento perante uma “vida” de prazeres.
Dizem que o primeiro de nós vendeu a alma ao diabo. No início, acreditei na existência do Satanás, até entender então o significado de Alma, Deus e Demônio. O Demônio é o entediado que não bastando a infelicidade própria, pega a ilusória infelicidade de terceiros para comprar a própria “Alma” – felicidade. Deus é perceber essa felicidade antes do fim – o perdão. O perdão é descobrir a existência da alma por mais obscura que ela possa estar.
Descobri que mesmo sem alma, ainda posso distribuir o perdão aos “infelizes”, e assim salvar o maior número possível dos seguidores de Deus. Alguns ainda me chamam de Anjo caído. Nomeio-me Medo do Perdão.
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Inté!