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Mensagempor Vincer em 21 Abr 2009, 21:57

O tombo fora longo. Edgard rolou pela relva até bater numa árvore. Sua cabeça doía, tudo girava.
Onde estava?
Edgard se levanta atordoado e olha ao redor. Uma floresta. Ele estava numa maldita floresta. E nunca vira nada tão verdejante. Mas como?
Num instante, ele pegava o livro do baú empoleirado de seu avô... e no outro, caía numa floresta?
Edgard Priat era um jovem de 27 anos, magro e de cabelos ruivos. Era um simples estudante de Criminologia Mágica na Universidade Primeira de Dúlmon, onde cursava já fazia 7 anos e onde ainda iria passar outros 7.
Não é nada fácil entrar para Criminologia Mágica. Em todo o reino só haviam 2 universidades com o curso, onde em geral concorrem, todo ano, cerca de 900 alunos para cada vaga. Considerada a prova mais difícil, Edgard precisou estudar por 5 anos à fio para finalmente conseguir entrar, e ainda assim como suplente. Sempre fora seu sonho ser um mago investigador, e ele acabou perdendo toda sua juventude para conseguir entrar e se dedicar a isso.
Filho de um importante empresário do ramo ferroviário, Edgard foi influenciado principalmente pela imagem de seu tio. Importante mago-detetive, seu tio foi um dos pioneiros do ramo no reino de Válvia e fundador da Ordem Nacional de Criminologia, até ter sido morto por um mimetista. Desde então ele se viu na obrigação de seguir na criminologia mágica e pegar o responsável pelo assassinato. Por longos anos ele estudou e treinou, muito além das disciplinas de seu curso. Uma verdadeira obsessão doentia.
Mas nada o preparara para aquilo.

Ele finalmente sobe numa pedra, suado e cansado. Tira o colete e olha o relógio de bolso. Quebrado.
Por horas incontáveis ele circundou toda a região. Nenhuma alma viva. Nenhum riacho, nenhuma direção... e o mais assustador: nenhuma forma de vida.
Talvez daquela pedra, no topo de uma colina, ele pudesse ter uma visão mais clara. A imensa floresta sumia no horizonte, e atrás de si, o penhasco mais alto que já vira impedia de discernir o que havia lá embaixo. Havia alguma coisa de errada, algo que ele não sabia explicar.
Cansado ele tira um cigarro do bolso e acende. “Calma Ed, tudo tem uma explicação. Magia? Estou nas terras desconhecidas? Ou será que um ilusionista criou uma nova técnica?” os pensamentos borbulhavam enquanto tragava. Por toda vida Ed foi uma pessoa estranha. Convivendo numa família que era constante alvo de assassinos e magos, por causa de seu tio, ele se habituou a ver toda sorte de coisas estranhas. Nada o abalava. Talvez tenha sido justamente isso que fez os avaliadores decidirem que ele deveria entrar no curso de criminologia, ele pensou.
Um pensamento estranho lhe ocorreu. Ele puxa o relógio de bolso e olha. Sim, algo de estranho nos reflexos. Ele olha para o alto.
E então se espanta. O cigarro cai da boca agora entreaberta, os olhos arregalados. Se alguém contasse nos bares da Travessa Travessa que Ed Priat, “O” Ed Priat, havia se espantado com algo, ninguém acreditaria.
“Dois sóis”- ele pensa.
No céu haviam dois sóis.

Seja lá onde ele estivesse, aquele não era o mundo dele. Ele engole e seco. E então grita.


-Rotua-O (ou não)

-Continua?-
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Mensagempor Vincer em 21 Abr 2009, 23:49

"Ele grita. Mas não de pavor. O cigarro havia feito um furo na calça, e agora queimava sua perna.
_Merda! – ele exclama.
Ed se sacode para remover o cigarro, e pisa-o enquanto uma enxurrada de pensamentos o atingem. Mas todos são atropelados por um muito mais importante.
O cigarro. Se ele estava em outro mundo não saberia onde ou quando arranjaria mais. E acabara de esmagar um inteiro.
_Merda!- ele grita alto, agora tendo certeza de que estava tendo um dia péssimo.

Os dois sóis se punham em horizontes opostos, enquanto Edgard contava a grama perdido em seus pensamentos. Ele começou a recapitular os eventos, tentando unir as peças.
Aquele dia estava sendo péssimo.
Não bastasse ele ter sido impedido de quase por as mãos no maldito mimetista que há anos caçava, por culpa do reitor, seu avô morre. Sob condições misteriosas. Edgard mal teve tempo de correr até o local do que parecia ser um crime, apenas para ser informado que o corpo fora confiscado para investigação e que o local estava isolado. Ninguém respondia nada. Nada fazia sentido. Ninguém deixara qualquer parente ou conhecido reconhecer o corpo. Além do estresse e da dor da perda... havia algo de errado. Algo de muito errado.
Edgard nunca foi conhecido em seu histórico escolar por seguir as regras, e não foi difícil driblar a polícia e entrar na casa. Um estranho cheiro de almíscar impregnava o ar, e apesar de terem falado em assassinato, tudo na casa estava intocável. Nada fora do lugar. Nem sequer uma gota de sangue...
Exceto pelas páginas caída ao chão da biblioteca. Desenhos sem sentido, símbolos nunca vistos... Magia? Mas seu avô era um conservador! Ele nunca estudaria magia! Foi então que ele se lembrou do livro.
Havia semanas que vira o avô lendo incansavelmente aquele estranho tomo. E anotando nele. “Das Espécies” – De Hierach Vanglart, um livro obsoleto de biologia descartado por suas idéias ultrapassadas. Nunca entedera o motivo de seu avô estar lendo aquilo.
Ele precisava achar aquele livro.
Após praticamente virar a noite o encontrara. Páginas arrancadas e inúmeras folhas, com anotações igualmente estranhas estavam no lugar. Estaria o velho as escondendo? Mas escondendo de quem? E escondendo o quê? Foi quando ele viu aquele pergaminho e...
Caiu.

Não só Edgard estava perdido. Sua noção de tempo também. Ele finalmente se toca de que passara o dia inteiro perplexado, e então resolve fazer algo. “Já vai anoitecer” – ele pensa.
Tão logo ele levanta, determinado, sua determinação se esvai. Por onde começar? O que fazer?
Ele vasculha os bolsos, removendo tudo o que tinha dentro deles. Senta-se na relva e fica a fitar os objetos à sua frente.
-Uma carteira de cigarros.
-Uma lente.
-Seu velho caderno de anotações
-Um relógio quebrado
-Isqueiro
-Uma carta de amor
-Seu inseparável canivete
-E uma semente dos diabos
“Droga”- ele pensa. Nada prestaria, a não ser pela semente. A bendita semente. Já a carrega havia uns dois anos, para qualquer eventualidade. A guardou cuidadosamente num bolso. Agora precisava dela mais do que nunca.
Ele se levanta e verifica se está tudo no lugar. Apanha o cigarro no chão na esperança de que tivesse alguma salvação. Sem chance. Passa mão sobre a cabeça quando percebe que...
Seu chapéu. Onde estava?
Não! Tudo menos o chapéu! Não o chapéu do Billy... não AQUELE chapéu!
Desesperado ele olha ao redor. “Maldição! Deve ter caído em outro lugar durante a queda!”. Sem pensar duas vezes ele começa a correr colina abaixo, desvairado, instintivamente levando a mão à cabeça para segurar um chapéu que não estava ali.
E bem ao longe, era observado."

-Rotua-O

-Continua?-
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Mensagempor Radasforth Longshank em 27 Abr 2009, 20:13

Saudações!
A narrativa está me convencendo.Principalmente sob aspectos "imaginainários", isto é, a capacidade que você possui de expandir o horizonte e criar coisas nunca antes vistas.Eu, por exemplo, nunca havia pensado em Criminologia Mágica.Parece ser algo realmente interessante; dá vontade que a magia exista. ^_^
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Mensagempor Vincer em 04 Jul 2009, 23:55

"Caro amigo,

Não entendi as cartas que tens me enviado. O que é isso? Esboços de um novo livro? Resolveste partir para o fantástico e o imaginário já que seus romances policiais vinham sendo negados? Recebera alguma proposta diferente e está a escrever por encomenda agora? E Rotua? Que diabos é isso, um pseudônimo agora? Da primeira vez achei ter sido uma carta transviada, mas após a segunda(e claramente uma continuação) resolvi te escrever de volta.

Aliás, faz tempos que não aparece por essas bandas não? O que tens feito da vida utilmamente? Ainda às voltas com a bela Rosanna? Mande-me uma carta decente, e apropriadamente assinada, ao invés de me mandar folhas soltas de uma historia non-sense e aproveite para me falar das últimas.

De seu amigo, Douglas H. Rotiel 03/13/1947"
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Mensagempor Vincer em 05 Jul 2009, 00:13


"Edgard chega a entrada da floresta exasperado, ignorando a sensação constante de estar sendo observado. Ele olha ao redor e começa a procurar por suas próprias pegadas, para retornar ao local da queda, quando para repentinamente.
Por um instante, parece ter ouvido uma voz.
Ele dá mais atenção, até ouvir algo vagamente ao fundo:
"...ontade que a magia exista."
Ele não estava louco. Alguém estava falando, e não parecia ser com ele.
_Ei! Tem alguém aí?? Apareça!!!
Edgard gritou com todas as suas forças, mas nenhum sinal de resposta. A escuridão começava a incomodar.

Foi quando ouviu um barulho. Pela vaga luz dos sóis ainda se pondo, ele pode ver o que parecia...
Um macaco?
De fato parecia ser um macaco, de pêlos bege claros, com uma pelugem maior no topo da cabeça e cotovelos de um vermelho vivo e uma cauda fina e muito mais longa do que qualquer animal existente. Existente em seu mundo, ao menos. E segurando...

O chapéu!

_Ah seu safado! Me devolve que isso é meu!- Exclama Edgard e sai correndo.
Imediatamente o pequeno animal sai espantado, saltitando pelos galhos.
Edgard para e raciocina. De fato, fora estúpido. Talvez se conquistasse a empatia do pequeno animal...
Lentamente ele vasculha a área até ver o pequeno animal ao chão de uma clareira, mordendo o chapéu. Lentamente ele se aproxima o mais devagar que pôde, tentando não fazer barulho, até ser notado.
O pequeno animal olha para Edgard, olha para o chapéu e olha para ele de volta. Edgard sorri e aponta para o chapéu. O pequenino "símio" aponta para o chapéu e vendo a empolgação de Edgard o extende para ele.
_Valeu amiguinho!- sussurra Edgar, mas no momento em que estica a mão para pegar a peça o animal sorri e sai correndo.

_Filho de uma rapariga!!!- berra Edgard, e sai correndo mata adentro numa longa perseguição...

Ao longe, Douglas H. Rotiel se perguntava o que diabos era aquilo que via."


Rotua.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 05 Jul 2009, 00:17

Interessante, apesar de nenhuma grande explicação.

Algumas passagens ainda estão confusas e poderiam ter sido arrumadas com uma revisão cuidadosa.
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Mensagempor Vincer em 05 Jul 2009, 11:16


"Suado, a roupa colando ao corpo e com alguns cortes no rosto e mãos, Edgard esfrega os olhos perante a visão deslumbrante à sua frente.
Fora uma noite longa, correndo atrás de um ardiloso animal para reaver o seu chapéu. Seu não. O chapéu do Billy, de valor emocional inestimável. E o filho de uma rapariga, aquele animal endiabrado, fez questão de correr apenas o suficiente para ser alcançado... para então escarnear e voltar a correr.
A noite INTEIRA.

O dia amanhecia, com o primeiro dos sóis a despontar no horizonte. De frente para um vasto vale, com uma visão previlegiada do ponto onde estava, Edgard tentava organizar as próprias idéias de alguma forma meramente coesa. Fome, sono e cansaço eram confrotandos diretamene pelo seu ímpeto de reaver o chapéu e pela curiosidade instigante de entender aonde estava. Parecia haver ao longe, bem além do vale, uma formação elevada, fina e vertical, mas pela distância ele não conseguia destinguir o que seria. Uma torre?
_Interessante, apesar de nenhuma grande explicação.
Edgard parou estático. Dessa vez pôde ouvir claramente uma voz feminina falando com ele. Estava certo de que estava sozinho, e a voz parecia ter lhe dito ao pé do ouvido... ou pior, dentro de sua cabeça.
Edgard senta e acende um de seus poucos cigarros. Tenta raciocinar melhor. Perdido, outro mundo, sem seu chapéu, seu avô morreu, ouvindo vozes. É, ele já esteve em situações piores, pensa ele enquanto sorri para sí mesmo.
_Não senti qualquer força mágica, mas pude ouvir vocês. Quem fala? Ou estou apenas delirando?- fala Edgard para ninguém em especial, para o nada, como se figuras invisíveis pudessem ouvi-lo.
Da copa de uma árvore, logo atrás, um homem semi-nu de pele negra como ébano e corpo lustroso, muito magro, silenciosamente se posiciona. O canudo de madeira à boca posicionado, ele se esforça para mirar a zarabatana precisamente contra a estranha figura sentada mais a frente, um homem branco de roupas estranhas falando sozinho..."


Rotua.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 05 Jul 2009, 13:31

Só falta formatação u.u

Pule uma linha pra cada parágrafo
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Mensagempor Léderon em 05 Ago 2009, 10:05

Ok, eu fiquei meio perdido com as variações de narrativa, mas mesmo assim, gostei.
Só tente não narrar no presente ("ele finalmente sobe numa pedra"), e pule uma linha para cada parágrafo. Estou gostanto do rumo que isso está tomando.

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