Nas confinações escuras de uma caverna absurdamente vasta e remota, havia um anão curioso, em um corredor rochoso, com pedras dos mais diversos tamanhos.Abria espaço e cavava através de sua picareta, a Mandîlum, que fora passada de pai para filho em épocas esplêndidas.Quando recebeu-a de seu pai, afiou as pontas e deu–lhe tal nome.
O chão do corredor no qual o anão punha em prática seu ofício, era formado por pedras robustas e dos mais diversos tamanhos, assim como o teto e as paredes; embora existissem muitos salões e túneis ladrilhados e atapetados, com longos tapetes prateados e reluzentes, que brilhavam com a mais ínfima penumbra melancólica, mesmo em um local completamente sem luz; onde a perfulgência dos corações e do júbilo anão se uniam.
Embora muitos túneis e salões fossem ladrilhados, o corredor estreito e rochoso no qual o pequeno sujeito rastejava estava sendo explorado; e este anão era perspicaz em suas ínfimas peculiaridades e andava constantemente revigorado como um homem do norte; portanto, fazia parte de sua demanda cavar e alongar o grande Reino de Pedra.
Localizava-se embaixo da Montanha Cinzenta, e abrigava o povo dos anões há mais de centenas de anos.Portanto, os cômodos e túneis estavam em constante expansão, subterrânea, que ligava o Reino de Pedra com portos, reinos e baías, das quais os anões traçavam rotas comerciais e, em raridade, saiam ao ar livre, para ver ou ponderar em quanto o sol se punha, ou a alvorada chegava com seus raios amarelados.
Eram raras as ocasiões na qual os anões viviam sobre a terra, embora hoje em dia eles não sejam tão numerosos quanto outrora; e vivam sob a terra, ao invés de sobre ela.
Este conto narra a história de como o sujeito mais improvável e curioso entrou em problemas que resultaram em mais problemas, que custou a vida de seus companheiros e muitos outros; que vieram de terras ermas e remotas para discutir sobre a bobagem da qual o anão teve grande implicação e culpa.Portanto, seria interessante descrever este pequeno e gracioso anão, que cavava com um sorriso esboçado nos lábios e com a cabeça erguida.
Seu nome era Thulin, filho de Fhulin, cujo pai era Bhulin.Thulin exercia o mesmo ofício que o seu pai, e o fazia assim como ele outrora o fizera com vontade e ponderação, sob o chão e sobre buracos; embora hoje em dia os buracos tenham diminuído, e existam muitos salões restritos ou túneis perigosos.
Continuava com a Mandîlum por entre fendas e lugares úmidos, outros com estalactites que poderiam lhe cortar; mas Thulim era sábio e pequeno, e tinha cuidado com as ocasionais trilhas traiçoeiras e abismos que o grande Reino de Pedra reservava.Estava no Esquadrão Real dos anões, e isso significava respeito e vigor.
Existia uma classificação hierárquica para cada anão de Abbaroch, o Reino de Pedra, cujo nome somente os anões conheciam.Desta forma, a lista seguida desde mineiros até druidas, de guerreiros até diplomatas, nobres e comerciantes, soldados e guardiões; embora muitos fossem Exilados, que permaneciam no leste ou no norte, em habitações pequenas e distantes – e ainda haviam os Renegados, que peregrinavam pelos ermos, à procura de ouro ou algo que seus corações precisavam.
Thulin cavava com júbilo, com um largo sorriso esboçado em seu lábio, escondido por um cobertor de barba castanha que lhe caia até o peito.Seus olhos eram castanhos também, assim como a linhagem Ulhim, a qual pertencia.Lembrou-se de seu pai e viu que a forma como trabalhava era muito semelhante à dele, com um semblante jovem e com um sorriso no rosto; embora se queixasse das ocasionais estalactites que lhe arranhavam em certas partes dos túneis inexplorados.Mesmo com elas, gostava daquele lugar, daquele reino.Achava os altos e grandes salões magníficos, um verdadeiro trabalho dos anões –– pois os anões eram reconhecidos pela robustez em trabalhos manuais, como a mineração e a construções de moinhos, tear manuais e confecções de pedras ou machados, e até mesmo picaretas, em raras ocasiões.Utilizavam a forja constantemente, e existiam salões distribuídos no Reino de Pedra reservados especialmente para a confecções de machados e martelos, picaretas e mecanismos engenhosos, nos quais ferreiros e moleiros se dispunham à moldar o aço; pois os anões eram reconhecidos pela sua admiração por pedras, robustez e pelas habilidades manuais.
Chegou à um ponto em que não conseguia mais cavar, e a Mandîlum quase se quebrou em pedaços, o que não ocorreu pela perícia do anão.Reconheceu que não poderia mais abrir espaço sozinho, e teria que recrutar mais companheiros para a tarefa do corredor no qual jazia, agora, devido ao cansaço.Levantou-se rapidamente e voltou pelas fendas que havia quebrado, pelos buracos que havia pulado e até mesmo pelos lugares escuros e remotos que lhe davam medo.Ia para casa ver se chamava Balfor e Dagor, seus companheiros.Porém, o chão tremeu e o pequeno anão teve medo.Por um instante, pensou que a Mandîlum poderia se perder ou ele pudesse cair em uma confinação moribunda daquele túnel estranho.
Estalactites ameaçaram à cair e o chão se partir, ao passo que ouvia alguns murmúrios, entre eles muitas frases inaudíveis para o pobre anão, que se segurava em uma coluna rochosa.Saiu correndo como pôde, pisando nas pedras que havia retirado.
Por muito tempo não soube dos acontecimentos que antecederam aquele movimento, aquela busca frenética por expansão e pedras preciosas; pois os anões sempre cavavam com um ímpeto ávido por pedras, ou algo cujos corações precisavam para se exaurir com o esplendor das pedras do inverno.Todos sabiam - é claro - que, no inverno, as rochas ficavam frias e mais sólidas do que aparentavam; e aquela época do ano parecia perfeita para escavações gananciosas e desejos incompletos, pois os anões só pensavam em si mesmos e em seus desejos; e se comprimiam ao mundo e não ligavam para ele.Pois bem.Foi à partir deste momento, por este pequeno anão, que a forma dos anões pensarem tornou-se mais engenhosa e passível.Pois somente após o estrago realizado por eles mesmos, eles se deram conta de seus erros; e hoje em dia muitos não recordam-se daquela época gloriosa e fria : quando o mais improvável sujeito, um anão, despertou um dragão nas confinações do Reino de Prata, perto do grande mar.
Espero que gostem.Lembrando, este é pequeno capítulo da minha história, inspirada em muitos romances fantásticos.Estou tentando escrever como posso, e é uma das primeiras coisas, rabiscos, e outras coisas que já escrevi!