Créditos Finais

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Mensagempor Ermel em 02 Jan 2009, 04:10

- As vezes sinto que vivo uma vida que, nem ao menos, é minha...

Sussurrou enquanto a tela do aparelho televisivo mudava do azul para o preto em questão de segundos. As imagens, ainda frescas, vagavam em sua mente a procura de uma resposta. Até o momento em que se alojaram tão perto da realidade que, ao piscar, tudo aquilo se mesclou com que outrora eram objetos de sua sala a cenários impecaveis.

Resolveu levantar do sofá e ir a cozinha. Olhou para um lado onde uma estrada que se perdia num horizonte onde o céu quase purpúra lhe fez os olhos marejarem e segurar o peito com uma aflição indescritivel. E podia sentir o vento, mesmo que tão longe, soprar sedutor em seu rosto e dançar carinhoso no cabelo bagunçado.

Olhou para o outro lado. O caminho parecia tão mais turbulento, tão mais... As paredes que delimitavam quase qualquer movimento.

Sussurrou algo tão fraco e triste que não teve forças de rasgar o silêncio que havia se alojado naquele apartamento.

Sentiu um foco em seu rosto. Como um close. E tinha certeza que era um close. Podia sentir a câmera focar seu rosto em um enquadramento perfeito - que imaginava detalhadamente em sua cabeça. Levou as mãos ao rosto e pendeu para um canto junto a um sorriso falso, com a esperança de que a infelicidade comprasse esse seu sentimento abatido no rosto e lhe deixasse.

Foi quando a música entrou ao fundo. Inundando aos poucos a sala, tocando primeiro seus pés descalços e subir, gelada, pelas canelas, pelo quadril, peito até lhe afogar naquela melodia triste e roubar todo o ar que tinha em seus pulmões.

E pôs-se a chorar. Não teria grandes aventuras. Não teria grandes conflitos. Não brigaria com os pais e fugiria de casa. Não choraria por uma vida, e nem ao menos sacrificaria a sua própria por outra. Não teria um grande amor. Um enorme amor. Um intenso amor. Tudo o que queria era poder, ao menos, amar como eles.

Chegou a cozinha. Sentou a mesa e coçou o pescoço. Se decidiu. E numa cena que lhe renderia o grande prémio, acendeu um cigarro, cruzou as pernas e cortou os pulsos. Tragou uma única vez até perder o controle de suas mãos que cairam ao lado do corpo. Entre sorrisos e lágrimas a fumaça se esgueirou até o teto com um charme ímpar.

E sangrou até o fim dos créditos finais.
"And the question is
Was I more alive then than I am now?
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I laugh more often now
I cry more often now
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Mensagempor Lanzi em 02 Jan 2009, 11:36

Não sei porque não gostei. Claro que o texto possui alguns erros de ortografia e gramática, mas nunca deixei de gostar de um texto por causa disso, a não ser em casos onde os erros dominam o texto. Não foi o caso deste.

Até o meio eu pensei em três idéias, ou a personagem fazia parte de um filme e ia morrer ficcionalmente, ou era tudo uma metáfora de quão envolvida estava a personagem com o filme, ou então era um suicídio. A última terminou por se confirmar.

Tenho uma espécie de birra com esse estilo de escrita que vem não sei de onde. As informações vão sendo dadas ao longo do texto, continuamente, pra manter um "suspense" fajuto e desnecessário. E a forma das descrições não me agradam, porque parece que já vi tudo isso antes, aqui no fórum mesmo.

Ou então eu estou equivocado mesmo.
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Mensagempor Elara em 07 Jan 2009, 13:47

Ermeeeeeeeeeeeeeeeeeeeel,

Tudo bom?

Saudades suas, viu?

O texto começa me lembrando um conto meu: Livre eternamente. Mas depois se diferencia um pouco.

É um conto que, apesar do rítmo mórbido, tem seus méritos. Só precisa rever a questão da falta de alguns acentos.

Muito bom tê-lo de volta.

Lanzi escreveu:
Até o meio eu pensei em três idéias, ou a personagem fazia parte de um filme e ia morrer ficcionalmente, ou era tudo uma metáfora de quão envolvida estava a personagem com o filme, ou então era um suicídio.


Já pensou na possibilidade das três coisas juntas? XD

Chero!
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Mensagempor Ermel em 08 Jan 2009, 08:02

Gosto é gosto. Mas fico grato por terem aparecido por aqui e postado suas opiniões.

Elara, aos poucos eu vou voltando. Quem é vivo sempre aparece.
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Mensagempor Dahak em 05 Fev 2009, 09:45

Ermelão!
Que saudade amigo. Como vão as coisas?

Acho que a primeira passagem do conto passa uma boa idéia do que está por vir. E é tátil porque, quem não conhece alguém ou algum momento da vida onde esse pensamento já não vigorou?

Um conto curtinho, fácil de ler e que prima por dar um tom bonito ao fim da vida. Digo isso várias vezes: nem todo trabalho é feito para ser nosso melhor trabalho. Por que digo isso? Simples. Não é seu melhor conto, mas não é um conto ruim e não há problema nenhum nisso. E é criando e tentando que conseguimos acertar a mão, portanto, acho muito válido esse trabalho =)

Grande abraço!

Dahak Out
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Mensagempor Lorde Seth em 06 Fev 2009, 00:56

Aê!

Foi e foi, assim indo, até o fim.

Esse fim teve chave de ouro. Bom uso do título e conexão com a televisão!

A todas as crianças que possam estar lendo em casa, lembrem-se, na fatídica decisão de seguir os passos da personagem, é avenida abaixo e não através da rua (nossa que mórbido! :diabanjo: ).

Abraços Ermel, parabéns.
Para viver a realidade, primeiro é preciso acordar do sonho.
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Mensagempor Doktor Faustus em 06 Fev 2009, 10:28

Gostei até antes do antepenúltimo parágrafo. Depois, o suicídio acabou deixando um pouco a desejar, se comparado ao restante do texto. Lembra aqueles filmes no qual o desenvolvimento da história é bom, mas cujo final acaba sendo decepcionante. No caso, não só pelo suicídio ser a decisão mais previsível, mas também por acontecer por um motivo um tanto imaturo.

Olhou para um lado onde uma estrada que se perdia num horizonte onde o céu quase purpúra lhe fez os olhos marejarem e segurar o peito com uma aflição indescritivel.

Só chamar a atenção para essa parte. Não é nem por ser um período longo sem vírgulas (o que é um tipo de frase que eu adoro, aliás), mas pela repetição do "onde", que fez o trecho, na minha opinião, ficar bem estranho.
"Não, não são plantas, apenas fingem sê-lo. Mas nem por isso vocês devem menosprezá-las. Pois é precisamente a circunstância de elas pretenderem sê-lo e darem o melhor de si nesse sentido o que as torna merecedoras de todo o nosso apreço."
Jonathan Leverkühn, em Doutor Fausto, de Thomas Mann.
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Mensagempor Malkavengrel em 06 Fev 2009, 10:37

Gostei,

Não exatamente do texto per se, mas da ideia. Gostei dos dois ultimos paragrafos, ficaram construidos de uma maneira que estranhamente me soaram depressivamente decididas e conformistas.

No mais apenas minhas congratulações.
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