Bom, não sei o que está havendo, mas o último texto me deu vontade de fazer mais um! Issa!
Dois textos em dois dias. Minha criatividade deve estar a mil, só pode.
Espero que gostem e desgostem. Aguardo críticas e sugestões!
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Escolhas
Apenas uma garota. Uma garotinha, nem 9 anos tinha. Poderia ser minha própria filha! ...minha filha.
Dia 27 de setembro. Lá estava eu trabalhando freneticamente na empresa, fazendo o Balanço de Pagamento do ano para entregar para o meu chefe todas as contas da empresa. Tudo o que entrou de crédito e tudo o que foi debitado devem ser iguais. Qualquer defeito em tal igualdade, significa uma incompetência no sistema contábil da empresa.
Dia 27 de setembro. Minha ex-esposa estava dando à luz no Hospital a três quadras de onde eu trabalho. Meu irmão me ligou falando que levava a câmera para que eu pudesse captar os primeiros momentos da vida de Giovanna –sim, minha filha já tinha até um nome. Mas eles não contavam que, tão importante quanto o seu primeiro choro, a sua primeira respiração, era o seu futuro.
Dia 13 de agosto. Giovanna estava empolgada com a sua apresentação com seus coleguinhas da creche. Ela seria a Princesa da peça. Minha filha, uma princesa.
Dia 13 de agosto. Estava de saída do trabalho, quando meu chefe me entrega uma falha no setor de importação da empresa. Os preços estavam errados e, por mais que não fossem de minha autoria, ele prometeu me promover se pudesse resolvê-lo ainda nesse dia. Eu, um monstro visionário.
Na vida enfrentamos diversos tradeoffs. São escolhas que fazemos de acordo com a visão que temos das coisas e suas conseqüências. Quando você escolhe se casar, está fazendo um tradeoff, pois está disposto a renegar todas as outras mulheres do mundo pela que você se casou.
Dia 8 de julho. Chego depois de mais um dia cansativo de trabalho. Um envelope volumoso está à minha espera em cima da mesa. Começo a lê-lo: “Você prometeu...”. Decepção. Todas as promessas, apenas palavras sem sentido. Chamo por Giovanna, mas ela não responde. Continuo lendo: “...divórcio preparado...”. Novidades. Não reparara o ponto em que abandonara a minha família. Chamo pela minha ex-mulher. O silêncio predomina.
Dia 8 de julho. Pego um copo, coloco gelo e abro um wisky 12 anos. Ainda não terminei de ler a carta: “...você só pensa em dinheiro...”. Justificativas. Desculpas para fazer com que as verdades fiquem menos dolorosas. Bebo mais rápido que leio e não percebo a garrafa meio vazia. Por fim: “...na casa da minha mãe”. Esperança. Uma pessoa que deixa um contato é porque quer ser contatada. Corro para o carro. Não é muito longe de casa.
Apenas uma garota. Uma garotinha, nem 9 anos tinha. Poderia ser minha própria filha! ...minha filha. Os olhares não param de me culpar, apontando e criticando enquanto me lamento. Não adianta mais lamentar.
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Inté!