Desilusões

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Mensagempor Magyar em 18 Dez 2008, 00:53

Olá a todos os Spellianos!

Como de costume, uma vez a cada ciclo de nostalgia meu, eu resolvo postar um texto, rs.
Espero que gostem, desgostem, critiquem e opinem!
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Desilusões


Se sentiu desiludido aos 5 anos de idade quando viu pela primeira vez seus pais discutindo fervorosamente na cozinha, às 6 horas da manhã. O casamento até então ainda era algo sagrado, imaculado. A vida era como a novela das oito que ele e sua família assistiam religiosamente todos os dias. Aquela era a sua visão de mundo, contrária à realidade da vida que até então vivia.

Perdeu a imortalidade da vida aos 12 anos, com um telefonema no entardecer, enquanto assistia a um filme com a sua irmã e a sua avó. Um carro e um caminhão unidos pela velocidade. Para ele, sua mãe viveria eternamente. Era uma heroína por ter lhe dado a luz, e estaria presente para ter orgulho dos netos que um dia teria.

Recuperou o senso da realidade aos 19 anos, quando soube que sua namorada o traíra com o melhor amigo. Antes disso, as pessoas mais próximas sempre falavam a verdade, independente de quão absurda poderiam ser. Afinal de contas, se não considerar as pessoas mais próximas como confiáveis, em quem confiar?

Deixou de ter esperanças quando chegou aos 25 anos de idade, com um diploma de Administração em mãos e sem um emprego que lhe agradava, ou alguém para compartilhar os momentos de tristeza ou felicidade. Sonhava em ter um trabalho e um salário digno, mas não suportava trabalhar em escritórios. Desejava se casar e ter filhos, mas a garota certa nunca aparecia.

Tudo era perfeito de acordo com os seus planos, mas nada fazia sentido quando a teoria virava prática. Quando criança pensava que as coisas mudariam quando se tornasse adulto, mas tudo permaneceu o mesmo. Fosse a sua expectativa de fazer aniversário na sua infância para ganhar presentes, fosse a sua expectativa de fazer 18 anos quando adolescente para aproveitar o mundo, fosse conseguir um diploma na faculdade para garantir o seu futuro. Diante das desilusões que enfrentara, aprendera que por mais que tudo mude ao seu redor –seja um presente novo, seja a maioridade oficial, seja o diploma- tudo permanecia o mesmo –o mundo, as pessoas, o dia a dia-.
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Mensagempor Doktor Faustus em 18 Dez 2008, 14:43

O conto está bem escrito. Só achei que ele está um tanto direto. A personagem acabou ficando um tanto "geral" demais, não há nada que o diferencie do grande número de pessoas que passam por desilusões semelhantes. Provavelmente sua intenção foi fazer algo maisamplo, mas um pouco de desenvolvimento na personagem em em suas relações poderiam enriquecer bastante o texto e particularizar um pouco a desilusão.

Aliás, "perdeu a imortalidade da vida" foi ótima. O último parágrafo, em que há quase que uma ruptura com o andamento anterior do texto, onde os parágrafos seguiam a mesma estrutura, também ficou muito bem elaborado, mas poderia terminar em "tudo permanecia o mesmo", o restante parece ter sido posto apenas como enfeite.

O último travessão também não é necessário (após o "dia a dia").
"Não, não são plantas, apenas fingem sê-lo. Mas nem por isso vocês devem menosprezá-las. Pois é precisamente a circunstância de elas pretenderem sê-lo e darem o melhor de si nesse sentido o que as torna merecedoras de todo o nosso apreço."
Jonathan Leverkühn, em Doutor Fausto, de Thomas Mann.
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Mensagempor Madrüga em 18 Dez 2008, 15:00

Ah, Balth Barlin, eu sou obrigado a discordar um pouquinho do Faustus. Parece um texto de adolescente revoltado, esse tipo de desilusão é muito clichê; não é nada que ressoe de verdade, sabe? Afora começar com uma próclise que deveria ser ênclise ("sentiu-se"), tem lá seu valor como um texto realmente bem escrito, mas que parece um desabafo de diário, uma narração que leva a lugar nenhum, e termina igualmente com um errinho, o travessão já apontado acima.

Li, mas terminei a leitura exatamente como comecei; o texto não me atingiu em nada. Se fosse escrito em miguxês, poderia acompanhar um egoshot de um garoto pré-adolescente desiludido porque as coisas não são exatamente como ele quer.

Editado: Confundi o nome, ¬¬
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Mensagempor Magyar em 18 Dez 2008, 20:19

hUIAEHuiaehIUAEHiuehAEIUhee

Adorei as críticas. Eu realmente fiquei na dúvida antes de postar sobre o travessão e o "Se sente", mas na preguiça deixei do jeito que escrevi. Errando e aprendendo o/

A idéia era deixar bem direto e abrangente mesmo. Até pensei em desenvolver melhor a idéia, o personagem... mas sei lá, faltou um pouco de criatividade nessa hora.

Estava querendo escrever um conto mais para tentar deixar uma idéia em um texto de leitura agradável. Bom, depois dessa de adolescente miguxes e coisa e tal percebi que ficou bem do jeito que acabei fazendo mesmo, na madrugada sem ter o que fazer, rs. Até gostaria de pegar o texto para corrigir os erros e talvez desenvolvê-lo melhor, mas não tenho disposição de fazê-lo. Sou preguiçoso demais.

Não sei, esse tipo de conto sempre me agradou. Espero melhorar no próximo conto.

Obrigado desde já.
Favor continuarem com as críticas e sugestões!
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Mensagempor Dahak em 21 Dez 2008, 13:26

Olha eu buscando seu outro conto =P
Não nego que foi a primeira coisa que fiz ao terminar seu outro tópico.

Apesar de permear outra situação tátil, creio que aqui faltou um pouco do toque sóbrio que o outro tópico teve.

Novamente bem escrito, novamente propiciou uma leitura bacana e fácil. Mas no apanhado geral, ficou com o outro trabalho, mas se este aqui proveu a inspiração, então agrego até mais uns pontinhos aqui :b

Até mais. E torço que em breve tenhamos mais participações suas por aqui ;)

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Mensagempor Elara em 23 Dez 2008, 08:35

¬¬

Tinha feito um post enorme com minhas considerações ontem, mas quando fui postar a spell deu erro... =/

Bah, resta-me dizer que é um texto bem escrito, e que me levou a refletir um bocadinho. Gostei.

Chero!
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