Prólogo
- Orinas, filho de Arget, ex-general de Coppreth você foi condenado à morte pelos crimes de deserção, conspiração contra o seu Rei e assassinato. Sua sentença foi dita e será executada em instantes, existe algo que você gostaria de dizer em seus últimos momentos? Peça perdão pelos teus crimes e Deus perdoará tua alma do sofrimento eterno.
O palco de execução fora montado no centro da cidade e deveria servir de exemplo a todos que se rebelam contra seu próprio Rei. Orinas tinha as mãos e pés atados e a corda já havia sido colocada em volta de seu pescoço, ao seus pés o alçapão só precisava de um comando do carrasco para ser aberto e acabar com a vida do general.
Ele ainda não havia erguido a cabeça para olhar a vastidão de pessoas que ali estavam para vê-lo morrer, sua fronte abaixada deixava nítida sua tristeza e total descrença no eu ocorria. Foi então que num movimento de pescoço ele olhou nos olhos da multidão que o observava atônita; sua aparência beirava a de um maltrapilho com a barba desgrenhada e os cabelos embaraçados que escondiam o brilho do guerreiro outrora visto como um anjo celeste.
Em meio ao burburinho causado pela multidão, ainda sem acreditar que aquilo tudo pudesse ser verdade, ele então falou, calma e pausadamente, e pela última vez:
- Eu não devo perdão a ninguém. Todos aqui sabem que não sou traidor, e se o que buscam é a paz, façam como eu fiz, abandonem as espadas e esqueçam essa guerra, pois ela não fará nenhum dos lados vencedor...
Os nobres, os camponeses, os mercadores, as crianças, todos que estavam ali presentes recebiam as palavras de Orinas como se elas inflamassem seus corações – ‘e se o que ele diz é verdade? E se a guerra fosse apenas sofrimento e não pudesse trazer nada de bom?’ – foi então que Abade, responsável pela execução ordenou a abertura do alçapão.
A resposta fora rápida e inquestionável; seu pescoço se quebrara na queda e seu corpo permanecia imóvel. Nem todos tiveram o sangue frio de ficar ali olhando por muito tempo, a maioria chorava, Coppreth perdia o seu mais destemido guerreiro, um filho leal sentenciado injustamente, realmente a guerra não revelaria nenhum vencedor e ambos os lados já haviam perdido demais.
- Orinas foi punido por seu desrespeito à autoridade de nosso misericordioso rei, nada temam aqueles que são dedicados...
Abade discorria sobre como todos deveriam se espelhar na punição de Orinas, pura falácia, ainda mais vindo de sua boca, um capacho leal e que sempre teve inveja de Orinas. O problema é que aqueles que não sabem da verdade podem realmente acreditar que hoje matamos um traidor, contudo a verdade é que hoje nós matamos um herói.