O Caminho das Sombras: O Caso Abrinsh

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O Caminho das Sombras: O Caso Abrinsh

Mensagempor Arnok em 04 Set 2007, 23:09

Comentários... (era pra vir por último, mas como vacilei no primeiro post, acabei editando tudo XD)

Esse texto faz parte de um conjunto de contos intitulado Caminho das Sombras (particularmente gosto mais de outro dos contos, que, futuramente, pretendo colocar aqui). O maior problemas desses contos, na minha opinião, é a extensão... Eu queria que tivessem ficado menores, mas nem tudo sai como a gente quer, não é mesmo

Ainda estou aprendendo a usar os recursos de formatação do forum, portanto, pode ser que eu edite a formatação desse conto, e já que toquei nesse ponto, dicas e sugestões são mais que bem-vindas...

Bom, acho que é isso e, como sempre digo, espero que quem eventualvente se anime a ler, não ache que perdeu o tempo :P

E como sugestões são sempre bem-vindas, já dividi a história em vários posts... (valew pelo toc lobo ;) ) espero que tenha melhorado... eu não tinha visto o tamanho real do post XD so tinha pegado o texto do word (depois de uma revisão, mas ainda insatisfeito) e colado aqui no forum, não sabia que o espaço era meio que ilimitado...

Coloquei os posts, um depois do outro, mas nos futuros contos, vou postar com um espaço maior de tempo, entre eles... sorry
Editado pela última vez por Arnok em 05 Set 2007, 10:22, em um total de 4 vezes.
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Mensagempor Arnok em 04 Set 2007, 23:18

O Caso Abrinsh


É importante que eu comece falando que, antes dessa história, eu não acreditava em muitas coisas e não aceitava a maioria das explicações, fossem elas científicas, filosóficas ou teologias. Hoje em dia, continuo não aceitando a maioria dessas explicações, mas consegui outras pelas quais paguei um preço.

No entanto, não estou aqui para falar de mim ou das minhas aventuras e crenças. Venho apenas relatar para a posteridade o caso Abrinsh, do qual um antigo amigo foi protagonista. Não espero que compreendam tudo o que aconteceu. Mesmo eu não sou capaz de entender e, sinceramente, não espero que mentes humanas sejam capazes disso...

Não sei ao certo quando foi que tudo começou, vocês sempre esperam que exista um início e um fim definidos, mas isso raramente acontece. Vou usar seus termos e fingir que realmente começou em um momento específico, mas quero que saibam que o meu conhecimento sobre essa parte é baseado no que meu amigo contou quando veio pedir ajuda, mas seu relato me parece confiável, com algumas ressalvas.

Tentarei reproduzir o diálogo que tivemos naquela noite, em um bar, depois de duas cervejas e sem ninguém, além de nós dois, ouvir.

– Você acredita em vida após a morte?
– Quê? Acho que não... Mas por que essa pergunta agora?
– E em fantasmas ou demônios que podem caminhar sobre essa terra, no mundo dos vivos?
– Menos ainda! Acho que você já bebeu muito, melhor irmos embora.
– Não! Não é a bebida. Eu apenas preciso contar isso para alguém e queria pedir ajuda. Você sempre consegue resolver problemas... Será que poderia ouvir o meu caso? Por favor...

Não preciso dizer que estava decidido a pagar a conta e ir pra casa, mas quando meu amigo mostrou-me algo surpreendente que desafiava minha mente. Eu não tive muita escolha e, movido pela minha terrível curiosidade, fiquei e ouvi a história em silêncio. Quando terminou, eu já estava decidido a ajudá-lo com o seu problema enquanto houvesse tempo. Nesses casos é melhor não perder tempo duvidando, e foi isso que “salvou” algumas pessoas da sua família...

Vou resumir a história, alguns detalhes, por mais curiosos que possam parecer, não precisam ser ditos uma vez que não disponho de muito tempo para concluir este relato. Ele disse que aquilo havia começado alguns dias antes.
Editado pela última vez por Arnok em 05 Set 2007, 00:00, em um total de 1 vez.
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Mensagempor Lobo_Branco em 04 Set 2007, 23:26

Não li ainda por conta da extensão. Irei te dizer oq me dizem em casos parecidos; poste uma "parte" por vez, facilita e muito a vida do pobre leitor. Logo que tiver lido, tecerei os comentários a respeito. Abraços!
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Mensagempor Arnok em 04 Set 2007, 23:42

Para ele tudo tinha começado em uma noite na qual ele e alguns amigos, depois de uma noite de farra, decidiram estuprar uma garota de dezesseis anos que encontraram na rua, no meio da noite. Quando terminaram de se divertir com ela, já não restava muito da garota que encontraram e, sabendo que ela contaria tudo o que havia acontecido, os quatro decidiram acabar com ela ali mesmo, enquanto ela ainda estava caída no chão e chorando suavemente.

Usando uma garrafa quebrada, cortaram o pescoço da pequena e jogaram o corpo dentro de um bueiro que fecharam. Esperavam que o corpo não fosse encontrado por um longo período de tempo. E quando o achassem, se o achassem, já estaria podre e não haveria risco de encontrarem esperma ou qualquer coisa que os pudesse incriminar.

Deixaram o corpo dentro do bueiro onde pretendiam que permanecesse por um longo tempo e, não fosse pela série de incidentes que sucedeu ao fato, teria permanecido mesmo. Eles voltaram para casa, para suas vidas normais como se nada tivesse acontecido. E para dois dos três foi isso o que aconteceu, pelo menos no princípio.

O primeiro a ter a garota foi também o primeiro a sofrer. Perdeu tudo o que tinha. Quando os três se reuniram novamente encontraram o amigo com uma aparência horrível: ferimentos e pequenos hematomas por todo o corpo, suor, uma febre forte, uma mente confusa e não dizia coisas com muito nexo. Tinha os olhos sempre abertos e assustados, ignorando a maior parte das coisas ao redor. A última notícia que teve daquele amigo foi a de que ele estava internado em um hospital, não tinha certeza se era psiquiátrico, mas soube que o amigo estava quase irreconhecível e havia ficado cego, surdo e mudo, ignorando tudo ao redor e mesmo assim com uma expressão de dor e medo permanentes no rosto.

Os outros dois ficaram afastados por um certo período, ambos ainda chocados com o estado do amigo, mas ainda não haviam se lembrado da garota que, para eles, foi apenas um fim de noite divertido. Quando se encontraram novamente, o amigo do meu amigo já havia perdido toda a família, carregava um grande rosário e trazia no pescoço, segundo meu amigo, símbolos de, pelo menos, uma dúzia de religiões diferentes.
Editado pela última vez por Arnok em 04 Set 2007, 23:45, em um total de 1 vez.
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Mensagempor Arnok em 04 Set 2007, 23:44

Ele estava desesperado e recordou ao meu amigo o que haviam feito naquela noite. Ele disse algo sobre terem feito a coisa errada com a pessoa errada e que o fantasma da menina os perseguia e acabaria com cada um deles. Ele tinha vindo apenas avisar ao amigo para tomar cuidado. Avisar que aquela coisa reservava algo terrível para cada um deles, que o tempo dele já havia acabado, mas meu amigo ainda poderia encontrar uma maneira de fugir.

Claro que meu amigo não estava disposto a acreditar em fantasmas ou demônios vindo fazer justiça, mas, segundo ele, o amigo mostrara-lhe no corpo uma marca feita por uma bala no peito, outra na boca, saindo na nuca, e duas cicatrizes nos pulsos. Todos os ferimentos estavam se cicatrizando, mas deveriam tê-lo matado, mas foram oito tentativas infrutíferas nas últimas quarenta e oito horas.

Ele não foi mais visto. Meu amigo, alertado, impressionado e, acima de tudo, assustado pela história e pelo estado daquele homem estava disposto a acabar com aquele espírito ou o que quer que fosse e continuar vivo.

Decidiu estudar, encontrar uma maneira de acabar com aquilo. As primeiras tentativas foram nas religiões que conhecia, logo procurou na internet e, por fim, resolveu consultar alguns livros em bibliotecas ou encomendados. As pessoas notaram mudanças nele, mas ele estava desesperado e não teve tempo de ligar a sociedade, para o que as outras pessoas pensavam.

A razão por estar tão apavorado é que ele era o último e, segundo seu amigo, ele receberia a pior punição. Talvez merecesse isso por ter sido dele a idéia e a iniciativa do que aconteceu naquela noite, bem como a autoria do corte que finalmente a matou. Tinha que encontrar alguma coisa para parar aquilo e tinha medo e pesadelos imaginando pelo que os dois amigos haviam passado.

Ele só voltou a notar as pessoas a sua volta quando percebeu que estavam adoecendo ou morrendo em acidentes estranhos. Soube que a culpa era sua e que precisava acabar com aquele espírito. Procurou por ele algumas noites, e o encontrou algumas – acho que três – vezes antes de me procurar. Tentou enfrentá-lo com orações, fórmulas mágicas, símbolos sagrados e outros tantos métodos como sal, água benta, mas não há tempo para mencionar tudo isso.

O importante é que nenhum dos métodos conhecidos por ele foi eficaz, sendo que, para cada falha ao tentar, o espírito encontrava maneiras de se vingar de modo cada vez mas cruel e elaborado. De modo algum aquilo parecia o espírito e uma menina querendo vingança. Ele assistira um sobrinho contorcer-se, mutilando-se até uma morte agonizante. Teve seu corpo possuído pela vontade daquele espírito e se viu estuprando dois amigos e as filhas deles de modo violento. Foi obrigado a matá-los depois que recuperava o controle do próprio corpo e esconder os corpos. Ele tinha medo de ser preso e, se o fosse, não teria qualquer possibilidade de enfrentar aquela coisa.
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Mensagempor Arnok em 04 Set 2007, 23:45

Foi nesse ponto, desesperado e tendo perdido vários amigos e parentes, que decidiu procurar minha ajuda. E eu tentei ajudá-lo. Vi o espírito uma vez, se é que realmente se trata de um espírito. A primeira coisa em que pude pensar foi em remover o corpo do local onde estava enterrado e fazer com que tivesse um enterro normal, talvez isso acalmasse a coisa... Acho que tinha visto isso em algum filme ou lido em algum lugar. Não preciso dizer que não obtive qualquer resultado, exceto uma investigação e a repercussão que o crime teve na mídia. Acreditando que poderíamos corrigir a coisa removendo os outros corpos, que talvez tivessem ligação com a entidade que enfrentávamos, fizemos o mesmo com eles.

Depois que todas as vítimas foram devidamente enterradas e tiveram suas investigações iniciadas, achamos que poderíamos ter acabado com a coisa, mas as mortes e desastres ao redor do meu amigo continuavam. Tive meu primeiro encontro com a entidade quando começava a acreditar que meu amigo estava com um problema de personalidade. Devo ressaltar que não era nada do que eu esperava...

Ela não tinha uma forma humana e nem era invisível. No início, ela estava dominando o corpo do meu amigo e o jogou contra mim. Tentei enfrentá-la, mas a única coisa que consegui foi fazer com que abandonasse o corpo dele e isso não foi uma idéia tão boa, mas permitiu que eu formulasse minha primeira hipótese do que era aquilo.

Com base no combate, que não pretendo descrever aqui por não conhecer palavras que possam descrever tudo o que aconteceu, posso declarar que aquela coisa não é um simples espírito que vaga! É uma entidade formada por energia. Quando esta energia está dispersa, fica invisível e não conseguimos ver, mas podemos sentir. Qualquer sensação estranha, um calafrio, frio ou calor repentino, uma sensação ruim, como o estômago embrulhado, entre tantas outras pode significar que se está perto de uma entidade dessas que alguns chamam de fantasmas.

Minha teoria era a de que essa entidade controlava a energia ao seu redor e, como o que chamamos de matéria não passa de energia condensada, ela podia controlar a matéria do ambiente, assumindo uma forma física. Talvez com essa habilidade pudesse reconstruir uma forma que tivesse em vida, se decidirmos que é o fantasma ou espírito de alguém, ou uma forma associada com medo e subconsciente do adversário. O fato de saber que ela é essencialmente energia, ou alguma coisa capaz de controlar a energia, ajuda a entender muitas coisas que ela é capaz de fazer e a procurar alguma coisa capaz de enfrentá-la.

Eu fui derrotado naquele dia, não sei ao certo como sobrevivi, talvez eu tenha conseguido assustar a entidade ou tenhamos sofrido alguma interferência. Acredito que aquilo apenas queria me usar. Esse encontro ainda povoa minhas noites, isso me desesperou por alguns anos e, ainda hoje, tira o meu sono.

Depois do combate, eu e meu amigo acordamos feridos. Ele estava exausto e com dores pelo corpo, como ficava depois de ser possuído, mas dessa vez contava com os ferimentos que eu imprimira em seu corpo quando estava naquele estado e eu precisava forçar o espírito a liberta-lo. Tão logo meu amigo acordou demonstrou preocupação e receio de ter matado, talvez, o único que ainda podia ajudá-lo, ou seja, eu.
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Mensagempor Arnok em 04 Set 2007, 23:47

Nos reunimos logo que conseguimos nos recompor e buscamos uma maneira de enfrentar aquela coisa, que para mim era muito pior do que um fantasma, uma vez que não existia nenhuma maneira conhecida para enfrentarmos. Tínhamos que improvisar tudo. Tentamos um combate “físico”, mas quando é atacada fisicamente, absorve a energia e por isso tínhamos a esperança de utilizar uma grande quantidade de energia para sobrecarregá-la, podia ter dado certo.

Não preciso dizer que o plano não teve um bom desfecho. Só tenho a dizer a nosso favor que, pelo menos, não deixamos aquilo ainda mais forte. Meu amigo, naquele ponto, dispunha de apenas uma filha, a esposa e eu. Tínhamos que parar aquilo e não tínhamos muita esperança. Mais uma vez, ele se apoiou em uma teoria minha e, com isso, recuperou a esperança de conseguir parar aquilo.

Como nenhum símbolo, objeto, prece ou mesmo um exorcismo obteve qualquer efeito e nenhuma tentativa de ser punido pelo crime através da justiça humana funcionou, ou poderia funcionar, decidi dizer qual seria a única maneira de enfrentar aquilo:

Conseguir uma arma, não uma arma comum, mas uma que fosse capaz de ferir aquilo. Uma arma feita da mesma “matéria” que aquela coisa e, com isso, capaz de aprisioná-la ou, se tivéssemos sorte, destruí-la. A questão passou a ser como conseguir uma arma assim... Depois de uma longa conversa, tínhamos formulado uma boa hipótese, se levarem em conta as bases que tínhamos para formulá-la, verão que era realmente boa, e meu amigo teve uma idéia. Fiz exatamente como ele pediu, apesar de não concordar totalmente com o plano.

Meu amigo passou a ter meios para enfrentar aquela coisa de igual para igual e foi o que fez, na esperança de salvar a vida da esposa e da filha. Eu o ajudei para tentar salvar a minha própria vida, já me sentia como o próximo alvo daquela coisa, como se eu tivesse atacado a menina.

Eu estava perto o bastante para observar as conseqüências da batalha, não sei como descrever aquilo, as diferenças do que eu vi ali e do mundo em que vivemos é, no mínimo, dimensional e obscena. Não é possível descrever como dois seres formados de pura energia combatem, era uma energia diferente de qualquer energia que eu já tivesse visto. Tudo ao redor era distorcido e convertido em novas armas para os combatentes. Eu entendi, e acho que meu amigo também, que aquela batalha não acabaria, a energia apenas se renovava, mas havia naquela coisa mais do que simplesmente energia. Eu vi algo no final da batalha que, até hoje, me persegue.
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Mensagempor Arnok em 04 Set 2007, 23:49

Antes disso, voltemos ao método que meu amigo utilizou para poder enfrentar aquilo. Eu tinha dito que apenas algo semelhante àquela coisa poderia enfrentá-la e meu amigo acabou concordando comigo. Ele quis saber como conseguir algo assim e eu contei minha nova teoria que ele acatou, reformulou sem me contar e elaborou seu plano.

Se aquela entidade era ou não o fantasma da moça eu não podia saber, mas sabia que perseguira os três, as suas famílias e amigos de modo extremamente cruel. Decidi dizer que um evento nas mesmas condições talvez possibilitasse que outra dessas entidades pudesse ser criada. Mas com isso entravamos em um problema ainda maior: crimes como esse e até bem mais violentos são muito comuns na nossa sociedade e não encontramos registros desse tipo de ataque. Existiriam, por isso, mais alguns fatores que implicariam no surgimento de uma entidade dessas e sabíamos da primeira: Algum tipo de violência.

A segunda, deduzi eu, seria a vontade da pessoa que sofreu o crime. Eu soube que a menina tinha perturbações e problemas de saúde constantes e isso era recente. Ela não tinha amigos e vivia pelos cantos em silêncio, talvez quisesse alterar sua existência e tivesse, propositalmente, seduzido os três e os instigado e estuprá-la para que se tornasse aquela coisa. As pessoas são estranhas e as solitárias são muito mais...

Uma terceira seria a existência de energia de crimes ao redor do lugar. Acreditávamos que esse tipo de entidade não é muito incomum, mas a maioria não tem muita força ou energia, por isso não podem fazer muita coisa e os crimes ou atos de vingança são apenas definidos como impulsos ou mentiras dos criminosos. Acreditávamos que muitos crimes inexplicáveis são causados por esse tipo de entidade, mas as pessoas, em geral, não acreditam nesse tipo de coisa. É muito mais fácil culpar um humano comum e ignorar qualquer interferência que desafiasse a razão.

Em resumo, com base nisso, meu amigo pediu que eu providenciasse alguns homens para matá-lo de modo parecido ao que utilizaram para matar a menina, apenas com maior violência. Ele estava decidido, em seus olhos pude ver tamanha determinação que não me foi permitido negar-lhe o pedido. Eu poderia tentar argumentar que não sabíamos como conseguir energia, mas acredito que ele soubesse exatamente como fazer isso e talvez mais umas duas condições que preferiu não me confiar.

Consegui dez homens, como me pediu, e paguei a cada um deles para estuprar, espancar e matar meu amigo. Ele não podia saber quem eram os homens ou quando isso aconteceria, a surpresa era importante, por isso ele foi atacado depois de tomar remédio para dormir, arrastado para outro lugar, previamente indicado e escolhido por nós dois, e teve os olhos vendados. Quando acordou e estava consciente, os homens fizeram seu trabalho e eu tinha que estar por perto para assegurar que tudo seria feito como meu amigo havia pedido e como deveria ser.
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Mensagempor Arnok em 04 Set 2007, 23:51

O resultado foi surpreendente! Meu amigo passou a ser uma entidade daquelas e podia enfrentar aquela coisa de igual para igual. Eu não conseguia notar nenhuma diferença de poderes, logo, deduzi que o sofrimento durante a morte não influenciava tanto assim o poder de uma criatura daquelas. Ele poderia ter sofrido bem menos, mas foi melhor não arriscarmos. Depois de ter acabado com os homens que o mataram, afinal, eles eram realmente descartáveis e foi melhor para a sociedade ficar livre daquele lixo, ele buscou a entidade e iniciou a batalha.

Quando percebeu que aqueles ataques físicos usando energia não surtiriam efeito, ele encontrou uma maneira de enfrentar aquilo que, ao contrário do que eu havia imaginado, não era destruindo, uma vez que a energia não pode ser destruída, mas transformando-a. Ele saltou contra a outra entidade em uma espécie de fusão, que começou a destruir e distorcer tudo ao redor. Acreditei que tudo acabaria naquela hora.

Quando os dois estavam naquele estado pude ver, pela primeira vez, o rosto do meu amigo dentro daquela massa quase informe e o que julguei ser o da jovem. Ambos demonstravam sofrimento, muito sofrimento. Em seguida vi outros rostos e soube que aquilo não era um fantasma e não havia surgido quando aconteceu o estupro. E pude ver um rosto no meio daqueles rostos. Não havia nada que eu pudesse fazer, mas soube que era o rosto de algo terrível e indescritível. Acreditei que ficaria cego depois de ver aquilo e ficaria com aquela imagem em minha mente pelo resto de minha infeliz existência, que seria bem curta.

Aquele rosto era de alguma coisa antiga que se alimentava de pessoas ou de sofrimento... Se eu acreditasse em almas, poderia dizer que era um devorador de almas. Na verdade não era uma, mas duas entidades incompletas que nos usaram para se unirem e ficarem mais poderosas...

Acho que agora eu devo dizer porque ajudei meu amigo. Ele me mostrou o peito sob a camisa de algodão e nele vir surgir um rosto, formado em alto relevo na e pela pele, terrível que não podia ser feito por qualquer cirurgia e eu sentia que ele se movia com aquela massa de carne do meu amigo. Era como se estivesse vivo na carne do meu amigo e aqueles terríveis olhos, que pareciam vivos e conscientes, estavam fixos em mim. Era o mesmo rosto terrível que eu vi quando as entidades se encontraram, mas no peito do meu amigo era como uma pintura ou uma daquelas carrancas talhadas em madeira e foi capaz de me fazer acreditar naquilo e querer ajudá-lo.
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Mensagempor Arnok em 04 Set 2007, 23:53

No entanto, ver aquilo ao vivo era muito mais terrível e desesperador e ficar imaginando o que aquilo fazia ou fizera com aquelas pessoas ainda me tira o sono. Devem ter notado que muitas coisas perturbam meu sono, devo ressaltar que quase não durmo, apenas descanso os olhos por breves momentos, para que as imagens não possam se formar.

Eu fugi daquele lugar, mas algumas horas depois eu soube que a mulher e a filha do meu amigo tiveram um fim terrível, uma matou a outra de modo cruel e perverso. Eu sabia que aquela entidade ainda estava viva e continuava sua obra.

Hoje sei que aquilo não era vingança ou justiça, pelo menos não em nenhuma concepção que eu conheça. Sei que aquela coisa apenas usou meu amigo, talvez para chegar até mim... Isso é o mais difícil, a entidade destruiu tudo ao redor do meu amigo, creio eu, por que ele simplesmente era meu amigo e assim ela me levou a ter contato com aquilo e, se não fosse por minha influencia, meu amigo talvez nunca tivesse se transformado na outra entidade, nem teriam se unido, formando aquela coisa. Existe um propósito maior e mais terrível nisso, eu posso sentir...

Decidi que precisava enfrentar aquilo. O primeiro passo seria descobrir o que realmente era e, então, destruir aquilo antes que ela me destruísse. Busco uma chave para uma porta que talvez me dê respostas e armas...

Estou aqui nessa busca e por isso fiz este relato. Estou na busca por respostas em lugares onde eu não procuraria. Gostaria que a fúria dessa coisa pudesse ser dividida do mesmo modo que dividi uma parte da história, e, assim, eu teria mais tempo de buscar respostas mesmo que esse tempo custasse mais vidas, vidas pelas quais não me importo!

Resta hoje apenas uma sombra da esperança que tive no início, mesmo já tendo algo em que me apoiar para enfrentar a próxima, e talvez última, batalha. Eu agora sei um nome, creio que aquela entidade tenha sido conhecida, em tempos muito antigos, por Abrinsh. Isso é uma coisa importante, pelo menos posso nomear o que estou enfrentando e, pelo que pude notar, ela tem medo do próprio nome. Preciso saber mais sobre isso, sobre a história dessa coisa. Sei que não acharei isso em nenhuma das bibliotecas daqui, vou tentar entrar em uma outra... Imagino que se trata de uma entidade que, talvez, tenha sido quebrada em uma batalha além de minha compreensão...

Preciso de tempo, e sei que a entidade tem que destruir qualquer ser que conheça ou pronuncie seu nome... Não sei o porquê disso, mas sei que é assim. Sinto muito pela sua vida, mas espero que entendam que essa batalha é muito maior que você ou eu. Talvez sua parte nela logo termine, talvez nos encontremos novamente...

Gostaria de dizer: “que Deus tenha piedade da sua alma”, mas não acredito nessas coisas e, se ele existe, não se importa com isso... Portanto, você está tão só quanto eu. Agora tenho que sair. Não tenho família, amigos ou conhecidos. Isso me diz que só tenho um caminho a seguir e o que eu vou encontrar no final? Paz, tormento ou o vazio? Não ouso imaginar...
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Mensagempor Lady Draconnasti em 05 Set 2007, 10:51

Ótima iniciativa, rapaz, mas vamos ao comentário:

Muito longo, narrativa muito quebrada e diálogo inicial confuso.

Quase todas as idéias ficaram muito soltas, cortando constantemente a narrativa, jogando informação atras de informação, mal dando tempo do leitor entender o que estava acontecendo. A conversa no começo não indicava quem iniciava, não indicava emoções e não foi natural.

Some isso ao tamanho do conto, que poderia ter sido melhor trabalhado se houvesse um intervalo maior entre as partes postadas.

Textos feitos para serem lidos no computador (como normalmente acontece em fóruns) não devem ser muito extensos por cansarem muito a vista. Então, mais cuidado no próximo texto, ok?
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Mensagempor Arnok em 05 Set 2007, 16:13

ok lady

bom, esse conto não foi escrito com o objetivo de ser divulgado em um forum (daí sua extensão), mas por força do destino, foi postado no orkut há algumt empo e faz parte de uma história maior (que infelizmente conta com textos da mesma extensão ou ainda maiores e me pergunto, se devo postá-los aqui ou não... acho que vou encerrar por aqui mesmo e futuramente postar textos curtos escritos para o forum)

além disso, não tinha a intenção de postá-lo aqui, fui movido pelo post do lobo (e como o conto estava inteiro no word, simplesmente reli e postei)...

a questão da quantidade de informações jogadas ao leitor e a falta de tempo para um digestão das mesmas era intencional (acho que foi uma escolhar ruim que fiz) e o pequeno diálogo não era pra ser algo fluente e sim vago e nervoso, mas realmente precisa ser melhorado (refeito)

não estou apresentando justificativas, apenas explicado...
concordei com sua crítica
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Mensagempor Lady Draconnasti em 05 Set 2007, 17:39

Nada te impede de postar um conto grande, apenas sugiro que o poste por partes, para que todos possam ler com calma e comentar aquelas partes em especial.
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Mensagempor Saxplr em 10 Set 2007, 11:06

Caro Arnok, li no word, e anotei várias coisas:
fossem elas científicas, filosóficas ou teologias
teológicas
o meu conhecimento sobre essa parte é baseado no que meu amigo contou quando veio pedir ajuda, mas seu relato me parece confiável, com algumas ressalvas.

Ficou estranho esse “mas”, porque o sentido é adição. “e”
ninguém, além de nós dois, ouvir.

ouvindo
mas quando meu amigo mostrou-me algo surpreendente que desafiava minha mente. Eu não tive muita escolha

O "quando" exige a vírgula: "mente, eu não tive..."
Nesses casos é melhor não perder tempo duvidando, e foi isso que “salvou” algumas pessoas da sua família...
Anotei que gostei dessa frase quando estava lendo, porque ela gera expectativa. Mas quem da família sobrou?
Ele disse que aquilo havia começado alguns dias antes.
Para ele tudo tinha começado em uma noite na qual ele e alguns amigos, depois de uma noite de farra

Repete a construção "tinha começado", o que não é legal
Ele assistira um sobrinho contorcer-se, mutilando-se até uma morte agonizante. Teve seu corpo possuído pela vontade daquele espírito e se viu estuprando dois amigos e as filhas deles de modo violento.

Gosto destas cenas violentas, brutais, narradas rapidamente.Vários filmes trabalham com a idéia da "naturalização" da violência.
Não preciso dizer que o plano não teve um bom desfecho. Só tenho a dizer a nosso favor que, pelo menos, não deixamos aquilo ainda mais forte.

A frase da "Não preciso dizer", da primeira vez que foi usada ficou muito boa, aqui já está ficando repetitivo.
Tínhamos que parar aquilo e não tínhamos muita esperança.

A repetição não ficou legal
A segunda, deduzi eu, seria a vontade da pessoa que sofreu o crime. Eu soube que a menina tinha perturbações e problemas de saúde constantes e isso era recente. Ela não tinha amigos e vivia pelos cantos em silêncio, talvez quisesse alterar sua existência e tivesse, propositalmente, seduzido os três e os instigado e estuprá-la para que se tornasse aquela coisa. As pessoas são estranhas e as solitárias são muito mais...

Não gostei dessa parte. Aliás, a idéia da vítima ter culpa remete à Igreja da Idade Média, onde nascer bonita era um martírio às mulheres.


Considerações finais.

Em primeiro lugar o conto me impressionou bastante, a leitura é rápida e ágil, talvez um pouco rápida demais, acredito que você poderia ter se detido um pouco mais em algumas descrições, como as batalhas, ou então nas cenas mais repulsivas, que isso aumentaria o fator “impactante” do conto.

Em algumas partes as descrições me lembraram de contos do Edgar Allan Poe, que narra com uma naturalidade sinistra este tipo de acontecimentos bizarros. Mas Poe se demora (e muito) mais nas descrições.

Os personagens estão com uma caracterização interessante. São homens desesperados em busca de uma solução para os seus problemas, mas com nenhum caráter. A idéia de protagonistas “vilões”, ou ao menos o suficiente para estuprar uma menina por mera diversão é deveras interessante.

O roteiro é muito bom, é um conto bastante criativo que foge de algumas escolhas óbvias. Gostei da parte em que a escolha é, não somente um “suicídio”, mas uma auto-flagelação grande. Senti falta de umas descrições nesta parte, uma vez que um dos protagonistas sofria muito e você pulou esta parte.

No mais o conto é muito bom, está de parabéns, e conseguiu me impressionar.

Parabéns pelo conto!
Rodrigo Sax

PS: Minhas opiniões divergem da Draconnasti. Opiniões divergentes são interessantes.
PPS: Não gosto de ler partes de contos, leio-os do começo ao fim depois do autor postar a última parte. Mas isso é uma escolha minha, no fórum é melhor quebrar em partes de duas ou três páginas no máximo...
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O Caminho das Sombras: O Caso Abrinsh

Mensagempor Arnok em 10 Set 2007, 17:57

valeu Rodrigo

quanto aos erros e repetições... eu não tinha visto quando revisei o texto antes de postá-lo, vou corrigi-los (obrigado por apontá-los)

as cenas que saltei e deixei meio de lado (principalmente as mais violentas e repulsivas) foram intencionais (achei que não seria necessário narrá-las - uma vez que todos sabem ou podem deduzir exatamente o que acontece nelas - optei por deixá-las implícitas).

vou dar mais atenção para algumas descrições que foram deixadas de lado e poderiam realmente serem melhor trabalhadas

quanto as perguntas abertas no conto e não respondidas, grande parte delas foi/será respondida em contos posteriores (esse conto faz parte de outros que postei no orkut, é o primeiro). Mas nem todas as perguntas, algumas eu realmente esqueci (falha minha)

mais uma vez, obrigado pelas suas considerações Rodrigo

PS: em futuros posts vou postar textos menores, ou divididos em várias partes (com um espaço de tempo entre elas)
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