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SPOILER: EXIBIR
“Nessas horas, eu lembro das minhas três últimas namoradas. Malucas, completamente piradas. Eu sei, todas elas são, mas não daquele jeito. Não foi à toa que todas acabaram internadas no Arkham. Ligeiramente internadas. Não sei o que é mais fácil, entrar ou sair daquele lugar. Eu não sou um sujeito extraordinário, um gigolô de super-freaks. Nem excepcionalmente sortudo ou azarado. Acontece que eu sei – meu irmão é tenente da polícia de Gotham – que pelo menos 30% da população desta cidade tem uma identidade secreta. Um terço, malandro. É uma questão de probabilidade. Mais ou menos 10 milhões de loucos fantasiados. Ou não. A Magda (DarkDisaster) não era louca de verdade, só fingiu uma mania qualquer pra não ir pro xadrez comum. E a Julie ficava bem melhor sem a roupa de Master Stalker. Aliás, ficava bem melhor sem nada, especialmente serviço de Internet. Ok, infame. São 10 milhões de esquisitos, de qualquer forma.
Não tenho vocação pra isso. Se algum animal radioativo me morder, só ganho câncer e perco sangue. E ainda saio correndo pra tomar as tais injeções na barriga. Não gosto de brincar com saúde. Se cair um raio em mim, só viro uma versão torrada (e morta) de mim mesmo. Não preciso falar nada sobre ácidos e produtos tóxicos em geral. Eu descobri a pornografia bem antes de descobrir que é com muito estudo que se chega a gênio do mal.
Talvez eu pudesse ser possuído por um espírito das trevas ou descolar um exoesqueleto robótico. Talvez eu PRECISE de uma das duas coisas quando meu carro finalmente acertar aquele outro, que vem no sentido oposto. Estávamos ambos em alta velocidade, tentando desviar da confusão, até eu começar estas considerações. Não, eu não seria capaz de ter um fluxo de consciência assim tão intenso e complexo nos três segundos anteriores à minha morte. Nessas horas, eu só tenho devaneios eróticos com as minhas ex-namoradas. Também não tenho o poder de manipular o tempo. O maluco mascarado que está brigando com o morcego tem. Eles se movem normalmente; nós, paralisados, assistimos o quanto podemos.
Sinceramente, não tenho vontade nenhuma de torcer por nenhum dos dois. Não é nem pela morte iminente. Ele não vai deixar ninguém morrer. Talvez até deixe, mas aí vai forçar o vilão ou dominar a técnica dele para voltar o tempo e salvar todo mundo. Se der errado, ele faz voltar de novo. E de novo. E de novo. Babaca. Por acaso a gente lembra de tudo depois de viajar no tempo assim? Espero que não, embora eu tenha a impressão de que sim, já que eu estou consciente agora. Se ele dominar a técnica, eu quero saber qual é. Quero voltar e enrabar a Trícia (Sharkstroke). E de novo. E de novo. E aí voltar até antes de ter conhecido as três doidas. Livre, pra sempre”, ele pensou, conformado.
Naquele exato momento, o feitiço do Mystic Clock acabou. Conforme previsto, os carros não bateram. Ele quase atropelou um passante, mas conseguiu frear com dificuldade sobre uma calçada. Desceu do veículo, meio tonto. Dois cliques e um estouro: lá estava, tombado no asfalto com um rombo enorme aberto na nuca.
- Ce só esqueceu que também dá pra ser um maluco mascarado só empunhando uma arma – riu-se Telephatic Rifle. Esperava pela impunidade, mas a incerteza da liberdade não o incomodava. Tinha de atender ao último desejo de um conhecido. OLÁ, T-R-I-C-I-A.
Não tenho vocação pra isso. Se algum animal radioativo me morder, só ganho câncer e perco sangue. E ainda saio correndo pra tomar as tais injeções na barriga. Não gosto de brincar com saúde. Se cair um raio em mim, só viro uma versão torrada (e morta) de mim mesmo. Não preciso falar nada sobre ácidos e produtos tóxicos em geral. Eu descobri a pornografia bem antes de descobrir que é com muito estudo que se chega a gênio do mal.
Talvez eu pudesse ser possuído por um espírito das trevas ou descolar um exoesqueleto robótico. Talvez eu PRECISE de uma das duas coisas quando meu carro finalmente acertar aquele outro, que vem no sentido oposto. Estávamos ambos em alta velocidade, tentando desviar da confusão, até eu começar estas considerações. Não, eu não seria capaz de ter um fluxo de consciência assim tão intenso e complexo nos três segundos anteriores à minha morte. Nessas horas, eu só tenho devaneios eróticos com as minhas ex-namoradas. Também não tenho o poder de manipular o tempo. O maluco mascarado que está brigando com o morcego tem. Eles se movem normalmente; nós, paralisados, assistimos o quanto podemos.
Sinceramente, não tenho vontade nenhuma de torcer por nenhum dos dois. Não é nem pela morte iminente. Ele não vai deixar ninguém morrer. Talvez até deixe, mas aí vai forçar o vilão ou dominar a técnica dele para voltar o tempo e salvar todo mundo. Se der errado, ele faz voltar de novo. E de novo. E de novo. Babaca. Por acaso a gente lembra de tudo depois de viajar no tempo assim? Espero que não, embora eu tenha a impressão de que sim, já que eu estou consciente agora. Se ele dominar a técnica, eu quero saber qual é. Quero voltar e enrabar a Trícia (Sharkstroke). E de novo. E de novo. E aí voltar até antes de ter conhecido as três doidas. Livre, pra sempre”, ele pensou, conformado.
Naquele exato momento, o feitiço do Mystic Clock acabou. Conforme previsto, os carros não bateram. Ele quase atropelou um passante, mas conseguiu frear com dificuldade sobre uma calçada. Desceu do veículo, meio tonto. Dois cliques e um estouro: lá estava, tombado no asfalto com um rombo enorme aberto na nuca.
- Ce só esqueceu que também dá pra ser um maluco mascarado só empunhando uma arma – riu-se Telephatic Rifle. Esperava pela impunidade, mas a incerteza da liberdade não o incomodava. Tinha de atender ao último desejo de um conhecido. OLÁ, T-R-I-C-I-A.