Desejo do limbo... [ADULTO] [ERÓTICO]

[rsilverblood]

Ela pranteava no quarto. Chorava ardentemente, soluçando entre pensamentos que tendiam ora a depressão, ora ao suicídio. Seu amor tinha morrido em batalha, e agora estaria entre os anjos, e nada poderia lhe trazer para perto, senão sua memória.

- Revom, Revom... *snif, snif* Como podes, como podes me deixar só?

Lágrimas rolavam de seu rosto, caindo como gotas de chuva de verão.

Molhavam o chão como doce orvalho, mas o sal se secava e já havia quase invisíveis camadas de sal sob o piso de madeira repartido.

- Meu doce, querido amor... como pôdes?

E uma voz em sua mente ecoava:

- Estou contigo, querida, por todo o sempre. No único lugar onde não pensou em olhar.

Ela pensava, pensava... era uma ilusão, uma alucinação, uma voz distante... seria paranóia, desejo, ou simples loucura?

Não, aquela voz era dele, e agitava seu coração como se em sua presença.

Era ele... mas, era como se estivesse mais distante do que quando a chamava montado no cavalo a distância do horizonte.

Ela sabia que era ele, e que precisava encontrar a fonte dessa voz.

- Revom, Revom... onde estás? Como posso lhe encontrar, como posso falar contigo?

Revom então replicou:

- Estou no lugar mais sagrado entre o céu e o inferno... estou na gruta mais quente, intenso, e fiel que há.

- Estou no seu coração!

Seu coração palpitou por um momento.

Sua alma congelava como se num vento de chuva de inverno, intenso e sobrenatural.

Ela colocou suas mãos eu seu coração, e ele tremia.

Parecia um ataque do coração.

- Silêncio, minha querida, aqui estou. Não vou lhe abandonar.

- No céu eu te aguardo, te desejando ardentemente.

Ela então disse:

- Mas, não posso esperar tanto. Devo tirar minha vida, e dá-lo a uma faca enferrujada que mantenho da época sua de tenente?

Ele replicou, com voz fiel, que parecia tremer a sala toda:

- Não. Peço-lhe, não faça isso.

Agora numa voz mais confortável, mais calorosa, e até sobrenaturalmente simpática, ele disse:

- Se teremos um momento de paixão antes do céu, então eu descerei para tomar-lhe mais uma vez.

Ela pensava "devo me render... um momento de paixão suprema, sem seu corpo?"

"Seria tal coisa um pecado perante deus? Seria um anjo capaz de fazer tal coisa?"

Seu coração estava em silêncio, e então palpitou duas vezes em seu peito, quase explodindo de desejo.

Seu libido, seu desejo, seu fogo, sua alma haviam se rendido completamente.

Ela estava aberta, deitada na cama, com as pernas fechadas e de joelho esquerdo dobrado.

Colocava duas mãos sobre seu coração, e depois um dedo sobre seus lábios, mordendo-o levemente de ansiedade.

Então, sentiu uma volúpia, um calor intenso em seu corpo todo.

Era como se estivesse dentro de um forno de pão. O seu cheiro doce de perfume de flores de limão perfumava o ar, e o incenso de lírios deixava o chiro que estimulava cada nervo em seus dedos e até os dedos de seus pés.

Toda ela se achava num desejo quente, picante. Seus lábios sentiam-se como um fraco pimenta, desejando ardentemente uma água fria para trazê-las um pouco de saciedade a sua "sede"...

Sua língua molhou seus lábios, girando-os lentamente.

Suas mãos apertavam gentilmente seus seios de limão siciliano (amarelo), com bicos ficando duros como após um banho frio.

Ela sentia como se mãos invisíveis, todas do Revom, tocando-lhe, acariciando-lhe a pele.

Sua garganta parecia seco, então lembrou de engolir a saliva que se acumulou na boca, e a refrescou.

Lembrou-se então que fazia um minuto que não respirava.

E então, o fez...

Saíram prantos desejosos, como se murmurar, gemer, como o vento tremer nas árvores... mas um som mais angelical que a voz do Revom.

Sua alma parecia querer gritar.

Mas sua voz não correspondia.

Era como se o demônio a tivesse possuído.

Ela levou uma mão até sua região proibida, e então deslizava sobre ela lentamente.

O desejo lhe confundia a mente.

Tudo o que queria era um beijo.

E, por meio segundo, e como se tivesse sentido os lábios quentes e cheios do Revom lhe tocando.

O desejo de seu corpo parecia falar mais alto que qualquer pensamento.

O instinto lhe dominava a alma.

Nada podia fazer.

Disse então, usando toda sua força de vontade:

- Sou sua!

Então, ela viu a imagem do Revom, seu corpo nu na sua frente, se aproximando dela.

Os dois cercados de brumas no vento.

O frio os fazia se aproximar.

- Onde estamos, Rê?

- Estamos no limbo, o único lugar onde seria seguro nos encontrarmos.

O Revom dizia palavras... mas, era seu corpo que estava presente.

Mas, não era ele.

Eram respresentações.

- E aqui sempre poderemos nos encontrar, amor. Em seus sonhos.

Ela dizia, quase chorando:

- Isso é um sonho, Revom?

Revom disse, quase chorando:

- Sim, minha querida. Mas, quando acordar, quero que saiba que sempre nos encontraremos. Entre sonho e fantasia, estarei sempre aqui. No seu coração. Talvez não se lembre ao acordar, mas sempre estarei contigo. E quando sua morte chegar, estaremos juntos novamente.

- Nem mesmo Deus, que é puro amor, poderia ter um sentimento mais intenso e nobre que o nosso.

Ela dizia, quase suplicando:

- Poderia me beijar, antes de acordar?

Ele respondeu com toda ternura:

- Sim...

E beijaram por longos minutos, como se durando mais de uma hora...

E então ela acordou, com um gentil orgasmo. Sabia que não era natural isso... mas, queria investigar de onde havia vindo.

E então se voltou para os livros do monastério.

...

FIM

[Elara]

rsilverblood,

Todos os títulos dos seus contos têm reticências?

Bom, sobre o conto, sinceramente, não é uma das minhas literaturas favoritas. Mas deixando o gosto pessoal de lado, vamos ao texto.

A tentativa de dar vida a um encontro entre alguém vivo e outra pessoa já falecida é a premissa principal, pelo que vejo. O conto alcança seus objetivos, entretanto, as descrições tiram toda a poesia do momento. As frases curtas deixam tudo muito rápido, as palavras utilizadas soam secas para descrever um momento tão especial para a protagonista.

Bem, essas são as minhas impressões. Espero que não as considere como hostis, pois esta não é minha intenção.

Chero!

[laharra]

Oi, rsilverblood, a sua tentativa de passar as emoções do conto em frases curtas foi bem ousada. Admito que gostei. Acredito que a história se passe no seu cenário, o mesmo do outro conto seu que eu li por aqui.

Agora vou fazer algumas considerações. O snif não caiu bem. Soou como história em quadrinhos. E odeio ter de dizer isso, mas a frase "Lágrimas rolavam de seu rosto, caindo como gotas de chuva de verão" ficou bem clichê.

Espero novos contos do seu cenário. Abraços.