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"A legião de mortos-vivos se afastara na noite passada sobre os campos gélidos perto de Silverspire. Um grupo de humanos e uma sacerdotisa élfica da Donzela aproximavam-se.
Encontraram no chão restos de olhos humanos, dedos, ossos, carne, cadáveres gritando entre a morte a vida já infectados pela praga da legião.
Um dos homens encontrou algo no chão... foi se aproximar, para ver o que era. Era uma boneca... cabelos de palha, secos e em pé, costuras demonstrando dedicação e amor, botões quebrados no lugar de um olho enquanto outro fora arrancado... havia pouca lã dentro dela.
O homem olhou para a boneca profundamente, e começou a rir. O grupo estranhou, e chegaram perto dele. Ao olhar para o grupo, não havia brilho em seus olhos, substituído por um sorriso assustador e macabro. Então o sorriso se desfez, e ele começou a chorar de desespero. Ele chorava e gritava como não se vê homens fazerem hoje em dia. Gotas de sangue estavam sobre o corpo da boneca... na distância, se via uma garota pequena gritando:
- Tábatha, Tábatha! Cadê você? - gritava, numa voz mais inocente e pura que o orvalho do último dia de primavera antes do verão...
A sacerdotisa pegou a boneca do homem, de forma gentil, e foi andando até a garota. O homem agora entrara em coma no chão, contorcendo-se. O resto do grupo tentava lhe ajudar, porém somente uma excelente sacerdotisa de primeiro círculo poderia ter chance de curar o homem - e a sacerdotisa do grupo era de segundo círculo.
Quando a sacerdotisa chegou perto da garota, viu o horror: haviam fungos em cima de seu rosto, faltava-lhe um braço - arrancado com brutalidade terrível - e ela ainda possuía um brilho em seus olhos, inocente. Provavelmente fora morta e infectada pela legião na noite passada. Ao ver a boneca, um sorriso lhe alcançou o rosto, fazendo-lhe parecer uma anjinha tão inocente e ainda assim tão distante de qualquer coisa que se assemelhasse com um ser humano.
A garota então perguntou a sacerdotisa:
- Moça! Moça? Poderia me devolver a Tábatha por favor? - disse ela, educadamente e calmamente... parecia até que mesmo a praga dos mortos-vivos não tinha lhe afetado ainda, apesar disso ser impossível em teoria.
- Aahhh, viu uma mulher loira, olhos azuis, alta? É minha mãe. Depois que aqueles malvados foram embora, não vi ela.
O homem do grupo começou a rir ainda mais alto, com desespero ainda mais ensurdecedoramente realista (para a situação).
A sacerdotisa então desenhou um círculo no chão, e dentro (e tocando as pontas) um triângulo. Então, um brilho celestial iluminou a garota e a sacerdotisa, vindo dos céus.
A garota então começou a gritar, numa dor que nem o mais forte e insensível dos homens conseguiria ignorar.
Depois que seu corpo havia terminado de ser queimado - devido a cura - a sacerdotisa levou dois dedos em direção aos céus, e começou a orar.
Aí os céus abriram, estranhamente - coisa que não ocorre, nunca, entre sacerdotisas de segundo círculo (e costuma ser raríssimo entre sacerdotisas de primeiro círculo. Surgiu dos céus uma anja, pequena - era a garota. Ela então disse, com uma voz tão clara quanto um trompete, e mais suave que uma chuva de outono:
- Obrigada, moça... você cuida da Tábatha para mim? Deixa ela num lugar bem bonito, tá?
A sacerdotisa deixou uma lágrima cair no gelo e na neve do local, e tentava esconder um sorriso de gratidão.
Penas caíram do céu. A garota olhou para cima, de onde vinha uma luz quase cegante, dizendo:
- Filha! Volte aqui, temos de ir. - Tinha uma voz mais bonito que qualquer cena na natureza.
E com isso, ela sumiu num clarão de luz, e durante esse tempo o céu se fechou. No chão, a Tábatha (a boneca) havia sido consertada, e em perfeito estado de conservação.
A sacerdotisa pegou a boneca, e a abraçou forte - talvez lhe lembrando de como era ser criança, ou talvez do que de sua mãe.
Não notaram, porém, que todas suas cicatrizes haviam sido curadas completamente..."