[ADULTO]Tábatha e a Legião...

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Mensagempor rsilverblood em 16 Mar 2008, 00:17

AVISO: Essa pequena descrição contida NESSE post é inapropriado para menores de 18 anos, por lidar com descrições gráficas de morte e horror, desespero e dor. Se você considera esse tipo de leitura inapropriado para você mas continua a ler a partir desse ponto, a responsabilidade pelos seus atos não será mais desse fórum.

"A legião de mortos-vivos se afastara na noite passada sobre os campos gélidos perto de Silverspire. Um grupo de humanos e uma sacerdotisa élfica da Donzela aproximavam-se.

Encontraram no chão restos de olhos humanos, dedos, ossos, carne, cadáveres gritando entre a morte a vida já infectados pela praga da legião.

Um dos homens encontrou algo no chão... foi se aproximar, para ver o que era. Era uma boneca... cabelos de palha, secos e em pé, costuras demonstrando dedicação e amor, botões quebrados no lugar de um olho enquanto outro fora arrancado... havia pouca lã dentro dela.

O homem olhou para a boneca profundamente, e começou a rir. O grupo estranhou, e chegaram perto dele. Ao olhar para o grupo, não havia brilho em seus olhos, substituído por um sorriso assustador e macabro. Então o sorriso se desfez, e ele começou a chorar de desespero. Ele chorava e gritava como não se vê homens fazerem hoje em dia. Gotas de sangue estavam sobre o corpo da boneca... na distância, se via uma garota pequena gritando:

- Tábatha, Tábatha! Cadê você? - gritava, numa voz mais inocente e pura que o orvalho do último dia de primavera antes do verão...

A sacerdotisa pegou a boneca do homem, de forma gentil, e foi andando até a garota. O homem agora entrara em coma no chão, contorcendo-se. O resto do grupo tentava lhe ajudar, porém somente uma excelente sacerdotisa de primeiro círculo poderia ter chance de curar o homem - e a sacerdotisa do grupo era de segundo círculo.

Quando a sacerdotisa chegou perto da garota, viu o horror: haviam fungos em cima de seu rosto, faltava-lhe um braço - arrancado com brutalidade terrível - e ela ainda possuía um brilho em seus olhos, inocente. Provavelmente fora morta e infectada pela legião na noite passada. Ao ver a boneca, um sorriso lhe alcançou o rosto, fazendo-lhe parecer uma anjinha tão inocente e ainda assim tão distante de qualquer coisa que se assemelhasse com um ser humano.

A garota então perguntou a sacerdotisa:

- Moça! Moça? Poderia me devolver a Tábatha por favor? - disse ela, educadamente e calmamente... parecia até que mesmo a praga dos mortos-vivos não tinha lhe afetado ainda, apesar disso ser impossível em teoria.

- Aahhh, viu uma mulher loira, olhos azuis, alta? É minha mãe. Depois que aqueles malvados foram embora, não vi ela.

O homem do grupo começou a rir ainda mais alto, com desespero ainda mais ensurdecedoramente realista (para a situação).

A sacerdotisa então desenhou um círculo no chão, e dentro (e tocando as pontas) um triângulo. Então, um brilho celestial iluminou a garota e a sacerdotisa, vindo dos céus.

A garota então começou a gritar, numa dor que nem o mais forte e insensível dos homens conseguiria ignorar.

Depois que seu corpo havia terminado de ser queimado - devido a cura - a sacerdotisa levou dois dedos em direção aos céus, e começou a orar.

Aí os céus abriram, estranhamente - coisa que não ocorre, nunca, entre sacerdotisas de segundo círculo (e costuma ser raríssimo entre sacerdotisas de primeiro círculo. Surgiu dos céus uma anja, pequena - era a garota. Ela então disse, com uma voz tão clara quanto um trompete, e mais suave que uma chuva de outono:

- Obrigada, moça... você cuida da Tábatha para mim? Deixa ela num lugar bem bonito, tá?

A sacerdotisa deixou uma lágrima cair no gelo e na neve do local, e tentava esconder um sorriso de gratidão.

Penas caíram do céu. A garota olhou para cima, de onde vinha uma luz quase cegante, dizendo:

- Filha! Volte aqui, temos de ir. - Tinha uma voz mais bonito que qualquer cena na natureza.

E com isso, ela sumiu num clarão de luz, e durante esse tempo o céu se fechou. No chão, a Tábatha (a boneca) havia sido consertada, e em perfeito estado de conservação.

A sacerdotisa pegou a boneca, e a abraçou forte - talvez lhe lembrando de como era ser criança, ou talvez do que de sua mãe.

Não notaram, porém, que todas suas cicatrizes haviam sido curadas completamente..."
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Mensagempor Jefferson em 16 Mar 2008, 02:46

Heya!

Muito bom companheiro!

Gostei do clima que passou e tudo mais, o texto fluiu muito bem e antes que perceba ele já terminou, deixando uma vontade por mais.

O conto é baseado em algum cenário? O nome citado me é familiar, mas não me lembro de onde...

Geralmente contos de zumbis perdem um pouco do horror na metade, mas quando eles tratam apenas dos zumbis de fato, vida mera descrição de carnificina, o que muitas vezes também é legal! rs...

Mas você escolheu um bom momento, que foi depois da passagem dos mortos-vivos. E a atitude do guerreiro, muitos aqui podem estranhar, mas eu narro Ravenloft e já vi jogadores loucos fazerem pior que isso!

Forte abraço!
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
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Mensagempor rsilverblood em 16 Mar 2008, 19:52

É do meu cenário Etherius. E sim, investi muito nesse conto. A loucura, a dor, e o horror foram temas muito trabalhados nesse conto, porque eu queria algo que fosse MUITO impressionante para o cenário.

MUITO obrigado pelos elogios. É bom ter leitores interessados. ^.^
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Mensagempor laharra em 17 Mar 2008, 14:04

rsilverblood, gostei do seu conto. A forma como você descreveu a loucura do homem e o cenário foram convincentes. Mas será que precisava usar tantos travessões e parênteses no meio das frases? Acredito que não. Em alguns momentos pareceu até que ficou forçado, como no trecho abaixo:

Aí os céus abriram, estranhamente - coisa que não ocorre, nunca, entre sacerdotisas de segundo círculo (e costuma ser raríssimo entre sacerdotisas de primeiro círculo. Surgiu dos céus uma anja, pequena - era a garota. Ela então disse, com uma voz tão clara quanto um trompete, e mais suave que uma chuva de outono:


Além disso, essa explicação de círculos ficou muito técnica. Mesmo sendo um conto baseado em RPG, acho que foi mal colocada. Tirou um pouco da poesia.

Tirando isso, parabéns pelo texto. Abraços. :cool:
Tentando encontrar inspiração para terminar o conto abaixo:
O Som do Silêncio: Parte IV - A decisão
Reger está às vésperas de uma batalha onde decidirá seu futuro. Durante o que podem ser seus últimos momentos com a Espada e com Alyse, ele se pega pensando sobre a validade de suas aspirações. Acompanhe o conto no link a seguir:
http://www.spellrpg.com.br/forum/viewtopic.php?f=24&t=1067
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Mensagempor Lady Draconnasti em 17 Mar 2008, 14:14

rsilverblood

Interessante. Gostei da forma como a sacerdotisa foi mostrada na história e da descrição da criança. Apenas achei, como o laharra, que a quantidade de travessões e parênteses (principalmente os parênteses) quebraram muito do clima.

Quanto ao conto ser adulto, além do aviso, na próxima vez, peço para que coloque a tag [ADULTO] no título do tópico também, mais por uma questão de organização.
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Mensagempor Elara em 17 Mar 2008, 16:26

O conto ficou bom, gostei. Mas creio que alguns aprimoramentos seriam bem-vindos. As explicações técnicas dadas poderiam ter sido transformadas em descrição psicológica, dando um clima ainda melhor ao conto.

Só queria perguntar uma coisinha, se não for demais:^^

As reticências no título querem dizer algo?

Chero!
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Mensagempor rsilverblood em 18 Mar 2008, 17:25

Não, as reticências não querem dizer nada. Era pra ser apenas um conto introdutório a uma aventura do cenário Etherius, porém ele evoluiu e agora já é um conto.

Sim, colocações bem feitas, realmente houve certo exagero em algumas partes do conto quanto a maneira como foi escrita. Obrigado, e espero tornar esse conto ainda melhor. ^ ^
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Mensagempor Doktor Faustus em 19 Mar 2008, 12:38

Acho que sobre o conto, já foi dito quase tudo acima.

Só não achei necessário colocá-lo como adulto. Tem coisa bem pior nesses jornalecos sensacionalistas - vide por exemplo o caso dessa semana da menina que era torturada. Mas, em caso de dúvida, melhor avisar antes mesmo...

Fora isso, acho que você poderia ter explorado um pouco melhor a loucura. Como? Aí já é outra história :bwaha:

Talvez aproximando mais o foco narrativo. Poderia continuar na 3ª pessoa, mas não tão distante das personagens. Uma aula sobre isso é A Metamorfose, de Kafka.
"Não, não são plantas, apenas fingem sê-lo. Mas nem por isso vocês devem menosprezá-las. Pois é precisamente a circunstância de elas pretenderem sê-lo e darem o melhor de si nesse sentido o que as torna merecedoras de todo o nosso apreço."
Jonathan Leverkühn, em Doutor Fausto, de Thomas Mann.
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Mensagempor rsilverblood em 19 Mar 2008, 17:37

Valeu pela dica. Tentarei melhorar isso na próxima. n.n
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