Segue abaixo a parte 6 a 10 de elfos.
Peço desculpa, mas devido a forçar alem de minha responsabilidade me impediram de postar antes. MAs enfim estou postando antes. As datas de postagem não mudarão.
Boa leitura e boa semana para todos.
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Parte VI: Piedade Pelos Amigos
- Então nos encontramos novamente – disse o mago.
- Não – suspirei – você me encontrou.
- Vim te caçar bardo. Não te matar.
- Eu sei – sorri – mas pela ingenuidade deixarei você aqui. Sem cavalos.
- Não farás isso – ele sorriu – tens pena de mim. Não tens coragem suficiente.
- Te encontrarei na estalagem de Logrando – falei – Laurin fica a poucos dias de viagem.
- Um dia de viagem a cavalo Laucian – ele falou surpreso – Isso deve dar uns três ou quatro a pé. Não seja tão cruel.
Guardei a Desoladora na bainha. Sentei-me ao chão frio e passei a refletir. Vi Lorien impaciente enquanto começava a desamarrar os cavalos. Vi o garoto sentar-se também.
- Nunca vi uma divindade tão irada – falou o mago.
- Como? – explanei.
Será que ele sabia? Será que eu tinha deixado escapar? Será que eu falei algo para ele? Não. Eu não havia falado nada. Ele só podia estar brincando com algo, ou fazendo uma figura de linguagem. Era isso. Ele não sabia de nada.
- A nevasca, ela escolhe seu destino – ele suspirou – por ela escolher quem vive e quem morre isso a torna deus. E ela está chegando. Vê?
- Realmente. Está vindo da montanha com uma velocidade incrível – falei levantando – Lorien, traga os cavalos. Estamos de partida.
- Tu vais me deixar aqui? – perguntou – Para morrer na nevasca?
- Você é forte, criança. Vai sobreviver. Agora, até Laurin.
Peguei meu cavalo e montei. Passei a andar enquanto o mago levantava em direção ao seu próprio cavalo. Em uma mudança de passo, passei a sua frente e em um movimento rápido saquei meu sabre e cortei a garganta dos dois cavalos que ainda estavam amarrados. Lorien me olhou com um ar de reprovação, na realidade não vi a sua face, mas acredito que ela tenha olhado dessa maneira. Não ligo.
Parte VII: Na Busca Pela Liberdade
Algum lugar no reino elfíco
Um século antes da queda.
Lirismo puro, as aves cantando, o vento soprando, as árvores balançando. Illumus se punha por traz das montanhas indo a leste, expulsando Aslorg enquanto o mesmo invadia Taragun pelo oeste. A harpa na minha mão quase se dedilhava sozinha, enquanto as ruínas do “Primeiro Vilarejo” eram maravilhadas pelos meus olhos.
Foi a voz harmoniosa de minha adorável progenitora que me tirou do relapso desligamento.
- Sabe – exclamou – eu vinha aqui quando precisava pensar sobre nosso reino.
- Imagino – respondi.
- Em breve seu pai passará a coroa para você – suspirou enquanto sentava-se ao meu lado.
- E se eu não aceitar?
- Laucian, você não tem escolha, a coroa será sua.
- Meu irmão a terá – rosnei – não eu.
- Não, seu irmão é muito novo. Você é quem conhece o mundo, você é que receberá a coroa.
- Não serei eu que ficarei preso pelas minhas obrigações.
- “Serás tu, meu filho, meu primogênito, o único herdeiro do trono de meu reino. Pois tu és a minha sombra, tu és o meu reflexo, és tudo que fui. Agora tu serás aquele que irá governar sob as estrelas, sob a luz de tua mãe. Enquanto teu irmão governará o falso reino que pensa que lhe pertence, pois ele é a sombra de meu opositor. Tu serás o rei de todos os elfos.”
- Illumus para Ilumithar, do livro sagrado.
- Não meu filho, Aslorg para Xau’Dranei.
- Como assim?
- Illumus recriminava todos os elfos. Chamava os de fracos. Já Aslorg era pai de todos os elfos, dizia que nós éramos os donos de Taragon.
- Quer dizer que...
- Que o rei do elfos é um elfo da noite, um drow.
Levantei em espanto não sabia o que fazer. Então as escrituras eram falsas, não, a interpretação era errônea, eu lera só não havia percebido.
- Agora que não posso aceitar a coroa, tenho de caçar o verdadeiro rei. Destrona-lo e então poderei descansar em paz.
- Meu filho, o verdadeiro rei já morreu faz eras. Mas ele deixou descendentes, muitos por um acaso.
- Quem são eles?
- São aqueles que dominam Taragon em sua extensão. São aqueles que se reproduzem rápido e destroem a natureza como gafanhotos.
- Diga logo, não brinque comigo.
- Eles são os humanos. Donos de toda Taragon. São eles que herdaram o reino de Aslorg. Não nós tolos e fracos elfos. Não vê, são as sombras que comandam esse mundo. Seu pai é rei e nada comanda, sou eu quem sussurra palavras para seus ouvidos. Sou eu quem lidera o povo. Se deseja a verdade parta de nossa terra e volte em três mil e seiscentas dezenas.
- Partirei, voltarei em um século, para receber meu reino. Quero conhecer em exatidão aqueles que serão os donos do chão que pisamos.
- Filho volte para pegar o trono, mas garanta que do seu lado esteja alguém que mereça a coroa.
Dali eu parti, não deveria voltar antes de um século, mas voltei para pegar uma pessoa, nunca me arrependi de ter negado aceitar a coroa de meu reino. Decidi que vagaria por todo continente, minha primeira parada seria em uma cidade anã conhecida como Posto do Vigia. Parecia-me ser o primeiro caminho para se conhecer o norte.
Parte VIII: Aos Muros de Laurin
“A águia voa para o norte” pensei alto. Talvez o lugar me remetesse a pensamentos passados, ou talvez não. A colina a leste da cidade portuária dava uma boa visão estratégica da cidade. A cidadela antiga mantinha os baixos muros, enquanto a burguesia crescia e expandia-se até a muralha dourada. A região pantanosa envolvia a cidade, apenas a parte entre os portões e a colina ficava totalmente emersa.
A muralha foi o ponto que garantiu a sobrevivência da cidade durante a época das sombras. Ela apresentava uma coloração áurea e um brilho só ultrapassado pelo próprio Illumus. Alguns dizem que foi ele mesmo que abençoou a muralha, ou dizem que foi Aslorg para impedir que seus antigos servos a atacassem, acredito que foi um mago poderoso que previu o quê estava por vir. Mas a única coisa que posso dizer com certeza é: ela virou dourada na época das trevas.
A estrada corria pelo meio da planície e se dividia antes de começar a subir a colina. A primeira parte seguia pelo sul levando a Carintash, a outra levava ao norte passando perto das ruínas de Cratos e levando até Ponte Azul. O trecho norte definia uma das maiores rotas comerciais da Costa dos Ventos, trazendo especiarias e arte do norte, levando armas e peles.
Ali em Laurin se encontrava o novo e o antigo de uma maneira bem simples: o que sobreviveu, fica. Os antigos mandamentos, as antigas virtudes, as antigas leis reinavam na cidadela. Mas na cidade a história era diferente. Deveres não existiam e direitos eram cobrados. Ficar muito tempo nessa cidade era “ou morte, ou sorte”, tudo dependia dos seus amigos e de sua lábia. Eu tinha as duas, e devia muito para muitos, e nunca entrava na cidade com o mesmo rosto e nunca usava meu nome verdadeiro e... acho que você já deve ter entendido minha situação em Laurin.
Foi meu próprio sabre que cortou o longo cabelo prateado. Foi ele também que rasgou um pouco de minhas roupas e fez alguns ferimentos profundos nos braços. Apaguei a fogueira, tirei Lorien do revés e passamos a caminhar até a estrada. Os cavalos estavam mortos, não sobreviveram à nevasca. Esperava que Leon tivesse encontrado um destino diferente de minha montaria, não gostaria de perder mais um amigo.
Descemos à colina nevada a passos rápidos. Ao pé da montanha procuramos novamente a estrada de pedras. Demoramos um pouco, mas outros dois olhos bem treinados como os nossos não teriam feito melhor trabalho. Não sei se foi o calafrio ou um suspiro do vento, mas algo de estranho estava acontecendo. Soltei o sabre da bainha, e mantive minha não em sua guarda.
Senti um vulto passar pela minha direita. A velocidade era incrível algo mágico provavelmente. Simplesmente o vulto parou a nossa frente. Era O Mensageiro. Seu sorriso falho, suas cicatrizes, suas mãos calejadas, seus pés tortos, era O Mensageiro.
- Senhor – falou reverenciando – Trago uma mensagem do norte, espero agradar àquele que guia meus passos. Trouxe-a mais rápido que pude.
- Sim você agrada àquele que conduz pelas estradas – respondi – agora me dê a maldita mensagem.
- Sabia – replicou – O Mensageiro nunca erra seu destinatário.
Retirou um pergaminho do manto e entregou-me, reverenciou e sumiu deixando-nos perplexos com o repentino desaparecimento.
- Quem era aquele homem? – perguntou Lorien.
- Era “O Mensageiro”. Ele leva mensagens para quem pode pagar – expliquei – antes da queda ele era um clérigo de Tabard, hoje não segue a ninguém a não ser a ele mesmo.
- É um homem perigoso?
- Não se ele tiver a quem entregar uma mensagem – suspirei – mas se mensagem for de morte ele fará o possível para que ela seja entregue.
O silêncio era incômodo, a respiração era inconstante os batimentos cardíacos eram rápidos. O medo corrente por entre as estradas levava o mais corajoso dos guerreiros sagrados à loucura. O vento ainda soprava do mar deixando o cheiro de água salgada cada vez mais forte. Era o vento que assoviava.
- Temos que andar rápido – exclamei – cavaleiros da coroa se aproximam pelo leste.
- Leste?! A leste há apenas destruição e...
- Exato. Destruição e mercenários, incluindo aqueles que matamos.
- Certo – concordou – mas o que há na mensagem?
- Nada. Hei de saber quando passar pelos muros de Laurin.
Não precisei falar mais nada, ela começou a caminhar, apenas segui seus passos. Foram quase cinco horas de caminhada até os portões de ferro sólido. Meus passos seguiam estritamente pelo caminho de pedra, afinal não queria que uma pisada na água às margens congeladas do pântano acordasse algum morto-vivo adormecido.
Foi a corneta da cavalaria que soou as nossas costas quando chegamos ao portal enferrujado. Virei para olhar o que acontecia. Vi o pior. Quasit’du, o Branco, sobrevoava a cavalaria real, ou como se declaravam, A Aliança Dourada.
Parte IX: Quasit’du, O Branco
Algum lugar nas montanhas do sul
1 A.q
- Entre silenciosamente e veja se tem alguém – falou o aventureiro – se for uma pessoa adormecida pegue seu dinheiro.
- Ouvi dizer que tem dragões nessa área – falou o outro que vestia um camisão de cota de malha.
- É bobagem. Dragões não existem! – exclamou o terceiro que entrava na nossa caverna.
- Não sejam tolos! Isso é um covil de dragão – falei saindo das sombras com o resto de meu grupo.
Tínhamos saqueado um covil de dragão. Um covil de dragão, e pela aparência era de um dragão branco. Na verdade nem se quer tínhamos encontrado o dragão. Mas nossa sorte estava para mudar.
- Covil de dragão – riu o primeiro – isso não é um conto de fadas...
Sua fala foi interrompida pelo dragão de cor metálica que o engolia. E se punha de modo amedrontador em nossa frente e nossa única saída. A minha espinha gelara, o segundo aventureiro caíra no chão o terceiro fugira para dentro da caverna. Sacamos as armas, mas em vão. O dragão assumira uma forma humana de um mago velho e barbudo.
- Sou Quasit’du – apresentou-se – também conhecido como O Branco. Vocês invadiram meu covil. Roubaram parte de meus bens, e ainda clamam por sua vitória.
- Eu sou Galiard...
- Eu sei quem és Galiard de Mageradom, filho de Finoliod, és futuro Rei do Norte. Seu pai está à beira da morte. E ainda me pergunto o que faz aqui no sul.
Nosso amigo caíra no chão perplexo.
- Noticias viajam rápido no continente – sorri.
- Não Laucian – retrucou o dragão – Eu viajo rápido. Vocês invadiram minha moradia enquanto eu matava aqueles que a invadiram pela primeira vez.
Estávamos todos perplexos imaginando como morreríamos, quando o dragão chegou perto de mim sorrindo.
- Entenda que não lhes desejo mal, porém não posso deixar que saiam com mais de um objeto meu, cada – sorriu.
- Qual o porém Quasit – retrucou Merion.
- “O porém” é – suspirou – serão meus espiões em Laurin. Deverão me ajudar a destronar o atual rei.
Parte X: Quando o Portal Cai
Estava ali entre ferro e fogo. Buscando minha integridade. Principalmente física, porque a moral eu havia perdido em algum dia. Era a cidade de alguém que buscava vingança por seu pai assassinado, ou um dragão enfurecido e raivoso que buscava vingança por um trato mal interpretado. Foi o dragão pousando em pleno campo aberto, foram os cavaleiros correndo em direção ao portão de ferro. Foi o vento sussurrando morte, foi minha mente gritando por socorro.
Quando o dragão se transformara em um velho mago de barbas brancas eu mentalmente escalava a muralha. Sua caminhada frígida e calma em minha direção me deixara horrorizado enquanto, seus olhos brancos me deixavam paralisado. O vento frio que era emanado em minha direção me atormentava. O cajado cinza me iludia, enquanto os trajes de urso branco não me animavam.
Foi o tempo mais atordoante de minha vida. O bafo gélido da morte chegando mais perto de meu corpo, a fria lâmina da vingança cutucando minhas costas. Minha vontade de voltar para o norte onde meu amor me espera. Meu desejo de ver meu filho. Talvez fosse um último momento de sorte, mas eu não consegui encontrar minha arma.
A voz do dragão saia gélida enquanto falava.
- Você me enganou elfo. Humilhou-me na frente de minha honra. Deixou-me descrente de tamanha estupidez. Sinto-me um tolo.
- Sinto muito se sou melhor que você em traição – minhas palavras saíram sozinhas – devo dizer que é mesmo um tolo, um velho dragão tolo.
Porque falei aquilo não sei, mas falei, e quando falei o rosto do dragão resplandeceu raiva. Virou de costas, voltou a sua forma réptil e ele saiu voando em direção ao leste. Em minha opinião foi se esconder em sua toca.
Bom pelo menos agora era só a lâmina da vingança que me incomodava. Sentia-me desacreditado que o rei procura vingança por eu ter mandado assassinar o seu pai. Fiz-lhe um favor, e quase estraguei minha vida. Sinto-me um pouco envergonhado por ter pedido esse favor para quem depois seria minha esposa, mas pedi.
Virei para o portão bati três vezes, na portinhola de madeira, e esperei ele abrir. Esperei alguns minutos para que o portal de entrada fosse liberado e logo pude entrar, para ser barrado por alguns guardas mal pagos.
- Nome? – o primeiro falou.
- Aramil e esta é Lia.
- O que desejam em Laurin? – falou o segundo.
- Viemos em busca de abrigo contra os perigos do mundo lá de fora.
- Quando pretendem sair – perguntou suspirando o terceiro.
- Em uma dezena – respondi tirando quatro moedas de ouro da algibeira.
- Certo, sejam bem-vindos a Laurin – sorriu o último guarda.