O lado negro da mente, Parte II

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O lado negro da mente, Parte II

Mensagempor Frost em 05 Mar 2008, 21:14

Sim, Frost também escreve contos, não apenas fica chateando todo mundo pelo forum! Não sei se são bons ou não, vocês decidem.

Falando sério agora, sempre me interessei por histórias, livros, coisas do tipo, mas nunca me imaginei com capacidade para fazer algo, até que há algum tempo eu tomei coragem para escrever um conto, espero que gostem ou ao menos digam o que eu errei.

O tema não é algo comum (eu acho) por aqui, o velho oeste, mas o conto de maneira alguma se trata de um bang bang desenfreado, também sou um fan de suspense e tentei misturar as duas coisas, se deu certo ou não, quem ler é quem decide.

Aqui vai:

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O lado negro da mente

Às vezes nem os olhos abertos ajudam a compreender uma determinada situação. Em certos momentos eles servem apenas para confundir ainda mais, contradizendo com o que sua cabeça deseja acreditar, vendo coisas que não deviam estar ali.

Era isso que acontecia com Roy naquela noite, mas não apenas a visão contribuía para confundi-lo, os ferimentos e a fraqueza também o deixaram assustado. Como ele foi parar ali? E talvez algo mais importante, que diabos de lugar era aquele?

Não conhecia aquela estrada, não conhecia aquelas arvores mortas, aquela poeira, aquelas rochas, nem a vegetação rasteira, mas isso não era o que mais o perturbava, mas sim o que iluminava a existência dessas coisas: o fogo que queimava restos de corpos e carroças que se espalhavam por toda estrada e além dela.

Os rostos estavam desfigurados demais para serem reconhecidos, as carroças destruídas demais, não havia nenhum sinal de cavalos, não havia nada que ele conhecia, até que seus olhos foram ao encontro de Clara, ela estava a poucos metros, jazia inerte próximo a uma rocha. Roy tentou se aproximar, foi então que notou que estava caído, seu casaco estava sujo com alguma coisa e suas pernas eram como um fardo que ele não conseguia carregar.

Arrastar-se com a ajuda apenas de seus braços era como escalar alguma coisa, porém ainda mais difícil devido a seus ferimentos, era como se suas mãos pegassem fogo sempre que forçavam o chão. Foi uma luta difícil, mas no final ele chegou até Clara. Não podia abandoná-la ali, ela havia salvado suas vidas inúmeras vezes, deixá-la seria como deixar uma parte de si mesmo. E após a duvida sobre os pedaços que havia visto, se alguns deles não eram seus, não podia arriscar perder mais nada. Finalmente conseguiu colocar suas mãos em Clara e a analisou totalmente, algo faltava.

Ela estava descarregada.

Um ruído próximo tirou sua atenção da arma, aparentemente, alguém também se encontrava confuso. Era um homem que já aparentava mais de meio século, sua barba e o que restava de seu cabelo já se encontravam em um meio termo entre o cinza e o branco. Estava tão sujo quanto o outro, embora ferido em uma hemorragia terrível. Roy percebeu nesse momento de quem era uma das pernas que vira ao acordar.

— Ah! Droga, bastardos, olhe o que fizeram! Eu sabia que eles viriam, mas de onde? Foi tudo tão rápido!

O velho parecia dizer mais para si mesmo do que para qualquer outro, mas ficou apreensivo quando escutou o galopar de cavalos em algum lugar próximo. Roy só conseguiu distinguir o som dos estalos do fogo quando o outro silenciou.

Chegaram tão rapidamente perto dos dois feridos que ambos se surpreenderam. Os homens montados eram sete no total, o que os liderou desceu de seu animal e retirou o chapéu, o que fez Roy perceber que também utilizava um. Seus dentes eram podres e seu rosto suado, seus olhos eram fundos e negros, o cabelo lembrava capim já morto, em suas costas carregava uma carabina, muito parecida com Clara. Roy fitou-o por alguns segundos e então se lembrou vagamente de quem era o homem, seu nome era Bob Conrad.

— Woaah. Que confusão os senhores aprontaram aqui, não é mesmo? — disse Conrad olhando mais para Roy do que o velho. — Cheguei a pensar que o ouro também tinha ido junto com toda essa gente.

Roy não conseguia entender sobre o que o homem estava falando, nada fazia sentido para ele naquele momento. A não ser as dores dos ferimentos em si mesmo que ele começava a diferenciar a origem. A dor na lateral de seu corpo provavelmente viera de algumas costelas quebradas, algumas pontadas de dor em alguns lugares diversos surgiram de algumas concussões e sua perna foi definitivamente baleada.

— Monstros, foram vocês que fizeram isso! — O velho manifestava uma raiva que parecia superior ao que ele podia suportar.

— Sim, fizemos, perdemos muitos dos nossos no processo, mas a tristeza que sentimos por eles agora vai desaparecer em breve quando ficarmos com suas partes da pilhagem. — Conrad parecia se divertir.

— Malditos! Olhem para o que fizeram, será que não têm família?

— Não sei quanto aos outros, mas depois de hoje, se eu quiser poderei comprar uma.

Repentinamente, o ancião surpreendeu novamente Roy ao tentar se levantar e ir ao encontro de Conrad, com sua fúria maior que si próprio. Entretanto, nenhuma fúria consegue ser maior que uma bala, para ser mais exato, uma bala que entra em um lado da face e sai pelo outro deixando uma cratera quatro vezes maior. Conrad guardou a carabina novamente em suas costas. Aquele foi o momento em que Roy pareceu conhecer os outros homens que estavam lá.

Sabia que um deles era o responsável por conseguir pólvora, era um homem instruído e falava muitas línguas. Outro era um mexicano, mal falava inglês e sabia contar apenas até seis, o necessário para recarregar e recomeçar a matança. Os outros ainda eram desconhecidos, pois também as chamas já começavam a se apagar e a escuridão tomava conta de todos.

— Roy, você vem comigo agora. — Não era surpresa, se Roy conhecia Conrad a recíproca também era verdadeira.

— Nãao.... eu.... — O som da própria voz era estranho para o homem ferido, então ele decidiu permanecer no silêncio.

— Ah! Quem você acha que é para discutir? Para casa é que você não vai, isso se tiver uma.




Os sete homens haviam deixado uma carroça em um lugar próximo, Roy viajava jogado atrás de uma delas, outras pessoas também feridas estavam a seu lado, as infecções que podiam surgir dali eram inúmeras. Um dos homens havia levado Clara.

— Você vai simplesmente deixa-los levarem você? Deus sabe o que diabos vão fazer quando chegarmos vai saber onde! Seremos reféns com certeza, mas depois disso seremos inúteis! — Um homem que parecia ter morrido há dias era o dono dessas palavras. Roy pensou tê-lo reconhecido, qual era mesmo seu nome? William? Travis? Ele não conseguia lembrar, mas pelo que pouco conseguia recordar ele já devia estar mesmo morto, mas não tinha tempo para debates sobre vida e morte, queria apenas descansar.

— Hey, você é um tolo sabia? Alguém quer salvar sua vida aqui, eu já estou ferrado! — Tudo que Roy queria era que o homem ficasse quieto. — Esse cara morto aqui do meu lado tem uma arma na cintura, você sabe atirar não é? É claro que sabe, hoje eu vi você matar muita gente, não venha me negar isso. Você é dos bons.

O homem ficou quieto depois que Roy pegou a arma e a escondeu sob o casaco, ao contrário de Clara, estava carregada.




— Jonas, Stuart e Michael morreram. — informou o homem que conseguia a pólvora. Roy acordou e olhou para os outros deitados na carroça e para o homem que os analisava, apenas ele estava se mexendo, ao seu lado o que havia falado com ele antes de adormecer estava calado até demais. Seu nome não era nem Jonas, Stuart ou Michael, até onde Roy conseguia se lembrar.

— Roy, você está bem? — Conrad apareceu para verificar e notou que ele era o único a se mover. Então estendeu a mão.

Aquele gesto, estender a mão, era uma marca de Conrad, não, na verdade, a marca era a pistola de carga única por baixo da manga que ele utilizava em seus cumprimentos covardes. Roy sabia que estava ferido demais, sua união com os mortos apenas piorou sua situação, seja lá o que Conrad preparava para ele, não seria mais possível, era dia, as montanhas estavam distantes, assim como as cidades, Roy morreria até lá.

— Foi o único a agüentar até aqui, considere-se um homem de sorte! — Conrad ainda estendia a mão.

— Talvez... um pouco de sorte para mim... — Roy tentou dizer. — Mas não para você. — Disse numa calma como se estivesse lendo uma receita de torta, então sacou a arma escondida com destreza. Alvejou Conrad, o homem da pólvora e um terceiro que não conseguia se lembrar, antes que esses pudessem perceber o que havia se passado. Arrastou-se para fora da carroça e olhou para onde os homens haviam acampado. Nenhum deles parecia estar a caminho, talvez tenham pensado que os tiros pertenciam a Conrad e os outros com a finalidade de matar os doentes como ele. Estavam enganados, Roy pensou, os tiros não pertenciam a Conrad nem aos outros homens, mas as balas agora eram deles.





A perda de consciência já se tornara algo comum. Roy sabia que havia caminhado o máximo que pode naquele deserto. O sol havia esquentado tanto sua cabeça que ele não mais se importava, pensamentos fluíam em seu cérebro de forma desordenada como um quebra-cabeça.

Ele caiu mais uma vez, primeiro de joelhos, depois de todo o corpo, mas antes que navegasse pelo rio da inconsciência, conseguiu amontoar algumas peças de suas lembranças:

Estava em seu cavalo, Clara em mãos, uma caravana passaria por ali a qualquer momento.

— Temos homens infiltrados. — O homem no outro cavalo disse. — Eles sabem o sinal.

— Soube que há um grande carregamento de pólvora na caravana, além do ouro. — Disse Roy.

— Sério? Então eles deviam trazer mais homens com eles.

— Acho que já estão em grande número.

— Não o suficiente.

— Humph... De todo modo, vou preparar para dar o sinal. Deseje-me sorte.

— Boa sorte. — Disse Bob Conrad.

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Bom, é isso, espero que não tenha sido tempo gasto em vão.
Sinceros agradecimentos pela leitura,

Frost
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Mensagempor Elara em 06 Mar 2008, 14:04

Frost,

Uma pergunta: por que não começou a escrever antes? Você tem talento. Lembra-me outro user que sempre escrevia histórias de faroeste na antiga Spell: o Nash_rj.

Só há uns dois ou três erros de pontuação, mas nada que interfira no entendimento.

Esse conto é parte de alguma outra história?

Chero!
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O lado negro da mente, Parte II

Mensagempor Frost em 06 Mar 2008, 19:01

Vlw Elara! Confesso que já tentei escrever antes, mas nunca tive tanta paciência para isso, mas agora isso está mudando, eu acho.

Erros de pontuação, sempre escapam um ou outro.

Na verdade, eh um pouco baseado em uma aventura que pensei em narrar mas nunca cheguei a fazê-lo.

Bom é isso, obrigado por ler!
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Mensagempor laharra em 10 Mar 2008, 22:52

Muito legal, Frost. Adoro Western e você retratou bem o ambiente.

Cara, que sacada genial a introdução de Clara... Queria ter escrito isso... :cool:

Como Elara falou, só em duas frases de efeito você deveria ter colocado um ponto ao invés de vírgula.

Também sinto falta dos contos de Nash_Rj. Talvez você, Frost, pudesse assumir o posto de escritor de Western? :victory:

Bom, mas mudando de assunto, você já assistiu Deadwood? Se não, deveria.

Abraços.
Tentando encontrar inspiração para terminar o conto abaixo:
O Som do Silêncio: Parte IV - A decisão
Reger está às vésperas de uma batalha onde decidirá seu futuro. Durante o que podem ser seus últimos momentos com a Espada e com Alyse, ele se pega pensando sobre a validade de suas aspirações. Acompanhe o conto no link a seguir:
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O lado negro da mente, Parte II

Mensagempor Frost em 12 Mar 2008, 20:18

Também sinto falta dos contos de Nash_Rj. Talvez você, Frost, pudesse assumir o posto de escritor de Western?

Bom, mas mudando de assunto, você já assistiu Deadwood? Se não, deveria.


Assumir um posto tão importante, posso fazer o possível!

Confesso que gosto de filmes westerns, mas nunca vi esse, vou providenciar, mais uma vez, vlw!
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O lado negro da mente, Parte II

Mensagempor Doktor Faustus em 19 Mar 2008, 13:24

Gostei bastante do conto também. Muito bem construído, sem deixar pontas soltas que poderiam atrapalhar o entendimento no término.

Também adorei a Clara...

Espero ver mais trabalhos seus por aqui.
"Não, não são plantas, apenas fingem sê-lo. Mas nem por isso vocês devem menosprezá-las. Pois é precisamente a circunstância de elas pretenderem sê-lo e darem o melhor de si nesse sentido o que as torna merecedoras de todo o nosso apreço."
Jonathan Leverkühn, em Doutor Fausto, de Thomas Mann.
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O lado negro da mente, Parte II

Mensagempor Frost em 24 Abr 2008, 23:23

Já havia feito essa parte e só agora coloco aqui, espero que gostem.

Parte II

John, você não tem jeito mesmo. — O velho brincava com o amigo que guiava a carroça ao lado. O companheirismo e o senso de humor faziam com que aquele grupo de pessoas viajasse por aquelas estradas durante tanto tempo.

Era o terceiro dia de uma jornada demorada, não podiam ir rapidamente, pois carregavam bastante produtos, na lista constavam: materiais para construção, suprimentos, ouro e pólvora. Os que possuíam segundas intenções sabiam apenas do ouro, mas tudo bem, era só isso que precisavam. Algumas horas se passaram desde que anoiteceu, não era mais possível ver as luzes da última cidade por qual passaram. Isso era bom, uma vez que demonstrava o avanço dos viajantes, isso era mal, porque agora não era mais possível para ninguém escutar seus gritos.

— Burlew, há anos que o vejo viajar por aí, sei que já acumulou o suficiente para viver tranquilamente o resto de sua miserável vida. Não entendo seu motivo para continuar com isso. — O jovem agora falava com o velho no mesmo tom de voz amigável que o outro.

— Hahahaha... Quando se viaja muito, você conhece vários lugares, nesses lugares, você descobre coisas que começam a fazer parte de sua vida. Então quando você menos espera, não consegue mais viver sem aquilo. — O velho parecia esquecer tudo a sua volta enquanto falava. — Algo parecido aconteceu comigo, mas não foi nada que conheci em minhas viagens que chamou minha atenção. Foi a própria viagem. Não sei mais se consigo viver uma vida pacata, não sei se consigo viver uma vida em que o lugar mais longe que você vai é o mercado do outro lado da cidade, ou na igreja perto de sua casa.

Eles não viam, mas longe de seus olhos e ouvidos, nas montarias mais atrás, os indivíduos com segundas intenções faziam o que vieram planejando há semanas. Pegavam suas facas, machetes e punhais, então avançavam devagar pelas costas ou lados de pessoas que até então os viam como companheiros. Um gato pulando um muro certamente faria mais barulho. Os corpos eram colocados rapidamente para fora da estrada, antes que os outros notassem. Os assassinos eram cuidados, avaliaram cuidadosamente o momento da noite em que todos estariam mais cansados e desatentos. Tudo ia conforme haviam previsto.

Então, um dos viajantes demorou demais para morrer, o suficiente para ver o que acontecia, o que assustou seu algoz, fazendo com que esse retirasse o punhal e fitasse os olhos do homem, esse, já sem forças, caiu de lado do cavalo e ficou preso pelas botas no estribo, o barulho alertou as outras vítimas em potencial.

— Bandidos! Estamos sendo atacados! — Um jovem bradou para todos que pudessem ouvir. O plano havia fracassado, não totalmente, mas agora não havia mais opções para os fora-da-lei a não ser sacar suas outras armas, as que faziam barulho.

— Ouviu isso John? Parece a voz de Nathan. — O velho estava distraído demais para escutar com clareza o que seu companheiro havia gritado.

— Não creio que tenha sido importante, talvez tenha apenas gritado para os outros, acalme-se Burlew, conte-me mais sobre suas viagens. — O jovem parecia calmo.

— Não John, Nathan não é tolo o suficiente para gritar por qualquer motivo fútil. — O velho olhou para trás procurando enxergar alguma coisa, mas quando se virou para o parceiro de viagens ao lado, esse apontava uma pequena espingarda de cano cerrado para seu peito.

— Realmente, Burlew, Nathan não é tolo. E agora você tem que morrer.

— John, não entendo...

— Vai ter tempo para pensar sobre isso durante a viagem em que vai embarcar. Sua última.

Antes que o velho pudesse dizer qualquer coisa a fumaça se espalhou e Burlew caiu inerte, estava vivo, não sabia como, mas não podia fazer nada e não mais notava o que acontecia ao redor.

Quando John ia conferir o estado de seu ex-companheiro, escutou algo, então virou-se para o horizonte, um homem vinha à cavalo, chapéu, casaco, carabina em mãos, só podia ser uma pessoa. Roy Blackburn.

— Acabei de ouvir um disparo, o que você fez? Deveríamos permanecer com cuidado até chegarem perto de onde eu me encontrava, para que pudesse dar o sinal.

— Esqueça, vamos ter que fazer por nós mesmos, já sabem que estão sob ataque.

— Merda Ferguson, será que sempre sou eu que tenho que fazer tudo?

A conversa não pode continuar, os disparos ficavam mais altos, os viajantes trocavam tiros com os bandidos e se aproximavam cada vez mais de onde os dois homens estavam. Estes sacaram suas armas.

Os cavalos fugiam e os corpos tombavam, mas os bandidos estavam em maior número. Nathan desferiu precisos quatro tiros em quatro alvos que agora não podiam mais revidar. Quando avistou os dois homens que sacavam as armas, atirou contra um deles. Johan caiu de costas com um buraco no peito, agonizando, sem poder dizer nada, assim como Burlew.

Os outros fora-da-lei então dispararam, Nathan entrou na carroça e se abaixou para que pudesse recarregar, olhou bem para o conteúdo que havia no local e pegou uma das tochas presas com cuidado ao veículo ao sair. Roy atirou, os projéteis acertaram as cordas que prendiam os cavalos, esses correram e a carroça tombou, os barris esvaziaram todo conteúdo dentro da diligência e pelo chão próximo. O disparo de Nathan foi mais preciso, Roy foi ferido na perna, assustou-se com a dor e caiu de seu animal, batendo violentamente no veículo ao lado. Outro bandido atirou, Nathan tombou, mas ainda estava consciente o suficiente para tirar o outro de ação, então quando se virou para ver a situação do homem que caíra do cavalo, este já estava em pé, quase ao seu lado, apontando a arma.

— Idiota, o ouro que carrega vale sua vida? — Roy mal conseguia ficar em pé devido aos ferimentos.

— Não....Mas tampouco eu poderia viver sabendo que bandidos miseráveis o tomaram de nós.

— Então isso não vai ser um problema não é mesmo? — O contentamento no rosto de Roy era evidente, mas por algum motivo, o mesmo contentamento estava desenhado no rosto de Nathan.

— Por que está assim? Feliz por que vai morrer? Feliz por eu tirá-lo de sua miséria?

— Se não tivessem tão preocupados em conseguir o carregamento de ouro o mais rápido possível, talvez soubessem que não levamos apenas isso.

O contentamento no rosto de Roy desapareceu. Ele se lembrou da pólvora. Então não era um boato.

— A confusão e o tombo da carroça espalharam pólvora por toda parte, ainda há mais alguns barris nela, há mais que o suficiente para nos enviar aos braços do Senhor e de volta para cá.

Sem dizer mais nada, Roy disparou a última bala de sua carabina no peito de Nathan, que apenas deixou a tocha cair em meio a pólvora que se misturava com a terra e o chão.

Enquanto o fogo se espalhava Roy correu o máximo que conseguia, mas não encontrou seu cavalo. Burlew nesse momento tentava se recompor, mas era tarde. A explosão pegou todos que ainda estavam de pé de surpresa, o fogo não atingiu Roy diretamente, mas os estilhaços o acertaram e ele se desequilibrou, sua cabeça foi de encontro ao último vos veículos na estrada.


* * * *


Dessa vez estava sobre a garupa de uma montaria em movimento quando acordou. Alguém desconhecido o carregava, este alguém pareceu notar quando Roy acordou.

— Bem-vindo de volta fora-da-lei. — O homem parecia se divertir com as palavras. — Pelo visto, você passou por maus bocados, não é mesmo parceiro?

Roy não conseguiu responder. Ficaram calados por mais alguns minutos, até que disse:

— Foi você... que curou meus... ferimentos?

— Não me agradeça, fiz apenas o possível para que chegue com vida até a cidade.

— Por quê? Por que está me ajudando? — Roy parecia confuso.

— Ora? — O homem não escondeu o sorriso. — Pagam mais pelo prisioneiro quando está vivo para poder ir para a forca, assim a população assiste com os próprios olhos a justiça ser feita. È mais interessante, não acha? Roy Blackburn.


Fim da parte II
Editado pela última vez por Frost em 25 Abr 2008, 20:12, em um total de 1 vez.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 25 Abr 2008, 14:31

Frost, procure postar as partes de um mesmo conto em um único tópico, para evitar que fiquem tão dispersos.
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Mensagempor Frost em 25 Abr 2008, 20:13

Realmente, coloquei o link da parte 1 para facilitar a leitura.
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Mensagempor laharra em 26 Abr 2008, 14:25

Frost, essa segunda parte também está muito boa, mas em comparação com a primeira caiu um pouco. O que salvou mesmo foram os diálogos. Me lembro que elogiei a pontuação quando li a primeira parte, mas nessa você abusou de alguns períodos longos. Pelo menos uns três parágrafos foram escritos em um período só. É bom você dar uma olhada nisso no próximo post. :cool:
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Mensagempor Frost em 26 Abr 2008, 14:30

Obrigado Laharra, vou prestar mais atenção na próxima vez.
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Mensagempor Elara em 28 Abr 2008, 16:05

Frost,

Essa parte parece ter alguma correlação com a primeira, mas se isso for verdade, ficou um pouco confuso.

De todo modo, acho que a descrição do "fight" ficou muito corrida.

E, finalizando, não gostaria que eu mesclasse esse tópico com o da primeira parte? Sabe, é um padrão da seção. XD

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Mensagempor Frost em 28 Abr 2008, 19:30

Elara, sim possui uma relação com a primeira parte, nota-se que o que foi descrito nessa segunda parte, é o que acontece antes da primeira, o final dessa parte é quase no início da segunda, se é que me compreendeu :]

E sim claro, gostaria que mesclasse as partes :aham:
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Mensagempor Elara em 29 Abr 2008, 15:55

Prontinho Frost. =)

Um tópico bem juntinho do outro^^.

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Mensagempor Frost em 29 Abr 2008, 18:19

Ok, muito obrigado!
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