Vidas Ambígüas - 2º CONTO - parte 1, 2 e 3

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Vidas Ambígüas - 2º CONTO - parte 1, 2 e 3

Mensagempor maksimun em 15 Fev 2008, 17:27

Neste tópico vou lançar contos onde a perspectiva dos personagens é completamente contraditória e inconstante para o comum e casual. No 1o. conto começo com uma estória relativamente simples, apenas para entrar no clima das Vidas Ambígüas, em um segundo momento espero agradar a todos com o segundo post! E aqueles que se identificarem com o tópico ou a temática por favor entrem em contato. :victory:

-=-=-=-=-=-=-=-
O Alugado

Era tarde da noite. Estava com frio, pálida, morta. Seus olhos, ainda abertos, fitavam para os céus olhando agora para o infinito. Uma morte tranqüila, quieta, indolor. O veneno agiu rápido.

Guardo minha adaga, um artefato apenas para assegurar o sucesso de minha missão, caso o veneno falhe. Fico à sombra, à espera de meu próximo alvo: Outro guarda. Outra vítima, odeio meu trabalho.

Avistei-o. Mais um arremesso certeiro no pescoço, mais um cadáver em segundos. Ele ainda olha ao redor procurando por alguém ou algo. Em vão, saca sua arma. Sou o melhor nisso.

Arrombo a porta do museu com apenas um palito de metal e alguns alfinetes. Estas portas hoje em dia são uma vergonha. Deveriam colocar algo mais sofisticado. Não estou aqui pelo museu, não para roubar peças de arte de meu país, sou um assassino profissional, não um ladrão.

Os guardas deste museu são corruptos. Digo, eram, pois o último agora agoniza enquanto meu veneno paralisa seu coração e causa morte. Volto pra casa pra descansar, mais três guardas mortos, mais três vidas tiradas, mais uma centena de vidas poupadas. Deveriam haver condecorações para quem executa corruptos, nosso país estaria muito melhor. Porém, haveria concorrência demais em meu ramo de negócio, sou o melhor nisso. Eu odeio este trabalho.

Chego em casa, olho para meu filho que dorme à cama conformtável de seu quarto. Tanta vida pela frente, queria poder voltar o tempo, voltar a ser criança, sem preocupação, sem responsabilidades. Minha mulher, deitada seminua na cama, me aguardava: ela sabe dos riscos de minha profissão e não me apoia... não a culpo.

Sento-me no sofá da sala, ligo a televisão no canal de notícias a cabo. Mais uma carrada de sujeira: bolsas caindo, cartões de créditos usados indevidamente, contrabando, tráfico, guerra civíl não declarada nos morros, sequestros. Onde isso irá parar?

Telefone toca, atendo, é meu empregador. Mais uma tarefa, já estou farto disso, não quero fazê-la. Eu desligo, é inevitável. Acordo minha mulher e filho, coloco-os no carro e mando-os embora. Esta noite tudo acaba, de um jeito ou de outro... a chance que eu queria para estragar minha vida.

Vendo-os partir em segurança, volto para minha casa, ao entrar, um sujeito estava sentado em meu sofá. Eu estava desarmado, ele portava sua Colt com silenciador. Apenas olhei para ele, acenei com a cabeça, estava pronto. O tiro foi certeiro no meio da testa. Talvez metade de mim quisesse que eu morresse, talvez outra metade quisesse que eu vivesse. Mas no fim, tudo o que resta é seu cadáver jogado em algum buraco raso, onde seus ossos serão esquecidos e sua existência jamais será relembrada.
Editado pela última vez por maksimun em 04 Abr 2008, 19:48, em um total de 2 vezes.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 15 Fev 2008, 22:09

Sem... Palavras...

Muito bom, Maks.
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Mensagempor Captain Beefheart em 15 Fev 2008, 22:54

É interessante e perigoso centrar o texto no psicológico da personagem, maksimun, e aqui não funcionou bem na minha opinião, talvez pelo conto ser muito curto.

Não consegui pegar na leitura os detalhes e sutilezas características deste tipo de texto, que permitem uma interpretação das ações e pensamentos da personagem. Em outras palavras: está raso. Não consegui entender por que ele odeia seu trabalho - parece que essa idéia está aí apenas para dar o ar de contrariedade ao conto.

Vou ler os próximos textos e vou tentar comentar, porque a temática me interessa. Um abraço.

P.S.: senti um 'quê' de crônica nesse aí.
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Mensagempor Lobo_Branco em 16 Fev 2008, 00:01

Achei seco de mais maksimun, sem as contradições que esperava ver. Tudo se resumiu a um homem descontente com a sua vida e o mundo - porém, q não faz nada real p/ mudar, coisa até comum.

Não teve emoções nas revelações dele, seja quanto a sua própria vida quanto a sua família. Estarei acompanhando...abraços!
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Óglaigh na hÉireann)


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Mensagempor laharra em 20 Fev 2008, 02:25

Entro no coro do pessoal que postou antes. Muito rápido, não deu para sentir motivação, e não achei a ambiguidade que esperava por conta do título. Talvez ela esteja no fim do texto? Na verdade, não entendi muito bem o que aconteceu. O cara estava desarmado e mesmo assim conseguiu matar o outro, ou você confundiu a narração em primeira pessoa na última frase?

De qualquer forma, epsero que o meu comentário não o desanime. Pelo o que você disse no começo, deu a entender que a segunda parte será mais interessante. Fico no aguardo. Abraços.
Tentando encontrar inspiração para terminar o conto abaixo:
O Som do Silêncio: Parte IV - A decisão
Reger está às vésperas de uma batalha onde decidirá seu futuro. Durante o que podem ser seus últimos momentos com a Espada e com Alyse, ele se pega pensando sobre a validade de suas aspirações. Acompanhe o conto no link a seguir:
http://www.spellrpg.com.br/forum/viewtopic.php?f=24&t=1067
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Mensagempor Elara em 20 Fev 2008, 15:19

Maks!

Faço coro com a Nasti. Gostei demais.

Pode estar raso, mas está perceptível que a intenção é essa. O cara é um assassino, frio, calculista. O texto é centrado no psicológico dele, então, tem que ser frio também. O conto é raso sim, mas na medida do buraco em que o cadáver do assassino é jogado. =)

Aparentemente, ele é morto porque recusa um serviço, não é isso?

Tou no aguardo dos demais. Aliás, só tenho crítica quanto ao título, que me lembrou aqueles títulos de novelas mexicanas...

Um chero!
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Mensagempor Malkavengrel em 21 Fev 2008, 01:19

Mak,
Faço coro com a Elara e a Nasti.
Simplesmente, gostei demais.

Alguns pontos que achei muito bons:
Ele acha que todos tem um problema, e ele não esconde o seu.
Ele sabia que um dia a vida dele iria acabar.
Por mais frio e calculista que ele foi o conto inteiro, ele ainda presava pela familia.

Bom acho q é isso. Parabéns.

Até a proxima.
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Mensagempor Speranza em 28 Fev 2008, 15:50

Na minha visão, escolhi que ele se mata no fim. A frase abaixo foi o que me levou a ver as coisas nesse sentido:
Talvez metade de mim quisesse que eu morresse, talvez outra metade quisesse que eu vivesse.


Achei a primeira parte, quando você descreve o trabalho do personagem, meio superficial, meio uma mistura de "Rambo" com "McGyver". Poderia ter pulado logo para os últimos quatro parágrafos, que é onde está o "conteúdo" do conto, a parte maneira!

No fim das contas, o texto é confuso, e eu gostei disso. Abraços!
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Mensagempor Corvo da Tempestade em 28 Fev 2008, 16:10

Me lembrou um personagem que fiz para L5R (obviamente não usava arma de fogo). :bwaha:

Matava por que era seu serviço, não por diversão.

Bom conto. Porêm deu a impressão que seriam 2 contos (imaginei que o segundo fosse do outro assassino, ou de um guarda morto...pode ser viagem minha)
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Mensagempor Lorde Seth em 28 Fev 2008, 16:28

Mak, tudo bem?

Boa a idéia da ambiguidade. Mas você poderia dar uma relida, conferir uns erros que houveram aí, e talvez trabalhar melhor o personagem. Eu não sabia se as vezes tinha vontade de rir, ou ficava chocado pela cena, porque o narrador, como um limão azedo, ficava reclamando de tudo.

He, he, he... :bwaha:

Bom, estarei esperando pelo próximo.

PS: Ah, e seria mais lógico terminar a narração (e também o conto) na hora em que o protagonista é baleado, afinal ele está contando a história, em tempo presente.

Abraços!
Para viver a realidade, primeiro é preciso acordar do sonho.
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Mensagempor maksimun em 26 Mar 2008, 14:26

Desculpas pela minha ausência esses dias, trabalho apertou mas consegui resolver rapidamente. Já colocarei mais por aqui!!!

Nunca um tópico respondendo com crítica será considerada uma ofensa, pelo contrário, significa que alguém leu e se importou em comentar, o mínimo que eu posso fazer é agradeçer de coração a todos que postaram! Não esperava que tantos replys, principalmente neste conto 'abertura' do tópico. Quanto aos erros, sim, tomarei mais cuidados em futuras postagens!!!

Sobre o conto: tenho 2 palavras simplicidade e subjetividade.
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Mensagempor maksimun em 03 Abr 2008, 14:43

A fórmula

Parte 1

-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-
Abriu os olhos. Mais um dia. Não havia vento naquele início manhã ensolarada. Nenhuma nuvem no céu, o Sol batia diretamente em sua face. Levantou-se, foi tomar um banho. Pisou por umas roupas amassadas e jogadas pelo chão, quase tropeçou em uma bandeja com comida do dia anterior. Apoiou-se na mancha de infiltração que escorria pela suja parede de seu quarto para poder entrar no banheiro sem pisar nas malas que haviam espalhadas. "Ser estudante universitário estrangeiro é foda", Ela pensa.

Estava no terceiro ano da universidade. Estudava química para tentar ser alguma coisa importante na vida. Todos sabem como é: antes de começar a trabalhar de verdade, as pessoas sempre possuem o sonho de fazer algo que mude a sociedade. O sonho acaba muitas vezes no primeiro emprego, ou no primeiro estágio.

Mais um dia. Mais aulas chatas e monótonas. Mais gente metida. Mais enchimento de saco. Mais trabalhos acumulados. Mais professores puxando o saco. Mais 'malacos' dando em cima. Mais uma manhã de fila na lanchonete do campus. Somente mais um dia.

Vestiu-se com sua típica calça jeans rasgada na altura dos joelhos, sua camisa rosada da bunny´s e seu jaleco branco. Pegou seus óculos de proteção e saiu para aula. Caminhou observando várias lojas de livros que existiam no caminho, as lanchonetes, os carros que passavam pela rua, poluindo, contaminando. Parou no sinal e a única coisa que chamou sua atenção foi a senhora de idade avançada atravessando a rua, com sua bengala de madeira vagabunda e vestido marrom comprido, roupa típica de uma senhora. Feia. Odiaria o dia que tivesse que andar assim.

Caminhou observando tudo o que havia sido criado pelo homem. Estranhamente, MUITAS das invenções são provenientes de tecnologias bélicas, de guerra, da morte de milhares de pessoas, motores, satélites, GPS, microondas... seu maior receio era que seu trabalho fosse usado não a favor da humanidade. Um risco que ela teria que correr. Contudo, ainda faltava algo, aquele pontapé inicial. Sua genialidade só era menor que sua preguiça e motivação.

Chegou à universidade. Para ela, aquilo não passava de um colegial com outro nome, podia facilmente distinguir os grupos estereotipados pela sociedade: os punks, os mauricinhos, as maria - gasolina, os nerds... um show de horrores.

Ao longe, ecoa a famosa campa, anunciando o início do primeiro período. Dirigiu-se para a sala observando a movimentação dos demais estudantes, empurrões, tropeços e pontapés. "Civilização...", pensou soltando um suspiro.

Na sala a bagunça de sempre, apesar de estarem em uma universidade parecem um bando de crianças de dez anos de idade discutindo besteiras, falando baboseiras, jogando bolinha de papel... enquanto isso crianças de dez anos tramam a morte de professores. Já não sabia mais distinguir maturidade de infantilidade. Entra o professor de Cálculo II, vai ser uma aula longa e monótona.

Durante a aula, sempre que olha para a turma, olhava para ela. "Maldito tarado babão", pensava. Era como se ele pudesse ver ela completamente nua, e não fazia questão de esconder isso. "É muito chato ser gostosa". Subitamente, o professor faz uma pergunta. Algo irreal e completamente fora de propósito, ela estava quieta e sem conversar, prestando atenção à aula: típica atitude de um canalha.

Sem hesitar, responde com o teorema o qual chegou ao resultado, citando o livro, página e parágrafo o qual a solução pode ser encontrada. Não achou interessante citar outros 3 livros de autores internacionais, de repente nem o professor conheceria tais autores. Bastaria aquilo para irritá-lo.

"Ser um gênio entre gente medíocre é triste, todos ficam e olhando como se você fosse de outro mundo.", olha pela janela e vê apenas os prédios que constituem o campus universitário. Nem a vista daqui ao menos presta. O tempo parece se arrastar enquanto a aula parece nunca ter fim.

Bate a campa novamente, intervalo. Hoje é tarde de atividade física no campus. Ela olha no relógio notoriamente desestimulada. Seria mais uma tarde de jogos de tênis, futebol, queimada, natação. Ela senta em um canto qualquer, trouxe consigo um livro de química para ajudar a passar o tempo, vira uma página a cada 20 segundos, tempo mais que suficiente para aprender tudo o que está escrito na página.

Chegou no capítulo de super ácidos. Olhou para frente e viu alguns brutamontes jogando futebol, os valentões intimidavam os coitados desafortunados fisicamente, triste porém uma realidade na vida. Mais uma tarde está passando e novamente nada ocorre em sua mente para que possa fazer para torna-la mais interessante... mais um dia perdido em sua vida.

Olhou novamente para o capítulo de super ácidos...
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Vidas Ambígüas - 2º CONTO - parte 1, 2 e 3

Mensagempor Elara em 03 Abr 2008, 15:01

Maks,

Nesse novo capítulo, bem, a moça parece ser alguém normal, estudando em uma universidade normal. Com exceção da última frase, que dá uma idéia de malignitude ao que virá. No mais, uma leitura agradável. Parabéns.

Chero!
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Vidas Ambígüas - 2º CONTO - parte 1, 2 e 3

Mensagempor maksimun em 03 Abr 2008, 18:25

Vlw Elara, eu queria tentar postar tudo de uma vez, mas umas idéias mirabolantes foram surgindo e eu acabei por reescrever o conto INTEIRO! Espero que gostem. Aqui vai a segunda parte!

-=-=-
Parte 2
-=-=-

Amanhece, é mais um dia! O Sol estava batendo fixo em seu rosto, não havia nuvens no céu. Levantou-se espreguiçando gostoso. Olhou pela janela, viu três passarinhos que cantavam alegremente no galho de uma árvore à frente de sua casa, enquanto o Sol despontava no horizonte. Levantou-se fazendo uma cambalhota, rolamento no chão e por fim ficando em pé esticando-se. Após um breve alongamento, organiza suas coisas sobre a mesa, tudo organizado de forma sucinta e precisa. Seu material impecavelmente catalogado estava pronto para mais uma manhã de aula, precisava se esforçar muito para manter-se na média da universidade.

Estava no terceiro ano de Química numa das maiores universidades do mundo e sabia que não podia vacilar nem um pouco, já havia tirado notas extremamente baixas na primeira e segunda prova, deveria recuperar na terceira e quarta.

Correu pro banheiro, pegou a toalha que estava pendurada no suporte da porta. Estava contente pois seria um dia de atividades físicas e esportivas, adorava o calor humano, o contato com outras pessoas e principalmente, iria encontrar alguém a qual admirava demais, pois teriam a mesma aula.

Arrumou-se com sua calça jeans e camisa No Stress, pegou seu material, separados previamente dentro de uma mochila, e pôs-se a correr para a universidade. Como não tinha tomado café, resolveu parar numa panificadora para comprar um Donuts e um suco de laranja. Enquanto comia folheava o livro que alugara da biblioteca:

"A ciência química surge no século XVII a partir dos estudos de alquimia populares entre muitos dos cientistas da época. Considera-se que os princípios básicos da química se recolhem pela primeira vez na obra do cientista britânico Robert Boyle: The Sceptical Chymist (1661). A química, como tal, começa um século mais tarde com os trabalhos do francês Antoine Lavoisier e suas descobertas em relação ao oxigênio, à lei da conservação da massa e à refutação da teoria do flogisto como teoria da combustão."

"Hum, alquimia... queria que eles não tivessem desistido de seus sonhos. Será que é possível criar a pedra filosofal?", Parou para pensar uns instantes. Dispersou seu pensamento lembrando-se de uma frase célebre de Lavoisier: "Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". "Ele deveria ter sido um ótimo cozinheiro", pensa, rindo para si mesma, enquanto come. E continuou a leitura:

"Um ponto crucial no desenvolvimento da química como ciência foi a racionalização dos conhecimentos empíricos obtidos, procurando criar leis racionais e simplificar de forma coerente as informações obtidas. O principio de conservação da massa e o entendimento da influência da composição da atmosfera nos experimentos, ambos amplamente disseminados a partir dos trabalhos de A. Lavoisier no final do século XVIII, permitiram que os experimentos se tornassem cada vez mais rigorosos e precisos, em oposição ao caráter qualitativo das experimentações alquimistas.

A partir desse momento, a medição de massas assume um caráter fundamental na história da química, tendo sido esse o principal impulsor para o desenvolvimento da balança a partir da época de Lavoisier, tendo ele próprio construído os equipamentos mais precisos desse período..."

Acabou de comer seu donut. Paga e põe-se a correr para universidade. Chegando ao campus, procura logo pela garota a qual lhe inspira e lhe fascina a cada aula, não conseguia lembrar-se do nome dela, tinha uma memória muito ruim para nomes. Procurou por todos os 'grupos sociais' que haviam, não a encontrou. De repente a campa toca lá longe, tem que ir para a sala.

Correndo e topando rapidamente entre os demais alunos do campus, chega à sala de aula, pega a última carteira mais próxima à janela e fica inclinada balançando esperando pelos demais alunos entrarem.

Ela observa um a um a entrada dos demais alunos: Willian, o chato; Tânya, a metida; Charlles, o nerd, poderia colocar rótulos em todos eles facilmente bastava um tempo mínimo com a pessoa para saber qual seria seu apelido. Era boa em observar e associar as coisas (embora tivesse dificuldade com os nomes). O relógio marcava na parede oito horas de dois minutos, a estudante entra: calça jeans e camisa rosada. Era ela, lembrou-se do nome: Naomi. Quis chama-la para sentar ao seu lado, porém ela sentou-se logo na carteira oposta da sala e ficou de cabeça baixa até a chegada do professor.

O tarado entra, sim, este é a característica deste professor, ele fica olhando descaradamente para Naomi. Dez e vinte, o professor faz uma pergunta impossível para um ser humano comum responder, quando ele perguntou, rapidamente ela tenta pegar o livro de cálculo para procurar a resposta antes que Naomi falasse. Para espanto de todos, ela respondeu antes que sequer achasse a página do capítulo referente à resposta no livro e ainda falou as páginas e o parágrafo corretamente.

Seu espanto só não era maior que sua admiração por Naomi. "Senhorita Kely.", chama o professor. Kely olha assustada. "Em que implica a Fatoração completa". Kely olha pro lado, olha para o outro, coça a cabeça. "Valendo Um ponto e meio para sua prova". Ela começa a suar, os demais alunos começam a dar risadinhas ridículas e provocativas. Alguém fala: "Implica na união de todos os métodos de fatoração de polinômios para tornar um polinômio fatorado ao máximo, ou seja, que não pode ser mais fatorado. Alguns polinômios não podem ser fatorados normalmente, estes são chamados de polinômios irredutíveis". Naomi levanta-se e fala: "Vou ao banheiro".

A aula continua sem mais perguntas aos alunos.

A campa toca e todos se dispersam, Kely se desloca para o prédio dos armários. Ela guarda seus materiais todos organizados e dobrados dentro armário mil trezentos e treze. Ela pega suas roupas de ginásticas fornecidas pela universidade e as veste. "Será que ela vai nadar hoje? Ou será que vai jogar queimada?", pensa imaginando o que Naomi faria. Kely Corre para o pátio de atividades esportivas. Procurou por todo lugar, sem sucesso. Já eram dezesseis horas quando finalmente desistiu... "É...", pensou, "acho que ela foi pra biblioteca."

Caminhou até a biblioteca, sem prestar atenção que já estava ficando tarde. O relógio marcava dezoito horas, o período vespertino já havia acabado a algum tempo. Porém uma luz ainda estava acessa em uma mesa da biblioteca. Único lugar do campus que fica aberto até onze horas da noite, mesmo sem ter ninguém.

Entrando, pôde reparar em algumas pilhas de livros que estavam arremessados ao chão, alguém murmurava: "Onde está esta merda, onde ele está? Cadê esta porcaria quando mais se precisa.". Naomi estava vasculhando freneticamente as estantes da biblioteca. "Maldito livro, maldito, maldito...".

Kely aproximou-se lentamente, não queria assustá-la. Olhou ao redor e perguntou baixinho: "Posso ajudar em algo?". Naomi sequer olhou. "Se você me disser qual livro procura, talvez eu possa ajudar.". Kely retraiu-se ainda mais com o silêncio da garota, que segurava a testa com ambas as mãos. "NÃO É POSSÍVEL! MERDA...", esperneou Naomi.

Naomi olhou para o lado, completamente diferente da escandalosa que havia acabado de berrar, estava com um ar mais calmo. "O que você quer?", perguntou. "Ajudá-la a achar o que procura.", respondeu Kely. "Ninguém pode me ajudar, procuro por um livro que só tem um único exemplar nesta universidade. No mundo só foram escritos 27, um está no congresso norte americano, outros dois estão com colecionadores e um está nesta universidade, os outros estão destruídos ou perdidos para sempre. Eles contam a estória e segredos da alquimia. Agora o que você estava dizendo mesmo? Que podia me ajudar?", respondeu ironicamente Naomi.

"Por acaso não seria um livro de capa cinzenta e letras avermelhadas de autor com nome em Latim o qual eu não me recordo?", Naomi, arregá-la os olhos, não seria possível que aquela pessoa que estava à sua frente fosse aquela que estivesse com o livro. E de fato, durante a conversa que seguiu, Nomi descobre que Kely não alugou o livro.

Na verdade seu avô possuia um dos exemplares.
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Mensagempor Elara em 04 Abr 2008, 13:39

Oh não, um OVA de Full Metal Alchemist!

Huehuehuehueheu...

Maks, essa segunda parte tb ficou legal. Agora as coisas começam a "clarear". Quantas partes terá?

Chero!
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