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Mensagempor Hal Jordan em 08 Fev 2008, 15:07

Exponho aqui um conto, talvez alguém note que ela é mais real do que parece... :aham:

A noite cai, as folhas cantam no chão uma triste melodia embalada pelo vento e ele é o mesmo que faz vibrar os galhos frágeis, que toca frio e úmido, o rosto de alguém em meio às sombras, seus trajes mais finos acompanham o movimento, de longe é impossível separá-lo da natureza, mas um feixe de luz da lua permite que se veja por segundos aquele que ali se senta.

É jovem, não se diria belo, mas cavaleiro, um guardião encostado nos muros de um grande castelo, sentado sob uma janela, ele vela, recebe o toque do vento, as folhas nos pés, a melodia na alma e sorri, sob tanta adversidade ele sorri, parece não se preocupar com o anúncio do inverno que se aproxima, os dias se seguem e ele ali, noite e dia, mesmo nas claras manhãs ele não se move daquele muro, debaixo daquela janela, e as manhãs são menos frias, as canções de outros lugares, outros mundos, chamam, clamam por sua presença, mas ele agradece e permanece ali, fixo, quase imóvel, quase aquele muro.

Como não pensar nas dores pelo corpo? Como não imaginar estar em outros lugares em outras épocas vivendo aventuras que ele mesmo abdicou?

É de noite que ele se liberta, a brisa trás de terras longínquas as músicas que os trovadores cantam para suas amadas em dueto com o vento, aquelas guardam e protegem o guardião, lembram de sua tarefa, que para muitos é loucura, para ele é simples prova.

Lutas, dragões, cavaleiros, vem e vão à mente do guerreiro, algumas vezes ele se levanta e combate a todos, rasgando sua espada no ar, em meio ao vazio, então ele retorna e se vê só, senta-se e espera, olha para a floresta e esta sorri de volta, sabendo o que ele quer, entendendo suas dores e seus desejos, a brisa entra pela janela acima, o aroma das flores também, a primavera que chega secando a neve dos ombros e umedecendo a terra.

A floresta chama e é atendida, a jovem senhora, musa daquele que vela, surge para olhar as flores e o horizonte, é neste momento que ele se recorda do juramento feito a si mesmo, a ordem que se dera de proteger os aposentos de sua amada, ela que já o notara, mas não da forma que ele desejava, nunca viajou em terras desconhecidas para salvá-la, será que Lancelot já passara por isso? Ele discorda...

Ele a olha de baixo, para o anjo em forma de mulher, para a maestria divina, ou outros adjetivos que ouviu por aí e com muita calma não calou as bocas que pronunciaram... Ele sussurra aquilo que memorizou em seu coração, algo que só os amantes são capazes de guardar:

Se pena por amar-vos se merece,
Quem dela livre está? ou quem isento?
Que alma, que razão, que entendimento
Em ver-vos se não rende e obedece?

Que mor glória na vida se oferece
Que ocupar-se em vós o pensamento?
Toda a pena cruel, todo o tormento
Em ver-vos se não sente, mas esquece.

Mas se merece pena quem amando
Contínuo vos está, se vos ofende,
O mundo matareis, que todo é vosso.

Em mim, Senhora, podeis ir começando,
Que claro se conhece e bem se entende
Amar-vos quanto devo e quanto posso.
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Mensagempor Hal Jordan em 08 Fev 2008, 15:07

Então ele mesmo se arrisca em tornar verso seu sentimento:

Quando este que vos fala não pode contemplá-la,
o que mais resta senão o sonho?
Ah! Doces sonhos, doces vontades de te ver...
Ah! Armaduras, punhos, espadas, tudo em vosso serviço,
Este que não finge, experimenta
Este que não mente, erra
Como posso calar-me se há saudade?
Como posso ser, se em ti sou?

Mas se lamenta por não ter nascido poeta, ou músico, já que ambos nascem das mesmas veias, fica triste por seu coração de guerra, de batalha, sem poesia, sem doçura, pede a Deus e a sua senhora que alimentem seu coração com o veneno das palavras...

Algumas palavras lhe voltam à mente, palavras ditas naquela noite, naquela peça, talvez uma das poucas coisas que ele ouviu na noite em que tão próximo ficou de sua senhora, sem muros, sem janelas, apenas pessoas.

"Se sempre foram contrariados todos os amantes sinceros, é que o próprio destino os determina desse modo. Que nos ensine, pois, a ser pacientes a nossa provação, já que é desdita fatal dos namorados, como os sonhos, pensamentos, suspiros, dores, lágrimas, do próprio amor são companheiros certos”.

Do outro lado do oceano e outros sabiam, entendiam seus sentimentos, um inglês, este que fraseava era inglês.

Como era bom observá-la, tocar não é necessário, fartava-se só em vê-la, erguia júbilos ao descobrir que estava bem...

Uma tarde, mais um dia, uma noite, as flores esparziam o doce perfume de sua Senhora, um alarde, seu coração pressente algo, ele vai e corre, corre com todo o seu fôlego, mesmo as sua armadura, mesmo as suas armas, não eram mais que pequenos pesos nesta investida.
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Mensagempor Hal Jordan em 08 Fev 2008, 15:12

Ele corre, vendedores, guardas... Um trovador, eles caem dois descuidados, um parado, outro que corria, esse pega seu alaúde, aquele socorre sua espada e escudo, seus caminhos se opõem, ele volta.

Corredores, portas, salas, serviçais, damas e suas damas, o bobo da corte que ri do cavaleiro, guardas, salão, chegada.

Ela, ele se esconde, não ousaria atrapalhar-lhe o caminho, não ousa preocupar-lhe com seus sentimentos, tão pouco com suas preocupações.

Outro se aproxima, o cabo da espada é apertado, os olhos se aguçam, o outro fala, ela sorri, a espada dança na bainha; o outro se aproxima, o escudo se aproxima do peito; o outro continua a falar, o sangue ferve; ela sorri, envergonhada, mas se afasta, talvez com medo, ele a conhece, ela foge, pois é assim mesmo, ela não gosta das aproximações, nem dos olhares que sabe despertar, ele sorri, a espada descansa, o escudo relaxa, o coração vibra.

Ao se dar conta, ele está novamente debaixo daquela janela, com as flores sorrindo para ele, sabem do que ele precisa, uma velha cantiga sobe aos seus ouvidos, ele sabe, aquele que sentiu a agressão do metal de sua armadura agora chora.

Seu corpo não suporta, a mente cansa, mas ele firme, sonhando com sua Senhora, não pode gritar, só esperar, nada parece contribuir.

Ele sabe, ela o viu, ela o conhece, talvez saiba de sua sina, seria bom, ou ruim? Ele nada sabe.

Ele quer contar, quer por sua espada e seu escudo sob os pés dela e declarar que a serve, mesmo que se ria, ele não se importa, servirá assim mesmo.

O sono, o cansaço, olhos vacilam, mão vacila, a cabeça inclina, os músculos relaxam, a parede desaparece, ele mergulha em seus sonhos. Dragões, cavaleiros, fugas, resgates, corridas, cavalos, amor declarado, sol, luz, novo dia, ele acorda e permanece ali, no mesmo lugar, outro sonho.

Ele reconhece sua sombra, ela está ali, pronto, o cavaleiro se ergue e jura novamente para si que sua Senhora será sempre aquela que ele protege.

Correm expectativas, dias a fio e tudo volta à rotina, dragões que surgem, cavaleiros imaginários em lutas mortalmente imaginárias, a espada volta, desembainhada, a cortar o as na doce e rude ilusão do protetor. Sonhos. A vilania cruel que o aguarda.

Mais uma manhã, outono, folhas secas, o cheiro das frutíferas que ultrapassa os limites da mente, acaricia a loucura e acalma o coração, que vive a servir.


Bem, o conto termina aqui, se um dia o cavaleiro novamente despertar e a musa tocar, eu retorno... :ops:

Vamos os devidos esclarecimentos: a primeira poesia é "Se pena por amar-vos se merece" de Camões, já a segunda poesia é minha, o trecho citado é "Sonho de uma Noite de Verão" de William Shakespeare...
Editado pela última vez por Hal Jordan em 11 Fev 2008, 00:13, em um total de 1 vez.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 08 Fev 2008, 15:20

Bonito, muito bonito.

Mas essa beleza quase foi ofuscada pelos períodos quilométricos, que me obrigaram a ler o texto três vezes antes de começar a escrever este comentário. Fica ai a dica: escreva como se estivesse lendo em voz alta. Onde você perceber que faria pequenas pausas, vírgula. Onde você perceber uma pausa maior, ponto.

Não é 100%, mas resolve uma ótima parte dos erros comuns de pontuação.
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Mensagempor Hal Jordan em 08 Fev 2008, 15:51

Você poderia citar alguns exemplos?
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Mensagempor maksimun em 08 Fev 2008, 17:18

Hal Jordan escreveu:Você poderia citar alguns exemplos?


Permita-me então ^_^, lembrando que sou profissional da área de informática e de longe não tenho nenhum vasto conhecimento na gramática ou língua portuguesa. O que eu falar a seguir é meramente usando o bom senso e minha leitura. De forma alguma quero inferiorizar seu trabalho ou o esforço que você fez, apenas quero ajudar (como todos aqui) para que nos seus próximos textos você melhore cada vez mais, bem como eu tenho tentado melhorar.

"A noite cai, as folhas cantam no chão uma triste melodia embalada pelo vento e ele é o mesmo que faz vibrar os galhos frágeis, que toca frio e úmido, o rosto de alguém em meio às sombras, seus trajes mais finos acompanham o movimento, de longe é impossível separá-lo da natureza, mas um feixe de luz da lua permite que se veja por segundos aquele que ali se senta."

Neste parágrafo é claro que você quis deixar transparecer que o vento é responsável por mais de uma ação, contudo a forma a qual você construiu o textos confunde um pouco o leitor quanto a fluência da leitura. Talvez, em meu insignificante conhecimento e domínio da língua portuguesa, a frase ficaria um pouco mais compreensível assim:

"A noite cai. As folhas cantam no chão uma triste melodia embalada pelo vento, o qual faz vibrar os galhos frágeis, que tocam o frio e úmido rosto de alguém em meio às sombras, seus trajes mais finos acompanham o movimento. De longe, é impossível separá-lo da natureza, mas um feixe de luz da lua permite que se veja por segundos aquele que ali se senta."

Agora leia em voz alta o seu parágrafo e o meu parágrafo, com pontuação. Espero que entenda o que a Lady quis dizer. ^^

A propósito, gostei bastante do texto, extremamente romântico e sentimental, você está amando afinal? (rima barata).

Btw, achei muito show a poesia!!!

Grande Abraço
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Mensagempor Hal Jordan em 08 Fev 2008, 19:17

Ainda não compreendi o que Lady Darconnasti tentou me dizer, mas compreendi o que você disse, makisimun.

No seu caso é mais uma questão de colocação pronominal, entendo, realmente ficou melhor, mas na linha dois, eu não poderia substituir o tempo verbal... No entanto, eu tiraria a vírgula, para melhor deixar perceber que quem toca o rosto do cavaleiro é o vento...

Confesso que escrevi este texto a tempo e não o revisei.

E obrigado, revisarei aqui e depois o modificarei...
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Mensagempor Lady Draconnasti em 08 Fev 2008, 19:58

O que eu quis dizer foi o mesmo que o Maks disse ^^'
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Mensagempor Hal Jordan em 09 Fev 2008, 01:11

Ah! Achei que era pouca vírgula, por isso que eu não estava entendendo...

Tudo bem, vou reescrever e tentar deixar mais limpo o texto...
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Mensagempor Aleχ em 09 Fev 2008, 02:08

Adorei o conto, achei incrível a cumplicidade entre o cavaleiro e a natureza. Gostei bastante dos versos, do ar sentimental e apaixonado no qual o conto está inserido. Muito bonito mesmo o conto. Parabéns!

E quanto ao que os outros falaram, também concordo. É bom dar esse carinho especial à pontuação. Apesar de que não tive dificuldades para ler seu conto. É só ler com calma, com paciência, mergulhar no mundo do conto e ir sentindo todas as sensações junto com o personagem. Ninguém tá com pressa mesmo.

Novamente, parabéns! :victory:

Abraço!
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Mensagempor Hal Jordan em 11 Fev 2008, 00:06

Eu sempre tentei pontuação de forma a dar um movimento diferente ao conto, acho que você o percebeu, se sim, eu fico honrado...
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Mensagempor maksimun em 11 Fev 2008, 08:11

É isso ai cara. Lol bora marcar pra gente escrever um conto em conjunto =)

Qualquer coisa estamos ai.

Abraço
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Mensagempor Elara em 12 Fev 2008, 13:38

Hal,

Não entendi nada do conto. Desculpe. O cara fica ali, não come, não bebe, só vive para aquela mulher, sei lá, isso é meio absurdo... E o fim do conto na verdade não é um fim e sim o miolo da coisa... Inconclusivo.

Quanto à pontuação, é fato que algumas vírgulas estão fazendo o papel de pontos finais. É preciso dar uma revisadinha^^.

No mais, realmente está bem romântico, e nessa dose você acertou.

Desculpe se pareço chata ou coisa assim, minha intenção, como o Maksimun disse, é ajudar. E eu sou um pouco chata mesmo, pode reclamar. :linguinha:

Chero!
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Mensagempor Lady Draconnasti em 12 Fev 2008, 17:17

Mentira, a Lala é chata pra burro!

XD

Desculpa Lalinha, não resisti =D
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Mensagempor faprasem em 13 Fev 2008, 13:53

Achei bem confuso. Mas isso não quer dizer que tenha ficado ruim. Eu é que nunca entendo muito de nada q venha antes do Realismo =P

Um abraço, Faprasem
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