O Último Combate

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Mensagempor maksimun em 02 Fev 2008, 15:49

Sentado à ponte, coço a cabeça afoito. Minhas mãos tremiam, o suor escorria pela testa, a poça de sangue ao meu lado já havia até secado. Animais mortos ao meu redor, árvore seca e céu cinzento. Meu machado, ensanguentado, tremia em minhas mãos marcadas e manchadas. Minha armadura, outrora brilhante e dourada, agora ostenta apenas marcas de gritos abafados e restos de carne pútrida.

Eu estava à espera.

Minha mente me conduzia à minha família, a meu animal companheiro morto em combate, meus sonhos e desejos. Agora tudo estava para ser consumido apenas pelo calor da última batalha que a cada segundo se aproximava. Sem esperança, não adiantava rogar nem orar. Não há Deus que responda por você nesse mundo caótico e consumido pela guerra. Não em Okrazhan...

Um mundo onde três reinos eram comandados por regentes caóticos, crueis e ambiciosos, em constante ameaça bélica e invasões hostís. A paz era algo raro. Um sonho, inalcançável para 99% da população. Que tinha como mão de obra primária forjar armas e armaduras para serem usadas para as guerras. Nenhum homem adulto com mais de 15 anos era poupado, mulheres não faziam outra coisa a não ser atividades que dessem suporte para a produtividade bélica. Qualquer mulher acima de 15 anos e abaixo de 30 (se chegassem a essa idade) deveriam exclusivamente ficar parindo filhos que futuramente seriam usados nas linhas de batalha. Reduzidas, todas, a uma fábrica de soldados...

A morte de um dos regentes desestabilizou completamente o relativo equilíbrio entre os reinos, e como nenhum regente assumiu com a mesma força de seu antecessor, logo um dos reinos sucumbiu às ameaças dos outros 2. Em meses, uma batalha nunca antes vista por todos foi travada. 100 anos de guerras. Sempre se perguntam até onde vai a tolerância e a resistência de uma civilização dedicada 100% de seu tempo para a arte da guerra. Após 100 anos, pouquíssimas cidades ainda restam de pé. Alimentos, além de raros e caros, agora são luxos para alguns poucos. Animais agora são extremamente raros, e os que ainda existem são treinados para o combate.

Não me lembro de como vim para aqui. Mas me lembro de quando acordei deitado ao lado de vários soldados caídos pelo chão. Isso pouco importa agora, só quero acabar com tudo isso e achar um jeito de voltar para meu mundo. Quero mais uma vez rever minha família. Quero minha vida de volta.

Olho ao longe, o último pelotão de elite do reinado norte, aproximadamente uns 40 homens. Sou tudo o que restou do reinado Sul. Acho que chegou a hora. Não que eu seja algo fácil de ser abatido, mas a qualidade faz a diferença. Eles vem brandindo suas espadas e escudos, gritos insandecidos, sabem que é a última batalha, mas pelo visto não me conhecem muito bem, ainda...

Posiciono-me após a ponte, eles aproximam-se rápido, talvez nem reparem na posição estratégica que possuo. 40 homens vindo 2 a 2, numa ponte de 14 comprimento por 1,5m de largura, um ao lado do outro não tem nem espaço para manejarem suas armas para desferirem um golpe decente. deixo o 1o. par vir correndo, ao menos reparam que não dá pra vir um ao lado do outro, e nessa ficam vindo 1 a 1. Sai decepando mãos, pernas, braços e cabeças, quando a ponte está bastante cheia, corto um suporte estratégico que havia preparado para aquele momento. 25 soldados caem no rio, rapidamente derramo óleo nas águas e jogo a tocha acessa, provocando um pequeno incêndio. O desespero e o medo fazem o resto do trabalho.

Enquanto saem da água correndo e gritando com o fogo pelo corpo, são alvos extremamente fáceis de serem abatidos. Um a um, derrubo os soldados. Alguns esboçam uma reação de combate. Em vão. Do outro lado da margem, cinco soldados encapuzados apenas observam a cena.

Agora que o verdadeiro combate vai começar... e já estou ficando sem truques.

continua...
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Mensagempor Lady Draconnasti em 02 Fev 2008, 23:39

No momento, uma única crítica: Escreva os números por extenso, caspita!
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Mensagempor maksimun em 03 Fev 2008, 02:34

Lady Draconnasti escreveu:No momento, uma única crítica: Escreva os números por extenso, caspita!


Ok miladi ^_^ esta foi a 1a. e última vez =P
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Mensagempor Lady Draconnasti em 03 Fev 2008, 12:36

Ok, tá perdoado só porque foi você =p

Ei, cadê a continuação do conto "baseado" em SoTC?
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Mensagempor Ermel em 03 Fev 2008, 22:27

Me lembrou "300"...

É esperar a continuação né?
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Mensagempor Dahak em 04 Fev 2008, 00:28

Hey, Maks!
Tudo bem?
Que saudade de você, meu amigo.
Aaah, a gente precisa marcar de nos vermos!

Falando do conto...Sóbrio.
Acho que sobrieade foi a melhor palavra que encontrei para me referir a sua história.

Também me incomodou muito ver os números assim ¬¬
lol
Mas tirando isso, que dá uma sensação de "preguiça", o conto flui bem o bastante para me fazer divagar sobre a estratégia e até ponderar como eu me portaria se fosse comigo. Acho que você acertou em cheio em trazer um tema que não está tão presente por aqui, principalmente com esse tipo de abordagem, que nos faz imergir na sua trincheir XD, digo, história :cool:

Abraço e até o próximo capítulo \o/


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Mensagempor maksimun em 08 Fev 2008, 08:59

Ei, cadê a continuação do conto "baseado" em SoTC?


Eu nunca mais joguei SoTC porque minha tv não tinha entrada pra PS2, dai inspiração que é bom zero... :b Mas agora que a nova chegou prometo buscar forças pra finalizar o conto, afinal está na última parte :cool:

Me lembrou "300"...

É esperar a continuação né?


É. Na verdade tenho esse péssimo hábito de quebrar contos curtos... mas justamente para não deixar a leitura cansativa. Não é todo mundo que tem muito tempo para ficar lendo na web (ou muitas vezes a pessoa nem pode, pelos mais diversos motivos). Eu queria inovar fazendo contos com mais imagens para ajudar na imaginação, tal qual mestres usam diagramas e esboços de mapas nas aventuras. Tem um site com imagens muito legais de warcraft, que são os caras que fizeram toda a arte para o jogo. Vou apenas lembrar do endereço para poder postar aqui.

Mas tirando isso, que dá uma sensação de "preguiça" (...)


Grande Dahak... respondendo ao seu comentário. Não é preguiça amigo, é medo :ops: , postar do trabalho, dá trabalho :b principalmente em se tratando de ibm... mas prometo postar mais vezes na hroa do almoço. Por sinal, estou acabando de pensar no fim da estória aqui e já postarei ainda hoje.
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Mensagempor maksimun em 08 Fev 2008, 13:36

-=-=-=-=-=-
Parte 2 - Final
-=-=-=-=-=-


"Então", um deles grita, "Você é o espadachim de que ouvimos falar. Fico feliz que você ainda esteja vivo, pois assim, nós, poderemos executá-lo". Os cinco do reino norte não descansarão até que eu, ou eles, morra. Se eles possuirem de fato metade dos poderes que ouvi dizer que possuem, poucas chances eu tenho.

"Eu, Grulok, irei desafiá-lo pessoalmente". Grita um dos encapuzados. Preparo minha guarda e espero pela iniciativa dele, tenho que ter cuidado, sei do que sou capaz de fazer, porém não conheço nada do que estes cinco seres sejam capazes. É um cenário típico de um combate onde não vence o melhor, mas o que menos cometer erros.

Um deles saca o capuz. Um sugeito negro como carvão, músculos pulsantes e completamente careca. Não possui nenhuma arma. Meu coração gela.

Ele salta em minha direção, cruzando o rio. Muitas vezes mais alto do que qualquer ser humano comum seria capaz. Corro para lateral, passando por uma árvora morta e uns arbustos secos, fugindo de sua investida. Quando ele pousa no chão, suavidade é um luxo para os fracos. Ele estraçalha tudo o que toca. É no mínimo preocupante ser atingido por um único soco.

Ele corre em minha direção, tenta desferir um, dois, três socos sem sucesso. Francamente, se a única virtude desse cara for sua força física, ficarei decepcionado com o desperdício. Manejo habilmente a espada atingindo um de seus braços. O fio da espada bate em algo que descrevo do tipo duro como rocha. Ele ri.

"Inseto", ele novamente grita," Acha mesmo que o mero fio de sua espada será capaz de me ferir?". Movendo-me rapidamente, faço um rolamento para a margem do rio, molho a lâmina de minha espada na água e a arremesso. Sua face deixa por um segundo transparecer o pânico que talvez seus olhos talvez nunca tenham presenciado.

A espada crava bem entre os olhos.

"Não.", respondo olhando para os demais. Aproximo-me confiante e saco a espada de sua face. "Derrotou Grulok em um combate um contra um. Você é digno de sua fama. Agora enfrente Syl". Está voz é mais suave, quase uma melodia. Uma mulher? Procuro não me desconcetrar.

"Está ficando velho... você precisa descansar", a voz sussurra. Quem está falando isso? De onde vem? Um dos encapuzados remove sua proteção, um sujeito, com aspecto afeminado, com roupas justas e de cores alegres se revela. De repente, minha mente fica tonta, como se eu estivesse entorpecido.

"A espada está pesando, a espada doi em sua mão.", novamente ouço frase em minha cabeça, tudo começa a ficar turvo, minha espada cai ao chão. Ele se aproxima calmamente.

"Sua família o espera... volte para eles. Desista da guerra.", suas voz é convidativa e doce, me ajoelho.

"A armadura pesa, sua conciência está pertubada. Você está cansado.", sim, estou cansado, estou vencido, sua voz me seduz e me convence.

"Sua mulher está morta, seus filhos mortos, encontre-se com eles e seja feliz.", MORDO MINHA LINGUA TÃO FORTE QUE QUASE A ARRANCO FORA.

Quando dou por mim, estava deitado com Syl me segurando no colo e minha garganta prestes a ser cortada. Pego a adaga rapidamente das mãos dele e cravo em seu peito. Ele grita forte, um som agudo e pertubador. Cuspo fora o sangue que começara a acumular em minha boca.

"Como quebrou o encanto de Syl?", um deles pergunta.

"Quando falou de minha família, eles nunca poderiam estar mortos. Tive que fazer algo, revê-los é tudo que mais quero agora". Respondo.

Os três combatentes restandes removem o manto que os cobria. Os três eram idênticos: armadura com talas de couro, cobriam os braços, pernas e tórax. Portavam espadas, em ambas as mãos, e eram carecas. Tinham feição tranqüila na face. Um deles começa a pronuncia-se.

"Posso até perder a luta mas ao menos será com um combatente honrado. Prepare-se, Hyvel será seu oponente agora.". Os três aproximam-se ao mesmo tempo, na mesma velocidade, na mesma passada. Serão ilusões? Serão réplicas? Tenho que descobrir a tempo.

O combate começa, sou atacado de todos os lados e direções. Escorredo várias vezes enquanto me esquivo ou aparo seus ataques. Um combatente com muita técnica e velocidade. Ainda mais que são três contra um e já estou cansado.

O Sol já começa a se por, a luz começa a esvair-se dando espaço à escuridão. Talvez, se sudo tivesse sido diferente, se eu não tivesse brigado com ela, não teria saído aquela noite, não teria deixado o sossego de meu lar. Se ao menos tudo tivesse sido diferente.

Em meu devaneio, levo um corte nas costas. Caio de joelho ao chão, sangue escorre com vigor, foi um belo golpe.

"Você lutou bravamente meu amigo, mas agora é o fim. O fim da guerra sonhada por todos nós. Que sua volta para casa seja prazeirosa e indolor...", Olho para ele aliviado, será esse realmente meu destino? Meu voltar para casa? Por um segundo sinto um peso enorme saindo de minhas costas e me entrego à morte, como um suicida se entrega ao abismo.

Acordo em um hospital. Olho ao meu redor, reconheço este lugar. Voltei ao meu tempo? Uma sensação de paz, de conforto. Estou de volta. Sinto um corte nas minhas costas, imagino se tudo não passou de um sonho, não, o corte é real demais. Ainda incrédulo com tudo que passei, fico imaginando como deveria estar aquele mundo odioso e de guerra.

Minha família, rever minha família, era tudo o que eu mas queria... mas... olho para o lado, vejo o campo verdejante com crianças correndo e brincando, vejo o Sol se pondo formando um extraordinário espetáculo de cores... não que eu sinta saudades mas... espero que eles tenham encontrado finalmente a paz.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 08 Fev 2008, 15:07

Um final lindo (embora a luta contra os encapusados tenha soado bem anime). Agora fica a pergunta: Ele morreu mesmo ou está vendo a luz ainda?
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Mensagempor maksimun em 08 Fev 2008, 16:40

Lady Draconnasti escreveu:Um final lindo (embora a luta contra os encapusados tenha soado bem anime).


Bom, na verdade eu ia fazer uma luta contra cinco oponentes realmente distindos, contudo isso ia ficar ANIME DEMAIS xD (yuyu hakusho? Hunter x Hunter? até mesmo power ranger T_T ). Dai pensei, bom, vamos fazer algo um pouco menos clichê, três é um número muito bom, e sendo uma equipe os 3 poderiam fazer um fake para assustar seus inimigos em batalha (afinal, imaginar ter que enfrentar CINCO caras fodões, ao invés de três, já tira as forças de qualquer um).

Lady Draconnasti escreveu:Agora fica a pergunta: Ele morreu mesmo ou está vendo a luz ainda?


Isso, minha querida, vai ser extremamente subjetivo =*

Confesso que mudei de idéia 1 minuto antes de postar o conto. O final ia ser o mais comum possível. Porém, pensei: Porque o sucesso necessariamente precisa vir com uma vitória? Então, imaginei algo que saiu como está. Espero que gostem ^_^

Bjs e abraços!
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Mensagempor Lady Draconnasti em 08 Fev 2008, 19:55

Isso, minha querida, vai ser extremamente subjetivo =*


Imaginei que você fosse dizer isso ^^
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Mensagempor Elara em 12 Fev 2008, 14:04

Nhaaaaaa...

Não gosto de contos com final subjetivo!!!!!

De todo modo, valeu a narração do combate. Parabéns, Maks, bom tê-lo por aqui.

Chero!
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Mensagempor Ermel em 17 Fev 2008, 21:39

A luta foi interessante. A ultima luta foi um pouco confusa. E devo ser sincero, fiquei a ver navios. Não gostei do conto, eu achei que ele fosse morrer, e mesmo com o final subjetivo, ainda creio que ele tenha ficado vivo. Essa 'sindrome de onipotencia', que vem de Anime, realmente me deixa um pouco incucado, o que me leva, as vezes, a torcer pelo malvado da historia.

Até!
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