Sentado à ponte, coço a cabeça afoito. Minhas mãos tremiam, o suor escorria pela testa, a poça de sangue ao meu lado já havia até secado. Animais mortos ao meu redor, árvore seca e céu cinzento. Meu machado, ensanguentado, tremia em minhas mãos marcadas e manchadas. Minha armadura, outrora brilhante e dourada, agora ostenta apenas marcas de gritos abafados e restos de carne pútrida.
Eu estava à espera.
Minha mente me conduzia à minha família, a meu animal companheiro morto em combate, meus sonhos e desejos. Agora tudo estava para ser consumido apenas pelo calor da última batalha que a cada segundo se aproximava. Sem esperança, não adiantava rogar nem orar. Não há Deus que responda por você nesse mundo caótico e consumido pela guerra. Não em Okrazhan...
Um mundo onde três reinos eram comandados por regentes caóticos, crueis e ambiciosos, em constante ameaça bélica e invasões hostís. A paz era algo raro. Um sonho, inalcançável para 99% da população. Que tinha como mão de obra primária forjar armas e armaduras para serem usadas para as guerras. Nenhum homem adulto com mais de 15 anos era poupado, mulheres não faziam outra coisa a não ser atividades que dessem suporte para a produtividade bélica. Qualquer mulher acima de 15 anos e abaixo de 30 (se chegassem a essa idade) deveriam exclusivamente ficar parindo filhos que futuramente seriam usados nas linhas de batalha. Reduzidas, todas, a uma fábrica de soldados...
A morte de um dos regentes desestabilizou completamente o relativo equilíbrio entre os reinos, e como nenhum regente assumiu com a mesma força de seu antecessor, logo um dos reinos sucumbiu às ameaças dos outros 2. Em meses, uma batalha nunca antes vista por todos foi travada. 100 anos de guerras. Sempre se perguntam até onde vai a tolerância e a resistência de uma civilização dedicada 100% de seu tempo para a arte da guerra. Após 100 anos, pouquíssimas cidades ainda restam de pé. Alimentos, além de raros e caros, agora são luxos para alguns poucos. Animais agora são extremamente raros, e os que ainda existem são treinados para o combate.
Não me lembro de como vim para aqui. Mas me lembro de quando acordei deitado ao lado de vários soldados caídos pelo chão. Isso pouco importa agora, só quero acabar com tudo isso e achar um jeito de voltar para meu mundo. Quero mais uma vez rever minha família. Quero minha vida de volta.
Olho ao longe, o último pelotão de elite do reinado norte, aproximadamente uns 40 homens. Sou tudo o que restou do reinado Sul. Acho que chegou a hora. Não que eu seja algo fácil de ser abatido, mas a qualidade faz a diferença. Eles vem brandindo suas espadas e escudos, gritos insandecidos, sabem que é a última batalha, mas pelo visto não me conhecem muito bem, ainda...
Posiciono-me após a ponte, eles aproximam-se rápido, talvez nem reparem na posição estratégica que possuo. 40 homens vindo 2 a 2, numa ponte de 14 comprimento por 1,5m de largura, um ao lado do outro não tem nem espaço para manejarem suas armas para desferirem um golpe decente. deixo o 1o. par vir correndo, ao menos reparam que não dá pra vir um ao lado do outro, e nessa ficam vindo 1 a 1. Sai decepando mãos, pernas, braços e cabeças, quando a ponte está bastante cheia, corto um suporte estratégico que havia preparado para aquele momento. 25 soldados caem no rio, rapidamente derramo óleo nas águas e jogo a tocha acessa, provocando um pequeno incêndio. O desespero e o medo fazem o resto do trabalho.
Enquanto saem da água correndo e gritando com o fogo pelo corpo, são alvos extremamente fáceis de serem abatidos. Um a um, derrubo os soldados. Alguns esboçam uma reação de combate. Em vão. Do outro lado da margem, cinco soldados encapuzados apenas observam a cena.
Agora que o verdadeiro combate vai começar... e já estou ficando sem truques.
continua...