Réquiem Para As Vítimas Sem Nome
Dor.
Medo.
Pesar.
Uma infinidade de emoções passa por meu peito, arranhando meu coração, enquanto contemplo os restos de uma pequena e insignificante vila próxima do Castelo. Cinzas que se desfazem ao toque de meus dedos pálidos, vidas daqueles a quem confortei em seu último suspiro e que agora mancham minha boca.
Nenhuma alma sobreviveu ao ataque furioso de meu Pai, aquele a quem eu renego o sangue que corre em meu corpo. Mas agora não é hora para isso.
Os mortos precisam ser enterrados. Alguém precisa rezar por seu descanso.
Há muito tempo, quando eu ainda era infante, minha mãe me ensinou uma prece para os mortos. Naqueles dias, eu não entendia qual a utilidade daquilo. Em minha pureza, eu acreditava que todos viveriam para sempre, assim como eu e meu Pai. Aprendi da pior forma que não era desse modo como Deus conduzia o mundo.
A cada viagem minha, aumenta o número de desconhecidos para quem rezo todos os dias, antes da aurora. A cada estadia em ruínas, eu enterro novos mortos que permitiram que eu permanecesse vivo.
Eu não posso continuar com isso por mais tempo.
Foi sabendo disso que eu decidi retornar de meu exílio.
Você pode controlar o Castelo de acordo com sua vontade, meu Pai. Mas nunca conseguirá me impedir de passar por seus portões e cumprir com minha promessa.
Pesar.
Medo.
Dor.
Não se preocupe, eu me certificarei de que você também sinta tudo o que as vítimas anônimas de sua fúria sentiram.