[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Myako Lumine em 04 Jan 2008, 16:23

Essa é uma história que comecei em um fórum de histórias Yuris (relações homossexuais entre duas garotas). Não sei se pode ser considerada indevida para menores de 17 anos, então preferi não colocar nada. A narração é PoV (Point of View / 1ª pessoa), e o cenário não é bem definido. Maaaaas, eu espero que vocês gostem. ^^ Para não colocar muita coisa, vou postar o capítulo 2 mais tarde/amanhã, e assim será com o 3 e o 4. O 5 não tem previsão de saída, então não posso dar previsões. ;*

Cap. 01 - A Terrível Noite

Acordei de um pulo. Já era tarde, mas algo me incomodava, e havia me despertado do sono. Estava frio, e minha garganta estava muito seca... Resolvi ir até a cozinha para beber um copo de água. Acendi uma vela que estava ao lado de minha cama, e comecei a andar corredor a fora. A porta, já enferrujada, fez um ruído metálico que ecoou pelo andar. Parecia algo aterrorizante, se você já não estivesse habituado com o mesmo som todos os dias. O chão frio incomodava meus pés, e a estrutura de mármore não ajudava a me esquentar.

- Por que tive que esquecer de pegar meu casaco?! - pensei, enquanto andava pelos corredores. Ao virar a direita no fim do corredor, escuto um som vindo da porta à minha esquerda. Um barulho de algo quebrando. Era o quarto de meus pais.

- Que estranho. Tem uma luz vindo de lá. Será que ainda estão acordados? - Engoli em seco. Será que algo poderia estar acontecendo? Resolvi abrir a porta. - Papai? - ao terminar de abrir a porta, meus olhos se depararam com uma cena que não poderia ser pior. Uma poça de sangue reluzia à luz das velas, e o corpo de minha mãe jazia sobre esta. Seus olhos estavam vidrados, com uma terrível expressão de tristeza. Um deles, pelo menos. Na órbita esquerda estava apenas um buraco. Seu vestido, outrora branco e refinado, estava todo rasgado, transparente de suor... E totalmente coberto pelo sangue. Os cabelos pareciam terem sido arrancados, e estavam espalhados pelo quarto. Seu corpo estava branco como a neve que caía do lado de fora do castelo, e estava todo perfurado, como se alguém tivesse tido o prazer de vê-la sofrendo. As paredes estavam com ocasionais borrões de sangue, e uma figura se encontrava diante da lareira. Minhas pernas fraquejaram e eu caí ajoelhada, vomitando enquanto chorava. Acabei derrubando a vela, que caiu e permaneceu acesa por alguns segundos antes de o fogo se extinguir no chão frio.

- Por que choras, minha criança? - reconheci aquela voz de imediato... - Não consegues ver que agora, finalmente, irás assumir o trono de rainha?

- P-pa-pai... - virei para o lado e vomitei novamente. Meu estômago estava embrulhado, e todo meu corpo tremia sem parar. Tentei me levantar, mas minhas pernas fraquejaram novamente. Ele se levantou e me encarou. – O... O que... - Seus olhos estavam arregalados, e um sorriso doentio estava em sua face. Sangue escorria de sua boca, e seu rosto estava todo sujo. Suas vestes estavam manchadas, e seus braços, arranhados. Seus cabelos ruivos, que vivam impecáveis, estavam bagunçados, e molhados de suor.

- Venha. Vamos, juntos... - ele me ofereceu a mão, vermelha de sangue. Eu me senti jogada para trás, e comecei a me arrastar pelos corredores, chorando. Às vezes, conseguia dar três ou quatro passos, mas caía novamente. Na fuga pelos corredores sombrios, as paredes pareciam me observar com o mesmo sorriso doentio, e os quadros pareciam estar sujos de sangue, estendendo suas mãos para mim. Eu estava suando frio, e meu corpo tremia sem parar. Já sentia as roupas molhadas, e minha cabeça latejando. Minhas mãos já estavam sem a firmeza de outrora, e meus sentidos pareciam ter parado de funcionar. O pouco que conseguia sentir era medo. Muito medo daquele ser. Ele não poderia ser meu pai... Nunca fora. Ouvia vozes em minha cabeça, e comecei a me sentir acuada. Vi sombras, mesmo em meio aquela escuridão. Estavam atrás de mim, queriam roubar-me a vida! Não sei de onde tirei forças, mas me levantei e comecei a correr sem direção, enquanto fugia das sombras. O castelo estava totalmente vazio... Eu precisava me esconder. Corri até uma porta, que abri e entrei, fechando-a com uma batida atrás de mim. Uma luz vinha do canto do aposento. Vi um vulto que revirava as gavetas. Pela altura, já devia ser um adulto. Nos encaramos durante alguns segundos, até que me joguei em cima daquele ser.

- Por favor! Me... Me tire daqui! E - eu faço o que você quiser, mas me tire daqui! - eu soluçava incontrolavelmente, chorando sobre o ser. Senti suas mãos sobre meu cabelo. Seus olhos me encaravam. Sua pele era morena, e seus olhos pareciam esmeraldas. Sua voz era doce.

- Não sei o que houve, mas para uma princesa estar neste estado, algo horrível dele ter acontecido. Faça o seguinte: durma, e, amanhã, se ainda tiver este mesmo desejo, estarei esperando-te ao pôr-do-sol na saída leste da cidade. Leve roupas leves e confortáveis, água e comida. Iremos precisar, se realmente desejar sair deste local. - Suas mãos se colocaram sobre meus ombros, e me afastaram. - Agora vá, e mantenha-te calma, pelo menos na presença de outros.

O vulto saiu pela janela, em meio a noite fria... Me apoiei numa parede e sentei. Acabei dormindo por lá mesmo, sentada no chão frio do aposento. Usei uma antiga tapeçaria de lã para me aquecer enquanto dormia. Acordei com a luz solar invadindo meus olhos, como quem força a entrada de uma porta. Abri meus olhos lentamente... A cena de ontem ainda vagava em minha visão, mas eu precisava ser corajosa. Minha noite havia sido terrível, cercada de pesadelos e sobressaltos noturnos. Me levantei, ainda tremendo, e saí. A luz do dia não chegava com total força nos corredores, o que obrigava as velas a ficarem sempre acesas. Fui arrastando os pés, de cabeça baixa, sem me dirigir a ninguém, até meu quarto. Entrei e me tranquei lá, onde fiquei na cama, deitada.

- Senhorita, por favor, permita-me abrir a porta! Estás trancada aí dentro há horas! Deves comer algo ou tua saúde poderá ficar frágil e instável!

Uma voz conhecida. Meu coração disparara. Pulei da cama e abri a porta. Era Maria, minha professora e segunda mãe. Pulei em cima dela, que me abraçou. A convidei para entrar e tranquei a porta logo em seguida. Sentamo-nos na cama, e eu comecei a chorar. Precisava dela de alguma forma...

- Nada irá te acontecer. Por favor, confie em mim. Irei protegê-la, por mais que isto custe minha vida.

- S-sério?

- Claro. Tu és minha pequenina, e não permitirei que mal nenhum se abata sobre ti.

- Então vais comigo para longe deste demônio?

- Como assim?

Expliquei a história, e contei-lhe que ia fugir no mesmo dia. Ela sorriu e levantou.

- Vou preparar tuas coisas e as minhas. Nos veremos mais tarde... - abriu a porta - Ah, sim. O rei já saiu do castelo para sua caçada, então acho que tu podes ir comer algo.

Não sei o porquê, mas o peso que eu sentia havia se aliviado. Resolvi seguir e ver o que iria acontecer. Escuridão, esconde meus medos...
Editado pela última vez por Myako Lumine em 19 Mar 2008, 11:29, em um total de 2 vezes.
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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Elara em 04 Jan 2008, 18:24

Interessante.

Começou um pouco sem sal, mas depois ganhou emoção. No entanto, achei meio confuso. Deve ser pelo fato de ser o início, né?

Aliás, o que esse conto tem a ver com lésbicas?

Chero!
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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Luminus em 04 Jan 2008, 21:24

:nao:
Editado pela última vez por Luminus em 24 Fev 2010, 11:40, em um total de 1 vez.
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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Myako Lumine em 05 Jan 2008, 01:01

Cap. 02 - Mar de rosas

Já estava tarde, então resolvi ir seguindo meu caminho. Maria iria depois. Saí de meu quarto devagar. O corredor estava vazio... Como sempre. A cada virada, eu me apoiava na parede e observava com cuidado para ver se tinha alguém. Demorei duas vezes mais do que o tempo normal para sair do castelo, já que, às vezes, tinha que voltar uma parte do caminho para evitar alguém. Saindo do castelo, observei que o jardim estava vazio. Fui até o portão, onde Maria me esperava, com cuidado.

- Maria! Está mesmo disposta a ir embora comigo?

- Já te falei que irei, pois tu és minha pequenina. Vivo para te proteger, e nada irá mudar isso.

- Ah, Maria!

Ela me estendeu uma capa, para que pudéssemos andar na cidade sem que nos reconhecessem. Com sua ajuda consegui colocá-la, e partimos para a saída leste. A cada passo que dávamos, a cidade parecia ficar mais vazia e fantasmagórica. Nunca soube deste local. Um estranho desconforto em meu peito esquerdo me fez parar. Uma dor estranha, uma sensação de mágoa e arrependimento. Senti algo vindo até meus olhos: lágrimas.

- Senhorita, o que estás fazendo par...? - Lentamente, Maria se aproximou de mim. Aparentemente, me viu chorando. Suas mãos me abraçaram na altura do peito, me puxando para cima dela. Me senti estranha. "Como o corpo dela é macio...", foi a primeira coisa que me veio a mente. Ficamos em silêncio, até que ela começou a andar, ainda abraçada comigo. Me sentia quente. Toda aquela sensação desconfortável sumia, dando espaço para um calor que eu nunca havia sentido. Chegando na saída leste, não havia ninguém. Apenas uma camponesa que colhia flores no campo próximo. Maria se sentou, e me puxou para sentar em seu colo. Ficou acariciando meu cabelo da mesma forma que minha mãe fazia. Estranhamente, eu fiquei vermelha, e procurei evitar encará-la. Ela sorriu. Um sorriso que me deu uma grande sensação de felicidade. Passei a fitar a camponesa, imóvel. Longos cabelos negros, e uma brilhante pele morena. Quando se virou, me viu e sorriu. A reconheci de imediato. Levantei-me e fui até ela, ignorando Maria.

- Vejo que já está melhor, princesa. - sua voz me deu um arrepio

- Sim. Graças a esperança que você me deu de uma vida melhor.

- Não precisa agradecer. - se aproximou de mim - Afinal de contas, você me será útil! - e me ergueu, colocando-me em suas costas.

- Princesa! - Maria se aproximou, desesperada.

- Maria! Maria! Me ajude!

- Não adianta gritar. E quanto a você, desista! - e abriu um tipo de portal. Lembro de uma grande pressão em minha cabeça e de perder a consciência. Acordei em um lugar estranho, uma caverna. Meus braços estavam presos por correntes no meio de um estranho saguão, e eu havia sido despida. Me senti tão envergonhada e decepcionada... Afinal de contas, eu esperava que uma ladra pudesse me ajudar. Mas aqueles olhos me pareciam tão gentis que não pude me conter. Ouvi barulho de passos e olhei na direção do som. Era ela. Com a roupa normal de ladina. Uma saia curta com um top menor ainda. Ambos negros. Botas longas e o cabelo jogado para trás em um rabo de cavalo. Sua face tinha uma expressão maliciosa que a deixava muito menos bela do que era. Carregava um balde de água e um pano.

- Me tire daqui! Pare com isso!

- Quieta. Tenho planos para você.

Com isso, se aproximou de mim. Pegou o pano molhado e, lentamente, limpou meu rosto. Fechei os olhos para não chorar. Ouvi o som do pano sendo mergulhado na água novamente. Dessa vez, limpava meu pescoço. Estremeci e corei. Novamente, o som da água. Meus ombros foram os escolhidos da vez. Um calafrio percorreu minha espinha quando a senti indo um pouco mais para baixo dos ombros, chegando ao meu peito. Aquela sensação da água escorrendo e de algo sendo pressionado contra meu corpo fez com que um frio percorresse todo meu corpo e se alojasse em meu ventre. Uma sensação fria, mas que fez com que eu me sentisse quente. Sem perceber, soltei um baixo gemido. Abri os olhos, espantada. Ela me encarava com surpresa.

- Então até mesmo você tem estas sensações impuras, não? - Optei por não responder sua pergunta e desviar o olhar - Devo parar por aqui, então. Não quero que você se torne inútil para nós.

Se abaixou e pegou o balde. O ergueu sobre a cabeça e despejou toda aquela água sobre mim. Senti que, com aquela água que escorria de meu corpo, aquela sensação ia embora. Com aquela água que pingava, todos meus pensamentos libidinosos iam embora, escorrendo lentamente, dando uma sensação de desconforto e prazer até o momento que chegavam até a ponta dos pés, de onde partiam para uma queda até o chão, saindo totalmente de minha alma.
Não lembro quanto tempo passei ali, sentindo a água escorrer enquanto pensava em como a vida é engraçada. Só sei que vi uma sombra se projetando na parede e que meu corpo se encolheu. Ou pelo menos tentou fazê-lo. Ouvi duas vozes familiares.

- Maria!

- Princesa!

Ela chegou perto de mim, acompanhada por um ser encapuzado que conhecia bem.

- Não... Não me toque...

- Princesa, acalme-se. Ela não irá te fazer mal. Aquela camponesa era um ilusionista à mando de teu pai. Esta é a verdadeira Mielliki.

- Devemos nos calar e ir logo. - Miel, que é como irei referir-me a ela, cortou as correntes e me cobriu com sua capa. - Quando sairmos daqui compraremos roupas para a senhorita. Agora, por favor, suba em minhas costas para podermos ir embora daqui. - Depois de uma troca de olhares com Maria, obedeci. As duas saíram em disparada. Olhei para o lado e vi Maria correndo na mesma velocidade que Miel. Fiquei espantada com as habilidades de minha jovem aia. Quando estávamos quase chegando à saída, um grupo de soldados apareceu, impedindo nosso avanço. Maria se colocou à frente.

- Mielliki, cuidado com a princesa.

- Sim. Mas tome cuidado, Ignis. - Ignis? Que nome era este? Miel se afastou alguns passos, e Maria esticou seu braço direito, com a mão aberta. Um arco foi materializado. Prateado, cravejado com safiras e em formato de um par de asas abertas. Sua mão esquerda se posicionou, e, lentamente, uma luz foi se formando. Flechas. Flechas de energia! Movimentos rápidos e um estranho som. Os soldados caíram. Fiquei perplexa, encarando-a.

- Não se preocupe, estão apenas inconscientes.

Avançamos, descendo uma perigosa trilha como se fosse uma estrada normal. Após alguns minutos, chegamos ao pé da montanha.

- As levarei até minha casa. Depois decidimos nosso destino. - Miel se pronunciou entrou na floresta. Maria não se opôs e fomos seguindo. Já estava desconfortável por estar sendo carregada por tanto tempo. Um silêncio constrangedor reinava no local. Chegamos até um lago, onde caía uma cachoeira cercada por roseiras. Uma cabana encostada na rochosa parede atraiu minha atenção. Miel colocou-me no chão, próxima a cachoeira.

- Melhor se lavar, senhorita. Deve estar suja pela poeira. Eu irei pegar roupas limpas e Maria te ajudará com o banho. Com licença. - e se retirou em direção à cabana. Maria chegou perto de mim e retirou a capa. A encarei, constrangida. Ela sorriu. "Queria que tudo fosse como este mar de rosas", pensei ao entrar na água e ficar encarando as plantas.
Editado pela última vez por Myako Lumine em 29 Jan 2008, 16:12, em um total de 1 vez.
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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Myako Lumine em 05 Jan 2008, 23:39

Cap. 03 - Às estrelas

Maria ficou de costas para mim. Fiquei a observá-la sem saber o que iria fazer. Primeiro, soltou o cabelo. Aqueles lindos cabelos castanhos que caíam até sua cintura me deixaram parcialmente hipnotizada. Mas o que realmente iria me hipnotizar acontecera depois. Se abaixou e tirou os sapatos, mostrando delicados e pequenos pés. Tirou as meias, deixando suas pernas finas e aparentemente macias à mostra. Quando pensei que seria só isso, veio o choque. Desfez o laço de suas costas e deixou o vestido cair. Aquele corpo tão belo, tão mais velho e cheio de experiência me chocou. Sua pele era branca como porcelana, e sem falha alguma. Seu quadril era totalmente proporcional aos seios, que eram proporcionais ao resto do corpo. Se aproximou e entrou na água segurando um pano. Pediu-me que virasse de costas. Envergonhada com meus próprios pensamentos, o fiz. Ela esfregou minhas costas com delicadeza. Alguns minutos depois, Miel saiu da cabana carregando algo que, à primeira vista, parecia um amontoado de tecidos.

- Senhorita, venha logo. Aqui estão as roupas que te prometi. – e se virando para Maria, completou – Ignis irá te ajudar a vesti-las. Com licença. – e, fazendo uma reverência, desapareceu.

- Maria, onde ela foi? – me virei para encará-la, que agora saía da água – E por que ela te chama de Ignis?

- Perdoa-me por negar respostas aos teus tão clementes questionamentos, mas esta não é a hora, nem o local, oportuno para responder-te com sinceridade. Apenas peço-te que, mais uma vez, confie em mim.

E, com uma reverência, foi até suas vestes e começou a colocá-las. Me afastei da água para não molhar as roupas que Miel havia me dado, e as larguei no chão, separando as peças. Algo parecido com uma segunda pele negra, uma saia cinza-escuro e uma blusa sem mangas da mesma cor. Meias e sapatos negros, com a sola feita de um material resistente e maleável para impedir quaisquer tipos de derrapadas. Fiquei a fitá-los, sem saber por onde começar, até que Maria se aproximou.

- Vejo que Miel entregou-te um uniforme. – sorriu ao ver minha dúvida – Não se preocupe, apenas o vista. Deves iniciar por esta peça – pegou a segunda pele, fazendo cair um par de luvas - e, depois, ir sobrepondo as outras da maneira que preferires.

- Tudo bem...

- Necessitarás de ajuda?

- Não, muitíssimo obrigada.

- Com licença. – e, fazendo uma reverência, entrou na cabana. Me senti meio constrangida de ter que me trocar no meio de um campo, mas o fiz. Estranhamente, ao vestir aquele uniforme, me senti mais forte e ágil. Porém, senti uma dor em minha têmpora direita. Caí no chão, e minha visão embaçou de repente. Vi luzes negras se sobrepondo enquanto formavam várias imagens que não consegui acompanhar. Então, na mesma velocidade que havia começado, tudo parou. A dor e as luzes. Eu estava esticada na grama, mas já havia anoitecido.

- O que aconteceu?

Me levantei de um pulo, e percebi que Miel e Maria conversavam próximas a mim, ambas utilizando um uniforme como o meu.

- Pensei que não iria acordar hoje. – Miel me encarava e sorria.

- O que foram aquelas cenas? – sentei na frente dela, decidida a sanar todas as minhas dúvidas.

- Seus maiores medos. Aqueles que você deseja do mais profundo do seu ser que não passem de medos.

- E por que eu os vi? – tudo me parecia estranho

- Porque necessita encará-los se quiser continuar conosco.

- Continuar... Como assim?

Miel se levantou antes de continuar e olhou para Maria, que continuava sentada.

- Nós temos uma missão. E você está nela. Uma história vem sendo reescrita, e nós não podemos permitir que isso continue. Infelizmente, não poderei dizer mais do que isso. Ainda não é hora. Mas se quiser vir conosco, deverá jurar lealdade.

- Mas... A quem?

- À sua própria existência.

- Co - como...?

Maria se levantou e foi até Miel, onde ficou parada.

- Não acho que ela deva...

- Se quiser continuar, terá que fazer o mesmo que nós.

- Ela é só uma criança!

- Nós também éramos.

Maria se calou. Não tinha argumentos. Eu não entendi o que estava acontecendo.

- Faça como quiser, Miel. – e virando-se para mim, acrescentou – A escolha está em tuas mãos, senhorita. Saiba que,
uma vez feita, não poderás voltar.

E saiu em direção à floresta. Me virei para Miel, que estava parada, me observando.

- Não posso impedi-la. Foi-se a época em que ela me ouvia. Agora a decisão é tua. Quer continuar?

Não entendia o quê, nem o porquê. Mas algo me dizia para continuar. Encarei Miel e me decidi.

- Sim.

- Sabe que não poderá voltar atrás?

- Sei.

- E que estará correndo risco a todo instante?

- Sim.

- E, apesar de tudo isso, jura lealdade aos seus ideais e à sua própria existência?

- Juro.

Miel se aproximou de mim, envolveu minha cintura em seus braços e tocou meus lábios com os seus. Depois, se afastou e me entregou um colar.

- Agora você irá dedicar sua vida... – parou um pouco e olhou para o céu estrelado – Às estrelas.

- Às estrelas... – repeti.
Editado pela última vez por Myako Lumine em 29 Jan 2008, 16:13, em um total de 1 vez.
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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Irish Carbon em 06 Jan 2008, 00:52

Apenas espero. Não comento histórias quando estão pela metade.
Here come the test results:
You are a horrible person.

That's what it says: A horrible person. We weren't even testing for that.


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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Myako Lumine em 08 Jan 2008, 00:04

Cap. 04 – Uma Grande Mudança

Lentamente, senti meu corpo formigar e encarei Miel, que sorria.

- Acalme-se – pegou-me em seus braços para que eu não caísse – Você só irá dormir um pouco. Não se preocupe... – e ouvindo essas palavras, adormeci. Não sei quanto tempo se passou, mas me pareceu muito tempo. Meus braços dormiam, minhas pernas doíam, mesmo com um incômodo formigamento. Acordei com um horrível cheiro de enxofre, ou algo que não consegui definir o que me parecia. Já era noite novamente; Miel e Maria encontravam-se meio distantes, de pé, observando algo que parecia um bloco feito de metal derretendo.

- O que é isso? Agh... – levei as mãos ao nariz, para evitar o terrível odor que impregnava o local.

- Ah, princesa! Vejo que finalmente acordaste! Como estás se sentindo? – Maria se adiantou até mim – Sente fome? Sede? – olhei para as chamas que ardiam pouco atrás dela – Ah, sim! Não estás acostumada com o cheiro da fabricação ainda.

Fabricação? Costume? Por mais que eu tentasse, certas coisas não se encaixavam. Como o porquê de eu estar ali, do porquê de Miel chamar Maria de Ignis...

- Nem poderia. – Miel acrescentou se virando para me encarar – É a primeira vez que ela vê uma dessas. – a olhei intrigada – Ou será que não?

Assenti com a cabeça e ela me encarou. Segundos se passaram, onde se ouvia apenas o crepitar do fogo e o som da água caindo no lago. Miel fez que não com a cabeça e retornou para perto do fogo. Maria a observava, e eu fiz o mesmo.

- Ignis, já está bom, traga as ferramentas!

Maria saiu correndo para dentro da cabana e voltou com uma pequena bolsa de couro, de onde Miel retirou várias ferramentas que eu não pude ver bem porque seu corpo as cobria, assim como cobria o que estava fazendo. Segundos. Minutos. Horas passavam e só se percebiam os tiques metálicos, o som dos objetos – que se assemelhavam com adagas, como pude perceber – sendo mergulhados na água para esfriar o trabalho da forja e, ocasionalmente, um “Ai!” vindo de Miel, que parecia se queimar enquanto trabalhava. E as horas se arrastaram neste ritmo, com os baques metálicos ritmados, como se o fogo e a ladina já fossem antigos parceiros de uma orquestra ao ponto de já saberem a música de cor. Maria parecia cansada, toda hora trazendo água para Miel esfriar as criações. “Uma coadjuvante nessa orquestra.” – pensava eu.

- Acho que acabou. – as palavras de Miel ecoaram na minha mente vazia, perturbada pelo vazio que enchia minha cabeça.

- Ah, que bom! – Maria se estirou na grama, suada. Miel recolhia tudo e analisava, à luz do Sol que nascia, o resultado das horas de trabalho. Parecia decepcionada. Seu olhar era o de quem não havia conseguido o que queria. Deu as costas e foi em direção às roseiras.

- Mielliki, aonde você vai? – passei a encará-la – Não acha melhor descansar?

- Não há descanso para quem busca a perfeição. – ao perceber meu olhar, ela passou a fitar as plantas, vermelhas como o sangue, que se encontravam em sua frente – Não espero que você entenda. Afinal, não parece querer entender.

- O que você quer dizer com isso? – me ergui – Você acha que estou aqui porque quero? Acha que eu estou sem entender nada por vontade própria? – ela permaneceu imóvel, me encarando. Maria havia se sentado e me observava, boquiaberta. Meu sangue fervia – Ah, melhor! Desculpe-me por ser tão inútil! Por não saber de nada! Por ser só uma criança mimada! Eu não que... – por instinto, levei minhas mãos à face direita. Miel ainda estava com a mão erguida, o rosto tão frio quanto o próprio gelo. Aquela ardência, como se a pele estivesse queimando... E, pior do que a dor física, o fato de saber que fiz algo errado.

- Se é para se menosprezar, volte para sua vida de antes! – apontou para a montanha ao longe – Não estou aqui para proteger uma pessoa que não tem vontade de sequer compreender o que eu faço! – e, me dando as costas, se dirigiu para as roseiras, sumindo de vista após alguns minutos.

Sentia-me pesada. Com o rosto vermelho, permaneci imóvel. Durante horas, fiquei a fitar a roseira, esperando que ela retornasse para que eu pudesse me desculpar. Maria pescava, mas, ocasionalmente, eu a via lançar olhares preocupados em minha direção. Quando o Sol já estava no alto, um calor indescritível nos assolando, eu ouvi um som vindo da roseira; as plantas se moviam.

- Maria, Mieli... – Maria, rápida, havia colocado uma de suas mãos sobre minha boca e apontava a floresta com a cabeça. Rapidamente, nos posicionamos atrás de um arbusto que se encontrava entre duas árvores. Permaneci abaixada, observando o que acontecia na clareira pelas folhas. Maria estava parada ao meu lado, pálida.

Após alguns minutos, dois homens – ou assim me pareciam, mas nunca cheguei a ter certeza – apareceram, saindo do meio das roseiras. Portavam objetos metálicos em forma de L, que carregavam com as duas mãos, como se suas vidas dependessem daqueles frágeis pedaços de tecnologia.

- Maria, o que é aquilo? Bumerangues? – perguntei em um sussurro. Maria fez que não com a cabeça, e eu percebi que só descobriria mais quando os seres fossem embora. Rodearam, se aproximaram do lago e, por fim, resolveram entrar na cabana. Com dois fortes empurrões, conseguiram colocar a porta abaixo. Maria permanecia imóvel ao meu lado, as mãos apertando o chão. Saíram alguns momentos depois, sem nada nas mãos. O mais alto tirou uma caixa retangular de um bolso e, após apertar algumas saliências, uma voz distorcida se fez ouvida.

- O quê? – era uma voz masculina, estranhamente familiar. – Não quero saber de mais desculpas! – os dois vultos pareceram se encolher – Se falharem mais uma vez, eu, pessoalmente, irei arrancar suas cabeças! Agora vão e encontrem-na! E é uma ordem!

- Sim, senhor! – e, guardando a caixa, se retiraram. Maria ainda esperou um tempo antes de se pronunciar, séria.

- Princesa, nós teremos que ir. Independente de Miel ter retornado ou não, não há mais tempo para discutirmos. – e, olhando para a cabana, adicionou – Espero que não tenham levado tudo. – se levantou – Espere aqui.

Devagar, chegou até a cabana sem problemas. Entrou, permaneceu lá por uns momentos e, depois, me chamou.

- Escolha algumas armas, mas seja rápida. Não podemos perder mais tempo. – Não havia mais cordialidade em sua voz. Apenas um ritmo veloz e preocupado. Apontou para a mesa, onde várias adagas, espadas, escudos e vários outros equipamentos se encontravam. Peguei um peitoral prateado, que parecia ser de seda, mas se mostrou resistente como aço. Escolhi um grande arco prateado que prendi às minhas costas, e peguei uma aljava de flechas douradas, que prendi juntamente ao arco. Prendi duas adagas de cada lado do cinto e, para finalizar, peguei um pequeno escudo que prendi em meu braço esquerdo. Maria já estava pronta.

- Vamos logo! – saiu em disparada em direção à roseira. Sem saber o que fazer, eu a segui. De repente, ela parou. Quase bati em suas costas, se não tivesse previsto o que ela ia fazer.

- O que foi, Maria?

- Um labirinto de rosas. – ficou imóvel, parecendo nervosa com o que se encontrava a nossa frente.
Editado pela última vez por Myako Lumine em 29 Jan 2008, 16:15, em um total de 1 vez.
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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Dahak em 23 Jan 2008, 02:06

Myako, tudo bem contigo?
Espero que sim.

Estava tentando ler e me perdi algumas vezes.
A leitura no fórum é um pouco prejudicada pela ausência parágrafos, então se padronizou deixar o espaço de uma linha entre um parágrafo e outro, entre um diálogo e outro.
Dessa forma a visualização fica bem fácil.

Se puder fazê-lo, apreciaria bastante ^^"

Volto com os comentários em breve.


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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Myako Lumine em 03 Fev 2008, 19:41

Desculpem a demora, mas aqui está! ^^

Cap. 05 – Eu

Um calafrio percorreu minha espinha. Por algum motivo, sentia-me confiante. Um estranho sibilo, como de uma cobra, invadia meus ouvidos. Sentia Gaia falando comigo “Vá em frente”. Maria havia parado, absorta em pensamentos.

- Vamos, Maria. - segurei sua mão e passei a levá-la para dentro do labirinto.

- Princesa! Estamos indo em direção a roseira! Pode ser perigoso...

- Eu não tenho medo. Não há nada que vá me impedir agora...

- Mil..

- Não sou mais milady. Tampouco princesa. Pode chamar-me de Aliza. Eu jurei lealdade à minha própria existência. Não vou quebrar este juramento logo no primeiro desafio que me aparece.

Soltei seu pulso e avancei. A roseira parecia se mover para abrir caminho. "Abaixe-se", alertou-me o sibilo. Puxei Maria exatamente quando uma flecha passou onde ela estava antes e foi se perder dentro da planta. Abaixada, comecei a me mover para dentro dos espinhos.

- Aliza! - ouvi a voz de Maria, mas continuei avançando. Os espinhos me cortando a pele, mas deixando a roupa intacta. Sentia o sangue escorrer por entre meus dedos e se alojar dentro da luva. O sibilo continuava, mas eu não podia entendê-lo. Quando estava saindo do labirinto, tudo parou. A roseira se enroscou em meus pulsos e em meus pés, imobilizando-me. Aquilo não era uma planta normal, não com aquela força. Um dos espinhos tocou meu ombro esquerdo, e passou a cortá-lo. Porém, de uma forma suave. Da mesma forma que havia começado, parou. A roseira me soltou e abriu um pequeno caminho para que eu saísse. Uma grande árvore, com raízes que pareciam pontes estava à minha frente.

- Pare aí mesmo! - uma voz conhecida me alertou - Quem ousa invadir esta área?

Vi uma jovem sobre uma das raízes me encarando.

- Identifique-se!

- Mielliki! Sou eu!

- E quem seria "eu"? - sarcástica, atirou uma flecha próxima a meus pés. - Eu, você ou eu, eu? - deu uma gargalhada

- Mielliki, pare com isso! - um calafrio percorreu minha espinha - O que houve?

- Eu que te pergunto! O que houve? - seu sorriso se fechou, tornando sua face séria - O que você pretende invadindo este local?

- Miel! - meu coração parou por um momento - Sou eu! Protegida de Maria, a...

- Não ouse citar seu nome em vão! - sua voz se alterou - Insolente! Quem você pensa que é para se fazer passar pela senhorita Aliza?

- Como assim? Eu SOU Aliza!

- CALADA! - sua voz ecoou, fazendo com que pássaros levantassem vôo ao longe. - A senhorita Aliza está morta! Como ousa surgir de repente e utilizar seu nome! Você...

Não consegui ouvir as outras palavras. Um sibilo encheu meus ouvidos. Não consegui identificar mais nenhum som. Senti o ferimento do ombro esquerdo se expandir, se mover... Uma voz.

"Avance"

- Quem...?

"Avance!"

- Não posso ferí-la!

"AVANCE!"

- Não! Miel é minha amiga!

"Avance! Vá adiante! Não hesite! Prove a verdade!"

- Mas como...?

"A roseira."

- Quem é você? Como você sabe disso?

"Eu sou você."

- Eu...?

"Não só você. Eu sou você, mas também sou a Maria que está em sua mente. Sou a Miel que está em sua mente."

- O que está acontecendo? Por que não vejo mais nada?

"Não pense, apenas aceite. Agora você não está mais só."

- Só... Solidão. Por que essa palavra me dói tanto?

Senti a escuridão diminuir lentamente. Duas vozes conhecidas estavam conversando baixo.

- Mas, Ignis, ela já...

- Não, Mielliki! Veja, ela está usando o uniforme, tem as mesmas feições e, além disso, ela tem a...

- Silêncio! - Miel diminui o tom de voz - Não podem ouvi-la! Isso nos traria problemas.

- O que... Aconteceu? - minha cabeça doía. Ainda havia um sibilo incômodo em meus ouvidos. Miel estava parada ao lado de uma mulher de cabelos castanhos curtos e uma face ligeiramente conhecida. Um pequeno aposento quadrado, com várias estantes na parede oposta, uma porta à meu lado esquerdo e a cama onde eu estava deitada.

- Você desmaiou na entrada... - Miel se pronunciara e me olhava com uma expressão bem mais sutil do que a que usava quando a vi inicialmente. - ... Aliza.

- É realmente... a senhorita... A senhorita é a princesa? - A mulher de cabelos castanhos me encarava.

- M-Maria? - meu coração disparou. Era realmente Maria que estava a minha frente? Mas parecia tão mais velha...

- Como... Como você sabe? - Ela me encarou, espantada. Miel se sentou, levando as mãos a boca.

- Então, Ignis... - engoliu em seco - Ela não estava morta. Ela permaneceu na roseira...

- O que está acontecendo? - minhas palavras saíram no meio de sua frase.

- ... por todo esse tempo, intacta. - Miel me encarava, incrédula. - O que aconteceu, então? Quem era aquela?

Minha cabeça estava confusa. A roseira, a segunda voz, "aquela"... O que havia acontecido, afinal? Maria foi até a porta, séria.

- Se é assim, preparem-se. Temos que partir ainda hoje. - e saiu, deixando-me sozinha com Miel no quarto.

- Vamos. - Miel se levantou, trêmula. - Descanse mais um pouco. Viremos te acordar algumas horas antes da partida. - e, da mesma forma que Maria, se retirou do aposento.

- O que... Está acontecendo aqui? - deitei-me na cama, descansando minha cabeça no travesseiro. O sibilo aumentava na proporção que o sono vinha... Sussurros incompreendíveis relacionados à outra "eu"...
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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Lady Draconnasti em 03 Fev 2008, 19:54

Vamos lá... lendo devagar.

No moemnto, li apenas a primeira parte:

Bem descritivo. Não tem como não imaginar o que está acontecendo, mas do meio pro final, ficou um tanto... rápido e meio forçado. A professora não fica horrorizada com o que a princesa conta?
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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Ermel em 03 Fev 2008, 21:53

Por enquanto li ate o segundo capitulo.

Isso me lembrou muito um anime. O jeito com descreve é como se descrevesse um anime que tenha visto. É um pouco confuso, estranho e muito apressado.

Não consegui formular uma opinião sobre o conto, mas irei ler mais e ver o que nos espera. Mas por enquanto, pelo estilo muito fantasioso, e talvez pelo teor erotico, não caiu em meu gosto.

Até!
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I happily have to disagree
I laugh more often now
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[Adulto] Tears of the Dragon - Cap.06 - Final

Mensagempor Myako Lumine em 19 Mar 2008, 11:11

Cap. 06 - Profundidade


Então, adormeci. Ouvindo os sibilos incômodos que se tornavam cada vez mais altos. Minha voz já não podia ser ouvida nem mesmo pelos meus próprios ouvidos. Meu cérebro parecia trabalhar em uma frequência diferente da que sempre trabalhara: estava mais lento. Sentia meus membros pesarem cada vez mais, como se fosse arrastada para o fundo de um lago luminoso. Abri os olhos com dificuldade. Só consegui perceber bolhas de ar subindo, passando ao meu lado. O resto parecia escuridão. Uma escuridão azul, que se tornava mais clara a proporção que meu corpo descia. E o azul passou a se tornar vermelho, lentamente.

E, de repente, um longo fio se formou a partir do nada e se prendeu em minha barriga - mais especificamente no umbigo. Um conforto quente tomou conta de meu corpo. Era como se aquele estranho fio me passasse a sensação de calor, que iniciava no local de toque e se espalhava para o resto do corpo. As bolhas de ar cessaram. Minha respiração cessou.

"Eu morri...?"

Não.

Eu não havia morrido.

"Tenho que despertar... Tenho que voltar para Maria..."

Mas quem é ela? Quem era aquela mulher, ou aquele ser, de nome Maria, que me preocupava? Tentei forçar minha mente, mas apenas um branco fosco e insensível veio à mente. Já não me lembrava de mais nada. Fechei meus olhos, esperando ouvir a voz de... De quem? E que voz era essa?

Uma voz calma como o cantar dos pássaros, suave como uma pluma. Mas o que eram os pássaros, afinal?

"Por que não me lembro? Por quê?"

E quanto mais eu me esforçava, menos eu lembrava. Esqueci o som do cantar dos pássaros, o brilho do sol, e como era acordar e estar... Viva?! Eu sabia como nomeá-los, sabia o que era o quê - ou como deveria ser! -, mas não me lembrava. Era como se tivessem rasgado minhas memórias e me abandonado naquele lugar.

"Eu não quero... Continuar assim..."

"Não?"

"Não..."

E o fio lentamente se enroscou em meu pescoço. A cada movimento, um sibilo. E a cada sibilo, eu sentia o branco aumentar em minha mente. Me enroscando cada vez mais, me sufocando, destruindo todo o meu passado.

"Pelos céus!"

Ouvi uma voz masculina exclamar, assustada. A escuridão deu lugar para um branco fosco - igual o que estava preso em minha mente - e vários borrões verdes. Ouvia um choro desesperado, gritos de clemência, blasfêmias.

"DEUS! Ó, DEUS, POR QUE FEZ ISSO COMIGO?"

A voz gritava e se debatia, aumentando a pressão do fio sobre meu pescoço.

"Não está respirando!"

E deveria respirar? Fechei meus olhos novamente. Uma imagem se passou em minha mente, rápida como um trovão. A marca da roseira ardeu como nunca havia feito. Um último sussurro antes de esquecer quem eu era

"Maria..."

Fim


Então a criança fechou o livro e passou a observar a capa dura, com o desenho de um pequeno dragão azul chorando. Abriu novamente o livro, na metade.

- Mamãe, por que tem páginas faltando?

- Por nada, querido. Por nada! - Ignis foi até a sala, pegou o livro e o colocou sobre a estante. - Venha, o almoço está pronto.


Longe dali, as páginas eram queimadas em uma fogueira por uma senhora de idade, que maldizia as chamas enquanto observava o papel queimar.

- Que ninguém saiba o que realmente são as lágrimas de um dragão...!


Mais longe ainda, uma mulher de cabelos castanhos ajoelhava, chorando, diante de um túmulo.

- Descanse em paz, minha filha.

E ali jazia escrito:


"Aliza Mirallis
1990 - 2007

O verdadeiro dragão nunca chorará."



Peço desculpas pela demora do final. Esse conto era para ser pequeno, mas não deu muito certo.

O escrevi em homenagem à uma grande amiga minha, Alice, que faleceu ano passado.

Em minhas mesas de RPG, ela era conhecida como "O Dragão que nunca chora". Sua personagem, Aliza, era uma meio-dragão que entrou para uma ordem que combatia o avanço da tecnologia.

Sei que a história E o final ficaram confusos, mas é que sempre me partia o coração lembrar de seus feitos, de sua personagem e de como ela sofreu para se manter viva.

Ignis (Maria) era a minha personagem e Miel era a personagem de sua irmã. Espero que assim se torne mais fácil de entender.

Mas eu fiz uma promessa; e aqui está o fruto dela.

Não foi belo, não foi heróico, nem foi o mais bem feito.

Mas foi de coração.
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Mensagempor Aleχ em 24 Mar 2008, 22:53

Oi,

Descobri seu conto só agora e pretendo ler todos os capítulos, mas só li o primeiro por enquanto. É bonito, mas concordo com o que a Elara disse. Parece um pouco confuso. Por exemplo, durante a noite, a narrativa dá uma idéia de que há sangue por tudo quanto é lado, e fala também da morte da rainha. Já no dia seguinte, tudo parece normal. A tal Maria nem se quer desconfiou da ausência da rainha, nem parece ter percebido manchas de sangue em qualquer lugar.

Bom, é o que achei. Vou ler os próximos capítulos em breve e aí comento mais. Desculpa se demorar, mas é que to com pouco tempo mesmo.
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Mensagempor Aleχ em 26 Mar 2008, 11:19

Li agora o 2º e o 3º capítulos.

O texto está misturando palavras formais, passagens bem informais como "com cuidado para ver se tinha alguém" e alguns erros de gramática. Isso tudo deixa uma sensação estranha na leitura. Além disso, algumas situações não estão bem descritas. Como por exemplo, em "Suas mãos me abraçaram na altura do peito, me puxando para cima dela. (...) até que ela começou a andar, ainda abraçada comigo." Até agora não entendi direito como foi esse abraço.

E também ocorrem alguns trechos um pouco incoerentes, assim como ocorria no primeiro capítulo, como quando a ilusionista derramou toda aquela água na menina e um segundo depois, ou pelo menos foi o que me pareceu, as outras duas já chegaram e levaram ela embora. Onde foi parar a ilusionista? Sumiu? Esses detalhes mostram pouca naturalidade com a escrita. Mas é uma questão de estrutura de escrita mesmo, então não atrapalha a história em si. A não ser que o leitor seja muito culto, formal, etc. Não é meu caso. Mas recomendo a você ler mais, irá ajudar muito. Digo por experiência própria.

Quanto à história, o enredo do conto, a caracterização dos personagens, tudo isso, que é o que realmente me interessa, to gostando. O texto consegue cativar o leitor, gerar perguntas e ocultar o que pode ser ocultado. Espero que isso se mantenha nos outros capítulos.
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Mensagempor Elara em 27 Mar 2008, 09:58

Depois de ler tudo, os comentários.

O fato inspirador da história (a morte de sua amiga), justifica em partes o conto ficar um pouco confuso, já que deve ser difícil lidar com a perda. Entretanto, pense em como ela ficaria feliz, onde estiver, em ver algo que relembre seus feitos e os feitos de sua personagem. Algo realmente coerente.

O que quero dizer é que este conto tem potencial para se tornar uma narrativa ainda mais interessante, apenas se houver um pouco mais de esmero em corrigir as pontas soltas que o deixam confuso. Até entáo, náo dá para entender o porque da história. Todos os acontecimentos parecem pretextos para justificar o relacionamento de Aliza com Maria. O conto é confuso do início ao fim, sem esclarecer quase nada.

De todo modo, estou acrescentando a tag adulto, devido a algumas cenas que insinuam erotismo.

Ah, e parabéns pelo texto. Espero náo ter pegado pesado nas críticas.

Chero!
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