Meu primeiro conto que tenho coragem de publicar...espero que gostem (mas aceito críticas )
Andréia abre seus olhos. Fita o teto branco, assim como o resto de seu quarto, por algum tempo sem qualquer preocupação de levantar, afinal hoje é sábado, não tem aula. Porém hoje é um dia especial, talvez o dia em que tudo será decidido. Um dia planejado há pelo menos um mês atrás.
Antes mesmo de trocar de roupa pega um pequeno embrulho escondido na gaveta. Uma caixa mais ou menos do tamanho dessas de bombons que você compra no supermercado, embrulhada com um papel branco e temas felizes. Andréia demora seu olhar nesta caixa...e nela que depositou todas suas esperanças...o seu conteúdo...foi arriscado conseguir, mas necessário.
Toma um banho demorado, pensando no resto do dia... a água molha seus cabelos negros, escorre pelo seu corpo...um sorriso se faz: “tem gente que mataria pra me ver assim” pensa Andréia, massageando seu ego...ao acabar o banho, ainda nua, se contempla no espelho de seu quarto. Uma morena de 17 anos, com o corpo bem torneado...sabe que é bonita e gosta dessa sensação...se toca levemente, acariciado seu corpo, apreciando suas pernas, grossas, sem qualquer sinal de estrias, sua barriga “sarada”, seus seios fartos, seu rosto perfeito...era uma Deusa para os olhos masculinos e ela sabia disso. E hoje daria sua beleza de presente ao mundo antes do momento que tanto planejou...felizmente estava quente.
Enquanto escolhia a roupa mais provocante de seu guarda-roupa lhe veio uma pontada de remorso... Seria certo? Talvez estivesse exagerando? Não!!! Disse sua parte mais forte, e dando uma olhada para a caixa em sua cama. O caminho que levou a isso. Se as pessoas a compreendessem...se não a vise apenas...
Mais uma olhada em seu belo ...sim era bonita e sabia que atraia olhares ...e hoje iria se deliciar, ainda mais, até o momento final...
- Vai sair? Pergunta-lhe a mãe. Sim vou...responde ela. Não que a resposta fosse importante, era apenas a típica conversa entre mãe e filha...unidas por mero acaso, pensava ela.
O dia estava quente...sorriu...Iria passar pelo campinho de futebol, a essa hora os meninos estariam jogando...sabia em seu intimo que iria atrapalhar o jogo. Os homens iriam “babar” por ela. E hoje, especialmente, iria se mostrar...afinal o amanhã não importava mais. Andando calmamente, cantarolando o último sucesso do momento carregando a caixa em suas mãos. Uma rápida conversa com as amigas, aquelas invejosas que tentavam atrapalhar o dia de hoje...Especialmente a Carla. Sua “melhor amiga” que mal se importava com ela, sim!!! O mundo era uma falsidade só...mas hoje, não...hoje seria um dia para ser lembrado...a Carla, apenas uma carta.
Passeando a passos curtos, aproveitando o tempo rindo por dentro a cada “cantada” que levava, a cada olhar que atraia, finalmente chegou a seu destino. A seu esperado destino: um terreno baldio abandonado. Lugar que, diziam, era palco de drogados e outras violências...para ela seu santuário.
Abriu a caixa, pegou a arma, conseguida a muito custo, apenas 6 balas...uma seria suficiente.E lembrou das palavras de Tiago... “ficaria com você se não fosse tão vulgar”...vulgar? tenho culpa de ser assim? Eu não pedi pra nascer bonita...e estamos no século XXI? É normal uma mulher ficar com 3 na mesma noite... “posso ter beijado muitas bocas, mas meu coração é seu Tiago” e apesar de tudo Andréia sentiu nojo de si...ha um mês....e ninguém veio ajudá-la...as palavras “sabonete” e “corrimão” vieram a sua cabeça...chega disso!!!
Um sorriso...um tiro...é tudo chegou ao fim.