Crônicas de Lakander - Parte 1: Memórias

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Crônicas de Lakander - Parte 1: Memórias

Mensagempor Swashbuckler em 29 Nov 2007, 20:01

Crônicas de Lakander - Parte 1: Memórias

Meu nome é Lakander. Na verdade, sou Lorde Lakander bram Vertroi, mas não nasci com sangue nobre.

Minha história começou no feudo de Conde Dorkais de Kianoi. Eu era apenas uma criança sem pais e sobrenome que foi criado por um ferreiro de nome Owen MacTansy. Owen trabalhava como ferreiro na maior parte do tempo, mas ocasionalmente era requisitado como um dos soldados de Dorkais. Sua situação era muito humilde, mas ainda assim melhor do que a da maioria dos camponeses do feudo.

Desde muito jovem eu ajudava Owen com seu trabalho e nas horas livres implorava-o para ensinar-me a utilizar uma espada. Devo ter insistido por mais de um mês até que ele tenha me permitido segurar uma pela primeira vez. Mal conseguia levantá-la, no dia seguinte Owen me trouxe uma espada de madeira.

Num dia nublado, na época em que eu tinha 8 anos, vi o Conde Dorkais pela primeira vez. Era um homem de longos cabelos castanhos e com uma barba densa, utilizando uma armadura prateada e uma capa vermelha e branca. Ele estava montado em seu cavalo branco com manchas negras no dorso e nas patas traseiras e era seguido por vinte outros cavaleiros. Acabavam de voltar de uma campanha militar. A multidão, de forma respeitosa, observava-os indo em direção ao castelo.

Mas eu não havia reparado em nada disso. Foi o Conde de Kianoi que notou um jovem garoto bradando sua espada de madeira ao ar como se enfrentasse gigantes. Ele falou com um de seus cavaleiros que logo pegou em meu ombro e disse:

- É seu dia de sorte, hoje você vai para o castelo.

A princípio não entendi o que ele quis dizer com isso. Foi a pior noite de minha vida até então. Apanhei de uns garotos mais velhos e ainda dormi debaixo de chuva. No dia seguinte, iniciou-se meu treinamento com a espada.

Aqueles garotos, assim como eu, estavam lá para ajudar no treinamento de combate dos dois filhos de Conde Dorkais. Muitos desses garotos, quando cresciam, acabavam se tornando cavaleiros.

Conde Dorkais era o dono do feudo, mas quem o governava era seu irmão, Conde Verkos. Conde Dorkais era um homem de guerra e era esse caminho que desejava para seus filhos. O filho mais velho era apenas competente com a espada, mas o mais novo, Valith, da mesma idade que a minha, era um verdadeiro prodígio. Na primeira vez que lutei com ele, fui derrubado em poucos segundos. Insisti em levantar-me novamente, mas mal podia defender os golpes, muito menos atacar. Ainda assim voltava a me levantar, independente das dores por todo o corpo. Ia levantar-me mais uma vez quando o instrutor interrompeu o treinamento. Valith apenas sorriu e disse:

- Gostei de lutar com você.

Pensei que era apenas um esnobe que se divertiu me derrubando várias vezes, mas a partir daquele dia, Valith dava umas escapadas e íamos treinar. Com o tempo fui aprendendo com ele e as lutas ficaram mais equilibradas. Ele ainda ganhava na maior parte das vezes, mas eu era capaz de ganhar algumas vezes.

Valith e eu não perdíamos mais nem para garotos dois anos mais velhos. quando eu tinha 12 anos Conde Dorkais assistiu a um dos treinos e, admirado, resolveu me tornar um cavaleiro de verdade. No dia seguinte comecei a ter aulas de leitura, escrita, etiqueta, estratégia e conhecimentos gerais, além das de combate.

Aos 15 me tornei um dos cavaleiros do Condado de Kianoi. Pouco tempo depois o filho mais velho de Conde Dorkais fugira com uma plebéia para tentar uma vida com ela, o que deixou o conde desgostoso. Ao mesmo tempo fui me tornando cada vez mais próximo do Conde, sendo tratado como quase mais um filho. Com apenas 18 anos eu já tinha uma posição de comando nos Lobos de Kianoi, nome pelo qual era conhecido a cavalaria do feudo. Valith já estava em posição inferior apenas ao próprio Conde e ao Comandante Jalgor.

Quando tínhamos vinte anos, Valith e eu fomos com um destacamento dos Lobos de Kianoi para ajudar a defender o vilarejo Boergos dos saques de orcs. Os orcs faziam ataques ao reino de Ishtar já há algum tempo. Mas o que enfrentamos naquele dia não foram saqueadores orcs, e sim as hordas de Panzeron. Naquele dia os Lobos de Kianoi perderam alguns de seus grandes cavaleiros, e eu perdi meu melhor amigo. Nem toda a bravura com que se sacrificou Valith foi suficiente para consolar seu pai. Esta foi a segunda vez que Panzeron me tomou algo importante.

Após isso, Conde Dorkais ficou tão abalado que adoeceu, abandonando os campos de batalha e deixando o comando dos Lobos de Kianoi para o Comandante Jalgor e para mim enquanto definhava em seus aposentos. Cheguei a trazer clérigos para lhe devolverem a saúde mas o Conde parecia estar decidido a reencontrar seu filho. Alguns meses depois Conde Dorkais faleceu.

Jalgor tentou então tomar o feudo pra si e arquitetou o assassinato de Conde Verkos. Em poucos dias Jalgor foi descoberto e condenado a enforcamento em praça pública. O filho mais velho de Conde Dorkais nunca fora encontrado, então outro nobre passou a tomar conta do feudo.
Os Lobos de Kianoi não quiseram jurar lealdade ao novo nobre, então abandonaram o feudo e formaram um exército mercenário que foi liderado por mim.

Com aço e sangue os Lobos de Kianoi marcaram seu nome na história de Ishtar, lutando pelo rei. Depois de inúmeros sacrifícios fomos aceitos como um exército oficial e fui nomeado Lorde Lakander bram Vertroi.

Ainda não consegui me acostumar com isso. Recebi terras e nem sei o que fazer com elas ainda. Tenho um título de nobre mas talvez nem terei um filho para herdá-lo. Porque hoje aceitei uma missão suicida. De nada valeram todos estes anos de experiência em combate. Porque hoje aceitei uma batalha da qual eu não posso retornar. De nada valeu a racionalidade que usei em minhas estratégias. Porque perdi o juízo apenas por causa do pedido de uma mulher.

Com Conde Dorkais tive treinamento em combate que me manteve vivo até hoje, aprendi noções de estratégia que conduziram meus homens a vitória, a etiqueta me ensinou a lidar com os nobres e os conhecimentos gerais me auxiliaram em todo o resto. De tudo que aprendi, a única coisa que nunca valorizei foi escrever. Mas deixar aqui registradas estas minhas memórias é o que hoje me é mais precioso.






Bom, esta é a primeira parte das Crônicas de Lakander. As Crônicas de Lakander na verdade formam um prelúdio de uma história ainda maior que estarei postando aqui no fórum.

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Crônicas de Lakander - Parte 1: Memórias

Mensagempor Ermel em 29 Nov 2007, 22:04

Um bom começo, uma boa introdução. Rapida e sem muitas delongas deixando-nos a par da infancia de Lakander e sua ascenção.

Tem alguns pequenos erros, como, apos ponto final, começar com letra minuscula, coisas tolas que, provavelmente, passaram despercebido pela sua revisão.

Não tem muito mais a acrescentar uma vez que é o primeiro capitulo, uma apresentação do que esta por vir.

É esperar pelo o que esta por vir.

Parabens pelo otimo começo!
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Mensagempor Lady Draconnasti em 29 Nov 2007, 23:35

Bom, o Ermel disse tudo. Agora, é aguardar para ver.
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Mensagempor Elara em 30 Nov 2007, 20:10

Swashbuckler,

Bom começo. Pouco corrido, é verdade. Senti falta de emoção na história.

Parecia que vc queria terminar logo de escrever. Ou é só impressão minha?

No mais, Ishtar não me é um nome estranho. Sua obra se baseia em alguma outra ou em algum mundo específico?

Chero!
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