Por fim trazendo a segunda parte até aqui.
Apenas uma nota: Falas entre <> estão sendo feitas por telepatia, as notas colocadas no começo do tópico, e alguma outra que esteja no meio, parmenecem válidas.
Como faz um bom tempo que eu postei a parte anterior, sugiro reler as últimas cenas dela pelo menos (o post anterior) e, talvez, o prelúdio para entender bem o que vai se passar aqui. Se quiserem encarar o texto direto, eu tentei fazer ele o mais independente possível do resto, veremos se consegui...
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A Shattered Mind
Parte 2
1.
Cho entrou no quarto e fechou a porta. Estivera o dia inteiro trabalhando na oficina. Começou a se concentrar em si mesma, tentando conversar... logo veio uma resposta.
–<Resolveu me ouvir finalmente, Cho?>- ouviu sua própria voz falar em japonês.
–<Quem é você?>- perguntou telepaticamente também em japonês.
–<Quem sou eu? Eu sou você, Cho. Ou melhor, sou quem você era: Akagawa.>
–<Não entendo. Foi você que trouxe White Angel, e que falou sobre meus poderes para Jonathan?>
–<Nossos poderes. Sim, fui eu. Você dormia naquele momento, mas parece que se lembra do que houve.>
–<Pensei ter sido apenas um sonho, até ver White Angel aqui. O que é você?>
–<Sou parte de você, Cho. A amnésia não foi a única conseqüência daquela queda. Nossa mente foi dividida.>
–<Você entende o que houve?>
–<Sim. Levei todos esses dias para entender, mas consegui. Você surgiu logo que acordamos, ao lado de Kelvin. Eu fiquei dormente. Era capaz de perceber tudo o que você fazia, mas não tinha controle sobre nosso corpo. Nós duas somos a mesma pessoa. Você surgiu, nasceu de certa forma, naquele momento. Por isso somos diferentes, você é um reflexo daquele momento, confusa e sozinha em um mundo desconhecido.>
–<Bem, isso parece justificar meu comportamento. Mas e você, quem é?>
–<Sim, justifica sua timidez, e porque você se importa tanto com os outros. Eu sou quem era antes. A mulher que Torio amou, aquela que tentou roubar o Mobilesuit. Antes apenas eu existia. Agora somos nós duas nesse corpo. Eternamente lutando pelo controle, sem nunca conseguir ele totalmente.>
–<E por que você não tenta assumir o controle total de uma vez, em vez de ficar conversando comigo, tentando me convencer a agir do seu modo?>
–<Quem me dera fosse tão simples, apagar você. Eu poderia tomar o controle, mas você poderia tomá-lo de volta. Você recuperou parte de nossa memória, certamente deve reconhecer meu comportamento delas, e percebe que você é diferente.>
–<Sim. Somos bem diferentes em algumas coisas.>
–<Quer mais alguma explicação?>
–<Não, já entendi bem a situação. Só não sei o que fazer a respeito.>
–<Eu sugiro tentar chegar a um comum acordo.>
–<Fale.>
–<Aqueles de quem roubamos White Angel têm pleno conhecimento das habilidades psíquicas, e até já estudaram pessoas na mesma condição que nós. Eu lembrei disso. Sugiro que em vez de ficar brigando pelo controle, embora isso certamente vá acontecer em certas situações, podemos tentar agir em comum acordo. Podemos revezar o controle do corpo.>
–<Isso vai depender de nossos objetivos pessoais. Quais são os seus?>
–<Bem. Eu gostaria de voltar para nossa tropa, mas você já disse que desejava ficar aqui. E eu não quero revelar essa nossa condição. Meus objetivos são os mesmos de antes: sobrevivência e glória pessoal, e posso ter os dois aqui, no Grupo Especial. E voltar a brincar com os sentimentos de Torio, isso era bem divertido pelo pouco que me lembro, e vai ser mais divertido agora, que ele está confuso sobre nós.>
–<Soa um tanto cruel, mas é sua personalidade, pelo que lembro.>
–<Sim.>
–<Vejo que não tenho como impedi-la o tempo todo. Mas um relacionamento profundo não me agrada.>
–<Você é tímida demais, tem que se soltar mais.>
–<Com o tempo talvez eu consiga. Mas me parece que você não vai colaborar muito para isso. Azar. Eu quero uma vida, e aqui eu já tenho amigos, já comecei uma.>
–<Ótimo, esse acordo tem tudo para dar certo. Você vive sua vida, eu luto. É claro que teremos problemas, somos bem diferentes, como você disse. Vamos discordar várias vezes, e brigar pelo controle. Mas acho que esse é o começo de uma boa amizade, e é melhor que seja mesmo.>
–<Estou de acordo. Só vou impor uma condição. Nada de ataques psíquicos entre nós duas.>
–<Feito.>
Cho parou a conversa. A situação era estranha, mas depois de tudo o que acontecerá nos últimos dias, ela estava se acostumando rápido. Rápido demais até. Ela voltou a ouvir Akagawa novamente.
–<Mais uma coisa, Cho.>
–<O que?>
–<Ninguém deve saber dessa condição.>
–<Concordo, mas isso depende da sua colaboração.>