Antes tarde do que nunca
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Parte XVI: Sumiço
Algum lugar no meio do mar
5 D.q.
- Vocês têm certeza que é essa a ilha? – pergunta o capitão do barco.
- Tenho James – falei – é aqui mesmo. A ilha do farol.
- Laucian! Se você fizer isso sua esposa nunca vai te perdoar – falou o mago – seu filho não deve ser colocado aí para que você obtenha as coisas.
- O FILHO É MEU! NINGUÉM DIZ O QUE EU TENHO QUE FAZER, NEM MESMO VOCÊ MAGO ENCHERIDO.
- Elfo. Não seja rude com ele – fala o anão
- Anão – suspirei – eu sou rude com quem quer atrapalhar meus planos.
O mago fica silencioso.
- Merion Tale – sorri – gostaria que você sumisse.
- Que assim seja. Seu desejo de crueldade e malevolência será feito ó vossa realeza élfica – fala o arquimago se curvando em desgosto.
Ele começou a pronunciar palavras em dracônico, e sumiu.
- Feliz, elfo? – perguntou o humano que carregava uma espada.
- Mais impossível – respondi olhando para o espadachim – Meriadoff.
- Quer que eu chegue mais perto? – perguntou o capitão.
- Não James – respondi com um toque de crueldade – Acorde-o e jogue no mar, tente fazer parecer um acidente.
- Elfo – falou o anão – sua esposa vai te odiar para o resto da vida se ele morrer.
- Ele não vai morrer Logrando – respondi com consciência – ele é meu filho e seu futuro está traçado.
Uma mancha negra aparece. E lá esta O Corvo.
- Mensagem para Logrando. Mensagem para Laucian. Mensagem para Merion Tale. Onde está Merion Tale?
- Ele se foi Hathin – Falei – Preciso que você devolva a mensagem que tem para mim.
- A sua mensagem é a mensagem bem paga Laucian, não posso devolvê-la – falou o mensageiro – Mas por um bom preço posso desviá-la para alguém.
- Preço de sua vida Corvo – respondeu o anão.
- Quem é a vítima? – pergunta conformado.
- Hugo La’Traion – respondi – Ele deve pagar por ter me roubado.
Parte XVII: Magia
“DESGRAÇADO!” gritou a voz do ser “QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME FAZER PARECER UM IDIOTA?”.
Já conhecia aquele diálogo, ele gritava, eu respondia calmo, ele gritava mais um pouco e depois pedia perdão por te sido tão rude. Era um mago, um velho mago, porém corpo jovem, mas mente e cabelos velhos.
“Eu pensei que nunca mais o veria se cumprisse suas exigências tolas” suspirou.
Agora ele me pedia desculpas por te sido rude.
“Eu peço desculpas pela minha grosseria, mas...” veja a presença deste mas, eu odiava esse mas, normalmente acompanhado de algo sobre mim, provavelmente uma verdade, “mas você me deixou fora do sério quando pediu a minha ajuda há 10 anos atrás.”
- Eu sei caro – parei para pensar em que chama-lo pensei pelo bom e velho cachê – amigo, se ainda posso chamá-lo assim.
- Não tens direito nem de chamar sua esposa de amada.
- Compreendo, senhor Arquimago.
- Elfo, você deveria colocar a mão na cabeça e olhar para...
- Olhar para trás? – interrompi e perguntei em zombaria – Olhar o que? As trevas da época das sombras.
- Deveria olhar antes disso.
- A única vez que olhei para traz, vi as lágrimas de minha esposa. Espero nunca mais ter que vê-las novamente.
- Elfo. Você matou minha esposa e filho, como tem coragem em mencionar lágrimas.
- Pare de chamar-me de elfo – falei com ira – ou começarei a chamar-te de humano.
- Faça o que bem entender. Oh! Senhor Laucian, Rei de Laurin e Príncipe do Palácio Gélido.
Senti uma pontada. Será que ele sabia algo que eu não sabia. O Palácio Gélido foi a única fortaleza erguida no Extremo Sul no final da Época Dourada. Porque ele tocara nesse assunto, o castelo caíra há muito tempo, só se...
- É elfo – falou em gozo o mago – Alguém não fez seu dever. Mas alguém buscou algumas verdades.
- Então Lorien é realmente uma filha, melhor, a ultima prole da linhagem da Tribo do Urso.
- É parece que você entendeu do que falo.
O silêncio. Sinceramente esse mago era tão tolo assim, pensando que me avisava de uma verdade terrível e avassaladora. Que piada.
- Você tem algo a comentar?
- Sim – sorri – Estarei lendo na sala de vidro, em menos de uma hora sairei em direção ao norte.
- Voltando para o trono, Laucian?
- Não, farei uma visita a um velho amigo.
- Quirensefire?
- Também – falei enquanto meu sorriso crescia – Quero conversar com Tenneris.
- A sua estatua está intacta ainda?
- A sua alma ainda está intacta dentro da estátua. Se você quer saber.
Senti a mudança de temperatura, me despedi do mago rapidamente. E fui até a sala de vidro. Lá uma garrafa de vinho me esperava, e um ótimo livro. Os pães dourados, em uma cesta com carnes e queijos. Algumas plantas e frutas. O que me interessava não estava na sala, mas chegaria logo. Eu sabia que logo chegaria, não é qualquer nevasca que impede Leonard “O Caçador de Almas” VonZenheit. Não ele não tinha esse titulo, achei que era bom ele ganhar um.
Parte XVIII: A Morte de Um Rei
Ano das Lagrimas, Época Dourada.
Trecho Extraído do Livro “Duras Verdades para o Dia”
Era como se o mundo chorasse. Killirien chorava, um Dragão chorava, uma criança chorava, Liniriel chorava, o povo chorava, os céus choravam. Illirieus morrera, uma lâmina atravessará seu peito. Seu dragão morrera, nunca mais fora o mesmo. Não havia mais esperança no povo dos elfos. A descoberta da fortaleza subterrânea não fora um notícia que desviasse a atenção, a construção do Castelo Gélido não substituiria o Castelo de Areia.
Quando as lâminas dos melhores guerreiros élficos preencheram o túmulo do rei, as irmãs da tribo do leão não demonstram emoção. Quando a lança gélida do sacerdote da tribo do urso repousou sobre o corpo do rei, a nevasca caiu. Quando as lâminas curvas do novo líder da tribo da serpente ressoaram no túmulo, pode se escutar o som da vingança. Quando a lâmina do rei dos céus foi colocada sobre o túmulo, todas as aves da região voaram. Quando a lâmina do rei foi colocada no túmulo, tudo parou, tudo se uniu e todos queriam vingança.
Aos poucos a vingança não era mais necessária, pois ninguém queria nada, era um dia que nada mais podia ser feito.
Tenneris lapidou um estatua de pedra e banhou em prata. Levou aos pântanos do oeste e sozinho montou uma ponte que atravessava um rio que levava a nada e a lugar nenhum. No centro da ponte colocou a estátua de seu rei e ali prendeu sua alma dracônica. Seu corpo aos poucos morreu e afundou no pântano.
Eu por minha vez conto essa historia por não ter por quem escrever. Eu Draz’Gorlo vi tudo, de perto. Nós elfos negros observamos nosso irmãos de perto, por isso conseguimos destruir o Castelo de Areia de Bulgartis. Digo também que os primeiros filhos de nosso senhor acabam de nascer, essa cria é estranha se parece com os elfos do dia, mas é mais forte e aprende rápido. Estamos felizes por nosso povo, e tristes pela morte de um opositor.
Parte XIX: Pulando Obstáculos
As cartas estavam prontas, os tesouros separados e o convidado entrando pela porta. Tudo como planejado. Nada faltava em minha trama, eu acho. Quando escrevo isso não consigo prever se ela vai dar certo, mas até aqui deu. Leon entrou pela porta como se nada estivesse ocorrendo, sentou-se a minha frente em uma poltrona de pano vermelha e fitou-me.
- Seja bem vindo – falei.
- Bem vivo? Claro sempre estou – sibilou – não graças a você. Deixou-me para morrer, e ainda me dá as boas vindas?
- Devia me agradecer – respondi com um sorriso – agora você sabe que pode sobreviver a ira de uma divindade.
- Certo o que tens para mim? – perguntou o mago.
- Tenho uma proposta.
- Envolve a quem?
- A toda Taragon – respondi firme – É um novo meio de existência, todo um novo mundo.
- Está certo, elfo – ele suspirou – o que é que tenho que fazer?
- Você não precisa fazer nada. Absolutamente nada, a não ser que eu morra.
- Como assim? – indagou meu companheiro de trama.
- Estamos indo a norte, falar com dois amigos. Um se chama Quirensefire, o outro se chama Tenneris.
- Um Ladrão e um Dragão de lendas élficas, quão genioso é seu plano.
- Eu pretendo Salvar o mundo meu amigo – sorri levantando bruscamente da cadeira – Matar a última descendente dos Elfos dos Ventos para depois reviver toda a Tribo.
- Elfo seu plano é tão louco e depravado que pode dar certo – ele sorri – só temos um problema. Quem é o ultimo descendente da tribo do urso?
- É a elfa que me acompanha, caro amigo.
- Então porque precisa de minha ajuda?
- Porque novamente eu me encontro em um impasse – sentei-me novamente.
- Você em um impasse? Você é o mestre dos truques, mestre das tramas, mestre da enganação, mestre em tornar um obstáculo em uma arma. Você já olhou para traz para ver o dano que causou ao mundo?
- Infelizmente olhei. Bom mas o que tenho a dizer é: Se eu morrer vá até Senec, procure por um jovem chamado Julien, com ele siga em direção as ruínas de Bulgaris, no meio do caminho há um templo antigo, hoje funciona como uma estalagem. Pergunte ao halfling que cuida do lugar por um mago chamado Kaz, este por sua vez irá negar qualquer ajuda, se ele perguntar quem te mandou até ele fale que o seguinte: “Eu vim com presentes do sul, e o sul sabe que você não conseguiu ler o livro”. Entregue esse pergaminho a ele. Não abra, mas peça pelo último exemplar.
- Algo mais?
- Sim muito mais. Pegue o livro não saia de lá sem ele. Diga a Julien que você conseguiu o que queria que não mais precisa dele. Ele se recusará a partir sem uma recompensa, de a ele este broche – falei estendendo o broche real élfico – e diga que o reino fica feliz pela ajuda. Ele irá segui-lo de graça desta vez. Se algo der errado, mate-o. E não me olhe com essa cara. Vá até Bulgaris, no antigo porto haverá um barco ancorado. Grite pelo nome de James Kriancello um homem de 20 anos se aparecerá. Diga que veio cobrar e pagar um favor. Ele vai exigir algo como pagamento, entregue o livro e esta carta.
- Apenas isso?
- Não, você deverá entender que provavelmente James irá oferecer algo para beber, negue até que passem pela cidade de Tetraportal. Depois caso tudo de certo se prepare, pois é ai que a aventura começa.
- Como assim?
- Você irá até o outro continente, lá Julien irá te guiar. Procure pela Montanha Branca. Se ele morreu no meio da viajem lá procure pelo anão chamado Finiorni, não será difícil de achar – suspirei – e é só isso garoto.
- Só isso?! – falou o garoto pulando da cadeira – Só isso?! Eu vou a uma terra que só existe em teoria e você diz “Só isso”.
- Na verdade Laurin irá cair, então é bom que você faça isso rápido.
Parte XX: Frio Inverno, Quente Lâmina.
Era mais um dia frio de inverno nos pântanos salgados do costa dos ventos. Quem diria que ali terminava uma jornada e começava outra? Bom eu diria. Antes do meio do dia, eu e meu mais novo companheiro deixávamos a taverna do Logrando com dois cavalos e suprimentos. Obviamente deixei minha antiga companheira na cidade.
Você então se pergunta como eu a matarei, não é? Simples, de saudades! Não, ela virá atrás de mim com uma tropa real grande o suficiente para destruir uma cidade. O problema é que a tropa não encontrará nenhuma cidade. E sim um campo de bandidos; que, ainda mais que eu, querem ver um rei morto.
Fui rápido, foi sutil, e foi sangrento. Com o pântano de ambos os lados e algumas árvores acima de nossa cabeça três homens caíram. O primeiro golpe inimigo foi aparado pela lâmina de meu sabre, o segundo inimigo sofreu um golpe rápido e ascendente do peito até a garganta, o terceiro descobriu que a magia do cavaleiro negro era mais forte do que o esperado.
- Malditos sejam esses vassalos de Quirensefire – falei – Você está ai, não é?
Um segundo de silêncio, enquanto o atacante tentava fugir, mas tomou uma flechada nas costas, e caiu no pântano.
- Estou – falou uma voz suave e fria – Estava esperando.
- Precisava receber-nos calorosamente? – sibilei.
- Precisava matar meus mais novos vassalos – falou um homem aparecendo por de traz de uma árvore.
Era Quirensefire, bandido formado, procurado por todos os tipos de crime contra coroa de Laurin. Ele usava o arco de carvalho negro com eficiência extraordinária, enquanto muitos elfos demoravam anos para descobrir sobre arco e flecha o humano tinha feito em alguns segundos. Hoje com seus cinqüenta invernos, era o maior ladrão, assassino e estrategista de todo sul.
- Seja rápido Laucian – falou o bandoleiro enquanto arrancava a flecha do corpo – eu tenho um campo de ladrões para liderar.
- Rápido como um sabre no escuro – falou o Leon – Quirensefire, quanto dinheiro consigo pela sua cabeça mesmo.
Um sorriso no rosto distorcido do humano.
- Você só consegue o dinheiro se pegar ele – respondi – mas isso não vem ao caso. Preciso de dois dias como hóspede em seu acampamento.
- Nunca – falou rápido, e deixando de lado o sorriso – você só terá abrigo em meu acampamento se morto e enterrado nele.
- Caro amigo humano – sibilei – Devo lembrá-lo que Quasid ainda vive, e que você poderia estar morto a essas alturas.
- Terá um dia elfo – ele falou virando as costas – um dia, mas terá que jogar xadrez comigo essa noite.
- Feito – respondi – fazia tempo que não era desafiado por um adversário a altura.
Descemos do cavalo e seguimos o humano pelo pântano até o acampamento. Pude sentir o desconforto de meu companheiro mago, afinal entravamos em território hostil, e, digamos, perigoso.