[Adulto] Capuccino

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Mensagempor Ermel em 31 Mar 2008, 18:48

Primeira Parte:

Olhei para a xícara de café. Uma certa nostalgia tomou minha mente fazendo com que fechasse os olhos e respirasse como se faltasse ar, fazendo-o correr excitante pelo meu corpo que estremeceu sutilmente.

- Eu devo estar louco ... - sussurrei na vontade de que alguem escutasse -.

- Sim você esta - me afirmou a xícara de cafe - Olhe ao seu redor. Vê alguem? Algo? Nada?

Olhei ao redor como o café havia pedido. Não via ninguem além daquelas enormes formigas que sentadas em suas mesas, não para elas, discutiam, conversavam, e inacreditavelmente se beijavam com amor, e eu podia ver a baba escorrendo e sendo sugada, como se obtivesse algum prazer naquele ato nojento. Um frio percorreu minha espinha fazendo até mesmo aquela mais longe de mim perceber o desconforto que passava.

- Primeiro: Café não fala! - repetiu a marca registrada de Macabéa, o forte gosto e a essência com certo ar de inebriante sedução. Era impossível recusar uma xícara sua. Impossível - Muito menos são atraente. Se eu fosse você arrumava minhas malas agora, chegava em casa com passos lentos e imperceptíveis, pegava uma roupa ou duas, e pegava todo aquele dinheiro suado na caixa de sapatos no armário, talvez beijasse aqueles dois pirralhos nojentos na testa para não me arrepender mais tarde e fugiria. Sim, fugiria.

Dei o último gole. Seu rosto não expressou dor, ou nem ao menos reclamou de ter sido bebido. Talvez o fato de bebe-lo, eu bebe-lo, fosse uma honra incomparávavel. Num segundo vesti meu casaco me perguntei como seria dentro de mim. E com um olhar cerrado, quase fatal fitei a formiga em trajes de atendente que pegou os dez reais e partiu, assim como eu, deixando o troco para trás, na caixa tinha bem mais de dez reais. Muito mais.

Respirei fundo. Sob a luz fraca que bruxeleava, falhando e me atrapalhando de procurar a chave certa. Me encarou.

- Na boa, acha isso certo?

- Não, mas não custa tentar? - disse olhando para a lâmpada que abaixou o rosto ferida pela pergunta, via-se claramente em seu rosto triste que o fato de tentar, a opção, nunca tinha sido uma opção ter opção para ela, era uma lâmpada e ponto. -

- Ok. Você é o cara.

Por fim achei o metalzinho frio em forma de chave que encaixou perfeitamente naquela boquinha estreita que gemeu ao passo que eu girava a chave.

Silêncio. Podia ver que uma luz, mesmo que fraca, iluminava porcamente a sala, Anna, aquela jumenta, estaria me esperando acordada? Fiz uma pequena preçe com o molho de chave em mãos e a porta ainda aberta. Ouvi alguem respirar e abri um olho. Dei um passo. Abri o outro olho. Dei dois passos. Ah! Graças a deus a potranquinha fogosa dormia no sofá com as patas descobertas. Senti meu sexo pular dentro da jeans.

"Café, sexo, sexo, café?". "Café" confirmei. Corri para o quarto com passos silênciosos, mas tambem, quando ela dorme não tinha como acorda-la, podia dar uma rapidinha ali mesmo nela, roçar nas suas pernas que ela ainda estaria sonhando com aquele Audi, o apartamento em Copacabana e o vestido D.G. bege de costas núas. "Vaca".

Abri o armário e entre as minhas roupas localizei a bendita caixa que suspirou ao finalmente pega-la, que apenas via a luz do sol no fim do mês quando eu depositava certas quantias de dinheiro que a leiteira pedia pra gastar com outras coisas, pagar contas, ou o suado do fim do mês. "Pra que?".

- Pai?

"Deus, é a voz da jumentinha, por que a fez levantar meu bom Deus?"

Olhei com certo receio para trás. Sim, a jumentinha - assim a chamo pois em tudo puxou a mãe, até na aparência, a qual não sei dizer se é bela ou feia. Dava pro gasto. Escondi a caixa de volta que urrou de raiva.

Tive vontade de pega-la pela crina enorme e bater repetidas vezes contra a parede até ver sangrar.

- Eu não acharia ruim - disse a parede - Um estímulo não faz mal.

Foi o que fiz, apressei a jumentinha para que entrasse por completo, fechei a porta. Fiz com que sentasse na cama, e aquele sorrinho - hipócrita - se fez no rostinho quase meigo que ela tinha. Como se fosse acaricia-la peguei-a pelos cabelos mal lavados e sebosos e com força, que eu nunca antes havia visto ou experimentado joguei com facilidade aquele peso contra a parede! "Finalmente!" e um barulho forte se fez quando a parede a beijou com força e logo o chão.

- Merda se o Junim acordar e aquela jumenta também, to fudido.

Acho que se passaram dez minutos enquanto eu fazia pose de vigilante atrás da porta. Nada, nem ninguem. Nem o cão latiu, nem a vaca mugiu.

Arrumei minha mala a corri. Me espere Macabéa, estou chegando. E não sera a hora da sua estrela brilhar, mas da minha meu bem...
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Mensagempor Ermel em 31 Mar 2008, 22:39

Segunda Parte:

Já que ninguem havia acordado e meu sexo pulava loucamente entre minhas pernas suplicando uma rapidinha, abri a jeans e me esfreguei na jumentinha inerte no chão que sangrava sujando o maldito tapete que tinha custado os olhos da cara, "Como você faz uma porquera dessas, jumentinha?!".

Me abaixei sem pressa, dei uma esfregadinha na jumentinha, em vão, ele estava insaciável, olhei pro palhaço que me respondia com rostinho de-quero-mais e cedi.

Era apertada. Bem, pelo menos uma vez na vida tirei a virgindade de alguem, tava na hora né? Alguns me disseram que essa dádiva, esse ato de desvirginar era uma honra, era inigualável. E que as virgens era as mais quentes na cama e que mais te levavam a loucura.

Tentei analizar a situação. Ela estava no chão. Até ai ok, se eram loucas na cama porque não no chão? Dei mais uma bombadinha, mais rápido e depois mais lento. Juro pra você. Não foi nada 'Oh Meu Deus! Ao cubo!' não, foi simples, para ser sincero, muito sincero, ja comi melhores.

Tá que gozei, mas foi simples, G. e H. poderiam fazer melhor. Se bem que a paixão com eles eram outra coisa. De outro mundo. Se tinha alguem que podia fazer um bom amor, eram G. e H., a paixão segundo eles é coisa de outro mundo. Só as histórias deles, cara, faz meu pequeno palhaço dançar frenéticamente.

Mas não era hora para pensar isso. Guardei o palhaçinho que ainda babava sobre o corpo inerte que sujou aquele caro tapete persa que a maldita encomendou. Pensando bem nem era tão ruim, dei umas chacoalhadas no palhaço fora das calças que babou um pouquinho no tapete e coloquei pra dentro. Quando senti a última gota. De fato, você pode balançar, chacoalhar, mas a última gota é sempre na cueca. Puta merda.

Peguei novamente a caixa e peguei todo o dinheiro e começei a contar. Seis mil setecentos e oito? Não, pera ai, contei errado. Seis mil setecentos e dez. Ah, agora sim. Olhei pra mina no chão.

- Se não fosse por você, Barbie, fralda, comida, escola, talvez eu tivesse mais dinheiro, cachorra!

Ai que me dei conta que tinha pisado no sangue dela que ja transbordava além do tapete. Sujou metade do meu TodoEstrela branco. Tirei o par de tênis e peguei o TodoEstrela preto, mais chique. Calcei e vazei.

Peguei as chaves em cima da mesa da cozinha e saí deixando a porta entre aberta, que entrasse o porteiro ou o vizinho e a comesse. Foda-se. Não ligo mais se outros já a perseguem com fome e conseguem sacia-la.

Fui para a garagem pelas escadas, fazer um exercíciozinho não ia matar, ao contrario, ia me tornar mais gostoso, do que ja sou. Apertei o botãozinho que chorou e fez o carro gritar.

Na saída Zé mandou um abraço pela guarita do porteiro - enxerido - e acenei com o dedão "Ok, te fode velho intrometido", e fui viver no mundo que me esperava. Alguem disse uma vez: "Viva a vida", é isso que vou fazer.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 31 Mar 2008, 22:55

Só faltou uma tag de [ADULTO] pela temática e pelo palavreado e... Maldito seja, Ermel! Eu adoro capuccino!
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Mensagempor laharra em 01 Abr 2008, 00:44

Sabe, Ermel, o principal ponto do seu texto é que ele usa uma linguagem bem marginal (não necessariamente no sentido literal da palavra) e que convence. O cara soa totalmente real e a narrativa tem um tom enigmático. A primeira parte ficou mais interessante, na minha opnião, pois brinca mais com o imaginário do leitor.

Terá mais partes? Espero que sim :cool:

Abraços.
Tentando encontrar inspiração para terminar o conto abaixo:
O Som do Silêncio: Parte IV - A decisão
Reger está às vésperas de uma batalha onde decidirá seu futuro. Durante o que podem ser seus últimos momentos com a Espada e com Alyse, ele se pega pensando sobre a validade de suas aspirações. Acompanhe o conto no link a seguir:
http://www.spellrpg.com.br/forum/viewtopic.php?f=24&t=1067
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Mensagempor Yuskeleton em 03 Abr 2008, 09:00

Saudações meu caro Ermel. Quanto tempo, não? Ainda lembro dos seus contos surreais :)

Bom, achei a escrita, no seu todo, fácil de ler em termos de vocabulário, mas que em alguns pontos "impaca" em termos de organização gramatical (ou talvez seja minha concentração; ainda não me acostumei a ler no PC). ):

Sobre o o texto, achei que, embora você abrange o cotidiano como contexto e que isso possa levá-lo para um lado clichê, ele acaba sendo sustentado pelos itens humor e fantasia (nesse caso pesada). Ou seja, percebe-se que os componentes da arquitetura do texto são consistentes, deixando a leitura interessante e levando o leitor até o último ponto do conto.

Estou gostando da leitura e aguardo a continuação.
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Mensagempor Elara em 03 Abr 2008, 14:25

Olá Ermel!

Estou com saudades de vc^^.

Sobre o conto, é bem escrito. Mas nojento... O cara é altamente pervertido e isso me deixou um pouco revoltada. :evil:

Quando tomava café, também amava Capuccino. Hoje em dia, só se for preparado com cevada...

Vou colocar a tag "adulto", viu?

Chero!
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Mensagempor Gehenna em 04 Abr 2008, 23:20

Psicótico, nojento, revoltante e pesado.

Adorei. XD
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Mensagempor Speranza em 05 Abr 2008, 00:50

Muito doentio!

Até mais ou menos a metade da primeira parte me lembrou o filme "Almoço Nu"... depois o conto ficou mais violento e grosseiro, e aí não gostei tanto.
http://ygorsperanza.deviantart.com

Lei de Speranza: não importa o quão pervertida, ultrajante, escatológica e desrespeitosa seja sua opinião, existe alguém na internet que concorde com ela.
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Mensagempor Dahak em 06 Abr 2008, 21:17

Ermelão, tudo certinho?
Espeor que sim.

Olha, gostei da empolgação, capítulo fluindo em questão de minutos =P

Achei que você acertou em cheio ao se usar um diálogo, como adjetivaram lá em cima, mais marginal. Soou convincente.

O conto parece extravasar bastante coisa, parece ser um coquetel de diferentes sensações. Por vezes isso nos ajuda, por outras nos atrapalha. A linha é bem tênue.

O finalzinho da segunda parte, no entanto, não me agradou muito. Ficou meio óbvio ou meio piegas.

Abraço!

Dahak Out
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Mensagempor Ermel em 07 Abr 2008, 07:52

Yusk!! Você por aqui, quanto tempo, quanta saudades! Espero ver um conto seu aqui o mais breve possivel.

Elara e Lady, desculpem fazer-las gostarem menos do Capuccino o.o, se é que foi isso que entendi.

Era um conto pra ser pesado, sem sentido, era a simples vontade de saciar a vontade de escrever :P, que, felizmente ou infelizmente deu no que deu.

Lou, que pena que o final do segundo capitulo soou piegas, é que em todos capitulos faço alusão a algo que gosto, como livros, filmes e música, o qual no final do segundo capitulo vem de "Thelma e Louise" xD. Original ah?

Abração.

Ps.: Esqueci totalmente do [Adulto], muito obrigado Lala!!
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Mensagempor Ermel em 07 Abr 2008, 07:52

Terceira Parte:

E o mundo me esperava alegremente. Os prédios sorriam para mim. As janelas pareciam gritar transbordando desejo. O céu estava azul sem nuvens e bastava alguns poucos minutinhos e Maca seria minha. Só minha.

Por fim cheguei a porta do barracão. Sinceramente, achei que ela levava uma vida mais digna, se aquele porco gordo não podia dar isso à ela então, eu, apenas eu daria a vida que ela merecia viver, ao meu lado.

Arrombei a porta que fez cara de choro quando a chutei. Madeira quase podre. Os dois levantaram assustados do sofá único de dois lugares e surrado, eu pude ver Macabéa esboçar um sorriso enquanto o gordinho vinha pra cima.

A TV, finalmente, além de umas rapidinhas, serviu pra algo, encarnei Bruce-Lee em o 'Tigre Branco' - eu acho que era esse o nome do filme, se não era me perdoe os nerds e cinefílos - e lhe desci o murro na cara deformando tudo que já era deformado.

Macabéa gritou enquanto o gordinho beijava o chão e cuspia sangue. Tomei-a em meus braços e assustada me interrompia incansalvemente.

- Maca...

- Mas que porra é essa?!

- ... Béa, vou te dar uma vida digna.

- Caralho! Me solta seu louco!

Desferi um tapa contra seu rosto alvo e belo que a fez desmaiar em meus braços. Carreguei-a até o carro. Abrir a porta de trás. Péssima ideia. Se ela acordasse e não quisesse viver comigo? Abri o porta malas e a joguei fazendo com que o baque a acordasse, e que ao fechar o porta-malas, com outro baque em sua cabeça eu pude ver que voltou a dormir.

Uma tempestade se fez, forte, tentava me impedir de leva-la, eu podia sentir nos seus ventos que tentavam me empurrar, me afastar e os raios, trovejavam frenéticos, loucos como se me procurassem pela terra para poderem me atingir. Seria ela tão divina ao ponto da própria terra em si me impedir de levá-la?

As poesias Pagãs se tornariam pura realidade ao seu lado, em cima dela, atrás dela, de ladinho, de quatro, de cabeça pra baixo... Ah Macabéa, o que fez comigo sua bruxa?

Finalmente entrei no carro. Me debrucei no paínel e olhei o céu que furioso lutava pelo seu tesouro. E vi. Juro pra você. Eu vi uma nuvem em forma de cão. Mas sabe quando ele coloca as patinhas, deitado, de baixo do rosto e fica fofo. Sabe? Eu vi que ele me olhou:

- E agora? O que eu faço?

- Não há nada para fazer. Se são boas poesias, torne-as realidades, se são bons sonhos, realize-os. Faça-os sem medo de pecar. Pois, pense bem meu bem, se esta aí em baixo, se não for para pecar, é para que?

- Realmente...

Liguei o carro e fugi enquanto a tempestade, aos latidos, se acalmava lentamente.

Quarta Parte:

Segui em frente sem medo de errar. Alias, como o próprio cãozinho tinha dito, pra que ter medo de errar? Não há necessidade de se preocupar em ter medo, não há a necessidade de se ter a necessidade de ser ter medo. Cara, essa foi foda.

Ouvi Maca chutar o porta mala e levantar aquela parte móvel de trás do carro. Maldita, tinha que ter acordado agora? As mulheres são foda viu, acordam sempre na hora errada querendo coisa errada.

- Cala a boca Maca, to te levando pra um lugar melhor, xiu aí!

Ela ficou muda. Acho que rechoneceu o lirismo que ecoava belo em minha voz e silênciou, ficou muda, reconhecendo, eu acho, o que era melhor para ela, alias, ela não tinha outra escolha, vinha comigo ou vinha comigo. Safada.

Parei na casa de praia. A outra queria uma casa em Copacabana, mas essa humildezinha casa aqui da pro gasto, alias, eu acho bem melhor ok? Vista pro mar, nada nem ninguem para importunar-nos. Pensa bem, tem coisa melhor?

- Tem?

- Foi nisso que você investiu tanto? Caraca meu, podia ter investido em mim, tou velho e passat, podia ter comprado um melhor. Sabe, seria melhor sair por aí, no mundo com duas mulheres, Thelma e Louise, que tal? Altas orgias, pensa bem cara, vende essa merda e vamos fugir então só eu e você, esquece essa louca aí.

- Nem fodendo, ela é mais do que sempre imaginei, é porque você não pode experimentar seu capuccino, muito menos suas pernas, você ia delirar!

E nisso parei o carro em frente à casa. Zézim não estava lá. Que milagre, pela primeira vez não estava cuidando da casa como pedi, talvez tivesse outras prioridades, como a fogosa esposa. Quem sabe.

Desci do carro e peguei o molho de chaves e abri a porta da humilde casa que urrou de felicidade ao abrir a modesta boquinha. Soprou tão forte que senti meu cabelo mudar de estilo na mesma hora.

- Finalmente! Anos se passaram enquanto vocês me deixaram aqui! Puta merda! Entra e me faz mulher!

Casa louca. Sempre desconfiei de suas reais intenções. Realmente louca.

Abri o porta malas, Maca avançou com força contra mim, em vão, pois agarrei suas mãos e fiz com que batesse no próprio rosto como fazia com Junim - adoro isso.

- Mas que tipo de bosta é essa Adolfolindo? Mas que porra - enfâse - é essa? Quando a policia te pegar, tu ta fodido!

- Maca, isso é o melhor pra você, pra nos que seremos felizes para todo o sempre.

Um sorriso maroto no cantinho da minha sensual boca se fez enquanto seus olhos cor de mel esbugalharam de medo.

Quinta Parte:

Peguei-a pelos cabelos e desferi alguns tapas em seu rosto.

- Cala a boca porra! Como vamos ser felizes assim?

- Felizes o cacete Adolfo, me solta e me deixa ir!

Desferi um murro dessa vez, fiquei com raiva poxa, só quero ela e mais nada. É pedir muito? Uma vida feliz a dois não é nada de mais, tem muita gente infeliz aí por causa de dinheiro, ta com os outros por causa do dinheiro, ou do tamanho daquilo... Vai saber.

Peguei-a em meus braços e levei pra casa, que já de velha e louca deu uma gemidinha tímida como antes com Ana nunca tinha feito. Joguei o pescoço de ladinho e estralei, fez aquele barulinho gostoso e aliviou a tensão.

Peguei a cadeira da mesa e procurei pela corda enquanto Maca sonhava belos sonhos, comigo, no chão empoeirado. Apesar de pequena, humilde, era uma boa moradia, as pessoas deviam saber dar valor ao que tem.

E na estante de cima da pia, atrás da caixa de manteiga "Delicia" achei a corda. Fiz Macabéa sentar, já que, quase acordando relutava em se sentar como uma fina moça que agora era, ao meu lado.

Amarrei com força. Pronto. Presinha da silva, ali, só pra mim e mais ninguem. A boquinha vermelhinha, não sei se por causa do sangue ou se era assim mesmo, juro que antes nunca tinha reparado naquela beiçola linda que ela tinha e que tava ali pra mim.

Tasquei-lhe um beijo e senti o gosto de sangue. Por um minuto pensei: "Ela deve ta sangrando por minha culpa"

- Mas as mulheres sangram constantemente, isso não é problema algum pra ela - disse a casa - Já até me acostumei com isso. Agora para de bobeira, e me faz mulher novamente!

Ergui minha sobrancelha como se aquela casa pudesse, realmente, entender de mulheres. O único expert ali era eu.

- Macabéa, vou te comer todinha meu bem, você vai gozar feito louca!

...

Picotei ela em dezessete pedaços. Cada um mais saboroso que o outro. Bem que coxa de galinha era gostosa, mas dessa galinha linda era... Deliciosa!

- Viu? Também sangro! - disse animada a casa enquanto o sangue escorria porta a fora -.

Terminei de come-la e mordisquei o dedão, puxei uma pelezinha que deu uma dor aguda e gostosa que, mesmo quando menino e roia o dedão do pé não sentia essa dorzinha tão boa.

- É óbvio que você não pode continuar - disse a galinha magricela da outra caixa de manteiga - A polícia vai te pegar, Ana vai te matar, não dê a ela esse prazer único e saboroso.

- Mas eu não posso morrer ainda! Estou jovem!

- Você esta passando pela crise de meia idade. Isso não é sadio - disse a galinha que esboçou um sorrisinho - Sadio, sacou? - apontou pra caixa -.

Sai da casa com todo cuidado pra não pisar naquele sangue que havia sujado meu chão, que ia dar um puta trabalho pra limpar, e claro, eu que não ia fazer isso. E o sangue que se misturava à terra ganhava uma coloração diferente, mais bonita, atraente, foi quando vi minha vocação, naquele sangue que corria em filetes finíssimos e belos num rubro sujo de barro e sexo. Aquilo era minha vida. Que se dane o resto do mundo!

Como já diria o velho garoto, "Ria e o mundo rirá com você, chore e chorará sozinho", foi quando ouvi o som feliz de risos frenéticos tomarem conta da minha audição.
Editado pela última vez por Ermel em 12 Abr 2008, 19:07, em um total de 1 vez.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 07 Abr 2008, 13:35

Elara e Lady, desculpem fazer-las gostarem menos do Capuccino o.o, se é que foi isso que entendi.


Adivinha que texto eu lembro quando tô preparando o meu capuccino?

Perae, o doente de nome feio comeu a Macabéa (outro nome feio, por sinal, mas parece q essa foi a sua intenção)? o.O
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Mensagempor laharra em 09 Abr 2008, 20:32

Ermel... Meus sinceros parabéns. Você conseguiu criar um personagem doentio de forma tão convincente que estou com medo de conversar com você. Fique longe de mim :bwaha: Onde você se inspirou para isso, cara? Os diálogos, os pensamentos, tudo está muito bom.

A terceira parte foi a melhor para mim, mas o parágrafo abaixo marcou.

Sai da casa com todo cuidado pra não pisar naquele sangue que havia sujado meu chão, que ia dar um puta trabalho pra limpar, e claro, eu que não ia fazer isso. E o sangue que se misturava à terra ganhava uma coloração diferente, mais bonita, atraente, foi quando vi minha vocação, naquele sangue que corria em filetes finíssimos e belos num rubro sujo de barro e sexo. Aquilo era minha vida. Que se dane o resto do mundo!


Boa. :victory:
Tentando encontrar inspiração para terminar o conto abaixo:
O Som do Silêncio: Parte IV - A decisão
Reger está às vésperas de uma batalha onde decidirá seu futuro. Durante o que podem ser seus últimos momentos com a Espada e com Alyse, ele se pega pensando sobre a validade de suas aspirações. Acompanhe o conto no link a seguir:
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Mensagempor Yuskeleton em 14 Abr 2008, 10:22

Aqui novamente estou :)

No post anterior havia dito que os elementos fantasia (pesada) e humor sustentavam solidamente o contexto. Nessas últimas partes, devo dizer que os mesmos elementos acabam tornando-se duas das essências do conto, deixando apenas de serem sustentos. Isso acaba deixando o conto bastante convincente.

Outra coisa que gostaria de enfatizar é o seu jogo de palavras. A cena que descreve o personagem dirigindo-se até a casa de praia é escrita com muita criatividade, usufruindo-se de elementos aparentemente ordinários como nuvens. A nuvem toma formato de cão, que começa um diálogo com o personagem... Nesse ponto achei sua imaginação bastante abundante e o seu jogo de palavras muito hábil.

Falando um pouco do contexto, nessas últimas partes a individualidade do personagem começa a sugir com mais clareza, mas ainda assim criando algumas dúvidas no leitor; o que é bom.
O personagem cria um diálogo interno com si, com outro de si e com a casa e outros elementos. Ao mesmo tempo acaba ironicamente vangloriando-se dos seus lábios e defindo o que Macabéa está a sonhar. Nesses pontos você cria inúmeras dúvidas sobre o caráter do personagem.

Enfim, continuo ansioso em saber o que acontecerá com o personagem e em dar algumas boas risadas também :bwaha:

AH, antes que eu me esqueça, ultimamente só tenho usado a pena para desenhar... hahaha. Não dá para prever quando estarei com um conto novo... :(
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Mensagempor Elara em 16 Abr 2008, 13:45

Acabou, Ermel?

Afff, que cara nojento! Ele me lembra uma personagem de dois contos do Sampaio...

Fiquei revoltada. :evil:

Chero!
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