Baseado no que ela me contou sobre a musica, resolvi escrever esse conto ou crônica...
Apesar de ter sido escrito por mim, ele 'tá bem curtinho. Acho que 'tô pegando o jeito.hahaha
Boa leitura, abraços!!!
ps: Tag adulto por ser rico em palavrões e ter certo erotismo.
ps2: Baba = partida de futebol ñ profissional
ps3: não me lembro o nome da musica, se alguém souber, me diz - apesar d'eu acreditar que seja o mesmo nome do conto.
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Paixão nacional
por
Breno Pascal de L. Brito
Historias tendem a ter um inicio meio e fim, pelo menos a maioria das boas. Algumas não têm algum desses pontos, porém, não deixam de ser boas historias. Outras têm as três coisas e nem por isso deixam de ser historias ruins.
Irei contar uma com dois inícios, porém com um único fim. Algo sobre paixão, perda e dor. Algo que está na cabeça e no coração de muitos como eu, e muitos diferentes.
Tudo começa, pela primeira vez, com Denílson, jovem morador de bairro humilde. Garoto direito, apesar de não estudar. Viciado em empinar arraia, jogar gude e principalmente pegar o baba.
Bem, quem não é viciado nisso ou naquilo?
Denílson também tem outro vicio muito comum em sua idade. Onze anos, mais comum encontra-lo horas no banheiro do que em outro cômodo da casa.
Cinco banhos por dia, e mesmo assim não acaba seu calor.
Negro, sem educação de qualidade ou oportunidade real, com sorte vira jogador de futebol, pelo menos é nisso que ele pensa.
Sábado, sol a pico, ficar em casa fora de cogitações. Pega sua bola surrada de couro, que ganhou com oito anos, de natal.
Aquela com qual ele foi campeão do baba armado do colégio, invicto em oito recreios consecutivos.
A da sorte.
Aos pulos e gritos ele chama pelos amigos, que aos poucos vão se reunindo no descampado de uma pracinha.
“É o seguinte cambada, três de linha, dois vira, quatro acaba. O feijão depois daqui é lá em casa” grita ele aos amigos reunidos.
“Buiu e Dé, tão no meu time” continua, enquanto os meninos pegam tijolos para definir o gol. “Três pés, einh André, seu ladrão. Mauricio veja se esse viado definiu certo o gol deles. Vou te brocar no baba hoje Deni” gritou outro, enquanto alguns meninos gritavam pela de fora.
“Vamo vê, vamo vê”, responde o jovem, fazendo algumas friluras com a bola, entre seu time.
O baba começa, garotos habilidosos, tentam imitar seus ídolos na televisão, Ronaldos, Kakás, Adrianos, Robinhos. Grandes nomes do “baba” brasileiro.
Sorrisos, vaias, palavrões e algumas alterações entre eles. Nada serio de mais, nada amistoso de mais.
Baba de rua de menino. Não adianta eu explicar de mais sobre ele, caso você não saiba a química que o compõe, aconselho parar e ir p/ rua pegar um.
Ótimo passa tempo.
Um gol, dois, troca o lado do “campo”. Denílson e seus amigos estão ganhando, começam a tentar jogar bonito.
Risadas e palavrões se tornam mais freqüentes.
Uma bicuda para o baba.
A redondinha subiu, subiu, subiu e desceu longe, caindo em meio a rua.
“André seu grosso” grita os meninos, enquanto Denílson corre em direção a bola.
“Pode deixar que eu pego, eu pego” grita para os meninos que tavam de fora.
Atravessa a rua numa carreira curta, pegando a bola, com habilidade de futuro craque.
Porém algo chamou sua atenção.
Ele a vê descendo a rua, uma das “culpadas” pelos seus “banhos” repetitivos e demorados.
Márcia, ah, a bela Márcia.
Não é a mulher que você olha e diz que é uma mulher bonita, porém, não têm como você não olhar e se ver fazendo loucuras com ela, ou melhor, com o traseiro dela.
Mulata da bunda empinada e coxas grossas. Meu Deus, que bunda. Rabo para mais de metro, daqueles que lhe prende os olhos, e faz sua cabeça acompanhar o rebolado.
Que te faz imitar uma coruja no meio da rua.
Deni' tava lá, parado, a vendo subir a rua, rebolando que nem uma cobra. Pobre coitado, não teve a chance de virar um craque.
Isso nos leva ao segundo inicio de nossa trama de paixões.
Roberto, entregador.
Tinha resolvido ficar parte do sábado em casa, assistir o jogo, ver seu time de coração, motivo de felicidade infinita, meter três, quatro, cinco, mil no rival. Pobre Roberto, se viu alguém metendo alguma coisa, foi o rival enfiando a bola em seu gol, e mais de uma vez.
Amor virou ódio. Xingou a tudo e a todos, mandou o mundo ao caralho a quatro.
Resolveu tomar uma.
Para aqueles que não sabem o que “tomar uma” significa, bem, “tomar uma” nunca é apenas uma. A não ser que essa “uma” seja uma caixa, ou um engradado.
Passou o tempo todo enchendo a cara, “encarcando o dente”.
Se o time num colaborava, se divertia com a loira gelada. E como estava gelada.
Sábado, sol a pico, cerveja gelada no copo. Vida boa, pena que ele tinha entrega a fazer, e não iria deixar de fazê-las. É bom, fazia a derrota lhe sair da cabeça.
Ligou o carro da empresa, colocando o som alto.
Subiu a rua avionado. Viu a bela bunda da mulata. Desviou o rosto, a acompanhando.
Aqui nos vamos para o fim, o fim único, o encontro dos dois inícios, dois meios. O nexo vibracional das cordas quânticas que unem esses dois universos diferentes e iguais.
Em outras palavras, a porra de evento que acaba com essa jornada apaixonada.
Preferiu ver a bunda a Denílson. Uma pena. Não teve reflexo para desviar, quando já era tarde de mais.
Ouviu-se apenas o baque, o baque surdo de um futuro sendo acabado.
O baque doloroso do fim forçado de uma pequena jornada.
Denílson morria no sábado ensolarado, sem ter o gosto de ter vencido o baba ou comido mais do feijão da mãe.
Possivelmente em outro país não teria ocorrido isso, porém, Denílson era brasileiro nato.
Morria, então, como um brasileiro, pela suas paixões.
No fim foi até mesmo uma bela morte. Tinha sua bola nas mãos e a bunda da mulata nos olhos.