Iuri escreveu:A geladeira também faz bem pro coração.
Só se tu pretende assar no mesmo dia. Se não, um freezer vai garantir melhor conservação.
Eu ri.
Iuri escreveu:Não adianta tentar por palavras na minha boca. Nunca falei que a duração da jornada de trabalho não é um assunto relevante a ser discutido, apenas que isto é outro tópico. Se tu quer começar a dar voltas na discussão sinta-se livre, vamos falar da jornada de trabalho, salário minimo, destino do pré-sal, investimento no exterior, e como tudo isso afeta a pobre classe trabalhadora.
A jornada de trabalho o salário mínimo, e tudo mais que é real e que se transforma em bufunfa na mão do indivíduo, é relevante pra parar com essa bobagem de justificar uma suposta justeza da decisão do BC. Ao contrário do que você quer fazer parecer, eu não estou tentando levar a discussão pro abstrato. Eu sei que meu ódio acaba muito mais me atrapalhando do que contribuindo pra minha argumentação, mas foda-se eu prefiro assim. Eu prefiro a minha postura clara -- ai meu deus, o Emil é socialistinha -- a esse cinismo pífio -- hehehe
a pobre classe trabalhadora; o Emil é socialistinha, a progressão óbvia do assunto será salário mínimo, destino do pré-sal, investimento no exterior. Beleza, a babaquice fica explícita. Mas enfim, digressão muito grande que vai ser ignorada. Esqueça esse parágrafo, o que importa mesmo é essa frase:
Iuri escreveu:Mas tenha noção de que o BC não pode esperar que todo o país fique organizadinho antes de tomar atitudes contra algo que pode afetar o que é de sua alçada proteger.
É boa porque eu posso argumentar sobre o problema da discussão sem falar sobre o dia de trabalho, que está causando muito ruído.
O primeiro problema com ela é "o BC não pode esperar que todo país fique organizadinho". É ruim porque considera o Banco Central como um corpo à parte do país. É ruim porque nem passa perto de pensar na possibilidade de brigar pra que o critério de BC nessa e noutras questões seja outro faz parte da briga pra organizar o país.
O segundo problema é o problema central: "antes de tomar atitudes contra algo que pode afetar o que é de sua alçada proteger." O que eu não consegui fazer ficar claro até agora, é que esta discussão das notas foi uma discussão ruim até a minha entrada nela (não melhorou muito depois, entretanto) porque ninguém pensou em questionar as premissas sobre as quais ela está se dando. O que é que o BC tem que proteger e o que ele está protegendo de fato? Concordamos que o BC tem que impedir as notas roubadas de voltarem ao mercado, correto? Por que o BC tem que recolher a nota manchada do cidadão? Por que não se pode criar meios de recolher, de maneira segura, notas de instituiçoes que podem arcar melhor com perda de algum dinheiro? E se isso não é função do BC, o que é então?
Iuri escreveu:Emil escreveu:Iuri escreveu:É bem óbvio que dá, especialmente nos trabalhos que eu classifiquei como pesados (*desvia das pedras*).
Tipo esse desvia das pedras: só esquivou-se de pensar. E sério, é babaquice fazer isso. Hurr durr, vocês estão me tornando vítima de linchamento nesta discussão.
Emil, em resposta ao meu último uso do termo 'trabalho pesado', escreveu:Iuri escreveu:ao menos que estejamos falando de trabalho pesado (o que não é o caso de cobradores de ônibus e caixas de mercados)
Por que mandar uma dessas não é considerado ofensa (à inteligência, à dignidade, à disposição de debater...) ?
Não é como se eu não tivesse motivo para esperar outra reação semelhante...
Você já experimentou pensar antes de escrever? Quem sabe voam menos pedras.
Iuri escreveu:Que dá a entender que, só porque essa característica (trabalho sob condições exageradas) é de difícil quantificação ela não possa ser estimada, por exemplo, por um juiz, agentes do sindicato, ou qualquer um que dê uma observada na rotina alheia. E que, por isso, não poderíamos assumir que alguém esteja ou não sob tais condições e, por fim, só restaria considerar que todo mundo pode estar sob o efeito destas condições.
Sua argumentação é limitada porque você tem muita dificuldade em repensar premissas. Eu nunca disse que todos os trabalhos se dão sob as mesmas condições terríveis, embora eu ache, e não tenha medo de dizer, que oito horas de trabalho é uma merda pra quase qualquer trabalho, especialmente no campo e nas grandes metrópoles. Mas a gente não precisa nem discutir isso agora. O seu problema é que basta jogar uma premissa e trabalhar pra sempre em cima dela. Ei, todo mundo trabalha oito horas? Beleza, vamos ver quem se fode mais e quem se fode menos. Dá pra contar? Claro que dá. É a melhor coisa a ser feita? Nem de longe. A melhor coisa é ver se a premissa é válida.
Iuri escreveu:Aí é que tá. O prejuízo não foi causado por eles, mas poderiam tê-lo evitado.
Sim, se eles estivessem lá rondando os caixas. Quando eu digo prejuízo, é nesse nível que eu estou dizendo. O caixa é só um exemplo. É um bom, porque é um fulano que pode se foder menos se fodendo mais pra que uma instituição que pode se foder mais se foda menos. Mas não é o único, e a discussão está ruim porque toma esse exemplo como se fosse premissa universal. O que transforma
Iuri escreveu:Se é teu trabalho evitar algo, e tu não evita, então tu pode não ser a causa primária do prejuízo, mas tem uma parcela da culpa (e de quebra ainda incentiva o real causador do prejuízo, que é o cara que passou as notas manchadas em primeiro lugar).
em mijo.
Iuri escreveu:E em nenhum momento tu deu qualquer argumento que pusesse em cheque a ideia de que esse trabalhador tem tal culpa, só falou do quanto todos são oprimidos.
Não, vocês que se recusam a crer que as situações não são tão preto no branco assim. O Nibe é tranquilo no trampo dele; tem gente que pode não ser por n motivos. E isso deveria ser levado em conta, relativizar faz bem. Mas vocês tem problema em questionar a premissa e trabalhar fora de situação que foi definida como padrão.
Iuri escreveu:Tu fala dos direitos e tal (não que não sejam importantes), mas o que está em debate são as responsabilidades.
Ai, papai, não me castigue, por favor.
E eu quero colocar na pauta: responsabilidades de quem cara-pálida. Por que é tão natural que a do caixa apareça, mas a do BC fique escondida. Com quem, em última instância, deveria ser a responsabilidade do BC?
Iuri escreveu:Emil escreveu:Nibelung escreveu:E mesmo assim, sempre pego notas falsas e não deixei passar nenhuma nota manchada por mim. Porque é o meu trabalho fazer exatamente isto.
Conhecimento da causa indicando que eu possa ter realmente criado um espantalho?! Anedótico, anedótico, anedótico... *repete bastante até convencer, pausando apenas para tirar sarro do locutor*
Claro que você gostou disso. É como o argumento em que Iuri era a medida de todas as coisas. Só que aqui é o Nibe.
Nibe escreveu:Se isso foi tudo que você tirou da minha mensagem, a coisa está pior do que eu pensava.
É o que tem de mais notável nela. E isso fica muito claro aqui:
Nibe escreveu:Se os "fatores que atrapalham" tornarem a jornada de trabalho inviável, ele tem duas opções: (1) exige melhores condições de trabalho, ou (2) se demite.
O que atrapalha é que muita gente é preguiçosa pra tomar uma atitude, e prefere fazer o serviço nas coxas e botar a culpa no "patrão explorador."
Tem um monte de problemas aí no que você fala. Primeiro é a naturalização da sua condição individual como padrão. Por isso você ganha o abraço. Depos, como o Iuri já adiantou, herpa derpa, nem todo mundo tem condições de se demitir, e exigir melhores condições de trabalho não é sempre um negócio simples. Às vezes redunda em demissão, então compreensível que as pessoas tenham medo. O resto, eu tenho muito preguiça de argumentar sobre, preciso mesmo? Sabe, eu ia ter que dizer que não me parece coincidência que as conversas sobre condições de trabalho acabem caindo sempre nesses discursos sobre a preguiça dos outros, o patrão explorador é só desculpa (e estranho, eu tenho a impressão de encontrar muito com muito mais recorrência a acusação de que a exploração não passa de desculpa do que a acusação de que existe exploração).
Iuri escreveu:Estou respondendo pelo Emil porque tá previsível:
"herpa derpa nem todo mundo tem condições de escolher serviço"
Isso nem tem resposta, beira o mau-caratismo, porque infelizmente é verdade: nem todo mundo tem condições de escolher serviço. Aliás, é triste porque não é "em todo mundo", estamos mais pra "quase ninguém".