[TSag] O Roubo do Basab [Parte 4]

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[TSag] O Roubo do Basab [Parte 4]

Mensagempor Léderon em 11 Dez 2010, 14:57

Prólogo


É dito que o Basab é uma bússola que aponta para todas as direções. Também é dito que isso faz com que na verdade não aponte para nenhuma delas, e apenas torne seu portador mais um perdido no mundo. O que se sabe realmente é que o livro foi escrito há mais de 300 anos por um andarilho inspirado pelos espíritos, e que suas páginas são abarrotadas de fórmulas tal qual um grimório, e todas elas ensinam os segredos mais bem guardados pelos próprios deuses. Ou pelo menos é isso que se afirma, já que até hoje ninguém foi capaz de ler uma página sequer além de seu prefácio, escrito num bez-shinal rebuscado, enquanto todo o restante jaz num idioma desconhecido. Nunca copiado, é considerado como um dos tesouros sagrados de Daguna, e mantido às sete chaves no Grande Observatório de Irashir.

— Pamiat Sagraha, bibliotecária do Santuário das Potestades.





I - Os Numii em Audrara


- Aproximem-se, filhos da Joia de Daguna! Enfim chegamos, mais uma vez, à sua iluminada cidade, real e sagrada! Que as flores desabrochem com nossa música celestial, e que seu perfume seja sentido até nas terras secas do outro lado do mar! Abençoados sejam os audrar por nos receber de braços abertos em tempos tão negros!

O aedo poderia continuar declamando elogios a Audrara por horas a fio; sua voz parecia encantar os pobres que se amontoavam em torno dos Numii – recém-chegados na capital – e os admiravam como se as potestades tivessem encarnado diante de seus olhos. De fato, era raro o dia em que o povo mais pobre da cidade tinha chance de ver algo diferente, ainda mais tão exuberante quanto aqueles artistas andarilhos, conhecidos nos quatro cantos da nação. Eram pouco mais que duas dúzias de homens e aparentemente viajavam a pé, tendo apenas um carroção puxado por um triceronte, para carregar toda a indumentária e os instrumentos que usavam em suas apresentações.

Não demorou muito e o homem parou de escandir as apresentações do grupo. Em seguida, os numii passaram a correr num grande círculo, para então parar subitamente e iniciar uma dança de movimentos intrincados, rápidos, enquanto todo o grupo se deslocava rua acima, sorrindo e cantando para os que paravam para ver. O aedo seguia tocando um auló; um menino ia por último, puxando o triceronte pelas rédeas junto com todas as parafernálias. O grupo estivera ali um ano antes, também no meio da primavera. Era a época dos festejos do Levante do Séli, quando as águas do rio que passa por Audrara estão mais altas e todo o povo da capital vai às suas margens, prestar oferendas aos espíritos e agradecer pelas bênçãos concedidas nos meses mais frios.

Após terem passado pela parte mais pobre da cidade, os Numii atravessaram os grandes arcos que separam os abastados dos paupérrimos, adentrando a cidade alta de Audrara. Ao contrário das periferias, ali tudo era limpo e organizado: ruas largas, casas altas ostentando suas posses e pessoas andando sem preocupação. O grupo de artistas procurava uma loja, onde encontrariam seu contratante, um velho mercador de livros, famoso na capital e até mesmo fora de suas muralhas.

Mrakan il-Nadrima era como se chamava. Humano, herdara o negócio de seu antigo mestre, um vunyatra de renome que não deixara descendentes. Viúvo e pai de uma mulher adulta, il-Nadrima vive solitário em sua loja-mansão desde que sua filha foi estudar no Grande Observatório de Irashir. Desde então mal fala com ela, ainda que venha visitá-lo de vez em quando, trazendo notícias do seu trabalho e da universidade.

۞


- Todas as casas são iguais! – reclamou um dos numii – Nunca estive aqui antes, mas mesmo que tivesse vindo toda a vida ficaria perdido! – os outros riram.

- Que exagero, Jaref – respondeu um mais velho, olhando em volta – Tudo bem que são bem semelhantes, mas estão longe de serem iguais. Em todo caso, é melhor perguntarmos antes de sairmos batendo em todas as portas.

- Isso porque não são iguais, não é? – retrucou Jaref, irônico.

Dois deles apontaram para uma parede próxima, cheia de cartazes, notas, papeis diversos e iluminuras coladas num mural. O grupo se aproximou de um velho vunyatra com ares de guarda, parado em pé ao lado dos avisos. Alguns encararam os papeis; Jaref e o aedo falaram com o guarda.

- O que procuram na cidade alta, dançarinos? – disse ele.

- É o senhor o leitor de avisos, venerável vunyatra?

Jaref ficava irritado inúmeras vezes com o floreado das palavras do companheiro.

- Não é mais fácil perguntar se ele conhece o homem, Tsarek? – disse, com um cutucão. “E você não sabe ler? Por que não olha pra droga dos avisos de uma vez?”, pensou.

- Quem procuram?

Tsarek pigarreou.

- Viemos a chamado do mercador de livros, o zha-sita Mrakan il-Nadrima.

- Para as festividades do Levante – completou Jaref.

- Seus negócios não me importam – cortou o guarda, que odiava as festas do Levante – mas a casa dele fica além da praça, no segundo beco que conseguem ver daqui – apontou enquanto falava.

۞


A loja de Mrakan era maravilhosa. Havia apenas uma porta de entrada no beco em que ficava, mas tinha janelas grandes e era arejada. Diversas tapeçarias finas pendiam das paredes, exibindo a riqueza do dono. Tsarek, Jaref e o líder do grupo, Enel, entraram no lugar, enquanto os outros numii esperaram na praça próxima, cantando e fazendo truques para quem parasse para ver.

Não demorou até que o próprio il-Nadrima viesse atendê-los, pedindo para acompanhá-lo até os andares superiores, onde teriam privacidade para falar dos negócios. O homem era velho, rechonchudo e se vestia como um príncipe, ostentando aneis e colares de ouro sobre as vestes coloridas.

Fechou a porta assim que entraram no cômodo. O lugar recendia a incenso, e das janelas dava para ver o burburinho da praça: as pessoas indo para lá e para cá graças às festas próximas.

- O velho Sadyapa quem nos falou de você – disse Enel, sem esperar seu anfitrião se sentar.

Mrakan suou frio. O líder dos Numii raramente falava sobre as atividades artísticas do grupo, mas era incisivo quando se tratava das outras atividades.

- O que aquele peleiro disse?

- Que o senhor nunca precisou de nada desse tipo. Que sempre foi o mercador exemplar, honesto e nos conformes. O que eu duvido muito, já que vai contra a natureza dos mercadores.

Os outros dois riram. Il-Nadrima parecia nervoso.

- O que importa é que serão pagos. Metade agora e metade quando me entregarem o que quero.

- Que seria?

- Um livro.

Jaref revirou os olhos. Não sabia ler, não sentia falta alguma, e isso o deixava irritado com o valor excessivo que as pessoas pareciam dar a pergaminhos e volumes de papel rabiscado.

- O senhor vende livros e sei que tem lá seus contatos obscuros, il-Nadrima. Por que precisa que consigamos algo que para você é comum?

- Porque esse – olhou em volta e certificou-se de que ninguém os ouvia – pertence ao Arhat.



(Continua~)
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Re: [TSag] O Roubo do Basab

Mensagempor Youkai X em 11 Dez 2010, 15:05

Terminei de ler e gostei MUITO do início do conto/saga que você está desenvolvendo, Léderon. Realmente fiquei curioso em como tal história se desenrolará e que desventuras os numii terão que passar em nome do objeto que buscarào a esse mercador.

Algum plano para ilustrar os personagens principais dessa história?
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Re: [TSag] O Roubo do Basab

Mensagempor Madrüga em 11 Dez 2010, 15:19

Porra, quase escorreu uma lágrima aqui. Adorei esse começo e as descrições das pequenas coisas, como casas, arcos, tricerontes... :wub:

Demais. Isso nos lembra como PASSOU DA HORA de escrever umas ficções no cenário...
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Re: [TSag] O Roubo do Basab

Mensagempor Lanzi em 12 Dez 2010, 20:57

Muito bom. O jeito com que você escreveu tornou tudo muito palpável, além de ter pintado muito bem a narrativa com as cores do cenário. É ótimo, por exemplo, pra quem nunca leu nada do que já colocamos até aqui. Tem um ar muito mágico.

O que é ótimo, porque me deixou motivado a terminar o meu conto.
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Re: [TSag] O Roubo do Basab

Mensagempor Agnelo em 13 Dez 2010, 12:17

Léderon, seu bastardo.

Excelente início pra coisa, pra ficar perfeito só falta tu terminar isso logo :bwaha:

Madruga escreveu:Isso nos lembra como PASSOU DA HORA de escrever umas ficções no cenário...

Eu venho dizendo isso já deve fazer uns 2 anos :b
Eu amo você. Você é meu único filho e tenho orgulho de você. Você trouxe à sua mãe e a mim mais alegria do que eu achei que houvesse. Seja bom pra ela e cuide bem dela.

Seja um dos mocinhos. Você tem que ser como John Wayne: Não aguente merda de nenhum idiota e julgue as pessoas pelo que elas são, não pela aparência.

E faça a coisa certa. Você tem que ser um dos mocinhos: Porque já existem Bandidos demais.
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Re: [TSag] O Roubo do Basab

Mensagempor Léderon em 14 Dez 2010, 22:05

Gente, obrigado pelo incentivo. Eu estou gostando de como a história está saindo. Só tem um problema meio... problemático. Eu ainda não pensei no final ela, e a bendita está ganhando vida e me convencendo a fazer outras coisas. Não estranhem se parecer que ela tá indo pro lado errado. Prometo que vai estar tudo bem agora.

Vou postar cada parte num post separado pra poder indexar depois. Aí vai a parte 2! \o/
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II - O Corvo e o Livro

Mensagempor Léderon em 14 Dez 2010, 22:08

II – O Corvo e o Livro


O sol parecia brilhar da maneira mais escaldante que conseguia. Samira estava enfurnada na biblioteca do Observatório, avaliando e organizando uma grande quantidade de livros vinda de Nitsakrocou, em troca de alguns serviços prestados ao príncipe de Chemkrë. A maioria dos volumes era nova, recente, e se tratava de compêndios sobre árvores genealógicas de famílias da nobreza chemkri e dagunar, exatamente o tipo de livro que a garota achava inúteis e sem sentido.

- Pra quê fazer listas de gente morta? – disse, pensando alto.

- Pra que organizar papel? – respondeu uma voz próxima, seca e aguda.

Samira olhou para a gaiola onde deixava seu corvo. Ele sempre falava coisas óbvias e que as deixavam desconcertada.

- É meu trabalho, Zabir, já te falei. Se não fosse por ele você nem estaria falando.

- Nem estaria numa gaiola.

Ela ia praguejar, quando foram interrompidos por uma batida na porta. Um guerreiro vestido de branco da cabeça aos pés entrou, não sem dar uma olhada indiscreta para Samira.

- Que tempos diferentes em que não é mais gente velha e decrépita que gosta de livros.

- O que quer, Dabav?

- Ei, calma – resmungou – Vim aqui pra te escoltar até o salão.

Ela pareceu surpresa.

- Por que motivo?

- O livro! – gralhou Zabir. Sua mestra passara a manhã toda distraída, e esquecera dos ritos daquele dia. Durante as festas do Levante, algumas das relíquias sagradas de Daguna eram expostas ao público, como símbolos de fé e poder da Igreja. Uma delas era o Basab, o Livro das Encruzilhadas, que naquele dia estava sob responsabilidade de Samira.

Ela suspirou.

- Ah. Certo. Só um momento.

Dabav ficou encarando o corvo, enquanto Samira foi até uma mesa. Com algumas palavras e gestos, fez o que parecia ser um tapete transparente surgir no ar, para então abarrotá-lo com livros e deslizá-los flutuando até o fundo da sala, entre algumas das maiores prateleiras. Por alguns minutos, o salão da biblioteca ficou em silêncio absoluto, interrompido apenas pelo eventual saltitar de Zabir no poleiro.

Samira voltou como se estivesse medindo os passos. Carregava o livro envolto num tecido azul cerúleo estampado, cobrindo-o por completo das vistas de qualquer um. Ela mesma parecia outra pessoa o segurando, tamanho o respeito e veneração que todos tinham pelo artefato. De fato, pouquíssimos podiam tocar na relíquia além dos sacerdotes e dos seus protetores designados. Até a cara típica de deboche de Dabav mudou quando viu a garota se aproximando.

- Vamos – disse ela. – Zabir, fique em silêncio e preste atenção em qualquer coisa estranha. Vou até o salão levar o livro e volto para te buscar.

O guerreiro saiu atrás dela, encarando o corvo mais uma vez e então fechando a porta.

۞


Com a paulatina transformação do Observatório numa universidade, inúmeros novos salões foram construídos, muitos deles ainda sem propósito definido. Todos muito bem protegidos pelos guerreiros guardiões, naqueles dias ninguém entrava nas câmaras internas além dos estudantes e mestres locais. Todo o lugar foi erguido com ouro dos sita, e nada foi poupado: havia arte sacra em cada mínimo detalhe da construção, desde o assoalho cheio de mosaicos ao teto com infinitas abóbadas de onde pendiam tecidos multicoloridos.

Não muito longe dali, nas margens do rio, centenas de pessoas começavam a se reunir em pequenos grupos e a entoar cânticos sagrados, para no final de sua procissão entrar na universidade e vislumbrar a relíquia do Arhat. Assim terminaria o rito dos Passos do Levante, que começara horas mais cedo: primeiro o povo se banhava nas águas do Séli, e então andava por todo o centro da capital, parando em diversos templos para contemplar todas as relíquias que se encontrariam à mostra naquele dia. O Basab era o último a ser visto. Samira iria apresentar-se a todo um corpo de sacerdotes – a maioria vunyatra – dos principais templos de Audrara e das maiores cidades de Daguna. Até mesmo clérigos de Chemkrë e alguns de Pehelnaur estavam presentes para assistir a chegada do livro: toda relíquia era apresentada ao clero antes de ser exibida ao público.

Na ponta de um grande salão estavam sentados os homens da igreja. Dabav e Samira surgiram de uma porta do lado oposto, o guerreiro ficando para trás enquanto ela avançava, em passos lentos e ritmados, em direção ao centro do lugar. Os sacerdotes empertigaram-se em seus assentos, observando os movimentos da mulher, que parecia já ter repetido muitas vezes aquele rito.

- Em nome daquele que é Uno – disse ela, e todos se levantaram – apresento-vos a última relíquia encontrada nas terras de Daguna!

Erguendo o livro, o tecido deslizou aos poucos, revelando a capa do Basab: grande, parecia ser feita de ouro puro, recoberta de filigranas e engastada com inúmeras pedras preciosas, oito delas maiores que as outras e parecendo brilhar por elas mesmas. Samira circundou os clérigos com o livro acima de sua cabeça, enquanto falava.

- Perdido por séculos na terra ameaçadora de Taara, escrito por um profeta abençoado e inspirado pelo próprio Uno! Eis o Basab, o Livro das Encruzilhadas, cujos mistérios ainda estão por serem revelados a nós, filhos do Único!

Terminou sua fala colocando o livro sobre um pedestal de mármore e ouro no meio do salão. Quatro guerreiros da igreja agora o cercariam e vigiariam, e nenhum fiel poderia se aproximar mais do que dez metros sem profanar o Basab com sua presença terrena. Como era esperado, Samira apenas se inclinou em reverência aos sacerdotes e saiu em silêncio, deixando o salão junto de Dabav.

- Você já fez isso antes? – perguntou ele, um tempo depois.

- Não, nunca.

A resposta o deixou intrigado.

- Mas foi tão natural. Você não olhou para o rosto deles enquanto falava. Eu vi. Estavam todos admirados com você. Até parecia uma vunyatra lá.

- Não sei se isso é bom ou ruim – riu ela, por fim – Eu só passei um bom tempo lendo como eram os ritos, então fui lá e fiz. Não é difícil. E é um dos poucos ritos em que alguém que não é um sacerdote pode celebrar.

- Parece que as relíquias não são tão sagradas assim – provocou o guerreiro.

- Que blasfêmia, Dabav! Vá lavar sua boca na água do santuário!

O guerreiro parou, contrariado, e suspirou. Samira seguiu em frente, já a poucos metros da biblioteca, e entrou, batendo a grande porta de madeira, como que para mostrar que queria ficar sozinha.

Dabav não entendia Samira. O guerreiro a conhecia desde que ela havia chegado na universidade, há dois anos. Sempre tentou se aproximar, até mesmo já havia se declarado, mas tinha pouca sorte com a moça, sendo ele um hateg e ela uma sita. Conhecia muitos sitas, e como bem sabia, muitos deles ostentavam a casta por pura benesse social e não eram devotos assíduos da Igreja. Ele também era assim, e por isso não compreendia a devoção quase visceral de Samira pelo Uno. Contudo, não deixava de se preocupar, e fazia de tudo para ficar perto dela enquanto estavam sob o mesmo teto.

Divagava sobre isso do lado de fora da biblioteca, vendo outros estudantes passar, quando a porta foi aberta de supetão.

- Dabav! – gritou Samira – Zabir desapareceu da gaiola!


(continua)
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Re: [TSag] O Roubo do Basab

Mensagempor Youkai X em 14 Dez 2010, 22:36

Léderon, só posso dizer que estou adorando os contos e gostei muito dessa segunda parte, e do modo como retratou a Samira, o ritual e os sentimentos de Dabav por ela, mas que nào são correspondidos. Também o final criou uma tensão e quero ver como você unirá todos esses ganchos e personagens.
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Re: [TSag] O Roubo do Basab [Parte 2]

Mensagempor Emil em 15 Dez 2010, 00:56

Cara, a ambientação está linda. Já decidi que vou escrever aquele negócio que te contei em forma de uma série de contos mesmo. Talvez uma novelinha.

Agora tá muito mágico isso aí! Não precisa fazer objeto flutuar não!
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Lutai primeiro pela alimentação e pelo vestuário,
e em seguida o reino de Deus virá por si mesmo.

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Re: [TSag] O Roubo do Basab [Parte 2]

Mensagempor Léderon em 15 Dez 2010, 05:23

Que bom que estão gostando. :dança:

E Emi, é só o Disco Flutuante de nef-Tenseri :haha: ! Indispensável para uma maga bibliotecária de nível 2. Resolvi colocar uma na história exatamente pra ir encaixando magia e ver como é que fica o NEGÓCIO - já que, tirando as raças fantásticas, quando eu escrevi os reinos eu não pensei em nada mágico (o que foi um erro feio).
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Re: [TSag] O Roubo do Basab [Parte 2]

Mensagempor Madrüga em 15 Dez 2010, 10:22

Pô, Emi, é a protagonista! "Low-magic" não é "no-magic", afinal...

E porra, acabei de ter uma epifania: podemos descrever o quanto quisermos, mas essa porra só virá à vida com histórias. Muito bonito mesmo. :wub:
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III – A Procissão dos Passos do Levante

Mensagempor Léderon em 05 Jan 2011, 20:50

III – A Procissão dos Passos do Levante


- Isso é loucura! – Jaref não se conteve – Por mais que seja valioso, não podemos pegar uma coisa dessas agora! Vai estar cheio de gente venerando isso. Impossível!

Um olhar de Enel foi o suficiente para o rapaz voltar a si e sair da sala logo em seguida. Tsarek o acompanhou, revirando os olhos e suspirando.

- Não tem como você simplesmente ficar quieto, moleque? – grunhiu o aedo. Jaref olhou pela janela, irritado.

- Tsarek, não é possível. O tal Mrakan deve estar pagando muito bem pro Enel, se ele aceitar uma coisa dessas. Do jeito que vai estar lá, é como o sol desaparecer no meio do dia e ninguém perceber!

- Sempre há eclipses, Jaref – disse Enel, aparecendo na porta e se dirigindo às escadas – Vamos.

“Como se ninguém percebesse um eclipse”, pensou Jaref. Tsarek apenas riu, e os três desceram para encontrar os companheiros na praça. O sol estava a pino, e poucas pessoas paravam para ver o grupo; a maioria ia de um lado para o outro, carregando coisas em direção às praças principais e ao rio.

۞


Samira andava de um lado ao outro da biblioteca, com Dabav atrás como se fosse uma sombra. Não era a primeira vez que Zabir desaparecia, e a porta da gaiola estava escancarada.

- Ele tinha que sumir justo agora? – a mulher bufava de raiva.

Dabav parou, olhando para o alto.

- As janelas lá em cima estão abertas.

- Sim.

- Ele deve ter saído por alguma delas.

- E um vunyatra parece um cachorro.

Ele se calou.

- Escuta, Dabav, já que você quer tanto me ajudar, por que não sai procurando?

- Mas Samira, ele é o seu corvo. Você não sabe onde ele está? Quer dizer, por ser o seu animal ou coisa assim?

- Eu sei que ele não está aqui! – ela saiu, batendo a porta e deixando o rapaz falando sozinho.

Os sumiços de Zabir só não eram tão comuns quanto os acessos de falta de paciência que Samira tinha ao lidar com pessoas comuns. Detestava jogar conversa fora e qualquer tipo de pergunta imbecil. Quando o corvo desaparecia, ela saía caminhar pelos jardins do Observatório, pois sabia que, eventualmente, ele acabaria aparecendo se visse que ela estava quieta e calma.

Andando pelos corredores abertos da universidade, Samira – que naquele dia não estava atendendo ninguém – pôde ver como o lugar era diferente quando em época de festas. Normalmente cheio de aprendizes correndo para um lado e para o outro, agora quase todas as portas estavam fechadas, e só pessoas do clero e do alto escalão de Irashir andavam pelo local, acompanhados de serviçais carregando objetos sagrados – vestes, enormes maços de incenso, amuletos, joias – e organizando as coisas para as celebrações do fim do dia.

Ela sentou-se próxima a um chafariz, numa das praças centrais do lugar. Olhava para o céu, na esperança de ver Zabir voando em alguma direção. Depois de muito procurar, viu um ponto preto passando perto de uma das torres de observação.

- Corvo maldito.

۞


Praticamente todo o povo de Audrara se acotovelava às margens do Séli, entrando em suas águas e saindo com as roupas encharcadas. Sacerdotes, a maioria sendo vunyatra, guiavam os ritos: enquanto o povo entoava cânticos, eles percorriam a multidão carregando incensários de ervas com cheiro forte, para purificar o ar e livrá-lo de demônios naquele dia santo.

Após um grande número de mulheres e crianças serem ungidas, alguns dos clérigos lideraram a procissão, partindo em direção aos santuários nos quais as relíquias do Arhat estariam expostas. Uma brisa quente espalhava o aroma das ervas e o misturava ao cheiro do povo, que suava andando aglomerado por entre as ruelas estreitas. A situação piorava quando a procissão chegava a uma área mais aberta: quem estava atrás queria passar para as primeiras fileiras, para ficar mais próximo dos sacerdotes e ser os primeiros a ver as relíquias.

Os Numii esperavam o cortejo em uma praça no centro da capital. Ladeados por sacerdotes e outros religiosos, o grupo estava parado, com todos dispostos em círculo. Enel, Tsarek e Jaref estavam de frente para os clérigos que se aproximavam com o povo. O aedo fez uma reverência e tomou a palavra, enquanto andava teatralmente na orla da multidão.

- Sagrado é o povo que foi escolhido pelo Criador! – as pessoas silenciaram, como se ele estivesse começando uma oração – Hoje é o dia em que agradecemos aos Poderes Celestes, filhos Daquele que é Um, e honramos aquele que domina os mares e os rios de nossa terra! Pois a água do Séli – e ele apontou as roupas molhadas do povo – é a água da criação, vinda das mãos do Dominador dos Oceanos, do Senhor das Tempestades, do Doador dos Peixes!

O povo abraçava as vestes encharcadas e orava em silêncio, enquanto os numii dançarinos aproximavam-se uns dos outros, e os músicos começavam a bater em grandes tambores. Próximos a eles, alguns homens gesticulavam para o ar, criando pequenas esferas de luz que perambulavam pela praça. Tsarek continuou:

- Dancemos em honra daqueles que conhecem o fundo dos mares! – os numii saltaram no ar, e pareciam voar baixo a cada passo, enquanto ele falava – Dancemos e louvemos as relíquias do Nosso Pai – o aedo fez uma reverência, apontando para as ruas que ainda seriam percorridas – e que nossas vidas sejam abençoadas por Ele!

A música ficava mais agitada conforme a procissão seguia. O caminho formava uma espiral, girando e subindo em direção ao Santuário das Potestades. Passaram por diversos templos e, a cada parada, Tsarek fazia um longo discurso sobre a relíquia ali exposta – sua história, de onde veio, como ela foi consagrada e quais seus poderes. Há anos o aedo declamava as mesmas palavras, e sua voz era bem quista pelos mera – a casta sagrada dagunar – que confiavam a ele os declames do Levante, ainda que inúmeros sacerdotes acompanhassem o grupo na festa.

Enel sorria conforme se aproximavam do Observatório. De onde estavam já era possível ver as janelas das torres mais altas. Ainda não havia contado o plano do roubo a Jaref – e esse desconfiava que ninguém fora informado – e encarava o rapaz, conforme encontravam-se nos passos da dança.

Jaref estava estranhando o comportamento do seu líder e, em uma das pausas, quando apenas andavam até o próximo templo, o puxou para bem adiante da multidão.

- Como será a próxima dança? – perguntou, e fez um sinal com a mão. Falava em código, pois sabiam que poderiam ser ouvidos, e tomavam cuidado com tudo.

- Estive pensando nisso, Jaref – Enel riu – e pensei muito. Meus pés já estão doendo, por causa dessas subidas sem fim.

- Perdão?

- Você é quem vai fazer a próxima.

O rapaz engoliu seco, e sentiu como se o chão abrisse debaixo de si. Seria a primeira vez sozinho, seria sua iniciação plena. Seria o dia mais perigoso da sua vida.

Lá longe, perto de uma das torres do Observatório, Jaref viu um corvo.

Ia dar tudo certo.
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Re: [TSag] O Roubo do Basab [Parte 3]

Mensagempor Madrüga em 11 Jan 2011, 09:26

Acompanhando e gostando! Agora é saber o que vai acontecer nessa dança...

Led, não ouse parar (ou demorar)!
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Re: [TSag] O Roubo do Basab [Parte 3]

Mensagempor Agnelo em 11 Jan 2011, 09:39

Tá muito interessante mesmo. Tô gostando das idéias do led pro conto, tá com uma saudável cara de aventura de jogo mesmo.

Guardem algumas dessas idéias pra elas.
Eu amo você. Você é meu único filho e tenho orgulho de você. Você trouxe à sua mãe e a mim mais alegria do que eu achei que houvesse. Seja bom pra ela e cuide bem dela.

Seja um dos mocinhos. Você tem que ser como John Wayne: Não aguente merda de nenhum idiota e julgue as pessoas pelo que elas são, não pela aparência.

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IV – O Ladrão e a Guardiã dos Livros

Mensagempor Léderon em 10 Abr 2011, 20:01

Pois é, gente, eu não queria continuar enrolando. A ideia era só mais uma parte e pronto, mas fui escrevendo e acabou que ficou longo demais e ainda não terminei. Resolvi postar porque, bem, assim eu posso enrolar vocês por mais três meses. :haha:

(Brincadeira, eu tô penando muito pra terminar essa história porque eu a comecei sem saber onde ia terminar. Agora quero terminar de um jeito AVASSALADOR/SOU FODA e minha mania de perfeccionista me faz ficar horas pensando em como prosseguir.)




IV – O Ladrão e a Guardiã dos Livros


Um dos símbolos dos Numii é o corvo. O preto das asas, dos olhos e do bico transformam a ave em algo invisível nas sombras – algo que aqueles homens prezam quando estão em seu trabalho secreto. Aos olhos do povo, corvos são sujos e nojentos, mas são apenas aves. Aos olhos do povo, os Numii são homens felizes e habilidosos, e apenas dançarinos.

۞


Zabir estava no alto da torre, vendo a procissão que tomava conta da cidade. Ruas esvaziavam para dar passagem aos fieis que, molhados e cansados, fediam em meio aos clérigos que, para compensar, carregavam incensos almiscarados de cheiro forte. Muitos dos vunyatra usavam máscaras rituais – não só para denotar seus cargos, mas também para proteger o olfato sensível.

O corvo não gostava de aglomerações. Adorava ficar sozinho, e por isso se dava bem com Samira, já que ela trabalhava na biblioteca e era ranzinza o suficiente para as pessoas se afastarem dela, em vez de amontoarem-se ao seu redor. Mas não naquele dia. Zabir sabia que em todo lugar que ela iria, estaria cercada por todo tipo de gente, então tratou de voar para longe de lá. É claro que, sendo familiar da bibliotecária, sabia perfeitamente que ela estava atrás dele. Podia senti-la procurando.

۞


- Escuta, Dabav, desculpa – Samira entrou na biblioteca, com o vestido colorido esvoaçando. O guarda não estava lá. A moça contornou algumas mesas e foi até uma das salas dos fundos, procurando pelo amigo. – Dabav?

Nenhuma resposta. Estava sozinha na sala de restauração, onde passara muitos dias trancafiada, refazendo capas e costurando páginas em couro. Passou os dedos por uma lombada de couro vazia, sem papel, e olhou para a pequena janela redonda que dava para a muralha externa. Pensou nas pessoas que estavam lá fora, perambulando em torno dos sacerdotes e vendo o que achavam ser as relíquias sagradas de Daguna.

- Ótimo, agora perdi o corvo e o guarda.

Com seu humor ranzinza voltando ao normal, a bibliotecária trancou a porta atrás de si, resolveu ir embora dali e deixar de se preocupar com os dois – cedo ou tarde eles voltariam; sempre fora assim. Lá fora, o sol já começava o seu caminho de descida, e sua luz resplandecia, cegante, nas pedras brancas que formavam os caminhos dos grandes prédios do Observatório. Pareciam pérolas e prata contornando um rio de leite. Samira costumava enrolar os olhos num véu fino, nos dias mais claros, pois passava tanto tempo no escuro que, quando saía para aquele lugar, sua cabeça doía.

E foi assim, com a cabeça enrolada num véu azul sarapintado de dourado, que Samira encontrou-se com Dabav, rumo ao grande salão onde, antes, ela havia colocado o Basab. Ainda estava sem nenhum fiel; apenas com alguns guardas e um sacerdote, todos vunyatra. O clérigo dizia algumas coisas para o que parecia ser o chefe dos guerreiros, e parou quando a mulher se aproximou.

- Il-Nadrima, ficará para receber o povo? – perguntou, numa voz rascada.

- Ver o povo? O senhor acha que eu trabalho em uma biblioteca por quê, Sri Kuttadami?

O velho riu, e o riso foi acompanhado por uma tosse carregada.

- Não perde o jeito com as palavras nem com um velho sacerdote, Samira.

Dabav cumprimentou o vunyatra com uma reverência, meio sem jeito.

- Meu amigo tem medo dos homens do clero, Sri. Não acha que eu devo falar com um deles assim como converso com meus amigos.

- É desrespeitoso. – o amigo sussurrou. Ela revirou os olhos.

- Desrespeitoso é ficar com não-me-toques por qualquer coisa, homem – olhou para o sacerdote, meneou a cabeça em despedida, e virou-se. – Vamos. Não quero nem estar perto daqui quando aquelas pessoas chegarem perto do meu Basab. Até logo, Sri. Único seja seu caminho.

- Único seja – ele respondeu, e sorriu – cuidarei bem do seu livro.

۞


Seria sua iniciação, então a melhor maneira de começar seria decidindo sozinho tudo o que faria dali por diante. Jaref achou melhor não esperar a procissão chegar até o Basab para poder roubar o artefato, mas sim ir um pouco antes, reconhecer o terreno para só então agir. Após o fim de mais uma dança, afastou-se da multidão e, depois de tomar caminhos tortuosos por entre as casas, estava diante dos portões do Observatório. Havia guardas de cada lado, mas naquele dia onde todos entravam e saíam a todo momento, nada fariam para qualquer um. Os trajes de Jaref eram bons e limpos, o que os fez pensar que provavelmente se tratava de um zha-sita. Passou por eles andando tranquilamente.

Não demorou para encontrar o que procurava. Os caminhos de pedra branca estavam todos sinalizados, e os que estavam fora dos planos da procissão estavam bloqueados por cordões vermelhos estendidos de um lado ao outro.

Lá estava: no centro de um salão branco, com grandes janelas de vidro colorido, cercado por quatro guardas vunyatra. O Basab, o Livro das Encruzilhadas. Jaref se aproximou com a cabeça levemente abaixada, como se fosse um fiel entrando no tempo, e ficou a menos de três passos do livro. Os guerreiros o seguiam com os olhos, as mãos segurando lanças douradas.

Havia algo errado no ar. Alguma coisa estava errada, e o numi não fazia ideia do que podia ser. Olhou do livro para a porta, e da porta para uma passagem no fundo do salão, de onde um sacerdote apareceu e veio caminhando em sua direção. O vunyatra era velho, e andava curvado, mas mesmo assim era quase do tamanho de Jaref. Vestia branco e se apoiava num cajado de madeira escura.

- Único é o nosso caminho – disse o clérigo.

- Único sempre será – respondeu Jaref, sem hesitação, com a cabeça baixa.

Sri Kuttadami passou pelo rapaz, o encarando, e saiu em direção ao portão do Observatório.

Era falso. A revelação veio a Jaref de sobressalto. Olhando para as páginas abertas do livro, no pedestal, teve uma certeza profunda de que aquele não era o verdadeiro Basab. Engoliu seco e virou-se para sair dali, com a cabeça quente. Seus olhos escrutinavam cada centímetro de paredes, frestas, janelas, beirais e colunas das construções, pensando em mil caminhos pelos quais poderia andar pela universidade sem ser percebido.

Ao passar pela porta, olhando para o alto, quase trombou com uma mulher baixa que passava, usando um véu azul com pontos dourados. Ela o encarou.

- Tem bastante espaço aqui pra uns dez passarem lado a lado, menino. – Samira disse, como se fosse muito mais velha que Jaref.

- Então por que estava no meu caminho? – ele retrucou. Ela se irritou e, virando-se, tomou um caminho que apontava para a Biblioteca de Irashir. Ao ver a placa, o numi descobriu por onde poderia começar sua busca.



Curiosidades: Sri é "senhor" em hindi, e imaginei como um tratamento respeitoso para pessoas do clero. "Kuttadami", apesar de parecer japonês, também é baseado no hindi. Kuttā ādamī é simplesmente "Cachorro homem". :haha:
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