Tendo suas pedras fundamentais lançadas há mais de oitocentos anos, a Igreja de Daguna passou por severas transformações ao longo dos séculos para chegar à meandrosa organização religiosa que apresenta atualmente. Suas origens remontam aos primeiros missionários vindos de Tervat através de Chemkrë, trazendo consigo a sabedoria Única e a subserviência às Oito Potestades como meio de vida, e sua história faz parte do estabelecimento da própria nação.
Ao entrarem no território do que começava a se tornar a nação de Daguna, tais missionários encontraram-se numa linha de fogo cruzado. A região, então dominada pelos vunyatra e seus aparentados kaftar, vivia em meio a sangrentas batalhas entre clãs, por todo tipo de motivo – o povo, orgulhoso e guerreiro, lutava principalmente por territórios nas planícies, sempre em busca de expandir seus domínios. Foi durante esse período que o braço de Avkhass que ia até Taara praticamente desapareceu, devido à grande extração de madeira para a construção de fortificações e de alicerces do que viriam a ser as primeiras cidades.
Aqueles que vinham do Ocidente, em sua maioria humanos, encontraram a princípio resistência por parte dos habitantes. Muitos sacerdotes eram mortos, acusados de invadir os domínios dos drizuntu, na época senhores dos grandes clãs. Porém, aos poucos, a sabedoria religiosa mesclada às estratégias expansivas da Igreja provaram-se úteis para muitos líderes de Daguna que não eram drizuntu – senhores de pequenos lugarejos, mercadores relativamente influentes, entre outros. Aliados à força da palavra dos sacerdotes, tais senhores passaram a usar a religião para seus próprios ideais. Claro que em parte houve resistência do Clero Único, mas esta logo caiu por terra, dados os tributos que os novos fieis pagavam. Era a primeira ligação da Igreja com a política nas terras dagunar.
Passados os anos, aos poucos a Igreja passou a dominar as principais estradas para o Ocidente, graças à ligação religiosa já estabelecida com Chemkrë. Regulando as principais vias de acesso e transporte, a própria Daguna passou a ser controlada pela Igreja, que estabeleceu templos e organizou cidades – de fato, muitas técnicas arquitetônicas, de saneamento e construções variadas, vindas de Tervat, é que foram as responsáveis pelo domínio cada vez mais claro dos Dogmas Únicos. A Igreja compartilhava o conhecimento prático atrelado ao religioso, e assim passava a reinar suprema.
Claro que o preço do reinado foi alto; para os sacerdotes humanos do Oeste, engranzar a verdade de um deus único para um povo que passara eras venerando milhares de espíritos não foi tarefa fácil: passados pouco mais de duas gerações de clérigos, estes haviam desfigurado a Igreja Única em alguns aspectos, adaptando os itens centrais da velha religião dagunar – a re-encarnação e o politeísmo – aos interesses do clero, que passara a dar ênfase nas Potestades como figuras estritamente elevadas e divinas (deuses, de fato) e alterara a metafísica da transmigração da alma para uma relação de contato direto com o Uno, num sistema de mortes e renascimentos que, de acordo com as leis então estabelecidas, serviriam para purificar o espírito até atingir o Equilíbrio Eterno junto do Uno. Este último ciclo de transformações do espírito é que deu origem ao presente sistema de castas, estabelecido há cerca de seiscentos anos no último Conselho de Audrara, que instituiu as atuais Leis Únicas. Já há muito ocorrida a Secessão dos Kaftar, muitas das leis foram escritas com base no “verdadeiro povo dagunar” – os vunyatra.
Neste último Conselho (de um total de três) que foi cunhada a figura do Arhat, tomando as duas famílias politicamente dominantes da nação, os Reshni (hoje os Eritau) e os Dravna, como balaústres da então fixada Igreja-Estado dagunar. É importante ressaltar que aqueles que temem represálias (a maior parte da população) não chamam o governo de “o Estado” ou “a Igreja”, dada a integração visceral destes. Referem-se simplesmente a “o Arhat”. A organização estatal dagunar inicia-se nos Dois Sábios do Pêndulo, e abaixo deles encontra-se o Alto Conselho das Duas Famílias; entre estes, muitos são aqueles dedicados integralmente à religião, seguindo carreiras sacerdotais ou missionárias, enquanto outros assumem posições mais estritamente ordinárias e burocráticas.
Templos espalham-se por todo lugarejo da nação; por menor que seja, sempre há no mínimo uma capela presente, com um sacerdote representante do Arhat. Estes sacerdotes de pequenas igrejas não costumam assumir posições de governo nas vilas, mas servem de agentes arhatianos e mantenedores da ordem – e é exatamente por isso que todo lugar deve ter um templo. Um governante local que se recuse a manter um santuário é possivelmente exibido com a cabeça separada do corpo nas altas ameias de Audrara.
[Em expansão; próximos passos: a visão sobre as Potestades]
Ao entrarem no território do que começava a se tornar a nação de Daguna, tais missionários encontraram-se numa linha de fogo cruzado. A região, então dominada pelos vunyatra e seus aparentados kaftar, vivia em meio a sangrentas batalhas entre clãs, por todo tipo de motivo – o povo, orgulhoso e guerreiro, lutava principalmente por territórios nas planícies, sempre em busca de expandir seus domínios. Foi durante esse período que o braço de Avkhass que ia até Taara praticamente desapareceu, devido à grande extração de madeira para a construção de fortificações e de alicerces do que viriam a ser as primeiras cidades.
Aqueles que vinham do Ocidente, em sua maioria humanos, encontraram a princípio resistência por parte dos habitantes. Muitos sacerdotes eram mortos, acusados de invadir os domínios dos drizuntu, na época senhores dos grandes clãs. Porém, aos poucos, a sabedoria religiosa mesclada às estratégias expansivas da Igreja provaram-se úteis para muitos líderes de Daguna que não eram drizuntu – senhores de pequenos lugarejos, mercadores relativamente influentes, entre outros. Aliados à força da palavra dos sacerdotes, tais senhores passaram a usar a religião para seus próprios ideais. Claro que em parte houve resistência do Clero Único, mas esta logo caiu por terra, dados os tributos que os novos fieis pagavam. Era a primeira ligação da Igreja com a política nas terras dagunar.
Passados os anos, aos poucos a Igreja passou a dominar as principais estradas para o Ocidente, graças à ligação religiosa já estabelecida com Chemkrë. Regulando as principais vias de acesso e transporte, a própria Daguna passou a ser controlada pela Igreja, que estabeleceu templos e organizou cidades – de fato, muitas técnicas arquitetônicas, de saneamento e construções variadas, vindas de Tervat, é que foram as responsáveis pelo domínio cada vez mais claro dos Dogmas Únicos. A Igreja compartilhava o conhecimento prático atrelado ao religioso, e assim passava a reinar suprema.
Claro que o preço do reinado foi alto; para os sacerdotes humanos do Oeste, engranzar a verdade de um deus único para um povo que passara eras venerando milhares de espíritos não foi tarefa fácil: passados pouco mais de duas gerações de clérigos, estes haviam desfigurado a Igreja Única em alguns aspectos, adaptando os itens centrais da velha religião dagunar – a re-encarnação e o politeísmo – aos interesses do clero, que passara a dar ênfase nas Potestades como figuras estritamente elevadas e divinas (deuses, de fato) e alterara a metafísica da transmigração da alma para uma relação de contato direto com o Uno, num sistema de mortes e renascimentos que, de acordo com as leis então estabelecidas, serviriam para purificar o espírito até atingir o Equilíbrio Eterno junto do Uno. Este último ciclo de transformações do espírito é que deu origem ao presente sistema de castas, estabelecido há cerca de seiscentos anos no último Conselho de Audrara, que instituiu as atuais Leis Únicas. Já há muito ocorrida a Secessão dos Kaftar, muitas das leis foram escritas com base no “verdadeiro povo dagunar” – os vunyatra.
Neste último Conselho (de um total de três) que foi cunhada a figura do Arhat, tomando as duas famílias politicamente dominantes da nação, os Reshni (hoje os Eritau) e os Dravna, como balaústres da então fixada Igreja-Estado dagunar. É importante ressaltar que aqueles que temem represálias (a maior parte da população) não chamam o governo de “o Estado” ou “a Igreja”, dada a integração visceral destes. Referem-se simplesmente a “o Arhat”. A organização estatal dagunar inicia-se nos Dois Sábios do Pêndulo, e abaixo deles encontra-se o Alto Conselho das Duas Famílias; entre estes, muitos são aqueles dedicados integralmente à religião, seguindo carreiras sacerdotais ou missionárias, enquanto outros assumem posições mais estritamente ordinárias e burocráticas.
Templos espalham-se por todo lugarejo da nação; por menor que seja, sempre há no mínimo uma capela presente, com um sacerdote representante do Arhat. Estes sacerdotes de pequenas igrejas não costumam assumir posições de governo nas vilas, mas servem de agentes arhatianos e mantenedores da ordem – e é exatamente por isso que todo lugar deve ter um templo. Um governante local que se recuse a manter um santuário é possivelmente exibido com a cabeça separada do corpo nas altas ameias de Audrara.
[Em expansão; próximos passos: a visão sobre as Potestades]