Edit: Obrigada ao Zé por ter batizado o desafio <3
A idéia é simples, mas acho que é divertida.
É um desafio simples de escrever um trecho de conto inspirado por uma música - não necessariamente pela letra, só pelo que vem na cabeça ao ouvi-la - no tempo exato da mesma.
Se a música tem 3:27, você tem 3:27 pra escrever, enquanto a escuta. E revisá-la. Então cuidado.
O que acham?
Exemplos:
Pink - Funhouse [3:27]
Era uma noite como outra qualquer para ela. Entrou já dançando no bar, a bebida em uma das mãos e o celular em outra. Não estava preocupada em encontrar ninguém, tampouco se estava aceitável com as roupas largas e rasgadas. Era um destaque monocromático naquela multidão de cores igualmente vibrantes. Queria se divertir daquela forma: sendo a ausência de vida do arco-íris que a cercava.
“Em três, dois, um...”, pensou, enquanto se aproximava do centro da pista e as luzes se viravam para ela. Olhou para os lados, sorriu, e gritou. Um grito que anunciava o verdadeiro começo da festa. Não para ela, nem para os presentes.
Mas para os policiais do lado de fora, que, atentos ao telefone, ouviram o aviso.
Do As Infinity - 徒然なるままに [3:44]
Andava pelas ruas já sem movimento algum da agitada cidade. Amanhecia, ele estava bêbado e, mais que nunca, sozinho depois de uma noite de festa. Jogou a lata para um lado, o corpo em um banco e a cabeça para trás. Observava as nuvens passando, amigas, pelo céu que mudava de cor.
Sentiu-se nostálgico. Algo havia mudado após tantos anos, afinal. Não era mais uma criança que corria por essa mesma rua, anos antes, brincando com os colegas.
Era um adulto, um estudante de faculdade, agora solitário e anti-social. Onde deixara a felicidade de outrora? As bebidas eram o que ele realmente procurava?
Suspirou, enfim, levantando-se. Sorriu antes de se esticar desajeitadamente e recomeçar a andar para casa.
A vida começava agora, para ele.
Pilori – Black Angel [4:45]
O violino. O mesmo som que ecoava na rua, todos os dias, no mesmo horário. Como sempre fazia, apoiou-se no muro e fechou os olhos. Queria aproveitar o som. O desconhecido e tão amado som.
Não sabia quem era o violinista, qual era o nome da melodia ou a marca do violino. Só gostava, e como gostava.
Em sua cabeça, via uma doce garota de olhos redondos e inocentes, trajando um vestido branco, que tocava ensinada por um senhor de fraque negro e cabelos alvos. Era o anjo que permeava seus pensamentos em todos os momentos, sempre com a doce música de todo dia.
Ria consigo ao perceber que errava alguma nota, e a imaginava fazendo uma expressão decepcionada, corando, antes de recomeçar. E os erros eram frequentes, o que fazia com que a risada fosse quase ininterrupta.
Mas gostava, apesar disso, daquele momento. Era um momento sagrado, secreto, perfeito. Entre ela e o seu pequeno anjo que sequer sabia se existia ou não. O som, enfim, parou por vários minutos. O portão se abriu e um rapaz apareceu na porta, sério.
- ...melhor entrar, Lilith. – murmurou, um tanto seco, antes de voltar para dentro e deixar a entrada livre.
A imagem desabara, como todos os dias acontecia. O irmão resolvera parar de tocar para, rudemente, chamá-la de volta a realidade.
Ah, pobre anjo que habitava o seu demônio...