O FALAR NORDESTINO

RPG é tudo mas não é 100%! Aqui você pode postar sobre qualquer outro assunto que goste, como quadrinhos, cinema, música, teatro, TV e muitos outros.

Moderador: Moderadores

O FALAR NORDESTINO

Mensagempor publicano em 14 Set 2011, 07:29

Notando que poucas pessoas têm real conhecimento sobre a origem das peculiaridades dos sotaques dos vários estados do Nordeste, das nossas várias palavras e expressões; e pior, vendo que esta falta de conhecimento é um dos fatores preponderantes que levam a uma deterioração do orgulho na nossa maneira de falar (e por conseguinte até na nossa própria história), percebo que é de grande importância tentar falar ao menos um pouco mais sobre aspectos esquecidos do nosso sotaque, tão carregado de símbolos e de riqueza histórica.

Depois de obter a mínima informação, qualquer pessoa consegue perceber que essa conversa toda de sotaque mais bonito ou mais feio e mais "correto" ou mais "errado" não passa de mera ladainha que vem servir apenas como mais uma das bases de dominação dos centros às periferias, assim como são as econômicas, políticas ou quaisquer outras. Vendo isto, e aproveitando meu conhecimento sobre diversas formas de falar de portugueses e espanhóis, resolvi esclarecer alguns pontos sobre nosso dialeto, os quais, de forma espantosa, praticamente ninguém conhece, mas que chegam a ser coisa meio óbvia, a fim de demonstrar o quão ricos são os sotaques (...porque são vários) nordestinos. Para tanto, tendo em vista um enriquecimento da leitura por parte do leitor, utilizarei como recurso certas ligações... à semelhança duma Wikipédia.

Começo a falar sobre o assunto tomando a princípio duas das mais famosas interjeições nordestinas; interjeições que muitas vezes são tidas como símbolo maior da "ignobilidade", ainda que de forma velada, nordestina: nomeadamente, o "oxe" e o "vixe".

CONTINUA AQUI:

http://acoroadamoeda.blogspot.com/2009/10/o-falar-nordestino_8703.html
ImagemImagemImagem
Avatar do usuário
publicano
 
Mensagens: 1101
Registrado em: 27 Dez 2010, 13:20
Localização: Salvador - BA
Twitter: @publicano

Re: O FALAR NORDESTINO

Mensagempor Darin em 14 Set 2011, 08:55

Eu li isso aí tudo (sim, acho que sou paciente demais)

E para mim, é mais uma curiosidade do que qualquer outra coisa... Eu levo MUITO ao pé da letra aquilo de que "quem vive de passado é museu"
Aqui não se usa Visse...
Vixe aqui é ixi, ou ihh...
oxe eu uso, mas é difícil
Dessas "interjeições", a mais comum é diabo (diaxo em outros lugares do nordeste) ou diabeisso (o que diabos é isso?)

E, unicamente pela minha vivência, as influências que mais se fazem notar são as francesas. Liaison das palavras, o mais óbvio "usome" (les homme) E toda aquela coisa que quem já viu o lula falar sabe que é comum não pronunciar o plural das palavras. Outras palavras que minhas avós usam também são aportuguesamento de palavras francesas, provavelmente porque o francês era uma língua franca como o inglês hoje em dia...

Tem evidência da galera dos flanders sim no Brasil... Evidências genéticas! 70% dos brancos nordestinos tem "sangue" nórdico.

E o que significa forróbodo? Só citou...

Aquela parte que o manolo dá uma gramática de presente a rainha tem uma interpretação meio forçada ali, alias... Não que em parte ele não queira controlar a cultura dos outros, de certa forma se quer. Mas falar idiomas diferentes é um problema sério para várias sociedades, dificultar a comunicação em geral é ruim para a atuação estatal e para as relações entre as pessoas. Não é a toa que a língua da internet é o inglês. Unificação linguistica tem argumentos muito fortes. A limitação nacional deles que é péssimo. Era um símbolo nacional, como a bandeira, o hino, os "heróis nacionais". Em muitos países europeus ainda é (COMO PORTUGAL) o que dificulta muito a unificação da língua portuguesa, já que o Brasil tem muito mais expressão que Portugal, inclusive para os outros lusofonos.

Grande parte da caracterização do nordestino como é retratado hoje na mídia é culpa dos políticos nordestinos na época do Dom Pedro II, onde criou-se tudo aquilo de "indústria da seca", que você deve conhecer muito bem e eu não preciso nem explicar.

E por último, eu não acho que o Falcão seja esteriótipo de cearense ou qualquer outra coisa não... Ele não remete a nada regional, é apenas um humorista que por acaso é cearense.
Avatar do usuário
Darin
 
Mensagens: 1282
Registrado em: 25 Ago 2007, 14:44

Re: O FALAR NORDESTINO

Mensagempor Sampaio em 16 Set 2011, 15:39

Lembrei do post desse blog, falando sobre "baianês":

http://behavioristlady.blogspot.com/201 ... -seus.html
Spell: não somos bonzinhos, somos sinceros!
http://www.spellrpg.com.br/portal/index ... &Itemid=72

Perguntem qualquer coisa lá:
http://www.formspring.me/Pedrohfsampaio
Avatar do usuário
Sampaio
 
Mensagens: 2578
Registrado em: 19 Ago 2007, 21:57
Localização: Perdido

Re: O FALAR NORDESTINO

Mensagempor publicano em 16 Set 2011, 16:26

Mas não é passado, é atualidade.

Qual a questão PRÁTICA disso, e ligando com aquele caso do rebuliço contra o livro do MEC que falava do preconceito linguístico?

Muitas comunidades do interior falam de determinada maneira e a "norma" manda falar outra, e a criança que cresce nesses lugares tem que aprender que o português "certo" é essa norma e não o que todo mundo fala no lugar onde ela cresceu -- que é o falar original brasileiro.

Tem de haver uma norma? Sim, tem de haver, mas ela não pode dar margem a esse chamado preconceito linguístico. Daí a necessidade de coisas como esse livro, que lidava com "adequado" e "inadequado" a determinados registros e situações, e não "certo" e "errado" absolutos.


Bem citado, Darin, a questão do plural. Não só essa influência, como também a concordância paranoica que a língua portuguesa exige, é que causam essas coisas. São poucas as línguas como a nossa, que ... artigo substantivo verbo, tudo muda de acordo com qualquer coisa. Eu mesmo, e a maioria das pessoas com quem convivo, quando falamos, dizemos "os menino" e não "os meninos". Esse excesso de "s" é difícil de sair.

Já na escrita, está com a norma pede! E a internet complica tudo, porque introduz um coloquial escrito. A gente escreve no ritmo em que fala, com o teclado, em chats, fóruns, etc. e fica difícil nos expressarmos da mesma maneira que na linguagem falada e na escrita normal.
ImagemImagemImagem
Avatar do usuário
publicano
 
Mensagens: 1101
Registrado em: 27 Dez 2010, 13:20
Localização: Salvador - BA
Twitter: @publicano

Re: O FALAR NORDESTINO

Mensagempor Elven Paladin em 16 Set 2011, 18:43

Tem de haver uma norma? Sim, tem de haver, mas ela não pode dar margem a esse chamado preconceito linguístico.


Norma é preconceito linguístico. A partir do momento que passa a existir a discriminação/preferência por uma forma de escrita/fala, você passa a discriminar os que falam "de acordo com a norma" para aqueles que "não falam de acordo com ela". A desculpa do uso de contexto é só uma forma de camuflar isso, ainda mais quando todo tipo de documento "que importa" é (ou deveria ser) redigido de acordo com a "Norma Culta". Isso quer dizer que eu me oponho a ela? Não. Mas não consigo ver como não haverá preconceito linguístico se existem expressões que são altamente recomendadas e outras não.
"Eu não sou católica, mas considero os princípios cristãos - que tem suas raízes no pensamento grego e que, no transcorrer dos séculos, alimentaram todas as nossas civilizações européias - como algo que uma pessoa não pode renunciar sem se aviltar" Simone Weil

When you decide to grant power to government, start by thinking "What powers would I allow the government to have over me if I knew that my worst enemy in the world was going to be in charge of this government?" - Hastings & Rosenberg.
Avatar do usuário
Elven Paladin
 
Mensagens: 2059
Registrado em: 25 Ago 2007, 14:25

Re: O FALAR NORDESTINO

Mensagempor publicano em 16 Set 2011, 18:48

"Resumo:
Há no nosso meio um uso errôneo dos termos norma culta e norma-padrão como se
fossem sinônimos. O presente artigo tem como objetivo estabelecer as diferenças entre as
duas variedades, a fim de desfazer a sinonímia sob a qual ambas são colocadas. Tal
esclarecimento nos auxilia no ensino do português, pois nos permite refletir criticamente
sobre a norma-padrão brasileira."

V
V
V
http://www.faminasbh.edu.br/revistaelet ... ad/ar6.pdf
ImagemImagemImagem
Avatar do usuário
publicano
 
Mensagens: 1101
Registrado em: 27 Dez 2010, 13:20
Localização: Salvador - BA
Twitter: @publicano

Re: O FALAR NORDESTINO

Mensagempor Darin em 16 Set 2011, 20:44

Ah, num vou baixar mais nada, se não já era...

Fala qual a diferença, publicano...

E o que eu quis dizer com curiosidade, é achar que temos que preservar essa herança como se fosse algo bom, ou a nossa "identidade". Não há nada mais preconceituoso do que a tal "identidade". Afinal, nossa carga genética também é uma herança, nossa condição social, entre tantas coisas mutáveis e as reais causadoras de preconceito.
Avatar do usuário
Darin
 
Mensagens: 1282
Registrado em: 25 Ago 2007, 14:44


Voltar para Off-Topic

Quem está online

Usuários navegando neste fórum: Nenhum usuário registrado e 1 visitante

cron